O presente livro resulta de um projecto de investigação dedicado aos processos nos quais o poder local português se viu envolvido na sequência das mudanças induzidas pela construção europeia. Procura analisar o impacto da construção europeia nas realidades locais nacionais, de modo a apreender o alcance das transformações, ou a força das inércias, que se produziram em resposta às oportunidades, incentivos, orientações ou constrangimentos transmitidos pela UE.
O período em análise, incide sobretudo na experiência que o poder local português teve do III QCA. A pertinência da publicação deste trabalho nos dias de hoje condicionados pela crise que atravessa o espaço europeu, afectando de modo particular Portugal, e marcados pelo debate sobre o próprio processo constituinte europeu reside no chamar a atenção para a manutenção de traços do sistema político português que se reflectem para o exterior, no centralismo que marca as relações entre o poder local português e a Europa. Trata-se, portanto, de olhar criticamente para um passado recente, de maneira a avaliar aquilo que terá sido uma experiência decisiva não só para o poder local, mas também para a evolução do país em termos de desenvolvimento territorial e de europeização.
Índice
Capítulo I - Introdução
Capítulo II - Que integração europeia?
Capítulo III - Política regional comunitária
Capítulo 4 - O caso português: as reconfigurações político-institucionais no seio de heranças pesadas
Capítulo 5 - Poder Local e europa: entre o dizer e o sentir
Capítulo 6 - Conclusões
Professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e Investigador Permanente do Centro de Estudos Sociais, desde a sua fundação (de que foi Vice-Director), coordena o Observatório dos Poderes Locais junto do Centro de Estudos Sociais.
Catarina Gomes Daniel Francisco
Doutor em Comunicação Empresarial e Institucional (Universid Complutense de Madrid), mestre em Comunicação (Universidade Autónoma de Lisboa), licenciado em Estatística e Gestão de Informação (Universidade Nova/Information Managment School – ISEGI), bacharel em Gestão de Empresas (Escola Superior de Gestão de Santarém – Instituto Politécnico de Santarém). Mais de vinte anos como formador e consultor nas áreas de gestão, novas tecnologias e reengenharia de processos, a nível nacional e internacional (banca, petróleos, saúde e administração pública). Formador e especialista em RGPD para entidades privadas e para a Administração Pública central, local e regional em várias entidades como, entre outras, INA, IGAP e CEFAPA (advisory, compliance e implementação). Investigador e docente no Instituto Politécnico de Bragança. Autor e conferencista nacional e internacional.
«Filhos do vento»: as crianças que os militares portugueses deixaram na Guerra Colonial.
Chamavam «resto de tuga» a Fernando e ele não percebia porquê; Adulai era acusado de tudo pelos irmãos e era sovado todos os dias pelo padrasto por ter nascido com a pele mais clara; e os gémeos Celestina e Celestino guardam, aos 40 anos, uma fotografia desbotada de um jovem militar que não os quer conhecer, nem com o incentivo da «Exma. Mana» portuguesa. Foi para ir atrás destas histórias que Catarina Gomes partiu para a Guiné-Bissau em 2013, levando na mala um dos maiores tabus entre os militares portugueses: os filhos da guerra, crianças que ficaram para trás depois da Guerra Colonial, e que chegaram ao mundo como filhas do «inimigo» e condenadas a não conhecer os pais. Além do círculo masculino de silêncios que os mantém afastados, estes filhos africanos são também ignorados pelo Estado português, que nunca fez um esforço por conhecer a dimensão desta realidade ou por lhes garantir quaisquer direitos. Estão há anos em busca de uma identidade perdida, mas esta é a primeira vez que alguém conta a sua história. «Os filhos nascidos da guerra sofrem com a falta de conhecimento em relação aos seus pais biológicos. Os governos, assim como as instituições nacionais e internacionais, são incentivados a pôr de pé medidas que garantam o seu direito à identidade e, tanto quanto possível, a conhecerem os seus pais.»(Recomendação da organização internacional Chibow: Children Born of War)
Quarenta anos depois do fim da guerra colonial, a memória do conflito continua viva em muitos portugueses. Não só pelas marcas deixadas aos militares que combateram, mas pela forma como se propagou junto das suas famílias, nomeadamente dos filhos.
Uma caixa de objectos abandonados no Hospital Psiquiátrico Miguel Bombarda contém as pistas para resgatar do esquecimento a vida de doentes que ao longo de décadas ali permaneceram confinados.Coisas de Loucos teve origem na descoberta acidental de uma caixa de objectos de antigos doentes do primeiro hospital psiquiátrico português, o Miguel Bombarda.Catarina Gomes inicia então uma série de investigações para encontrar os «loucos» a quem pertenciam esses objectos abandonados. Nascidos entre o final do século xix e o começo do século xx, muitos foram admitidos em «Rilhafoles», nome original do Bombarda. Os psicofármacos e a terapia ocupacional não tinham ainda sido inventados, e por isso o único «tratamento» que receberam foi o do isolamento.Mas antes de serem forçadas ao confinamento estas pessoas tiveram família, amores, trabalho, tiveram planos de futuro. São essas suas vidas que Catarina aqui resgata do esquecimento.
O encontro pessoal entre mestre e discípulo é o tema de George Steiner neste livro absolutamente fascinante, uma sólida reflexão sobre a interacção infinitamente complexa e subtil de poder, confiança e paixão que marca as formas mais profundas de pedagogia. Baseado em conferências que o autor proferiu na Universidade de Harvard, As Lições dos Mestres evoca um grande número de figuras exemplares, nomeadamente, Sócrates e Platão, Jesus e os seus discípulos, Virgílio e Dante, Heloísa e Abelardo, Tycho Brahe e Johann Kepler, o Baal Shem Tov, sábios confucionistas e budistas, Edmund Husserl e Martin Heidegger, Nadia Boulanger e Knute Rockne. Escrito com erudição e paixão, o presente livro é em si mesmo uma lição magistral sobre a elevada vocação e os sérios riscos que o verdadeiro professor e o verdadeiro aluno assumem e partilham.