Sargento Costinha (O Último Herói da Índia)
Esta breve “história”, em forma duma narrativa biográfica dum sargento do exército português, totalmente imaginado pelo autor, é dedicada aos militares que se encontravam no antigo Estado Português da Índia, composto pelos territórios de Goa, Damão e Diu, e que, na altura da invasão pelas tropas da União Indianas, em 17, 18 e 19 de Dezembro de 1961, foram feitos prisioneiros de guerra.
Realçando-se, aqui, os prisioneiros de Goa, especialmente os que foram metidos no Campo de Alparqueiros, em Vasco da Gama, no antigo quartel onde se encontrava instalado o comando do Agrupamento Militar de Vasco da Gama, uma companhia de caçadores e algumas instalações menores.
Este campo de prisioneiros foi batizado com um nome muito aparatoso, o nome de “Charly POW”. Era comandado por um oficial goês, o major Carvalho, que vinha integrado nas tropas indianas. E foi ali que ficou instalado, também, o que restava do comando das tropas portuguesas da Índia.
Estiveram ali umas largas centenas de pessoas; civis e militares, que passaram “As Passas do Algarve”, como vulgarmente se costuma dizer.
Na verdade, as coisas ali não foram nada fáceis. Isto porque, os dias, naquele campo, custavam muito a passar, devido ao facto dos prisioneiros de guerra se sentirem ali com a ideia de terem sido abandonados pelas autoridades nacionais e de estarem entregues a um total isolamento do resto do mundo, especialmente nos primeiros três meses de cativeiro.
| Editora | Librum Editora |
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| Editora | Librum Editora |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Amílcar de Melo |
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Vida e Morte na Aldeia de Cidadelhe do CastroA vida numa aldeia transmontana, junto da raia com a vizinha Espanha, no início da metade do século XX, isto é, depois de acabada a II Guerra Mundial, era pouco diferente da forma de viver da Idade Média; com os mesmos hábitos, costumes, usos, religiosidades, crendices e tantas e tantas outras coisas ligadas ao sentir e viver daquelas populações. Viviam longe de tudo e de todos, quase que isolados do resto do mundo. Em muitos dos casos, as pessoas tinham apenas como companhia mais próxima os seus animais domésticos. Viviam do fruto do seu trabalho, fazendo toda a sua vida ligada aos campos, ao cultivo das suas terras e à criação de alguns animais domésticos, tal como sempre o tinham feito os seus avoengos.Com esta monografia procurei fazer uma narrativa de alguns dos momentos mais pitorescos do sentir e do viver das “gentes daquelas terras”, isto é, das populações duma aldeia do Norte de Portugal, para a qual criei um nome, um nome imaginado, de Cidadelhe do Castro.O nome de Cidadelhe do Castro, atribuído a esta aldeia imaginada, instalada lá nos confins do mundo, foi escolhido de propósito para prestar uma modesta homenagem a tantas e tantas aldeias com nomes iguais ou parecidos a este, tais como Cidade, Cidadela, Cidadelha, Citadela, Citadinda, Cidadinha e outros mais ainda.Ao que parece, o nome de Cidadela terá surgido da composição das palavras Cidade + ela.A palavra Cidadelhe, na Idade Média, significava uma pequena cidade murada, a que hoje chamaríamos de fortaleza.E a palavra Cidade, de onde, afinal, derivam todas as outras formas, tem a sua origem na palavra latina Civitas.Quanto à palavra Castro, também esta aparece em nomes de várias aldeias do norte do País, com nomes iguais ou parecidos, tais como Castelo, Castedo, Castrejo, Castrinho, etc.. E aparece, ainda, conjuntamente com outras palavras, tais como Castro Grande, Castro Laboreiro, Castro Maior, Castro Mendo, etc..Por vezes, também aparecem algumas aldeias com o nome de Crasto, como forma metatética de Castro.As palavras Castro, Castelo, Castrejo, Castedo, Crasto e outros mais estão ligadas também à ideia de fortaleza, tendo uma origem pré-romana.A palavra Castro, ao que parece, tem a sua etimologia na palavra latina castrum. O período aqui relatado tem a ver com a situação de algumas aldeias do norte de Portugal, que, a seguir à II Grande Guerra de 1945, ainda se encontravam numa situação de grande atraso em relação ao resto do País; sem estradas, sem caminhos de jeito, sem água canalizada, sem esgotos, sem luz eléctrica, enfim, sem tantas e tantas outras coisas que na altura já abundavam no resto do País. Na verdade, algumas das aldeias do norte do País, em especial as que se encontravam mais afastadas dos centros de decisão, as mais próximas da fronteira com a Galiza, as tais “onde se ouve o canto dos galos em Espanha”,viviam numa situação muito próxima da Idade Média. As suas populações viviam da mesma forma como viveram os seus pais, os seus avós, bem como os seus antepassados, dando a ideia de que ali o tempo tinha parado.Nesta monografia relata-se a vida duma aldeia serrana, num determinado período de tempo, por onde, uns anos antes, tinha passado um autêntico vendaval, provocado pela corrida desenfreada ao volfrâmio. De facto, “aquele vil metal”, que era cobiçado pelas potências militares em guerra, nomeadamente pela Alemanha e pela Inglaterra, existia com abundância em muitas daquelas aldeias, e, em alguns casos, encontrava-se mesmo a céu aberto.Daí que as populações destas aldeias, envolvidas por este súbito e apetecível negócio, deslumbradas com a ideia de enriquecer facilmente, se sentissem a viver numa espécie de “El´Dourado à Portuguesa”, que acabou por alterar uma boa parte dos seus comportamentos. E de tal forma assim foi que “acabaram por tomar a Nuvem por Juno”, tal como dizia um poeta transmontano da altura.Efetivamente, com a entrada de dinheiro fácil, algum de proveniência ilícita, ou, pelo menos, de proveniência bastante duvidosa, foi-se desenvolvendo a ideia duma vida de facilidades, bem diferente da vida rude e difícil que havia até então. De tal forma assim foi que alguns dos mais afoitos se acharam enriquecidos dum dia para o outro.Porém, se o dinheiro aparecia duma forma assim tão fácil, a verdade é que também era gasto muito facilmente, dizendo-se naquela altura, por aquelas bandas: “o dinheiro entrou pela porta, foi-se pela janela e nem chegou a aquecer a casa por onde tinha passado.”A euforia deste negócio tão lucrativo era de tal forma deslumbrante que um comerciante duma daquelas povoações, um tal Augusto Martins, numa noite, quando estava a comer, terá dito à sua mulher o seguinte: “olha, mulher, se a guerra continuar por mais uns anitos, ainda vamos comer em pratos de ouro.”E mais ainda. Um tal Rui Loureiro, um homem que tinha olho para o negócio, que fazia dinheiro de tudo, até de vender cascas de alhos, como por ali se dizia, um certo dia foi à cidade de Chaves comprar uma caneta de tinta permanente.Não se contentando em comprar só uma, comprou logo três, colocando as tampas dessas três canetas no bolso de fora do seu casaco, por cima dum lencinho de seda, dobrado, deixando o resto das canetas no balcão do comerciante. E, quando este lhe chamou a atenção para o facto dele deixar ali as canetas, assim lhe respondeu ele: “para que é que eu quero as canetas se eu não sei ler nem escrever. O que eu quero é as tampas para colocar aqui, no bolso do meu casaco, para mostrar aos lorpas lá da minha terra que eu agora já sou um homem muito rico.”Aconteceu que, logo que a guerra se aproximou do seu fim, e a vitória dos aliados já se fazia sentir, os alemães, grandes compradores do volfrâmio, a pouco e pouco foram-se afastando daquelas paragens até que dali desapareceram completamente. E os ingleses, que ainda se foram mantendo por mais algum tempo, logo que a guerra acabou também eles se escapuliram dali para fora.No final de toda esta ilusão, as aldeias ficaram tão pobres como dantes: os ricos continuaram a ser ricos ou mais ricos ainda, e os pobres não deixaram de ser pobres.E daí que a vida naquelas aldeias do fim do mundo continuasse a ser vivida tal como tinha sido feita antes da febre do volfrâmio. Acabando a fase da ilusão, voltou tudo ao mesmo de sempre. Vivendo-se na mesma maneira como sempre ali se viveu: com os mesmos hábitos, usos e costumes. Usufruindo-se dos mesmos baldios, dos mesmos lameiros do povo, do mesmo forno do povo, et ceterá. E também as vezeiras e os trabalhos rurais, que