75 Fotografias 35 Mulheres 42 Anos
Desde o início da sua carreira que a representação da mulher o corpo, as suas poses e gestos, potencialmente como expressões do desejo e da sugestão erótica se tem constituído como um dos temas recorrentes do imaginário artístico de Julião Sarmento. Embora o seu trabalho seja marcado pela utilização de diferentes modos de produção artística (pintura, desenho, fotografia, escultura, vídeo), é interessante notar que a prática do retrato tem estado preferencialmente associada ao exercício fotográfico. Este livro confirma e permite perceber melhor essa expressão: 75 retratos fotográficos (maioritariamente inéditos) realizados pelo artista, desde finais dos anos 60 até à actualidade, são apresentados pelo crítico Sérgio Mah. Incluem-se registos de carácter pessoal e íntimo, passando por imagens de características mais informais, espontâneas e lúdicas, até fotografias que sugerem intenções estéticas e conceptuais que nos remetem, inevitavelmente, para o seu trabalho artístico.
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Julião Sarmento. Women, Houses, Plants (2008 2011)Os trabalhos que agora se mostram pertencem a uma série iniciada em 2008 intitulada Women, Houses, Plants. São composições de fotografias, desenhos a grafite e tinta acrílica onde o artista continua a tarefa de articular o feminino.Imagens de corpos de mulher, elementos arquitectónicos e plantas conjugam-se sobre um fundo pintado com uma cor determinada e nomeada no título. A obra de Julião Sarmento é povoada de corpos femininos: mulheres sem cabeça, despidas, calçadas, paradas, curvadas, correndo, lambendo, pintadas, desenhadas, fotografadas, filmadas, na rua, na cama, de frente, de trás... Esta multiplicidade é subsumida numa figura recorrente nos seus trabalhos: um vestido preto, opaco, ocupado por um corpo branco ou transparente. Corpo sem rosto, sem idade, é o corpo de ninguém que dá corpo a todas as mulheres do mundo.A figura é, na verdade, uma imagem ou uma visão, ela alimenta a actividade do pintor, seu cativo. -
The Real Thing: Livro de ArtisUma narrativa fotográfica do percurso cronológico de Julião Sarmento, desde o ano em que nasceu até ao presente, surge acompanhada de imagens das capas dos seus livros de referência, cujas datas de edição são coincidentes com as das fotografias. O livro de artista, em 500 exemplares numerados e assinados, tem a forma de um caderno moleskine, com capa dura. -
O Artista Como Ele é: conversas com Sara Antónia Matos e Pedro Faro"O Artista Como Ele é: conversas com Sara Antónia Matos e Pedro Faro" insere-se na colecção Cadernos do Atelier-Museu Júlio Pomar e dá seguimento ao projecto de entrevistas que se iniciou com "Júlio Pomar: o artista fala" [2014], continuou com "Rui Chafes: sob a pele" [2015], surgindo agora a propósito da exposição "Void*: Júlio Pomar & Julião Sarmento".As entrevistas são feitas por ocasião do programa de exposições do Atelier-Museu que cruza a obra do pintor com artistas convidados, mostrando novas relações daquele com a contemporaneidade.Esta publicação [...] poderá servir para o leitor acompanhar e desvendar alguns dos processos mais exigentes e enigmáticos do mundo da arte, nomeadamente a criação artística e a concepção de exposições. Embora estes domínios sejam cada vez mais especializados, requerendo práticas, metodologias e saberes próprios, procurou aqui dar-se conta do processo de preparação da exposição: passando pela concepção, discussão de ideias a ela subjacentes, procura e selecção das obras, decisões de montagem e opções de materialização da exposição, bem como os avanços e recuos decorrentes do trabalho.As conversas abrangeram questões relativas à vida pessoal, ao percurso profissional e aos posicionamentos ideológicos do autor, às conquistas e dificuldades pessoais no domínio específico das artes, e ainda às circunstâncias sociopolíticas que o mesmo viveu, ajudando a transformar ou sendo constrangido por elas.As pequenas narrativas da vida do artista, aqui contadas pelo mesmo, oferecem-se assim como fontes históricas, de contexto, memórias a partir das quais se inferem questões relativas aos sistemas artísticos e sociopolíticos, da época e de hoje, muitas vezes revelando e pondo em cima da mesa nomes, protagonistas decisivos, que foram esquecidos ou ficaram submersos pelo tempo.Sara Antónia Matos -
Void*: Julião Sarmento - Vol. IICatálogo publicado por ocasião da exposição Void*: Júlio Pomar & Julião Sarmento no Atelier-Museu Júlio Pomar, de 28 de Outubro de 2016 a 12 de Março de 2017.As obras de Sarmento, vazias de figuras objectivas, traduzem e resultam das marcas e movimentos de um corpo, que é no fundo o seu. As telas e os suportes em papel são assim uma espécie de superfícies de registo, do que o seu corpo viveu, uma espécie de continuação da pele do artista que parece ter sido virada do avesso, mostrando as marcas internas do corpo.Sara Antónia Matos -
