1810 - 1910 - 2010 - Datas e Desafios
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Em 1810 foi a 3.ª Invasão Francesa, derradeiro episódio duma guerra que pôs fim a muito do que
Portugal fora até aí. Em 1910, a República, enquanto mudança de regime. Em 2010, confrontamo-nos com
outros desafios. No entanto, a sua consideração religiosa e cultural é necessária.
O presente volume junta uma parte do significativo avulso ensaístico do autor. A organização,
da responsabilidade dos editores, expressa a hipótese seguinte: o texto inicial, que se destaca do conjunto
por características talvez mais próximas da proposição, funciona como tese; os restantes ensaios ligam,
adensam e debatem, com conhecimento e paixão invulgares, quanto ali é sugerido.
| Editora | Assírio & Alvim |
|---|---|
| Coleção | Peninsulares |
| Categorias | |
| Editora | Assírio & Alvim |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Manuel Clemente |
Manuel Clemente
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Igreja e Sociedade Portuguesa"Os estudos e intervenções reunidos neste volume abrem uma porta fascinante sobre a história contemporânea de Portugal. Não era uma porta fechada, mas era uma porta que precisava de ser aberta assim, com este saber e largueza de vistas. d. Manuel Clemente é um dos nossos maiores especialistas de história do catolicismo contemporâneo. Neste livro, a sua atenção incide principalmente sobre a relação da igreja com o Estado durante a época do Liberalismo, entre o princípio do século XiX e o princípio do Século XX. Mas estão também incluídas aqui importantes e sugestivas investigações e reflexões sobre a vida paroquial em Lisboa no século XX, as esperanças e as angústias de raul Brandão num mundo anticristão, ou a nova religião desejada por alguns líderes da i república, como Bernardino Machado. Este é um livro que trata de muitos temas, iluminando todos de um modo seguro e estimulante. " -
Portugal e os Portugueses«É habitual insistir-se na nossa infinita capacidade de adaptação, seja aonde for. Pergunto-me se não se trata antes do contrário. Se não devíamos falar até da impossibilidade de deixarmos de ser quem somos, tal a densidade interior que acumulámos. Não temos de nos adaptar por aí além, porque já temos dentro e acumulados os infinitos aléns que nos formaram. Aqui, neste recanto ocidental do continente, sedimentaram-se, milénio após milénio, os variados povos que, do Norte de África ou do Leste da Europa, tiveram forçosamente de parar numa praia que só no século XV se transformou em cais de embarque. Aqui chegaram outros, que depois vieram e continuam a vir das mais diversas procedências. Tanta gente em tão pouco espaço só pode espraiar-se numa geografia universal. Assim foi e assim é.»Excerto do primeiro capítulo -
Porquê e para Quê?Porquê e Para Quê? Pensar com esperança o Portugal de hoje reúne as principais intervenções de D. Manuel Clemente no campo plural que é o da cultura, entre 2009 e 2010. Conservam-se as referências temporais, mas não são elas a determinar a sequência. Antes, ousamos sublinhar afinidades e correspondências entre os textos, sem contudo forçar uma compartimentação. De facto, um traço maior do pensamento do actual Bispo do Porto é precisamente o contrário: ele coloca em relação passado e presente, comum e singular, religioso e profano, as verdades penúltimas que seguimos e aquelas que se desenham misteriosamente últimas. Neste tempo português carregado de incertezas, esta antologia pretende documentar a vivacidade de um pensamento rigoroso e polifónico que se abre, e nos abre, à esperança. -
Joga-se Aqui o EssencialD. Manuel Clemente sintetiza nestas páginas a sua visão do presente português e europeu, identificando os grandes desafios que hoje enfrentamos. É notável a capacidade que o Patriarca de Lisboa tem de tocar o nó do problema e de abrir perspetivas surpreendentes, numa viagem pela história, pela sabedoria do cristianismo e pela cultura ocidental. O seu é um olhar profundo e indispensável à construção do presente. -