eram feitos pela força braçal dos homens e pela força dos animais domésticos, continuaram a ser feitos da mesma forma de sempre.Nesta obra, descreve-se, pois, a forma de viver das gentes duma dessas aldeias, metida nas fraldas das serras transmontanas, num tempo bastante conturbado do nosso País, onde se vivia do fruto do amanho dos campos, duma lavoura ancestral, e da criação do gado, a meias com o fruto de algum contrabando que se ia fazendo com a vizinha Espanha.A partir de certa altura, porém, também estas aldeias vieram a sofrer os efeitos das guerras nas colónias, que, durante uma boa dúzia de anos, lhes arrebatou muitos dos seus jovens.E, para agravar ainda mais a falta de mão de obra jovem, que se ia fazendo sentir por aqueles lugares, muitos outros jovens, nas vésperas de serem incorporados nas fileiras, para não irem combater na guerra das colónias, davam o salto, fugindo para a França.Procurou-se, assim, com esta modesta monografia, narrar a vida das populações duma aldeia serrana, situada longe dos grandes centros urbanos, e onde ainda se faziam sentir bem fortemente as tradições locais, muitas delas assentes em meras crendices, feitiçarias, e certos hábitos religiosos misturados com algumas práticas de origem pagã. Os usos e os costumes daquelas populações rurais encontravam-se ligados ainda a alguns dos comportamentos sociais e humanos próprios dum antigo regime senhorial de fidalgotes e morgadios da província.Contudo, naquelas aldeias serranas ainda era frequente resolverem-se os conflitos locais através de decisões de árbitos, louvados, conselheiros, juízes de paz, ou quaisquer outros homens bons da aldeia. E ainda era frequente, também, fazerem-se contratos verbais, firmados apenas com um aperto de mãos. E, alguns arranjos, tratos, trocas e promessas de compras e de vendas eram feitas só por decisões verbais, aceites na palavra dada pelos contratantes. Tais comportamentos mostravam bem que ali ainda se faziam sentir uns restos dum comunitarismo rural, em que muitas das regras e das normas do direito local se baseavam em antigos usos e costumes das comunidades locais.E, duma certa maneira, foi por causa do grande isolamento daquelas populações rurais que se foi desenvolvendo a ideia duma auto-governação, bem ilustrada na frase seguinte: “para cá do Marão mandam os que cá estão.”Com verdade, algumas destas aldeias serranas encontravam-se abandonadas à sua sorte, entregues a si próprias, longe de tudo e de todos, o que terá levado muitos dos seus habitantes a dizerem “que viviam para ali esquecidos de Deus e dos homens, e que só se lembravam deles quando queriam que eles pagassem as décimas, os dízimos, os quintos, os terços, as côngruas, as indulgências e outras coisas mais.”E, assim sendo, resta-me dedicar esta modesta monografia dos costumes das aldeia serranas do norte do País aos seus habitantes, que viveram lá longe, atrás das fragas, longe de tudo e de todos. Penso, assim, ter prestado uma singela homenagem aos habitantes das terras do granito, das urzes, dos tojos, das torgas, das estevas, do alecrim, das alfazemas…E, tal como dizia o grande poeta transmontano, Miguel Torga, assim eu “louvo as Gentes da Minha Terra.” -
Uma Breve História da Humanidade (Em Vinte Lições)Esta obra foi feita a pensar nos meus alunos da Academia dos Saberes da Universidade Sénior de Loures, bem como nos alunos de todas as outras Universidades Séniores do País, correspondendo, de certa forma, aos anseios e aos desejos de muitos deles, manifestados ao longo duma década de aulas relacionadas com a disciplina: “A Sociedade, o Estado e o Direito”. Achei por bem publicar esta obra, em forma de manual, sebenta, compêndio ou catálogo de notas e apontamentos para que eles pudessem consultar quando precisassem de o fazer. Este trabalho corresponde, grosso modo, às breves notas e apontamentos apresentados no início das aulas, como forma de introdução às matérias que depois ia lecionar, respeitantes à disciplina “A Sociedade, o Estado e o Direito”. Tal introdução tinha em vista alargar os horizontes dos alunos, de maneira a que eles pudessem tomar conhecimento dum vasto