Apesar da abundância de estudos produzidos nas últimas décadas, muitos deles de importância relevante, a questão da violência continua a ser um dos problemas mais complexos e mais esquivos do universo contemporâneo. Modos de definição demasiado estreitos por exemplo, os que só vêm violência quando há agressão física não apenas são manifestamente incapazes de captar a complexidade de processos muitas vezes difusos, ocultos na escala micro das relações quotidianas, como, mais do que isso, representam eles próprios uma forma de exercício da violência, pelo efeito de invisibilização que produzem. Só uma reflexão ampla e transdisciplinar poderá levar ao desenvolvimento de modelos teóricos e quadros de análise adequados a uma compreensão global dos processos de violência no mundo contemporâneo e, por outro lado, suscetíveis de fornecer os instrumentos indispensáveis a uma abordagem suficientemente atenta às especificidades contextuais. Uma tal reflexão obriga a equacionar o tema da violência em conjunto com cocneitos centrais para a discussão contemporânea, como os de agressão, poder, autoridade, soberania, conflito, guerra, trauma, memória e representação. Os contributos para o presente volume debruçam-se, de perspetivas diferentes e a partir de contextos distintos, sobre alguns aspetos de uma questão que o universo da política, da cultura e das artes no século XX coloca com particular acuidade: no mundo contemporâneo, o problema da representação da violência tornou-se indissociável do problema da violência da representação. Sendo assim, o espaço do(s) discurso(s) torna-se ele próprio um espaço de negociação e de conflito, marcado por ambivalências que urge analisar na sua complexa especificidade.
Professor Catedrático da secção de Estudos Germanísticos do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e investigador do Centro de Estudos Sociais, onde é co-coordenador do Núcleo de Humanidades, Migrações e Estudos para a Paz. Tem publicado extensamente sobre temas da área dos estudos alemães e austríacos, da literatura comparada, da teoria literária, dos estudos culturais, dos estudos sobre o modernismo e dos estudos pós-coloniais.
Apesar da abundância de estudos produzidos nas últimas décadas, muitos deles de importância relevante, a questão da violência continua a ser um dos problemas mais complexos e mais esquivos do universo contemporâneo. Modos de definição demasiado estreitos por exemplo, os que só vêm violência quando há agressão física não apenas são manifestamente incapazes de captar a complexidade de processos muitas vezes difusos, ocultos na escala micro das relações quotidianas, como, mais do que isso, representam eles próprios uma forma de exercício da violência, pelo efeito de invisibilização que produzem. Só uma reflexão ampla e transdisciplinar poderá levar ao desenvolvimento de modelos teóricos e quadros de análise adequados a uma compreensão global dos processos de violência no mundo contemporâneo e, por outro lado, suscetíveis de fornecer os instrumentos indispensáveis a uma abordagem suficientemente atenta às especificidades contextuais. Uma tal reflexão obriga a equacionar o tema da violência em conjunto com cocneitos centrais para a discussão contemporânea, como os de agressão, poder, autoridade, soberania, conflito, guerra, trauma, memória e representação. Os contributos para o presente volume debruçam-se, de perspetivas diferentes e a partir de contextos distintos, sobre alguns aspetos de uma questão que o universo da política, da cultura e das artes no século XX coloca com particular acuidade: no mundo contemporâneo, o problema da representação da violência tornou-se indissociável do problema da violência da representação. Sendo assim, o espaço do(s) discurso(s) torna-se ele próprio um espaço de negociação e de conflito, marcado por ambivalências que urge analisar na sua complexa especificidade.VER POR DENTRO Ver página inteira
A cena da pós-memória. O presente do passado na Europa pós-colonial reúne um conjunto de contributos da autoria de investigadores e investigadoras associados/as ao projeto «MEMOIRS – Filhos de Império e Pós-Memórias Europeias», traçando uma primeira cartografia global dos temas que nortearam este projeto. As duas partes em que a obra se divide representam as duas vertentes essenciais da investigação produzida: por um lado, em íntima ligação com o enquadramento teórico dos casos em análise, um processo de clarificação concetual tendente a precisar os contornos, desde logo, do próprio conceito de pósmemória, mas, igualmente, de um conjunto de noções diretamente relevantes para uma caracterização articulada das principais linhas de força que estruturam o campo das memórias pós-coloniais; por outro lado, a investigação empírica, baseada em vasta pesquisa documental agregada numa extensa base de dados que ficará livremente acessível, mas estruturada, igualmente, a partir de um grande número de entrevistas realizadas nos três países em análise:
Portugal, França e Bélgica.
O encontro pessoal entre mestre e discípulo é o tema de George Steiner neste livro absolutamente fascinante, uma sólida reflexão sobre a interacção infinitamente complexa e subtil de poder, confiança e paixão que marca as formas mais profundas de pedagogia. Baseado em conferências que o autor proferiu na Universidade de Harvard, As Lições dos Mestres evoca um grande número de figuras exemplares, nomeadamente, Sócrates e Platão, Jesus e os seus discípulos, Virgílio e Dante, Heloísa e Abelardo, Tycho Brahe e Johann Kepler, o Baal Shem Tov, sábios confucionistas e budistas, Edmund Husserl e Martin Heidegger, Nadia Boulanger e Knute Rockne. Escrito com erudição e paixão, o presente livro é em si mesmo uma lição magistral sobre a elevada vocação e os sérios riscos que o verdadeiro professor e o verdadeiro aluno assumem e partilham.