Este livro explora o papel da medicina tradicional no setor da saúde mental em Moçambique, analisando os saberes e as técnicas dos diversos atores envolvidos e as suas relações dentro do sistema de saúde mais amplo e do conjunto dos recursos disponíveis.
Através de diversas colaborações etnográficas, pretende esclarecer as formas do sofrimento psíquico e as convergências e divergências nas práticas dos diferentes atores chamados a intervir. Os autores partem de uma definição ampla do conceito de saúde mental na abordagem dos problemas e das perspetivas de colaboração entre profissionais do âmbito psiquiátrico e os praticantes de intervenções complementares, como os médicos tradicionais e os especialistas religiosos.
As situações examinadas abrangem diversas áreas da experiência terapêutica e para além dela: as características das diferentes práticas e os percursos existenciais e formativos dos seus representantes; o papel das chamadas terapias religiosas (igrejas africanas e neoevangélicas, irmandades sufi e novas terapias conscientemente inspiradas no Islão) e as categorizações locais; a organização do sistema psiquiátrico e os itinerários terapêuticos dos pacientes e das suas famílias.
Sofrimento Psíquico e Linguagens da Cura em Moçambique apresenta um quadro amplo e atualizado dos recursos disponíveis, das experiências dos pacientes e dos terapeutas, das possibilidades e dos limites no estabelecimento de uma colaboração eficaz.
Francesco Vacchiano é professor associado da Universidade Ca’ Foscari de Veneza e investigador associado do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. É antropólogo, psicólogo clínico e terapeuta familiar, com interesse em migrações históricas e contemporâneas, antropologia médica e psicológica, processos de construção das fronteiras na Europa (que incluem burocracias e políticas de cidadania e de «gestão» da imigração), sociedades e instituições do Norte de África (com particular referência à experiência social dos jovens), medicinas tradicionais e saúde mental em Moçambique.
As primeiras tentativas de classificação coerente, de comparação sistemática e interpretação dos símbolos remontam ao séc. XVI. Após 50 anos, a evolução das ciências humanas permitiu estudar signos, símbolos e mitos nas suas relações com os métodos e os princípios das suas diversas interpretações. O leitor não deve esperar encontrar aqui um dicionário de símbolos que o ajudará a compreender uma língua obscura a partir de uma tradução dos seus signos, antes a exposição dos princípios, métodos e estruturas da simbólica geral, ou ciência dos símbolos. Nada está mais próximo desta língua dos símbolos do que a música: se se ignora o solfejo e as regras da harmonia, da mesma forma que se recusa a aprendizagem da gramática de uma língua, o melhor dicionário do mundo não permite entender realmente, e ainda menos falar. Penetrar no mundo dos símbolos, é tentar perceber as vibrações harmónicas, «adivinhar uma música do universo».
A procura pelo amor continua mesmo perante as maiores improbabilidades.
TUDO DO AMOR, ensaio marcadamente pessoal e uma das obras mais populares de bell hooks, indaga o significado do amor na cultura ocidental, empenhando-se em desconstruir lugares-comuns e representações que mascaram relações de poder e de dominação.Contrariando o pensamento corrente, que tantas vezes julga o amor como fraqueza ou atributo do que não é racional, bell hooks defende que, mais do que um sentimento, o amor é uma acção poderosa, capaz de transformar o cinismo, o materialismo e a ganância que norteiam as sociedades contemporâneas. Tudo do Amor propõe uma outra visão do mundo sob uma nova ética amorosa, determinada a edificar uma sociedade verdadeiramente igualitária, honesta e comprometida com o bem-estar colectivo.
Nesta obra, A. L. Kroeber reúne artigos seus publicados entre 1901 e 1951. São textos de cariz teórico, em que autor desenvolve a sua própria concepção sobre o lugar e o método da antropologia cultural.
Desde a sensação de terror que o sagrado inspirava aos primeiros homens até à teoria do sobrenatural ou do transcendente que atribuímos hoje a certos fenómenos misteriosos, o autor examina as diferentes formas de exprimir este sentimento através das múltiplas manifestações religiosas.
Prémio de História Contemporânea da Universidade do Minho
O livro fornece pistas para se compreender a persistência, mais de 20 anos após a independência das antigas colónias portuguesas, de um discurso transversal ao espectro político e ideológico nacional que acentua a imunidade dos portugueses ao racismo, a sua predisposição para o convívio com outros povos e culturas e a sua vocação ecuménica.
Os domínios do parentesco situam-se na confluência de duas linguagens: a da etnologia, que se esforça por situar as regiões, os contornos e as fronteiras desses domínios, e a das sociedades que a etnologia observa e a que vai buscar as terminologias, as classificações e as regras. Esclarecer estas duas linguagens e relacioná-las é um dos objectivos deste livro, que se pretende uma iniciação à chamada antropologia do parentesco.
Falar de parentesco é também e é já falar de outra coisa (numa e noutra linguagem); qual a natureza da relação entre o parentesco e os outros sectores de representação? Que significa a assimilação do parentesco a uma linguagem ou a sua definição como região dominante em certos tipos de sociedade? Que significam as regras de casamento? - são algumas das perguntas que esta obra tenta reformular e às quais procura por vezes responder.
Uma análise do vocabulário técnico, um glossário inglês/português, uma importante documentação bibliográfica, reflexões sobre os autores, análises de textos e o balanço de uma investigação pontual: tais são os elementos de informação e de reflexão que aqui se propõem.
Uma análise concisa das teorias estruturalistas dos fenómenos antropológicos, destinada a esclarecer os conceitos da «semiologia» com base no pressuposto de que os gestos, na comunicação não verbal, apenas adquirem significado como membros de conjuntos, à semelhança do que ocorre com os sons na linguagem falada.
Em O Bode Expiatório, René Girard, um dos críticos mais profundos e originais do nosso tempo, prossegue a sua reflexão sobre o «mecanismo sacrificial», ao qual devemos, do ponto de vista antropológico, a civilização e a religião, e, do ponto de vista histórico e psicológico, os fenómenos de violência coletiva de que o século XX foi a suprema testemunha e que mesmo hoje ameaçam a coabitação dos humanos sobre a Terra.Ao aplicar a sua abordagem a «textos persecutórios», documentos que relatam o fenómeno da violência coletiva da perspetiva do perseguidor tais como o Julgamento do Rei de Navarra, do poeta medieval Gillaume de Machaut, que culpa os judeus pela Peste Negra, Girard descobriu que estes apresentam surpreendentes semelhanças estruturais com os mitos, o que o leva a concluir que por trás de cada mito se esconde um episódio real de perseguição.A arrojada hipótese girardiana da reposição da harmonia social, interrompida por surtos de violência generalizada, através da expiação de um bode expiatório constitui uma poderosa e coerente teoria da história e da cultura.