Um José Saramago
Já diz o autor nos seus diários (os Cadernos de Lanzarote): “Somos contos de contos, contando contos”. E este ditado subvertido encerra uma lúcida e criativa visão da natureza humana consciente. De facto, tudo tem a ver com tudo. (…) No ano em que celebramos o centenário do seu nascimento, a melhor homenagem que lhe podemos fazer é lê-lo e conquistar a sua leitura junto dos estudantes. Ora ler Saramago pede dedicação e determinação, com a garantia de que o que receberemos de volta é o prazer do seu discurso proverbial, a descoberta, como a do poeta, de ser um aprendiz junto dos mais simples, um mestre dos mais sábios. E que lição de voo, esta!
In “Abertura a José Saramago:
Voltar a ler Saramago (contando a nossa história)
| Editora | Theya |
|---|---|
| Categorias | |
| Editora | Theya |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | António José Borges |
António José Borges, licenciado em Ensino de Português e Alemão, mestre em Ensino da Língua e Literatura Portuguesas e doutorando em Estudos Portugueses, tem lecionado, sobretudo, Português e Literatura Portuguesa no ensino público e privado e é investigador no CLEPUL da Universidade de Lisboa, onde coordenou ciclos de conferências e dirige o "Dossier Escritor" da revista Letras Com Vida. Viveu um ano na Alemanha, onde estudou na Ruhr-Universität Bochum, e lecionou durante dois anos Literatura Portuguesa Contemporânea e Teoria da Literatura, entre outras disciplinas, na Universidade Nacional Timor Lorosa'e, em Díli, Timor-Leste. É vice-diretor da Revista "Nova Águia".
Foi cronista permanente na revista Tribuna Douro e contista no jornal timorense Semanário e tem colaborado em revistas e jornais nacionais e estrangeiras, entre as quais: Navegações (Brasil); Espacio/Espaço Escrito – Revista de literatura en dos lenguas (Galiza); O Escritor (APE); Mealibra (Círculo Cultural do Alto Minho); Humanitas (Universidade de Coimbra); Douro – Estudos e Documentos (Faculdade de Letras da Universidade do Porto); Terra Feita Voz (Círculo Cultural Miguel Torga); Geia (Revista da Tertúlia de João de Araújo Correia); DiVersos; Letras Com Vida (CLEPUL), Nova Águia, Revista de Letras (UTAD), Foro das Letras, Submarino (Univ. de Turim, Itália), As Artes entre as Letras, Jornal de Letras e Ecos do Oriente, entre outras publicações de poesia e conto e em antologias portuguesas, de crónica e ensaio em Itália e no Brasil. Além do Português, está publicado em Tétum, Inglês, Castelhano e Italiano.
Foi Membro do Júri do Prémio de Literatura (modalidade de ficção) Cidade de Almada (2010) e do Prémio de Poesia do Festival de Literatura e Filosofia de Fátima: Tábula Rasa (2015 e 2017). É colaborador permanente no jornal As Artes Entre as Letras.
É autor dos livros: Timor – As Rugas da beleza (crónicas, 2006); de olhos lavados / ho matan moos (poesia – edição bilingue, com tradução para Tétum de Abé Barreto Soares, e ilustrações de Piera Zurchter, 2009); José Saramago – da Cegueira à Lucidez (ensaio, com prefácio de Miguel Real, 2010), Fármaco (poesia, 2012), Agulhas de Água (poesia, 2016), Peito à janela sem coração ao largo (crónicas, 2019) e Diacrónicas (crónicas e ensaios, 2020). Tem no prelo o livro de ensaios Um José Saramago.
