Sol
Numa carta a Middleton Murry, Lawrence diz: Esta religião animista é a única que está viva; a nossa não passa de um cadáver.
O contacto de Lawrence com um sol que lhe foi preconizado como «terapêutico» passou para a sua obra sob três formas distintas e todas alheias a este papel curativo. Lemo-lo em vários poemas publicados neste livro como celebração, sentido como força suprema, como poder cósmico que conduz o homem à sua superior vitalidade de corpo e de espírito, que o conduz à negação dos valores pervertidos de uma decadente humanidade; lemo-lo no texto «A Dança da Serpente nos Hopis», descrito com alguma ironia e distância, como valor máximo de uma religião animista que o venera a dançar, tomando-o como pretexto para um espectáculo duvidosamente isento de uma intencional atracção turística; é influenciado por ele sob esta mesma forma religiosa no romance The Plumed Serpent; mas também o encontraremos na sua história curta «A Mulher que Fugiu a Cavalo», aqui com a mulher branca entregue ao sol num sacrifício que se pretende redentor da servidão do índio à civilização do homem branco, mas oportunidade literária para a instalar num contexto dramático oposto ao das ficções de outros autores da sua época, largamente celebradas pelo público porque lhe ofereciam a exótica excitação romântica de um corpo masculino «selvagem», conquistador de uma mulher «civilizada» que hesitava entre o horror da violação e o amável consentimento dos seus carenciados sentidos.
[…]
No seu texto defende a dignidade do ritual sagrado dos Hopis, o contacto estabelecido entre o homem e o dragão cósmico. A tribo dos Hopis mantém com o sol uma relação dupla. Este astro que a ilumina e aquece, que é benfazejo e faz crescer o milho da sua alimentação, tem como contraponto outro sol escuro e irado no interior da terra, o que dá mostras da sua cólera expelindo lava através dos vulcões. Os Hopis elegem dois animais como mensageiros privilegiados destes dois sóis: a águia que vêem voar até mais alto do que qualquer outra ave e ficar próxima do sol celeste; a serpente que vêem enfiar-se na terra e aproximar-se do sol obscuro e irado que existe no interior do mundo. Entre os dois sóis é de temer e de aplacar o segundo, já que o sol celeste é tranquilo e sempre disposto a fazer crescer as plantas do seu alimento.
[Aníbal Fernandes]
| Editora | Sistema Solar |
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| Categorias | |
| Editora | Sistema Solar |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | D.H. Lawrence |
David Herbert Lawrence nasceu em Eastwood em 1885. Estudou na Universidade de Nottingham e exerceu professorado, que teve de abandonar em 1913 por doença, dedicando-se então à Literatura. Em 1912, D. H. Lawrence foge para a Alemanha com Frida Weekly, mulher do seu antigo professor de línguas. Casam em 1914, quando regressam a Inglaterra e vivem precariamente da sua produção literária.
É um dos mais importantes escritores ingleses, conhecido principalmente por ter abordado na sua obra temas considerados controversos no início do século XX, como a sexualidade e as relações humanas com características destrutivas.
Filhos e Amantes - O Arco-Íris (1915), obra considerada obscena na altura, Mulheres Apaixonadas (1920), livro recusado pelos editores ingleses e publicado anos depois em Nova Iorque, e O Amante de Lady Chatterley (1928), texto proibido na época e que circulava clandestinamente. Além destes, escreveu outros romances, inúmeros contos, poemas e ensaios, livros de viagens e peças de teatro.
Morre em 1930 com 44 anos.
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Filhos e AmantesNeste grandioso romance, Lawrence recorre à sua própria experiência para explorar os complexos laços emocionais que marcaram grande parte da sua vida. A família Morel vive na região carbonífera de Nottingham. Desiludida com o marido, um mineiro rude e bêbedo, a Sr.ª Morel concentra todas as suas esperanças nos filhos, sobretudo em Paul. À medida que Paul cresce, emergem muitas tensões: as paixões que alimenta por duas mulheres ficam comprometidas pelo conflito entre o amor e o sentimento de posse. -
A Virgem e o CiganoYvette, a temperamental filha de um vigário, anseia libertar-se dos limites sufocantes de uma respeitável família de classe média. Na sua ansiosa busca por amor e liberdade, Yvette trava conhecimento com um cigano que despertará nela uma força elementar. Só não sabe que essa força irá ameaçar o tecido da sua existência. Obra precursora de O Amante de Lady Chatterley, com o seu tema de amor e desejo entre diferentes classes sociais, A Virgem e o Cigano é uma poderosa evocação do conflito entre intuição e convenções sociais, escrita de forma brilhante, por um autor que soube inventar a sua própria linguagem. -
A Serpente EmplumadaEscrita em 1926, enquanto Lawrence se encontrava no México, a presente obra foi reconhecida pelo autor como sendo a que se encontra mais próxima do meu coração. Para Lawrence, o México possuía uma enorme dose de poder e fascínio, e foi lá que decidiu procurar a fonte de sabedoria que considerava perdida na velha Europa. A personagem principal do romance, Kate Leslie, uma mulher irlandesa de visita ao México, transforma-se no ponto central de conflito entre as forças obscuras do culto de Quetzalcoatl – a serpente emplumada – e os costumes ocidentais, numa luta para tentar equilibrar os pólos destrutivos e criativos do seu «paraíso infernal».David Herbert Lawrence nasceu em Eastwood em 1885. Estudou na Universidade de Nottingham e exerceu o professorado, que teve de abandonar em 1913 por doença, dedicando-se então à literatura.Em 1912, D. H. Lawrence foge para a Alemanha com Frida Weekly, mulher do seu antigo professor de Línguas. Casam em 1914, quando regressam a Inglaterra e vivem precariamente da sua produção literária. Depois da guerra, D. H. Lawrence viaja pela Sicília, Ceilão e Austrália. Em 1925, os Lawrence regressa à Europa. O seu último livro, O Amante de Lady Chatterley, é proibido em 1928. Morre em 1930, com 44 anos. -
A Serpente EmplumadaEscrita em 1926, enquanto Lawrence se encontrava no México, a presente obra foi reconhecida pelo autor como sendo "a que se encontra mais próxima do meu coração". Para Lawrence, o México possuía uma enorme dose de poder e fascínio, e foi lá que decidiu procurar a fonte de sabedoria que considerava perdida na velha Europa. A personagem principal do romance, Kate Leslie, uma mulher irlandesa de visita ao México, transforma-se no ponto central de conflito entre as forças obscuras do culto de Quetzalcoatl - a serpente emplumada - e os costumes ocidentais, numa luta para tentar equilibrar os polos destrutivos e criativos do seu paraíso infernal. -
Sons and LoversIntroduction and Notes by Dr Howard J. Booth, University of Kent at Canterbury. ‘When you have experienced Sons and Lovers you have lived through the agonies of the young Lawrence striving to win free from his old life’. Richard Aldington This novel is Lawrence’s semi-autobiographical masterpiece in which he explores emotional conflicts through the protagonist, Paul Morel, and his suffocating relationships with a demanding mother and two very different lovers. Lawrence’s novels are perhaps the most powerful exploration in the genre in English of family, class, sexuality and relationships in youth and early adulthood. -
Mulheres ApaixonadasAs irmãs Ursula e Gudrun Brangwen são professoras em Beldover, uma cidadezinha dominada por uma enorme mina de carvão. É aqui que Ursula se apaixona por Birkin – em muitos aspectos, o auto-retrato do próprio Lawrence – enquanto Gudrun se envolve de forma trágica e demoníaca com Gerald, o filho do dono da mina.Tendo como ponto de partida os contrastes existentes entre estes quatro elementos no que respeita à maneira de pensar, amar e sentir, Lawrence oferece-nos a imagem da futilidade e da destruição características das relações humanas.David Herbert Lawrence nasceu em Eastwood em 1885. Estudou na Universidade de Nottingham e exerceu o professorada, que teve de abandonar em 1913 por doença, dedicando-se então à Literatura.Em 1912, D. H. Lawrence foge para a Alemanha com Frida Weekly, mulher do seu antigo professor de Línguas. Casam em 1914, quando regressam a Inglaterra e vivem precariamente da sua produção literária. Depois da guerra, D. H. Lawrence viaja para a Sicília, Ceilão e Austrália. Em 1925, os Lawrence regressam à Europa. O seu último livro, O Amante da Lady Chatterley, é proibido em 1928. Morre em 1930, com 44 anos. -