leque de várias matérias, apresentadas duma forma simples e acessível, como se tratasse duma “história de quase tudo um pouco”, que ia desde o Big Bang até aos dias de hoje, acentuando, contudo, a parte dedicada à evolução do ser humano e à formação das sociedades humanas. E foi por isso mesmo que lhe dei o título de “Uma Breve História da Humanidade – em Vinte Lições”, por me parecer que era o mais adequado ao conjunto destas notas e apontamentos. Há uma década, no início do curso, nesta disciplina estudava-se só o “Direito”. Depois, por manifesto interesse de alguns alunos, alarguei o tema para “O Direito e o Estado”. Porém, por me parecer importante alargar ainda mais os conhecimentos deles, o curso passou a ter um âmbito maior, versando questões relacionadas com “O Direito, o Estado e a Sociedade.” Ora, como os alunos destes estabelecimentos de ensino têm mais de cinquenta anos, e, de um modo geral, já são reformados das suas atividades laborais, oriundos, portanto, de diversas profissões, tornou-se necessário usar uma linguagem simples, objetiva e fácil de entender. Contudo, como esta disciplina exige alguns conhecimentos de história, de política, de filosofia, de economia, de literatura e outros ainda, decidi, então, começar as aulas com uma introdução muito genérica, onde abarcava um pouco de tudo; de conhecimentos gerais, de cidadania e de história, como forma de ir alargando os seus conhecimentos e de chegar facilmente a todos eles, uma vez que, depois de se terem reformado das suas atividades profissionais, vieram para estes cursos com a ideia de preencher os seus tempos livres, e de preenchê-los duma forma simples e divertida, embora procurando aprender algo de diferente daquilo que aprenderam enquanto trabalhavam. E, ao mesmo tempo que frequentam as aulas, cada um deles procura dar a conhecer aos outros um pouco do seu saber, aprendido ao longo dos anos na escola da vida, na escola do trabalho, sempre com o objetivo de “aprender, ensinar, conviver, e, ao mesmo tempo, ir envelhecendo duma forma saudavelmente ativa.” Nunca é demais realçar a enorme importância das Universidades Séniores do nosso País para o preenchimento dos tempos livres das pessoas idosas que, depois de se reformarem, passaram a ter necessidade de manter uma vida ativa, quer física quer mentalmente, isto na ideia de ter uma “mens sana in corpore sano”. Só a título de informação, existem hoje cerca de 300 universidades séniores em todo o País, com cerca de 5500 professores e com cerca de 45000 alunos. Só a Universidade Sénior de Loures, a funcionar com quatro polos diferentes; Loures, Sacavém, Camarate e Bucelas, tem mais de 100 professores e mais de mil alunos, com uma percentagem de 16% na casa dos 64 anos, 60% entre os 65 e 74 e 25% com 75 a 90 anos de idade. Durante as minhas aulas comecei a notar o interesse dos alunos por livros onde pudessem consultar as matérias que iam sendo desenvolvidas nas aulas. Ora, como isso implicava a consulta de alguma obras com uma linguagem um tanto ou quanto específica, cheguei à conclusão de que não era bom para eles estar a recomendar-lhes a consulta de muitas obras, que, muito provavelmente, podiam conter uma linguagem pouco acessível para eles, e que, por isso mesmo, tornar-se-iam de difícil compreensão. Daí que começasse a reunir os meus apontamentos, as notas e as pesquisas que fui fazendo ao longo dos tempos, e, depois, pensasse em levar a cabo a reunião delas numa sebenta, num manual ou num simples compêndio ou catálogo, tal como já o tinha feito anteriormente, aquando da publicação de outras obras, nomeadamente das obras sobre a “História Económica e Social de Portugal”, publicada em fascículos fotocopiados pelos alunos da Faculdade de Direito de Lisboa, aquando das minhas aulas lecionadas nessa Faculdade, bem como das obras sobre a “Advocacia – Do Exercício da Profissão e da Deontologia Profissional”, que foram feitas a pensar nos alunos dos cursos de formação dos jovens advogados, quando eu desempenhava as funções de formador e de patrono-formador na Ordem dos Advogados, e, ainda, duma outra obra que correspondeu, em certa medida, às notas e apontamentos de algumas das minhas aulas, lecionadas já nesta Academia dos Saberes da Universidade Sénior de Loures, publicada, portanto, no âmbito do ensino destes alunos, com o título: “Portugal – Económico, Político e Social.” Para levar a cabo a feitura desta obra foram consultados vários dicionários, enciclopédias, livros de história, de ciência, de sociologia, de economia, de política e outros de vários autores para conseguir recolher o material indispensável a uma obra desta envergadura. Foram tomadas variadíssimas notas e apontamentos, os quais, depois de selecionados, organizados e ordenados cronologicamente, serviram para levar a cabo a feitura deste trabalho, ficando em forma duma sebenta, manual ou de qualquer uma outra coisa, provavelmente, como uma espécie de enciclopédia, onde se aborda um pouco de tudo, desde a formação do Universo à formação das Galáxias, das Estrelas, do nosso sistema solar, da Terra, do aparecimento da vida na Terra, bem como do seu desenvolvimento ao longo dos tempos, até se chegar aos dias de hoje; ao homem atual, ao Sapiens e ao Sapiens Sapiens, e, ainda, ao aparecimento das sociedades humanas e ao seu desenvolvimento, até se chegar à sociedade global dos tempos de hoje, a sociedade a que todos nós pertencemos. -
Zé Manel Bento (um homem que viveu ao acaso)Zé Manel Bento, um geronto a rondar os oitenta anos de idade, está sofrendo de vários achaques que o levam a andar constantemente a correr para os médicos, saltando de um para outro mais depressa do que uma borboleta salta de flor em flor. Um certo dia, por obra do acaso, lá se encontra ele recostado num cadeirão dum psiquiatra, embora ele dissesse que nunca lá iria por considerar os psiquiatras como médicos de malucos. Entre médico e doente foi-se estabelecendo um diálogo contínuo, que foi servindo para o Zé Manel Bento ir narrando o que foi a sua vida na sua aldeia beirã até aos dez anos, em Lisboa, onde trabalhou como um mouro, e na guerra de Angola, que o marcou para o resto da sua vida, pois, tal como ele desabafou ao médico, uma pessoa pode vir da guerra “escorreito por fora, mas, por dentro, vem com a alma em farrapos.” E, a par da narrativa do Zé Manel Bento lá dentro do consultório, vai-se desenrolando também uma outra narrativa sobre a vida do médico, contada pela empregada do consultório à mulher e à filha do Zé Manel Bento, dizendo ela que o médico, a partir duma certa altura da sua vida, sem ele dar por conta, viu-se apanhado nas malhas da justiça, pelo facto da sua mulher o ter acusado de violência doméstica, de lhe ter movido uma ação de divórcio litigioso e de lhe ter feito a vida negra por causa da regulação do poder paternal dos filhos de menor idade. No desenrolar das conversas entre o Zé Manel Bento, um homem prático, que se fez a si mesmo, tal como ele costuma dizer, e o médico, um cientista e um intelectual, muitas outras histórias vão sendo contadas como forma de ir referindo um pouco sobre os usos e os costumes, bem como sobre a maneira de viver do Portugal dos anos cinquenta e sessenta do século passado até aos dias de hoje.
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Vemo-nos em AgostoTodos os anos, a 16 de agosto, Ana Magdalena Bach apanha o ferry que a leva até à ilha onde a mãe está enterrada, para visitar o seu túmulo. Estas viagens acabam por ser um convite irresistível para se tornar uma pessoa diferente durante uma noite por ano.Ana é casada e feliz há vinte e sete anos e não tem motivos para abandonar a vida que construiu com o marido e os dois filhos. No entanto, sozinha na ilha, Ana Magdalena Bach contempla os homens no bar do hotel, e todos os anos arranja um novo amante. Através das sensuais noites caribenhas repletas de salsa e boleros, homens sedutores e vigaristas, a cada agosto que passa Ana viaja mais longe para o interior do seu desejo e do medo escondido no seu coração.Escrito no estilo inconfundível e fascinante de García Márquez, Vemo-nos em Agosto é um hino à vida, à resistência do prazer apesar da passagem do tempo e ao desejo feminino. Um presente inesperado de um dos melhores escritores que o mundo já conheceu. A tradução é de J. Teixeira de Aguilar. -
