Nesta compilação de doze contos que fazem uso da palavra exacta na medida certa, é proposto um conjunto de narrativas cuja unidade reside no princípio da suspensão, do espaço em branco, da história com ponto final porém inacabada. Povoado por personagens ambíguas, sem uma linha que lhes trace uma fronteira ou um fim, e inscritas num ambiente que só pode ter lugar na mente de cada leitor, Teatro Vertical é um livro secreto, discreto, poderoso.
Manuel Alberto Vieira nasceu em 1979. Tradutor de mais de 60 obras literárias, autor publicado e traduzido, é também revisor, escreve regularmente no blogue Kid A e faz fotografia. Na escrita, estreou-se em 2012 com Caderno de Mentiras (ed. Eucleia) e publicou, em 2017, Teatro Vertical (ed. Snob), ambos colecções de contos. Desta vez, põe o pé em mares mais profundos, os da narrativa longa.
«O uivo do cão ecoa na planície. Quem ouvisse ao longe pressentiria ameaça. Mas na velha casa abandonada tudo é sereno como um tronco seco no deserto. Não há som que rompa o silêncio do mundo que a música ordena.» Romance breve ou novela, este é um livro sobre a face escura da infância, que deixa o leitor ante um abismo em que se adivinham actos de profunda violência, do qual surgem ecos e se vislumbram relâmpagos, mas o caminho é apenas um: em diante, sem pisar a violência nem nela mergulhar.