Filhos e Amantes - Vol. INeste grandioso romance, Lawrence serve-se da sua própria experiência para explorar os cerrados laços emocionais que dominaram uma tão grande parte da sua vida.A família Morel, a cópia da sua própria família, vive na região carbonífera de Nottingham. Mrs. Morel fica desiludida com o marido, um mineiro grosseiro e grande bebedor, e concentra todas as esperanças nos filhos, particularmente em Paul.À medida que Paul vai crescendo muitas tensões vão desenvolvendo nestas relações; e as paixões que sentiu por duas outras mulheres foram comprometidas por um conflito fatal entre o amor e o sentimento de posse. -
Filhos e Amantes - Vol. IINeste grandioso romance, Lawrence serve.se da sua própria experiência para explorar os cerrados laços emocionais que dominaram uma tão grande parte da sua vida.A família Morel, cópia da sua própria família, vive na região carbonífera de Nottingham. Mrs Morel fica desiludida com o marido, um mineiro grosseiro e grande bebedor, e concentra todas as esperanças nos filhos, particularmente em Paul.À medida que Paul vai crescendo, muitas tensões se vão desenvolvendo nestas relações; e as paixões que sentiu por duas outras mulheres foram comprometidas por um conflito fatal entre o amor e o sentimento de posse. -
A Virgem e o CiganoYvette, a temperamental filha de um vigário, anseia libertar-se dos limites sufocantes de uma respeitável família de classe média. Na sua ansiosa busca por amor e liberdade, Yvette trava conhecimento com um cigano que despertará nela uma força elementar. Só não sabe que essa força irá ameaçar o tecido da sua existência. Obra precursora de O Amante de Lady Chatterley, com o seu tema de amor e desejo entre diferentes classes sociais, A Virgem e o Cigano é uma poderosa evocação do conflito entre intuição e convenções sociais, escrita de forma brilhante, por um autor que soube inventar a sua própria linguagem. -
Mulheres ApaixonadasAs irmãs Ursula e Gudrun Brangwen são professoras em Beldover, uma cidadezinha dominada por uma enorme mina de carvão. É aqui que Úrsula se apaixona por Birkin - em muitos aspectos, o auto-retrato do próprio Lawrence - enquanto Gudrun se envolve de forma trágica e demoníaca com Gerald, o filho do dono da mina. Tendo como ponto de partida os contrastes existentes entre estes quatro elementos no que respeita à maneira de pensar, amar e sentir, Lawrence oferece-nos a imagem da futilidade e da destruição características das relações humanas.
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O Essencial Sobre José Saramago«Aquilo que neste livro se entende como essencial em José Saramago corresponde à sua específica identidade como escritor, com a singularidade e com as propriedades que o diferenciam, nos seus fundamentos e manifestações. Mas isso não é tudo. No autor de Memorial do Convento afirma-se também uma condição de cidadão e de homem político, pensando o seu tempo e os fenómenos sociais e culturais que o conformam. Para o que aqui importa, isso é igualmente essencial em Saramago, até porque aquela condição de cidadão não é estranha às obras literárias com as quais ela interage, em termos muito expressivos.» in Contracapa -
Confissões de um Jovem EscritorUmberto Eco publicou seu primeiro romance, O Nome da Rosa, em 1980, quando tinha quase 50 anos. Nestas suas Confissões, escritas cerca de trinta anos depois da sua estreia na ficção, o brilhante intelectual italiano percorre a sua longa carreira como ensaísta dedicando especial atenção ao labor criativo que consagrou aos romances que o aclamaram. De forma simultaneamente divertida e séria, com o brilhantismo de sempre, Umberto Eco explora temas como a fronteira entre a ficção e a não-ficção, a ambiguidade que o escritor mantém para que seus leitores se sintam livres para seguir o seu próprio caminho interpre tativo, bem como a capacidade de gerar neles emoções. Composto por quatro conferências integradas no âmbito das palestras Richard Ellmann sobre Literatura Moderna que Eco proferiu na Universidade Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos, Confissões de um jovem escritor é uma viagem irresistível aos mundos imaginários do autor e ao modo como os transformou em histórias inesquecíveis para todos os leitores. O “jovem escritor” revela-se, afinal, um grande mestre e aqui partilha a sua sabedoria sobre a arte da imaginação e o poder das palavras. -
Sobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
A Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
