Este livro dá conta de coisas passadas, de um momento recente da história do teatro português de que alguns portugueses ainda se lembram com saudades e de que outros, mais novos, se lembram também, mas que é pena se as deixam arrumar na sua memória só como caso vintage que não sobreviveu ao todo-poderoso mercado das artes. É um arquivo de hesitações, dúvidas, conflitos, grandes amizades, poucas zangas. E ficou arrumado do presente para trás. De pernas para o ar. Como faz a memória.
Luis Miguel Cintra é um dos mais conhecidos e galardoados atores e encenadores portugueses. Ao longo da carreira, recebeu, entre outros, o Prémio Pessoa, o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada e o Prémio Árvore da Vida da Igreja Católica. Foi nomeado Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e recebeu a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura.
Este livro dá conta de coisas passadas, de um momento recente da história do teatro português de que alguns portugueses ainda se lembram com saudades e de que outros, mais novos, se lembram também mas que é pena se as deixam arrumar na sua memória só como caso vintage que não sobreviveu ao todo-poderoso mercado das artes.
Eu conto. Houve uma sala que se chamava teatro do Bairro Alto. Era como um hangar, um atelier, onde, ao longo de 40 anos, centenas de pessoas foram trabalhando muitas imagens da vida. Da vida do seu tempo e da vida de outras épocas. Nisso consumiram os dias: a tentar entender. Falo do Teatro da Cornucópia.
Fui pontuando esses dias com textos que fui escrevendo, e aqui reúno alguns. Ficou um livro grande, pesado, um meu arquivo afectivo. Dá conta do trajecto de uma responsabilidade artística ao longo de um tempo todo, ou quase todo, passado a fazer teatro. Ficou um rasto de muito trabalho e de tentativa de diálogo com os outros. É um arquivo de hesitações, dúvidas, conflitos, grandes amizades, poucas zangas. E ficou arrumado do presente para trás. De pernas para o ar. Como faz a memória.
Quis o destino que as vidas de Snu Abecassis e Sá Carneiro se cruzassem um dia, para nunca mais voltarem a ser iguais. A «Princesa que veio do frio», como se referiam a ela, era uma mulher obstinada, forte e cheia de vida. Fundadora das Publicações Dom Quixote, Snu criou uma linha editorial que não se cansava de enfrentar o regime. Ela era uma mulher que não tinha medo de nada. Assim foi Snu na vida profissional, mas também na pessoal, cuja grande paixão com Sá Carneiro desafiou todas as leis do Estado Novo. Por Sá Carneiro, Snu pediu o divórcio, o que era um escândalo na época. Por Snu, Sá Carneiro abandonou um casamento ultra conservador (não conseguindo, porém, de imediato o divórcio). Contra tudo e contra todos, assumiram uma união de facto, muito mal vista na época, e comportavam-se como marido e mulher. Mesmo sabendo que a sua carreira política poderia ficar ameaçada por esta união, Sá Carneiro não desarmou nunca, chegando a dizer inclusive em 1977 que «Se a situação for considerada incompatível com as minhas funções, escolherei a mulher que amo». Este livro vai fazê-lo reviver uma das mais emocionantes histórias de amor já vividas em Portugal, uma história inspiradora interrompida apenas pelo trágico acidente/atentado de Camarate, onde ambos ambos perderam a vida. Revivendo a história de Snu e Sá Carneiro o leitor terá ainda a oportunidade de viajar por alguns dos capítulos mais importantes da história da democracia em Portugal, nos quais Sá Carneiro era um dos protagonistas principais.Ver por dentro:
«As histórias que aqui se contam são reais. Nada do que aqui é posto na boca destas mulheres é inventado, nem mesmo as expressões ou os comentários. […] Por outro lado, todas as histórias estão relacionadas com a condição feminina, conduzindo muitas vezes a situações dramáticas na vida das mulheres, que são nossas contemporâneas.»
Quem quiser saber como é a vida em tempo de guerra, tem de perguntar a uma mulher. Com início a 20 de Abril de 1945, o dia em que Berlim viu pela primeira vez a face da guerra, a autora deste diário descreve o quotidiano de uma cidade em ruínas, saqueada pelo exército russo. Durante dois meses, afasta a angústia e as privações sofridas, e concentra-se no relato objectivo e racional das suas experiências, observações e reflexões. Apesar dos constantes bombardeamentos, de actos de violação, do racionamento alimentar e do profundo terror da morte, este diário traça- nos uma perspectiva única de uma mulher dotada de um optimismo notável, que não se deixa abater pelas agruras sofridas. Quem ler este diário, jamais o esquecerá.Ver por dentro: