Um Passo Para Sul
Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís 2018.
Um Passo para Sul decorre entre os quatro arquipélagos atlânticos onde se fala português. «No Atlântico moram povos de várias margens. Não têm guelras, já que respiram pouco. Têm labores plácidos, cortinas de água e, às vezes, a imaginação um bocado furiosa.»
O júri considerou Um Passo para Sul um romance com um «alcance humano e social mais profundo». «Os registos linguísticos e imaginativos do crioulo inscrevem-se criativamente na estrutura global da narrativa, contribuindo para a formatação de uma linguagem literária muito estimulante»; «um romance em que o amor, mas também a violência terrível exercida sobre as mulheres, se constituem em traves mestras do universo existencial das personagens». Se o romance sugere também «esperança e luminosidade, não faz esquecer a contundência psicológica que o estrutura e que a todos nos agride no seu alcance humano e social mais profundo.»
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O TerramotoA pessoa que me fez desejar este livro foi a Margarida. Melhor, alguém me falou da aventura peculiar da Margarida. Ela tem 74 anos e é, podemos dizer, a protagonista. O Terramoto começa porque ela toma uma decisão. Anuncia ao mundo que irá fazer-se explodir, se necessário, para que não a expulsem da sua casa. Esse seu gesto, como todos os gestos, é por muitos outros gestos precedido e motiva uma série de réplicas. Depois, e antes, O Terramoto vai atravessando um pedaço da vida – digo da, não de. Da vida que emana das plantas, dos sonhos, das pessoas, das paredes. Judite Canha Fernandes -
Carta de Amor ao PesadeloEste é um livro trespassado por violência, como a de um Dorian Gray despedaçando a tela do seu autoretrato, após a qual não sabemos “se ali começou ou terminou o pesadelo”. Regresso da tela de Judite a um poema de Mary Oliver que guardei nas minhas estantes, suspeitando, mais tarde, encontrar-lhe par e significado: “(…) mas apenas aqueles amantes que não escolheram de todo/e foram, como tal, escolhidos/por algo invisível/e poderoso e incontrolável/e belo e até possivelmente/inadequado —/apenas esses sabem do que falo/nesta conversa sobre amor” (Felicidade. Mary Oliver, Flâneur, 2021). Belíssima maneira essa de ler o mundo que é a escrita, onde num poema se pode conter o infinito contraditório. Mas, se há uma diferença entre o mundo em que vivemos e o mundo em que queremos viver, ela não é meramente uma condição literária. Talvez não exista nada mais urgente do que, como sugere Ken Loach (Diálogo sobre arte e política. Orfeu Negro, 2008), inventarmos uma nova linguagem inteiramente ocupada a ser isso mesmo — uma em que, “cegos escavando a superfície do amor”, na nossa condição humana, todos nos possamos encontrar, como dizem os poemas de Judite. Um país de Alices “atirando crisálidas em poetas e contabilistas”, por oposição a um mundo onde “as grades andam a crescer mais do que as batatas/muito mais do que as batatas” — quem sabe as da Ana Luísa Amaral. Só essa linguagem pode abrir outras configurações de poder e da sua reprodução, inventar inéditos modelos de organização social e novos sujeitos políticos. E, quem sabe, até novas formas de amor.Minês CastanheiraO título do novo livro de Judite Canha Fernandes retoma a frase da pintora Leonora Carrington (“This is a love letter to a nightmare”) e traz à tona a famosa lição dos surrealistas: “Quanto mais longínquas e justas forem as afinidades de duas realidades próximas, tanto mais forte será a imagem — mais poder emotivo e realidade poética ela possuirá”. Neste caso, as palavras amor e pesadelo são aproximadas pela ponte de uma carta cujo conteúdo poderia bem ser o deste livro.Amor e pesadelo tocam-se no despertar abrupto. Ambos acordam a parte humana, os espíritos animais que querem escapar de cada corpo. A ausência de censura do pesadelo, o seu realismo onírico por assim dizer, toma do amor a sua sombra. Longe da idealização, o amor é a parte sombria de cada um e, como o pesadelo, ocorre raramente nos sonhos da vida. Nesta obra, também a censura habitual dos poemas de amor é abandonada, e as palavras se dirigem para um horizonte onde o véu do erotismo está ampliado. Se é comum em nossa época que tantos poemas sejam dirigidos aos homens contra o patriarcado, é bem mais incomum que poemas sem pudor lhes sejam dirigidos como expressão de afeto, paixão e desejo. Nesse ponto, a poesia de Judite encontra ecos na de Lenore Kandel, poeta da geração beat que ainda não alcançou o devido reconhecimento.Em versos livres e brancos, dotados de lirismo, os poemas são tecidos com entrega, fúria, contradição, revelando assim as ambiguidades de uma (ou seria de todas?) as relações. Essa honestidade, esse desnudamento, embora pudessem figurar em alguns meios como fragilidade, são ao contrário a pura força do espírito, a sua virtude e singularidade. Ocupar esse lugar pode ser bastante ingrato, pode mesmo ser violento, mas talvez na obra haja algum tipo de proteção, de pertencimento que não é facilmente penetrado pelas carruagens do medo. Isso significa estar de olhos abertos durante o pesadelo.Fico imensamente realizado em poder acompanhar o nascimento deste livro, ver o seu desdobramento, a sua forma, o seu cheiro. É certamente um ponto de virada nas obras de Judite, e marca a sua presença enquanto uma escritora que recusa os rótulos facilmente atribuíveis de escritora política, escritora mulher ou demais definições que estreitam as paredes do espaço literário.Ao explorar as imagens da intimidade, a obra pode ser também uma promessa para tempos em que intimidade e promessa se tornaram palavras distantes.Augusto Meneghin -
Talassa - O Mar Afinal Não É AzulVou começar esta história pelo princípio de tudo. Gostava que aquilo que tenho para vos contar só fosse feito de coisas boas, pessoas felizes, belas prendas no Natal, chocolates irresistíveis e mares tranquilos, de águas muito transparentes e azuis e poucos problemas. Acontece que quero contar-vos a história verdadeira e a história verdadeira não é bem assim. Os oceanos e os mares não estão bem, logo, a Terra não está bem, logo, nós também não. Embora… Talvez… Logo veremos.
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Vemo-nos em AgostoTodos os anos, a 16 de agosto, Ana Magdalena Bach apanha o ferry que a leva até à ilha onde a mãe está enterrada, para visitar o seu túmulo. Estas viagens acabam por ser um convite irresistível para se tornar uma pessoa diferente durante uma noite por ano.Ana é casada e feliz há vinte e sete anos e não tem motivos para abandonar a vida que construiu com o marido e os dois filhos. No entanto, sozinha na ilha, Ana Magdalena Bach contempla os homens no bar do hotel, e todos os anos arranja um novo amante. Através das sensuais noites caribenhas repletas de salsa e boleros, homens sedutores e vigaristas, a cada agosto que passa Ana viaja mais longe para o interior do seu desejo e do medo escondido no seu coração.Escrito no estilo inconfundível e fascinante de García Márquez, Vemo-nos em Agosto é um hino à vida, à resistência do prazer apesar da passagem do tempo e ao desejo feminino. Um presente inesperado de um dos melhores escritores que o mundo já conheceu. A tradução é de J. Teixeira de Aguilar. -
Deus na EscuridãoEste livro explora a ideia de que amar é sempre um sentimento que se exerce na escuridão. Uma aposta sem garantia que se pode tornar absoluta. A dúvida está em saber se os irmãos podem amar como as mães que, por sua vez, amam como Deus. -