Deus na EscuridãoEste livro explora a ideia de que amar é sempre um sentimento que se exerce na escuridão. Uma aposta sem garantia que se pode tornar absoluta. A dúvida está em saber se os irmãos podem amar como as mães que, por sua vez, amam como Deus. -
O ColecionadorNo mais recente e trepidante thriller de Daniel Silva, autor n.º 1 da lista dos mais vendidos do The New York Times, Gabriel Allon embarca na busca de um quadro roubado de Vermeer e descobre uma conspiração que poderia levar o mundo à beira do Armagedão nuclear.Na manhã seguinte à gala anual da Venice Preservation Society, Gabriel Allon, restaurador de quadros e espião lendário, entra no seu bar preferido da ilha de Murano e aí encontra o general Cesare Ferrari, comandante da Brigada de Arte, que aguarda, ansioso, a sua chegada. Os carabinieri tinham feito uma descoberta assombrosa na villa amalfitana de um magnata sul-africano morto em circunstâncias suspeitas: uma câmara acouraçada secreta que continha uma moldura e um esticador vazios cujas dimensões coincidiam com as do quadro desaparecido mais valioso do mundo. O general Ferrari pede a Gabriel para encontrar discretamente a obra-prima antes que o seu rasto se volte a perder. - Esse não é o vosso trabalho?- Encontrar quadros roubados? Teoricamente, sim. Mas o Gabriel é muito melhor a fazê-lo do que nós.O quadro em questão é O concerto de Johannes Vermeer, uma das treze obras roubadas do Museu Isabella Stewart Gardner de Boston, em 1990. Com a ajuda de uma aliada inesperada, uma bela hacker e ladra profissional dinamarquesa, Gabriel não demora a descobrir que o roubo do quadro faz parte de uma tramoia ilegal de milhares de milhões de dólares na qual está implicado um indivíduo cujo nome de código é «o colecionador», um executivo da indústria energética estreitamente vinculado às altas esferas do poder na Rússia. O quadro desaparecido é o eixo de um complô que, caso seja bem-sucedido, poderia submeter o mundo a um conflito de proporções apocalípticas. Para o desmantelar, Gabriel terá de perpetrar um golpe de extrema audácia enquanto milhões de vidas estão presas por um fio. -
O EscritórioDawn Schiff é uma mulher estranha. Pelo menos, é o que toda a gente pensa na Vixed, a empresa de suplementos nutricionais onde trabalha como contabilista. Dawn nunca diz a coisa certa. Não tem amigos. E senta-se todos os dias à secretária, para trabalhar, precisamente às 8h45 da manhã.Talvez seja por isso que, certa manhã, quando Dawn não aparece para trabalhar, a sua colega Natalie Farrell – bonita, popular e a melhor vendedora da empresa há cinco anos consecutivos – se surpreenda. E mais ainda quando o telefone de Dawn toca e alguém do outro lado da linha diz apenas «Socorro».Aquele telefonema alterou tudo… afinal, nada liga tanto duas pessoas como partilhar um segredo. E agora Natalie está irrevogavelmente ligada a Dawn e vê-se envolvida num jogo do gato e do rato. Parece que Dawn não era simplesmente uma pessoa estranha, antissocial e desajeitada, mas estava a ser perseguida por alguém próximo.À medida que o mistério se adensa, Natalie não consegue deixar de se questionar: afinal, quem é a verdadeira vítima? Mas uma coisa é clara: alguém odiava Dawn Schiff. O suficiente para a matar.«NÃO COMECE UM LIVRO DE FREIDA McFADDEN A ALTAS HORAS DA NOITE.NÃO O VAI CONSEGUIR LARGAR!» AMAZON«O ESCRITÓRIO É UM THRILLER TENSO E VICIANTE DA AUTORA MAIS ADORADA DO MOMENTO.» GOODREADS -
Os Meus Dias na Livraria MorisakiEsta é uma história em que a magia dos livros, a paixão pelas coisas simples e belas e a elegância japonesa se unem para nos tocar a alma e o coração.Estamos em Jimbocho, o bairro das livrarias de Tóquio, um paraíso para leitores. Aqui, o tempo não se mede da mesma maneira e a tranquilidade contrasta com o bulício do metro, ali ao lado, e com os desmesurados prédios modernos que traçam linhas retas no céu.Mas há quem não conheça este bairro. Takako, uma rapariga de 25 anos, com uma existência um pouco cinzenta, sabe onde fica, mas raramente vem aqui. Porém, é em Jimbocho que fica a livraria Morisaki, que está na família há três gerações: um espaço pequenino, num antigo prédio de madeira. Estamos assim apresentados ao reino de Satoru, o excêntrico tio de Takako. Satoru é o oposto de Takako, que, desde que o rapaz por quem estava apaixonada lhe disse que iria casar com outra pessoa, não sai de casa.