O tempo pede uma Nova Evangelização«A crise da nossa vida é de particular profundidade e exige uma compreensão não meramente circunstancial, para podermos ensaiar respostas capazes de criar futuro. É como se tudo tivesse de ser explicado desde o princípio.» Para que o leitor sinta a frescura e a intensidade de uma palavra carregada de profecia, foram aqui reunidos alguns dos textos mais recentes de D. Manuel Clemente, pronunciados dentro e fora do contexto eclesial, em espaços universitários e de cultura, em âmbitos institucionais ou simplesmente civis. Mas todos os textos foram revistos em função deste livro. -
A Nascente: Em Louvor de São José"A nascente": primeiro livro do "cardeal" D. Manuel Clemente homenageia crianças e evoca S. José. O livro infantil "A nascente - Em louvor de São José", de D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa, vai ser a primeira obra em que o prelado é apresentado como cardeal. O volume da Paulinas Editora, com ilustrações de Abigail Ascenso, vai ser lançado por ocasião da celebração que ocorre este sábado, no Vaticano, durante a qual o patriarca vai ser criado cardeal pelo papa Francisco. O texto é baseado numa das várias peças teatrais redigidas por D. Manuel Clemente para serem interpretadas por seminaristas, especialmente em momentos significativos da vida comunitária dos seminários. S. José, pai adotivo de Jesus, é patrono da Igreja universal, dos pais (o Dia do Pai assinala-se a 19 de março, data em que a Igreja católica celebra a sua solenidade) e dos carpinteiros, em referência à sua profissão. Ele é também evocado a 1 de maio, Dia do Trabalhador, como S. José Operário. E um dos seminários pertencentes ao patriarcado de Lisboa, localizado em Caparide, tem como padroeiro S. José. «Eu vou também, José. A nascente que guardas é maior do que esta!» São as últimas e intrigantes palavras desta aventura escrita para acordar, em todas as idades, a alegria da descoberta de Deus. Iremos nós também na companhia de José? -
O Evangelho e a Vida Ano B Conversas na Radio no Dia do Senhor«A primeira obrigação de um bispo é evangelizar!». Foi com estas palavras e esta convicção que D. Manuel Clemente aceitou em 2001, no rescaldo do Jubileu do Ano 2000, o convite para assumir um programa ao Domingo, na Renascença. «Cristo, ontem, hoje e sempre» era o mote desse ano jubilar. Assim, foi fazendo seu o desejo de João Paulo II de reconduzir os homens a Cristo no início do terceiro milénio que D. Manuel Clemente se propôs incentivar os cristãos portugueses a redescobrirem o valor do Dia do Senhor, explicando-nos, domingo a domingo, na rádio, o Evangelho.Ao longo de 12 anos, sem falhar um único domingo, D. Manuel Clemente falou na Renascença para quem tinha sede de Deus, procurando aumentar em nós a fé, avivar em nós o amor a Cristo e a confiança no Senhor que é o Bom Pastor, despertar em nós o desejo de conversão. Este livro, correspondente aos Evangelhos do Ano B, regista o muito que foi dito e partilhado por D. Manuel Clemente, hoje Patriarca de Lisboa, a seu propósito. Em boa hora chega, porque é sempre tempo de se deixar tocar por Deus e de se fazer à estrada, deixando-se conduzir por Jesus e respondendo ao seu desafio para que mudemos o coração e a vida, abrindo-nos às suas palavras e ao seu amor - numa palavra, à Salvação! -
É Este o TempoA Diocese do Porto, uma das mais emblemáticas do país, foi desafiada, ao longo do ano de 2010, a viver uma experiência de Missão. Tratava-se de reunir e reanimar o conjunto dos actores eclesiais, corresponsabilizando-os em vista da Nova Evangelização. Tal veio a constituir um marco histórico, cujas consequências certamente se prolongarão, e que, para já, nos traça um retrato do vigor, relançamento e expectativas da presença dos cristãos na Igreja e no mundo. Os contornos inovadores de que esta experiência se revestiu têm despertado o interesse de muitos,mesmo para lá das fronteiras territoriais e temporais da sua realização. Também por isso este livro representa um acontecimento, antologiando textos fundamentais que um dos seus protagonistas assinou. Ler D.Manuel Clemente é ouvir a experiência da Missão em primeira pessoa. -