O ColecionadorNo mais recente e trepidante thriller de Daniel Silva, autor n.º 1 da lista dos mais vendidos do The New York Times, Gabriel Allon embarca na busca de um quadro roubado de Vermeer e descobre uma conspiração que poderia levar o mundo à beira do Armagedão nuclear.Na manhã seguinte à gala anual da Venice Preservation Society, Gabriel Allon, restaurador de quadros e espião lendário, entra no seu bar preferido da ilha de Murano e aí encontra o general Cesare Ferrari, comandante da Brigada de Arte, que aguarda, ansioso, a sua chegada. Os carabinieri tinham feito uma descoberta assombrosa na villa amalfitana de um magnata sul-africano morto em circunstâncias suspeitas: uma câmara acouraçada secreta que continha uma moldura e um esticador vazios cujas dimensões coincidiam com as do quadro desaparecido mais valioso do mundo. O general Ferrari pede a Gabriel para encontrar discretamente a obra-prima antes que o seu rasto se volte a perder. - Esse não é o vosso trabalho?- Encontrar quadros roubados? Teoricamente, sim. Mas o Gabriel é muito melhor a fazê-lo do que nós.O quadro em questão é O concerto de Johannes Vermeer, uma das treze obras roubadas do Museu Isabella Stewart Gardner de Boston, em 1990. Com a ajuda de uma aliada inesperada, uma bela hacker e ladra profissional dinamarquesa, Gabriel não demora a descobrir que o roubo do quadro faz parte de uma tramoia ilegal de milhares de milhões de dólares na qual está implicado um indivíduo cujo nome de código é «o colecionador», um executivo da indústria energética estreitamente vinculado às altas esferas do poder na Rússia. O quadro desaparecido é o eixo de um complô que, caso seja bem-sucedido, poderia submeter o mundo a um conflito de proporções apocalípticas. Para o desmantelar, Gabriel terá de perpetrar um golpe de extrema audácia enquanto milhões de vidas estão presas por um fio. -
O EscritórioDawn Schiff é uma mulher estranha. Pelo menos, é o que toda a gente pensa na Vixed, a empresa de suplementos nutricionais onde trabalha como contabilista. Dawn nunca diz a coisa certa. Não tem amigos. E senta-se todos os dias à secretária, para trabalhar, precisamente às 8h45 da manhã.Talvez seja por isso que, certa manhã, quando Dawn não aparece para trabalhar, a sua colega Natalie Farrell – bonita, popular e a melhor vendedora da empresa há cinco anos consecutivos – se surpreenda. E mais ainda quando o telefone de Dawn toca e alguém do outro lado da linha diz apenas «Socorro».Aquele telefonema alterou tudo… afinal, nada liga tanto duas pessoas como partilhar um segredo. E agora Natalie está irrevogavelmente ligada a Dawn e vê-se envolvida num jogo do gato e do rato. Parece que Dawn não era simplesmente uma pessoa estranha, antissocial e desajeitada, mas estava a ser perseguida por alguém próximo.À medida que o mistério se adensa, Natalie não consegue deixar de se questionar: afinal, quem é a verdadeira vítima? Mas uma coisa é clara: alguém odiava Dawn Schiff. O suficiente para a matar.«NÃO COMECE UM LIVRO DE FREIDA McFADDEN A ALTAS HORAS DA NOITE.NÃO O VAI CONSEGUIR LARGAR!» AMAZON«O ESCRITÓRIO É UM THRILLER TENSO E VICIANTE DA AUTORA MAIS ADORADA DO MOMENTO.» GOODREADS -
Os Meus Dias na Livraria MorisakiEsta é uma história em que a magia dos livros, a paixão pelas coisas simples e belas e a elegância japonesa se unem para nos tocar a alma e o coração.Estamos em Jimbocho, o bairro das livrarias de Tóquio, um paraíso para leitores. Aqui, o tempo não se mede da mesma maneira e a tranquilidade contrasta com o bulício do metro, ali ao lado, e com os desmesurados prédios modernos que traçam linhas retas no céu.Mas há quem não conheça este bairro. Takako, uma rapariga de 25 anos, com uma existência um pouco cinzenta, sabe onde fica, mas raramente vem aqui. Porém, é em Jimbocho que fica a livraria Morisaki, que está na família há três gerações: um espaço pequenino, num antigo prédio de madeira. Estamos assim apresentados ao reino de Satoru, o excêntrico tio de Takako. Satoru é o oposto de Takako, que, desde que o rapaz por quem estava apaixonada lhe disse que iria casar com outra pessoa, não sai de casa.