-
Peito à Janela Sem Coração ao LargoEm Peito à Janela Sem Coração ao Largo, servindo-se do registo cronístico que não recusa os princípios da Literatura, António José Borges apresenta-nos a experiência de um percurso exótico, ideológico e literário envolto de coragem, sensibilidade e beleza perante as suas viagens e digressões, quer as físicas quer as interiores. -
E Se Tudo o Que Converge Deve SubirLouis Schweitzer era uma criança órfã e maltratada que fugiu do orfanato, na vila fria e seca onde tinha sido abandonado, para uma cidade agitada. Pelo caminho apanhou boleia com um senhor que inesperadamente mostrou preocupação com ele. Este senhor tinha a esposa doente. Durante a viagem conversaram e no mesmo dia foi com o senhor visitar a esposa ao hospital. Lá viu muitas pessoas infetadas sem perceber de quê e porquê. Quando estava a chegar à sala de internamento, Louis chocou com algo e desmaiou. […] Entretanto, Louis retomou a consciência. Estava deitado numa cama, descansando do choque físico do embate e percebeu que o destino lhe tinha reservado uma missão: lutar para que o ser humano não perca a consciência, seja forte e inesquecível aqui na Terra. Momentos depois o senhor aproximou-se com a esposa que recebera alta hospitalar e uma nova família tinha nascido. Louis encontrou a felicidade junto daquele casal. A humanidade não continuou igual porque quer ele quer o vírus estavam cansados dos mesmos erros repetidos.” (in “Estava cansado”)
-
Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
Sobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
A Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
O Infinito num JuncoA Invenção do livro na antiguidade e o nascer da sede dos livros.Este é um livro sobre a história dos livros. Uma narrativa desse artefacto fascinante que inventámos para que as palavras pudessem viajar no tempo e no espaço. É o relato do seu nascimento, da sua evolução e das suas muitas formas ao longo de mais de 30 séculos: livros de fumo, de pedra, de argila, de papiro, de seda, de pele, de árvore, de plástico e, agora, de plástico e luz.É também um livro de viagens, com escalas nos campos de batalha de Alexandre, o Grande, na Villa dos Papiros horas antes da erupção do Vesúvio, nos palácios de Cleópatra, na cena do homicídio de Hipátia, nas primeiras livrarias conhecidas, nas celas dos escribas, nas fogueiras onde arderam os livros proibidos, nos gulag, na biblioteca de Sarajevo e num labirinto subterrâneo em Oxford no ano 2000.Este livro é também uma história íntima entrelaçada com evocações literárias, experiências pessoais e histórias antigas que nunca perdem a relevância: Heródoto e os factos alternativos, Aristófanes e os processos judiciais contra humoristas, Tito Lívio e o fenómeno dos fãs, Sulpícia e a voz literária de mulheres.Mas acima de tudo, é uma entusiasmante aventura coletiva, protagonizada por milhares de personagens que, ao longo do tempo, tornaram o livro possível e o ajudaram a transformar-se e evoluir – contadores de histórias, escribas, ilustradores e iluminadores, tradutores, alfarrabistas, professores, sábios, espiões, freiras e monjes, rebeldes, escravos e aventureiros.É com fluência, curiosidade e um permanente sentido de assombro que Irene Vallejo relata as peripécias deste objeto inverosímil que mantém vivas as nossas ideias, descobertas e sonhos. E, ao fazê-lo, conta também a nossa história de leitores ávidos, de todo o mundo, que mantemos o livro vivo.Um dos melhores livros do ano segundo os jornais El Mundo,La Vanguardia e The New York Times(Espanha). -