É então que o tio lhe oferece o primeiro andar da Morisaki para morar. Takako, que lê tão pouco, vê-se de repente a viver entre periclitantes pilhas de livros, a ter de falar com clientes que lhe fazem perguntas insólitas. Entre conversas cada vez mais apaixonadas sobre literatura, um encontro num café com um rapaz tão estranho quanto tímido e inesperadas revelações sobre a história de amor de Satoru, aos poucos, Takako descobre uma forma de falar e de estar com os outros que começa nos livros para chegar ao coração. Uma forma de viver mais pura, autêntica e profundamente íntima, que deixa para trás os medos do confronto e da desilusão. -
ManiacMANIAC é uma obra de ficção baseada em factos reais que tem como protagonista John von Neumann, matemático húngaro nacionalizado norte-americano que lançou as bases da computação. Von Neumann esteve ligado ao Projeto Manhattan e foi considerado um dos investigadores mais brilhantes do século XX, capaz de antecipar muitas das perguntas fundamentais do século XXI. MANIAC pode ser lido como um relato dos mitos fundadores da tecnologia moderna, mas escrito com o ritmo de um thriller. Labatut é um escritor para quem “a literatura é um trabalho do espírito e não do cérebro”. Por isso, em MANIAC convergem a irracionalidade do misticismo e a racionalidade própria da ciência -
Uma Noite na Livraria Morisaki - Os meus Dias na Livraria Morisaki 2Sim, devemos regressar onde fomos felizes. E à livraria Morisaki, lugar de histórias únicas, voltamos com Takako, para descobrir um dos romances japoneses mais mágicos do ano.Estamos novamente em Tóquio, mais concretamente em Jimbocho, o bairro das livrarias, onde os leitores encontram o paraíso. Entre elas está a livraria Morisaki, um negócio familiar cuja especialidade é literatura japonesa contemporânea, há anos gerida por Satoru, e mais recentemente com a ajuda da mulher, Momoko. Além do casal, a sobrinha Takako é presença regular na Morisaki, e é ela quem vai tomar conta da livraria quando os tios seguem numa viagem romântica oferecida pela jovem, por ocasião do aniversário de casamento.Como já tinha acontecido, Takako instala-se no primeiro andar da livraria e mergulha, instantaneamente, naquele ambiente mágico, onde os clientes são especiais e as pilhas de livros formam uma espécie de barreira contra as coisas menos boas do mundo. Takako está entusiasmada, como há muito não se sentia, mas… porque está o tio, Satoru, a agir de forma tão estranha? E quem é aquela mulher que continua a ver, repetidamente, no café ao lado da livraria?Regressemos à livraria Morisaki, onde a beleza, a simplicidade e as surpresas estão longe, bem longe de acabar. -
Uma Brancura LuminosaUm homem conduz sem destino. Ao acaso, vira à direita e à esquerda até que chega ao final da estrada na orla da floresta e o seu carro fica atolado. Pouco depois começa a escurecer e a nevar. O homem sai do carro e, em vez de ir à procura de alguém que o ajude, aventura-se insensatamente na floresta escura, debaixo de um céu negro e sem estrelas. Perde-se, quase morre de frio e de cansaço, envolto numa impenetrável escuridão. É então que surge, de repente, uma luz.Uma Brancura Luminosa é a mais recente obra de ficção de Jon Fosse, Prémio Nobel de Literatura de 2023. Uma história breve, estranhamente sublime e bela, sobre a existência, a memória e o divino, escrita numa forma literária única capaz de assombrar e comover.Tradução do norueguês de Liliete Martins.Os elogios da crítica:«Uma introdução perfeita à obra de Jon Fosse.» The Telegraph«Inquietante e lírico, este pequeno livro é uma introdução adequadamente enigmática à obra de Fosse e um bom ponto de partida para se enfrentar os seus romances mais vastos e experimentais.» Financial Times - Livro do Ano 2023«Uma Brancura Luminosa é, muito simplesmente, grande literatura.» Dagbladet