Este livro comenta filmes brasileiros à luz do Conhecimento Histórico. São obras feitas no país onde vivemos, sobre esse mesmo país. Alguns são obras-primas de autores e tradições canonizados. Outros, mais humildemente, remetem a diretores e projetos menos clássicos que provocam reflexões sobre o país onde surgiram. Todos são pedaços reflexivos de Brasil, ajudam a entender a História do país, tanto o que é considerado tema histórico clássico quanto dimensões de experiência social ainda pouco abordadas como historicidades. Os filmes, por diferentes caminhos, fazem parte da experiência cultural de diferentes grupos sociais sob o signo de curiosidade, lazer e aprendizagem informal. Parar para pensar sobre eles é uma tarefa que coloca cada um de nós diante de fazeres dos próprios filmes e das Histórias que eles percorrem como temas e espaços para interferência crítica, nem sempre consciente, trazendo-a para a reflexão sistematizada.
Percorrer diferentes gêneros cinematográficos nacionais é refletir sobre múltiplas formas de o país se fazer. Através de seus recursos de linguagem, os filmes convidam os espectadores a pensarem sobre o Brasil e seus trajetos, a enxergarem outras Histórias pouco discutidas.
Janelas abertas para a História, janelas abertas pela História: cada filme é uma oportunidade de se repensar os mundos que ele inventa e aborda.
Vale a pena ver esses mundos, através dos filmes, com vontade de livre interpretação.
Este livro comenta filmes de diferentes procedências nacionais (URSS, Alemanha, EEUU, Japão, Suécia, França, Itália e Irã) à luz do Conhecimento Histórico. São obras distribuídas internacionalmente, remetendo a olhares e problemas de seus países de origem e convidando espectadores de múltiplas nacionalidades a pensarem junto com eles. São ainda formas reflexivas de se conhecer recortes desses países, incentivando o espectador a uma recepção crítica.
Dentre os títulos abordados, há obras-primas da cinematografia mundial: outubro, Rastros de Ódio, O Sétimo Selo, Hiroshima Meu Amor, Rocco e Seus Irmãos, Blow-Up e Morte em Veneza. Outros, em escala artística mais modesta, suscitam também importantes debates sobre grandes questões humanas. Eles ajudam o espectador brasileiro a entender trajetos internacionais da linguagem cinematográfico e a situar produções nacionais nesse universo.
Sua circulação, no Brasil, correspondeu por muitas décadas a um momento histórico de exibição de filmes em salas públicas. Na atualidade, essa tradição tende a diminuir radicalmente e a se deslocar para circuitos especializados – cineclubes, centros culturais etc. A tendência mais recente das salas públicas ainda existentes, em shoppings e espaços similares, é de apresentar quase apenas grandes produções norte-americanas e desdobramentos brasileiros de programação televisiva, com poucas exceções. Uma maior diversidade cinematográfica sobrevive em circuitos universitários, festivais, cineclubes e promoções ou entidades dessa natureza, além da exibição doméstica em televisão, vídeos e similares.
Falar sobre esses filmes é retomar aquela diversidade de origens e contribuir para a reflexão crítica sobre esse universo artístico e cultural, que não fica restrita à sala de aula.