O Anticrítico«O Anticrítico» é uma compilação dos ensaios de Diogo Vaz Pinto — textos de crítica literária, e não só —, escritos entre 2014 e 2023, incluindo alguns inéditos. «Não tenho conta para as vezes todas em que, para ir com a rábula insultuosa que me tecem, pegando uns onde outros deixaram, numa cooperativa de imbecis que, sinceramente, me comove, já me quiseram tirar a condição que vem de tudo o que faço. Mais difícil seria desmontar alguma coisa. Resta que, ou ignoram muito vermelhuscos, ou a ideia é revogar-me a carta, licença, prostrar-me na indigência de eu ser uma qualquer abominação, «Bicho», monstro que ligam com tudo o que é baixo, e mesmo assim paira sobre eles sem explicação. Um Chernobyl encarnado. Crítico não sou. Ou só pseudo. Videirinho e jornaleiro, pilha-galinhas e o mais que eu coso bem ao meu estuporado currículo. Pois seja, eu fico então gordo disso tudo. E viro-me do avesso. Sou o anticrítico, então! Roubando esta de Augusto de Campos sem pudor. Há muito que não me retiram do sentido a ideia de que o principal é cortar com a impostura disto tudo. A gloríola da mediocridade, o sentido gregário, essa ratada ficção ligando os «egozinhos de porta-aberta» do nosso meio literato.» -
Terra QueimadaEnsaio profético e demolidor, TERRA QUEIMADA (2022) expõe a forma como o complexo internético se tornou «motor implacável de vício, solidão, falsas esperanças, crueldade, psicose, endividamento, vida desbaratada, corrosão da memória e desintegração social». Nele, Jonathan Crary faz uma crítica radical da digitalização do mundo e denuncia realidades inegáveis: a incompatibilidade entre um planeta habitável e a economia consumista e técnica, a atomização provocada pelas redes sociais, a era digital como fase terminal do capitalismo planetário. «Se é possível um futuro habitável e comum no nosso planeta», conclui, «esse futuro será offline, dissociado dos sistemas e da actividade do capitalismo 24/7, que destroem o mundo». -
Mário Cesariny e Antonio Tabucchi - Cartas e outros TextosFernando Cabral Martins: «O surrealismo português já tinha atingido no final dos anos sessenta uma definição que tornava possível, de um ponto de vista exterior, descomprometido, fazer uma avaliação de conjunto.» Antonio Tabucchi veio a Portugal no rasto de um poeta: Fernando Pessoa, ou melhor Álvaro de Campos, de quem lera por acaso o poema «Tabacaria». Quis aprender a língua do autor do poema e para isso inscreveu-se na cadeira de Língua e Literatura Portuguesa na Universidade de Pisa, que então frequentava. O seu mestre foi uma professora especial, bela, inteligente e culta, Luciana Stegagno Picchio. Antonio quis conhecer o país onde se falava aquela língua e ao qual pertencia aquele poeta e, na Primavera de 1965, com o seu Fiat 500, chegou a Portugal. Aí conheceu uma portuguesa com quem falou de Pessoa, e com quem continuou a trocar correspondência até ao ano seguinte, quando se tornaram namorados, vindo depois a casar (1970). Mas até lá, veio amiúde a Portugal […] e começou a interessar-se pelo Surrealismo português, sobre o qual havia muito pouco material crítico, praticamente nada, em vista da sua futura tese de licenciatura. Conheceu então (1967) dois membros ilustres daquele movimento, dois grandes poetas, Alexandre O’Neill e Mário Cesariny de Vasconcelos, com quem passou muitas horas, primeiro para os entrevistar e depois, com sempre maior intimidade, já com laços de amizade, só pelo prazer de estarem juntos. [Maria José de Lancastre] Esta é a história de um desencontro. Cesariny, como o surrealismo, considerava a universidade um inimigo, e Tabucchi, para todos os efeitos, era em 1971 um universitário. Mesmo se, no caso dele, havia por parte do poeta o agrado de ver como a sua poesia e o seu lugar no surrealismo português eram reconhecidos — pela primeira vez — por um leitor com a distância crítica e a óbvia inteligência de Antonio Tabucchi. Aqui, nos textos que documentam o contacto directo entre ambos do final dos anos 60, pode ver-se uma ilustração do modo como a história do surrealismo foi sendo feita, com que ritmo e a partir de que posições. E que implica a consciência, por parte do poeta, da importância do sentido que a crítica atribui à História, capaz (ou não) de tornar o passado digno do presente, ou vice- -versa. E manifesta, por parte do jovem crítico italiano, a intuição da grandeza de um movimento que evoluía na sombra, num carceral jardim à beira-mar. [Fernando Cabral Martins]