Em Caso de Dúvida, Escolhe o que te faz Feliz"Sermos nós próprios pode parecer simples, mas nem sempre é fácil.Desde que nascemos, fomos profundamente condicionados e totalmente formatados. Somos o resultado de uma sociedade regida pelo medo e pela ignorância, e a empatia é sinal de vulnerabilidade e a bondade facilmente se confunde com fraqueza.Dizem-nos que não corramos riscos, que não fujamos à regra e que façamos o que é suposto. Mas e se tudo isto não passar de uma tremenda mentira?Porque será que a maior parte das pessoas não vive satisfeita com a vida que tem e sente-se perdida ou sofre com medo de arriscar?Através da sua experiência pessoal e depois do êxito do seu primeiro livro, Se Sentes, Não Hesites, Manuel Clemente convida-nos a ver o mundo através de uma lente mais nítida, pragmática e otimista. Motiva-nos a respeitar a nossa essência, a relativizar os receios que nos bloqueiam e a aceitar a vida como uma enorme sala de aula. Nada acontece por acaso, nem o simples facto de o leitor estar, neste momento, a ler esta sinopse.Em Caso de Dúvida, Escolhe o Que Te Faz Feliz não oferece fórmulasmágicas para a felicidade — até porque elas não existem. O que este livro nos dá é a oportunidade de nos despirmos daquilo que já não nos serve e de percebermos que não nos falta nada, porque já somos tudo o que precisamos.*A vida consegue ser bastante implacável. Se nos distraímos, mesmo que por breves instantes, tendemos a abafar aquilo que sentimos. Por cada decisão que deixamos de tomar, a cobardia marca mais um ponto.Julgamos ser possível caminhar por entre os pingos da chuva, sem que nada nem ninguém se dê conta. Mas a verdade é que não é isso que viemos cá fazer. Aceitar uma existência morna é meio caminho andado para arrefecer a chama que carregamos.Nas páginas do seu segundo livro, Manuel Clemente faz um novo convite aos leitores — que parem para refletir e que questionem não só o propósito da sua existência, mas também as escolhas simples do dia a dia."
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Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
Sobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
A Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
O Infinito num JuncoA Invenção do livro na antiguidade e o nascer da sede dos livros.Este é um livro sobre a história dos livros. Uma narrativa desse artefacto fascinante que inventámos para que as palavras pudessem viajar no tempo e no espaço. É o relato do seu nascimento, da sua evolução e das suas muitas formas ao longo de mais de 30 séculos: livros de fumo, de pedra, de argila, de papiro, de seda, de pele, de árvore, de plástico e, agora, de plástico e luz.É também um livro de viagens, com escalas nos campos de batalha de Alexandre, o Grande, na Villa dos Papiros horas antes da erupção do Vesúvio, nos palácios de Cleópatra, na cena do homicídio de Hipátia, nas primeiras livrarias conhecidas, nas celas dos escribas, nas fogueiras onde arderam os livros proibidos, nos gulag, na biblioteca de Sarajevo e num labirinto subterrâneo em Oxford no ano 2000.Este livro é também uma história íntima entrelaçada com evocações literárias, experiências pessoais e histórias antigas que nunca perdem a relevância: Heródoto e os factos alternativos, Aristófanes e os processos judiciais contra humoristas, Tito Lívio e o fenómeno dos fãs, Sulpícia e a voz literária de mulheres.Mas acima de tudo, é uma entusiasmante aventura coletiva, protagonizada por milhares de personagens que, ao longo do tempo, tornaram o livro possível e o ajudaram a transformar-se e evoluir – contadores de histórias, escribas, ilustradores e iluminadores, tradutores, alfarrabistas, professores, sábios, espiões, freiras e monjes, rebeldes, escravos e aventureiros.É com fluência, curiosidade e um permanente sentido de assombro que Irene Vallejo relata as peripécias deste objeto inverosímil que mantém vivas as nossas ideias, descobertas e sonhos. E, ao fazê-lo, conta também a nossa história de leitores ávidos, de todo o mundo, que mantemos o livro vivo.Um dos melhores livros do ano segundo os jornais El Mundo,La Vanguardia e The New York Times(Espanha). -