Almoço de DomingoUm romance, uma biografia, uma leitura de Portugal e das várias gerações portuguesas entre 1931 e 2021. Tudo olhado a partir de uma geografia e de uma família.Com este novo romance de José Luís Peixoto acompanhamos, entre 1931 e 2021, a biografia de um homem famoso que o leitor há de identificar — em paralelo com história do país durante esses anos. No Alentejo da raia, o contrabando é a resistência perante a pobreza, tal como é a metáfora das múltiplas e imprecisas fronteiras que rodeiam a existência e a literatura. Através dessa entrada, chega-se muito longe, sem nunca esquecer as origens. Num percurso de várias gerações, tocado pela Guerra Civil de Espanha, pelo 25 de abril, por figuras como Marcelo Caetano ou Mário Soares e Felipe González, este é também um romance sobre a idade, sobre a vida contra a morte, sobre o amor profundo e ancestral de uma família reunida, em torno do patriarca, no seu almoço de domingo.«O passado tem de provar constantemente que existiu. Aquilo que foi esquecido e o que não existiu ocupam o mesmo lugar. Há muita realidade a passear-se por aí, frágil, transportada apenas por uma única pessoa. Se esse indivíduo desaparecer, toda essa realidade desaparece sem apelo, não existe meio de recuperá-la, é como se não tivesse existido.» «Os motoristas estão à espera, o brado da multidão mistura-se com o rugido dos motores. Antes de entrarmos, o Mário Soares aproxima-se de mim, correu tudo tão bem, e abraça-me com um par estrondosas palmadas no centro das costas. A coluna de carros avança devagar pelas ruas da vila. Tenho a garganta apertada, não consigo falar. Como me orgulha que Campo Maior seja a capital da península durante este momento.»«Autobiografia é um romance que desafia o leitor ao diluir fronteiras entre o real e o ficcional, entre espaços e tempos, entre duas personagens de nome José, um jovem escritor e José Saramago. Este é o melhor romance de José Luís Peixoto.»José Riço Direitinho, Público «O principal risco de Autobiografia era esgotar-se no plano da mera homenagem engenhosa, mas Peixoto evitou essa armadilha, ao construir uma narrativa que se expande em várias direções, acumulando camadas de complexidade.»José Mário Silva, Expresso -
Electra Nº 23A Atenção, tema de que se ocupa o dossier central do número 23 da revista Electra, é um recurso escasso e precioso e por isso objecto de uma guerra de concorrência sem tréguas para conseguir a sua captura. Nunca houve uma tão grande proliferação de informação, de produtos de consumo, de bens culturais, de acontecimentos que reclamam a atenção. Ela é a mercadoria da qual depende o valor de todas as mercadorias, sejam materiais ou imateriais, reais ou simbólicas. A Atenção é, pois, uma questão fundamental do nosso tempo e é um tópico crucial para o compreendermos. Sobre ela destacam-se neste dossier artigos e entrevistas de Yves Citton, Enrico Campo, Mark Wigley, Georg Franck e Claire Bishop. Nesta edição, na secção “Primeira Pessoa”, são publicadas entrevistas à escritora, professora e crítica norte-americana Svetlana Alpers (por Afonso Dias Ramos), cujo trabalho pioneiro redefiniu o campo da história da arte nas últimas décadas, e a Philippe Descola (por António Guerreiro), figura central da Antropologia, que nos fala de temas que vão desde a produção de imagens e das tradições e dos estilos iconográficos à questão da oposição entre natureza e cultura. A secção “Furo” apresenta um conjunto de desenhos e cartas inéditos da pintora Maria Helena Vieira da Silva. Em 1928, tinha vinte anos. Havia saído de Portugal para estudar arte em Paris e, de França, foi a Itália numa viagem de estudo. Durante esse percurso desenhou num caderno esboços rápidos do que via, e ao mesmo tempo, escrevia cartas à mãe para lhe contar as suas impressões e descobertas. Uma selecção destes desenhos e destas cartas, que estabelecem entre si um diálogo íntimo e consonante, é agora revelada. Na Electra 23, é publicada, na secção “Figura”, um retrato do grande poeta grego Konstandinos Kavafis, feito pelo professor e tradutor Nikos Pratsinis, a partir de oito perguntas capitais; é comentada, pelo escritor Christian Salmon, na secção “Passagens”, uma reflexão sobre a história trágica da Europa Central do consagrado romancista e ensaísta checo, Milan Kundera. Ainda neste número, o ensaísta e jornalista Sergio Molino dá-nos um mapa pessoal da cidade de Saragoça, em que a história e a geografia, a literatura e a arte se encontram; o jornalista e colunista brasileiro Marcelo Leite trata das investigações em curso desde os anos 90, com vista ao uso farmacológico e terapêutico dos psicadélicos; a escritora e veterinária María Sanchez constrói um diário que é atravessado por procuras e encontros, casas e viagens, livros e animais, terras e mulheres, amor e amizade; o arquitecto, investigador e curador chileno Francisco Díaz aborda a relação entre solo e terreno, a partir do projecto da Cidade da Cultura de Santiago de Compostela, da autoria de Peter Eisenman; o artista e ensaísta João Sousa Cardoso escreve sobre a obra do escultor Rui Chafes, revisitando três exposições e um livro apresentados durante o ano de 2023; e o dramaturgo Miguel Castro Caldas comenta a palavra “Confortável”.Vários -
Diário SelvagemEste «Diário Selvagem», «até aqui quase integralmente inédito, é um livro mítico, listado e discutido em inúmeras cartas e cronologias do autor, a que só alguns biógrafos e estudiosos foram tendo acesso».