É então que o tio lhe oferece o primeiro andar da Morisaki para morar. Takako, que lê tão pouco, vê-se de repente a viver entre periclitantes pilhas de livros, a ter de falar com clientes que lhe fazem perguntas insólitas. Entre conversas cada vez mais apaixonadas sobre literatura, um encontro num café com um rapaz tão estranho quanto tímido e inesperadas revelações sobre a história de amor de Satoru, aos poucos, Takako descobre uma forma de falar e de estar com os outros que começa nos livros para chegar ao coração. Uma forma de viver mais pura, autêntica e profundamente íntima, que deixa para trás os medos do confronto e da desilusão. -
ManiacMANIAC é uma obra de ficção baseada em factos reais que tem como protagonista John von Neumann, matemático húngaro nacionalizado norte-americano que lançou as bases da computação. Von Neumann esteve ligado ao Projeto Manhattan e foi considerado um dos investigadores mais brilhantes do século XX, capaz de antecipar muitas das perguntas fundamentais do século XXI. MANIAC pode ser lido como um relato dos mitos fundadores da tecnologia moderna, mas escrito com o ritmo de um thriller. Labatut é um escritor para quem “a literatura é um trabalho do espírito e não do cérebro”. Por isso, em MANIAC convergem a irracionalidade do misticismo e a racionalidade própria da ciência -
Uma Noite na Livraria Morisaki - Os meus Dias na Livraria Morisaki 2Sim, devemos regressar onde fomos felizes. E à livraria Morisaki, lugar de histórias únicas, voltamos com Takako, para descobrir um dos romances japoneses mais mágicos do ano.Estamos novamente em Tóquio, mais concretamente em Jimbocho, o bairro das livrarias, onde os leitores encontram o paraíso. Entre elas está a livraria Morisaki, um negócio familiar cuja especialidade é literatura japonesa contemporânea, há anos gerida por Satoru, e mais recentemente com a ajuda da mulher, Momoko. Além do casal, a sobrinha Takako é presença regular na Morisaki, e é ela quem vai tomar conta da livraria quando os tios seguem numa viagem romântica oferecida pela jovem, por ocasião do aniversário de casamento.Como já tinha acontecido, Takako instala-se no primeiro andar da livraria e mergulha, instantaneamente, naquele ambiente mágico, onde os clientes são especiais e as pilhas de livros formam uma espécie de barreira contra as coisas menos boas do mundo. Takako está entusiasmada, como há muito não se sentia, mas… porque está o tio, Satoru, a agir de forma tão estranha? E quem é aquela mulher que continua a ver, repetidamente, no café ao lado da livraria?Regressemos à livraria Morisaki, onde a beleza, a simplicidade e as surpresas estão longe, bem longe de acabar. -
Uma Brancura LuminosaUm homem conduz sem destino. Ao acaso, vira à direita e à esquerda até que chega ao final da estrada na orla da floresta e o seu carro fica atolado. Pouco depois começa a escurecer e a nevar. O homem sai do carro e, em vez de ir à procura de alguém que o ajude, aventura-se insensatamente na floresta escura, debaixo de um céu negro e sem estrelas. Perde-se, quase morre de frio e de cansaço, envolto numa impenetrável escuridão. É então que surge, de repente, uma luz.Uma Brancura Luminosa é a mais recente obra de ficção de Jon Fosse, Prémio Nobel de Literatura de 2023. Uma história breve, estranhamente sublime e bela, sobre a existência, a memória e o divino, escrita numa forma literária única capaz de assombrar e comover.Tradução do norueguês de Liliete Martins.Os elogios da crítica:«Uma introdução perfeita à obra de Jon Fosse.» The Telegraph«Inquietante e lírico, este pequeno livro é uma introdução adequadamente enigmática à obra de Fosse e um bom ponto de partida para se enfrentar os seus romances mais vastos e experimentais.» Financial Times - Livro do Ano 2023«Uma Brancura Luminosa é, muito simplesmente, grande literatura.» Dagbladet