O Anticrítico«O Anticrítico» é uma compilação dos ensaios de Diogo Vaz Pinto — textos de crítica literária, e não só —, escritos entre 2014 e 2023, incluindo alguns inéditos. «Não tenho conta para as vezes todas em que, para ir com a rábula insultuosa que me tecem, pegando uns onde outros deixaram, numa cooperativa de imbecis que, sinceramente, me comove, já me quiseram tirar a condição que vem de tudo o que faço. Mais difícil seria desmontar alguma coisa. Resta que, ou ignoram muito vermelhuscos, ou a ideia é revogar-me a carta, licença, prostrar-me na indigência de eu ser uma qualquer abominação, «Bicho», monstro que ligam com tudo o que é baixo, e mesmo assim paira sobre eles sem explicação. Um Chernobyl encarnado. Crítico não sou. Ou só pseudo. Videirinho e jornaleiro, pilha-galinhas e o mais que eu coso bem ao meu estuporado currículo. Pois seja, eu fico então gordo disso tudo. E viro-me do avesso. Sou o anticrítico, então! Roubando esta de Augusto de Campos sem pudor. Há muito que não me retiram do sentido a ideia de que o principal é cortar com a impostura disto tudo. A gloríola da mediocridade, o sentido gregário, essa ratada ficção ligando os «egozinhos de porta-aberta» do nosso meio literato.» -
Terra QueimadaEnsaio profético e demolidor, TERRA QUEIMADA (2022) expõe a forma como o complexo internético se tornou «motor implacável de vício, solidão, falsas esperanças, crueldade, psicose, endividamento, vida desbaratada, corrosão da memória e desintegração social». Nele, Jonathan Crary faz uma crítica radical da digitalização do mundo e denuncia realidades inegáveis: a incompatibilidade entre um planeta habitável e a economia consumista e técnica, a atomização provocada pelas redes sociais, a era digital como fase terminal do capitalismo planetário. «Se é possível um futuro habitável e comum no nosso planeta», conclui, «esse futuro será offline, dissociado dos sistemas e da actividade do capitalismo 24/7, que destroem o mundo». -
Mário Cesariny e Antonio Tabucchi - Cartas e outros TextosFernando Cabral Martins: «O surrealismo português já tinha atingido no final dos anos sessenta uma definição que tornava possível, de um ponto de vista exterior, descomprometido, fazer uma avaliação de conjunto.» Antonio Tabucchi veio a Portugal no rasto de um poeta: Fernando Pessoa, ou melhor Álvaro de Campos, de quem lera por acaso o poema «Tabacaria». Quis aprender a língua do autor do poema e para isso inscreveu-se na cadeira de Língua e Literatura Portuguesa na Universidade de Pisa, que então frequentava. O seu mestre foi uma professora especial, bela, inteligente e culta, Luciana Stegagno Picchio. Antonio quis conhecer o país onde se falava aquela língua e ao qual pertencia aquele poeta e, na Primavera de 1965, com o seu Fiat 500, chegou a Portugal. Aí conheceu uma portuguesa com quem falou de Pessoa, e com quem continuou a trocar correspondência até ao ano seguinte, quando se tornaram namorados, vindo depois a casar (1970). Mas até lá, veio amiúde a Portugal […] e começou a interessar-se pelo Surrealismo português, sobre o qual havia muito pouco material crítico, praticamente nada, em vista da sua futura tese de licenciatura. Conheceu então (1967) dois membros ilustres daquele movimento, dois grandes poetas, Alexandre O’Neill e Mário Cesariny de Vasconcelos, com quem passou muitas horas, primeiro para os entrevistar e depois, com sempre maior intimidade, já com laços de amizade, só pelo prazer de estarem juntos. [Maria José de Lancastre] Esta é a história de um desencontro. Cesariny, como o surrealismo, considerava a universidade um inimigo, e Tabucchi, para todos os efeitos, era em 1971 um universitário. Mesmo se, no caso dele, havia por parte do poeta o agrado de ver como a sua poesia e o seu lugar no surrealismo português eram reconhecidos — pela primeira vez — por um leitor com a distância crítica e a óbvia inteligência de Antonio Tabucchi. Aqui, nos textos que documentam o contacto directo entre ambos do final dos anos 60, pode ver-se uma ilustração do modo como a história do surrealismo foi sendo feita, com que ritmo e a partir de que posições. E que implica a consciência, por parte do poeta, da importância do sentido que a crítica atribui à História, capaz (ou não) de tornar o passado digno do presente, ou vice- -versa. E manifesta, por parte do jovem crítico italiano, a intuição da grandeza de um movimento que evoluía na sombra, num carceral jardim à beira-mar. [Fernando Cabral Martins]