TimelineA obra de Julião Sarmento não só inclui o desenho, como é toda ela guiada pela prática do desenho. Este livro foi publicado por ocasião da exposição «Julião Sarmento: Timeline», realizada na Fundação Carmona e Costa, com curadoria de Delfim Sardo, entre 8 de Abril e 19 de Maio de 2018. «A obra de Julião Sarmento não só inclui o desenho, como é toda ela guiada pela prática do desenho. Não porque o artista tenha cadernos e cadernos de esquissos e projectos como sucede com muitos artistas (não existem, tanto quanto sei), mas porque as suas obras, nos mais diversos suportes que tem vindo a utilizar, do filme à fotografia, à pintura ou à performance, decorrem de um procedimento gráfico contínuo no qual uma plêiade de signos visuais – incluindo texto – recursivamente surge. Na maior parte dos casos, esses signos possuem uma correlação textual, podendo ser descritos com palavras que os descrevem (casas, plantas, animais, facas, corpos), outras vezes, embora mais raramente, são procedimentos gráficos híbridos que não podem ser descritos por palavras únicas (pernas/tesoura, braços/troncos) ou que implicam acções (cortar, perfurar, correr, nadar).[...] Como um permanente labirinto circular, ou um loop incessante, a produção em desenho de Julião Sarmento é toda mutuamente contemporânea, não define nenhuma sucessividade senão na necessidade descritiva de quem sobre ela escreve. E, por isso, esta exposição (e este livro) foi construída em sentido anti-horário, como uma linha da vida que se vê sempre a partir de um ponto de vista presente, mas que, vista daqui, não propõe nenhuma nostalgia porque tudo gravita no mesmo presente dos corpos e da sua mistura, no que vem e no que vai, que reaparece na simultaneidade entre útero e tumba que constitui a frágil matéria de uma possível timeline.»Delfim Sardo
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Arte, Religião e Imagens em Évora no tempo do Arcebispo D. Teodósio de Bragança, 1578-1601D. Teotónio de Bragança (1530-1602), Arcebispo de Évora entre 1578 e 1602, foi um grande mecenas das artes sob signo do Concílio de Trento. Fundou o Mosteiro de Scala Coeli da Cartuxa, custeou obras relevantes na Sé e em muitas paroquiais da Arquidiocese, e fez encomendas em Lisboa, Madrid, Roma e Florença para enriquecer esses espaços. Desenvolveu um novo tipo de arquitectura, ser- vindo-se de artistas de formação romana como Nicolau de Frias e Pero Vaz Pereira. Seguiu com inovação um modelo «reformado» de igrejas-auditório de novo tipo com decoração integral de interiores, espécie de ars senza tempo pensada para o caso alentejano, onde pintura a fresco, stucco, azulejo, talha, imaginária, esgrafito e outras artes se irmanam. Seguiu as orientações tridentinas de revitalização das sacrae imagines e enriqueceu-as com novos temas iconográficos. Recuperou lugares de culto matricial paleo-cristão como atestado de antiguidade legitimadora, seguindo os princípios de ‘restauro storico’ de Cesare Baronio; velhos cultos emergem então, caso de São Manços, São Jordão, São Brissos, Santa Comba, São Torpes e outros alegadamente eborenses. A arte que nasce em Évora no fim do século XVI, sob signo da Contra-Maniera, atinge assim um brilho que rivaliza com os anos do reinado de D. João III e do humanista André de Resende. O livro reflecte sobre o sentido profundo da sociedade de Évora do final de Quinhentos, nas suas misérias e grandezas. -
Cartoons - 1969-1992O REGRESSO DOS ICÓNICOS CARTOONS DE JOÃO ABEL MANTA Ao fim de 48 anos, esta é a primeira reedição do álbum Cartoons 1969‑1975, publicado em Dezembro de 1975, o que significa que levou quase tanto tempo a que estes desenhos regressassem ao convívio dos leitores portugueses como o que durou o regime derrubado pela Revolução de Abril de 1974.Mantém‑se a fidelidade do original aos cartoons, desenhos mais ou menos humorísticos de carácter essencialmente político, com possíveis derivações socioculturais, feitos para a imprensa generalista. Mas a nova edição, com alguns ajustes, acrescenta «todos os desenhos relevantes posteriores a essa data e todos os que, por razões que se desconhece (mas sobre as quais se poderá especular), foram omitidos dessa primeira edição», como explica o organizador, Pedro Piedade Marques, além de um aparato de notas explicativas e contextualizadoras. -
