Objetos Feitos de Cancro (des)arruma a cultura material da doença oncológica, olhando para as materialidades que ganham forma, uso e sentido nas imagens e textos de projetos artísticos criados por ou com mulheres que viveram esta experiência. Os objetos são entendidos como pedaços de cancro, ou seja, partes constitutivas das sensações, emoções, ideias e gestos que fazem a experiência do corpo doente. Objetos hospitalares, domésticos e pessoais encastram-se no diagnóstico, tratamento, remissão, metastização e morte, fazendo a doença que se sente e pensa. Da cadeira da sala de espera à última pulseira hospitalar, arrumam-se seringas, máquinas, relatórios, macas, camas, instrumentos cirúrgicos, drenos, pensos, próteses, bombas infusoras, cabeleiras, roupa e muita outra bagagem. Nos lugares da Internet, estórias e ensaios de fotografia, pintura, desenho, colagem, modelagem, escultura e costura deixam espreitar os carcinomas, sarcomas, linfomas e leucemias que fazem a soma das experiências que dão corpo a este teto. Dizer que a doença se desdobra como uma experiência modular e que os objetos existem e agem no cancro como realidades encastráveis, assenta numa abordagem teórica e metodológica onde ensaio o potencial explicativo daquilo a que chamo a terceira metade das coisas e do conhecimento.
Susana de Noronha é antropóloga e investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES), doutorada em sociologia com distinção e
louvor pela Universidade de Coimbra. É autora do livro premiado A Tinta, a Mariposa e a Metástase: a arte como experiência, conhecimento e acção sobre o cancro de mama, publicado em 2009 pelas Edições Afrontamento. O seu segundo livro, Objetos Feitos de Cancro: mulheres, cultura material e doença nas estórias da arte, de 2015, tem o selo das Edições Almedina. Inaugurou em Portugal os estudos sobre a arte e a cultura material da doença oncológica, o seu campo de trabalho desde 2005. Em 2007 foi distinguida com o "Prémio CES Para Jovens Cientistas Sociais de Língua Oficial Portuguesa" e em 2003 com o "Prémio Bernardino Machado" de Antropologia para a/o melhor aluna/o da licenciatura da Universidade de Coimbra. Enquanto fazedora de textos, é também letrista, com trabalho publicado em três álbuns, um EP e três coletâneas de música Portuguesa. www.susananoronha.com
Esta investigação teve como objetivo a recolha de experiências e estórias de mulheres portuguesas com cancro, contribuindo para a produção de conhecimento nos estudos sociais da arte, saúde e doença. Desdobrado entre experiência vivida e ciência social, juntando-lhe a arte, construído como um exercício qualitativo, intersubjetivo e transdisciplinar, este projeto introduz os saberes do corpo, a palavra dita, a escrita criativa, a fotografia e o desenho/pintura no centro da investigação, usando-os como recursos, instrumentos, métodos e formas de conhecimento.
Propõe-se uma leitura ontológica, epistemológica e performativa da arte, entendendo-a como um acrescento de experiência ou pedaço de cancro, ou seja, parte do modo como a doença é sentida, entendida e gerida. A investigadora recolheu estórias de oito mulheres do seu círculo relacional, refletindo sobre os acontecimentos, pessoas, lugares, objetos, materialidades, pensamentos, emoções, sensações e gestos que deram forma às suas experiências. Uma ciência social ilustrada, combinando texto e imagem, utilizando metodologias visuais e criativas, facilitará e reforçará o impacto social e os resultados públicos da investigação.
Objetos Feitos de Cancro (des)arruma a cultura material da doença oncológica, olhando para as materialidades que ganham forma, uso e sentido nas imagens e textos de projetos artísticos criados por ou com mulheres que viveram esta experiência. Os objetos são entendidos como pedaços de cancro, ou seja, partes constitutivas das sensações, emoções, ideias e gestos que fazem a experiência do corpo doente. Objetos hospitalares, domésticos e pessoais encastram-se no diagnóstico, tratamento, remissão, metastização e morte, fazendo a doença que se sente e pensa. Da cadeira da sala de espera à última pulseira hospitalar, arrumam-se seringas, máquinas, relatórios, macas, camas, instrumentos cirúrgicos, drenos, pensos, próteses, bombas infusoras, cabeleiras, roupa e muita outra bagagem. Nos lugares da Internet, estórias e ensaios de fotografia, pintura, desenho, colagem, modelagem, escultura e costura deixam espreitar os carcinomas, sarcomas, linfomas e leucemias que fazem a soma das experiências que dão corpo a este teto. Dizer que a doença se desdobra como uma experiência modular e que os objetos existem e agem no cancro como realidades encastráveis, assenta numa abordagem teórica e metodológica onde ensaio o potencial explicativo daquilo a que chamo a terceira metade das coisas e do conhecimento.
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O encontro pessoal entre mestre e discípulo é o tema de George Steiner neste livro absolutamente fascinante, uma sólida reflexão sobre a interacção infinitamente complexa e subtil de poder, confiança e paixão que marca as formas mais profundas de pedagogia. Baseado em conferências que o autor proferiu na Universidade de Harvard, As Lições dos Mestres evoca um grande número de figuras exemplares, nomeadamente, Sócrates e Platão, Jesus e os seus discípulos, Virgílio e Dante, Heloísa e Abelardo, Tycho Brahe e Johann Kepler, o Baal Shem Tov, sábios confucionistas e budistas, Edmund Husserl e Martin Heidegger, Nadia Boulanger e Knute Rockne. Escrito com erudição e paixão, o presente livro é em si mesmo uma lição magistral sobre a elevada vocação e os sérios riscos que o verdadeiro professor e o verdadeiro aluno assumem e partilham.