Constelações - Ensaios sobre Cultura e Técnica na ContemporaneidadeUm livro deve tudo aos que ajudaram a arrancá-lo ao grande exterior, seja ele o nada ou o real. Agora que o devolvo aos meandros de onde proveio, escavados por todos sobre a superfície da Terra, talvez mais um sulco, ou alguma água desviada, quero agradecer àqueles que me ajudaram a fazer este retraçamento do caminho feito nestes anos de crise, pouco propícios para a escrita. […] Dá-me alegria o número daqueles a que precisei de agradecer. Se morremos sozinhos, mesmo que sejam sempre os outros que morrem — é esse o epitáfio escolhido por Duchamp —, só vivemos bem em companhia. Estes ensaios foram escritos sob a imagem da constelação. Controlada pelo conceito, com as novas máquinas como a da fotografia, a imagem libertou-se, separou-se dos objectos que a aprisionavam, eles próprios prisioneiros da lógica da rendibilidade. Uma nova plasticidade é produzida pelas imagens, que na sua leveza e movimento arrastam, com leveza e sem violência, o real. O pensamento do século XX propôs uma outra configuração do pensar pela imagem, desenvolvendo métodos como os de mosaico, de caleidoscópio, de paradigma, de mapa, de atlas, de arquivo, de arquipélago, e até de floresta ou de montanha, como nos ensinou Aldo Leopoldo. Esta nova semântica da imagem, depois de milénios de destituição pelo platonismo, significa estar à escuta da máxima de Giordano Bruno de que «pensar é especular com imagens». Em suma, a constelação em acto neste livro é magnetizada por uma certa ideia da técnica enquanto acontecimento decisivo, e cada ensaio aqui reunido corresponde a uma refracção dessa ideia num problema por ela suscitado, passando pela arte, o corpo, a fotografia e a técnica propriamente dita. Tem como único objectivo que um certo pensar se materialize, que este livro o transporte consigo e, seguindo o seu curso, encontre os seus próximos ou não. [José Bragança de Miranda] -
Esgotar a Dança - A Perfomance e a Política do MovimentoDezassete anos após sua publicação original em inglês, e após sua tradução em treze línguas, fica assim finalmente disponível aos leitores portugueses um livro fundamental para os estudos da dança e seminal no campo de uma teoria política do movimento.Nas palavras introdutórias à edição portuguesa, André Lepecki diz-nos: «espero que leitores desta edição portuguesa de Exhausting Dance possam encontrar neste livro não apenas retratos de algumas performances e obras coreográficas que, na sua singularidade afirmativa, complicaram (e ainda complicam, nas suas diferentes sobrevidas) certas noções pré-estabelecidas, certos mandamentos estéticos, do que a dança deve ser, do que a dança deve parecer, de como bailarines se devem mover e de como o movimento se deve manifestar quando apresentado no contexto do regime da 'arte' — mas espero que encontrem também, e ao mesmo tempo, um impulso crítico-teórico, ou seja, político, que, aliado que está às obras que compõem este livro, contribua para o pensar e o fazer da dança e da performance em Portugal hoje.» -
Siza DesignUma extensa e pormenorizada abordagem à obra de design do arquiteto Álvaro Siza Vieira, desde as peças de mobiliário, de cerâmica, de tapeçaria ou de ourivesaria, até às luminárias, ferragens e acessórios para equipamentos, apresentando para cada uma das cerca de 150 peças selecionadas uma detalhada ficha técnica com identificação, descrição, materiais, empresa distribuidora e fotografias, e integrando ainda um conjunto de esquissos originais nunca publicados e uma entrevista exclusiva ao arquiteto.CoediçãoArteBooks DesignCoordenação Científica + EntrevistaJosé Manuel PedreirinhoDesign GráficoJoão Machado, Marta Machado -
A Vida das Formas - Seguido de Elogio da MãoEste continua a ser o livro mais acessível e divulgado de Focillon. Nele o autor expõe em pormenor o seu método e a sua doutrina. Ao definir o carácter essencial da obra de arte como uma forma, Focillon procura sobretudo explicitar o carácter original e independente da representação artística recusando a interferência de condições exteriores ao acto criativo. Afastando-se simultaneamente do determinismo sociológico, do historicismo e da iconologia, procura demonstrar que a arte constitui um mundo coerente, estável e activo, animado por um movimento interno próprio, no fundo do qual a história política ou social apenas serve de quadro de referência. Para Focillon a arte é sempre o ponto de partida ou o ponto de chegada de experiências estéticas ligadas entre si, formando uma espécie de genealogias formais complexas que ele designa por metamorfoses. São estas metamorfoses que dão à obra de arte o seu carácter único e a fazem participar da evolução universal das formas.

