A Bíblia tinha mesmo Razão?
As histórias bíblicas continuam a despertar o interesse de crentes e não-crentes, e é inevitável que um leitor contemporâneo se pergunte pela historicidade do que lhe é relatado: Abraão e Moisés existiram mesmo ou são apenas personagens de ficção? O Êxodo do Egito aconteceu nos moldes em que é celebrado na Bíblia? E a conquista da “terra prometida”: facto ou mito? Quão gloriosos foram os reinados de David e Salomão? Como e quando nasceu o monoteísmo bíblico?
Inspirado por estas e outras questões, o livro propõe um percurso através da História do Israel Antigo, dos primórdios até ao início do período romano (século I a. C.). Analisam-se os textos bíblicos (do livro do Génesis até aos livros dos Macabeus) à luz das mais relevantes descobertas arqueológicas e epigráficas, com o objetivo de reconstruir os eventos históricos e oferecer uma panorâmica do passado do povo que escreveu a Bíblia.
Honrando o trabalho desenvolvido por exegetas, historiadores e arqueólogos, o livro introduz o leitor aos mais recentes resultados da investigação científica. Discute-se o contributo destes avanços para a compreensão da relação entre a Bíblia e a História e propõe-se uma nova perspetiva sobre eventos e personagens que povoam há séculos o imaginário da cultura ocidental.
| Editora | Temas e Debates |
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| Editora | Temas e Debates |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Francisco Martins |
Francisco Martins nasceu em Lisboa, em 1983. É padre jesuíta e professor de Literatura Bíblica na Pontificia Università Gregoriana, em Roma (Itália). É licenciado em Filosofia pela Universidade Católica Portuguesa e em Teologia pela Universidad Pontificia Comillas (Madrid). Mestre em Teologia Bíblica (Centre Sèvres - Paris) e em Filologia Semita e História Antiga (École des Langues et Civilisations de l’Orient Ancien - Paris), doutorou-se em Estudos Bíblicos na Universidade Hebraica de Jerusalém (Israel). Foi investigador convidado na Georg-August-Universität Göttingen (Alemanha) e na University of Notre Dame (Indiana, EUA) e bolseiro da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD). É autor de vários artigos em revistas científicas de referência e publicou recentemente Treasures Lost. A Literary Study of the Despoliation Notices in the Book of Kings (2022). É membro da Associação Bíblica Portuguesa e da Society of Biblical Literature (EUA).
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A Gramática de Deus na Novela Maria Moisés de Camilo Castelo BrancoNa frase (os socialistas de hoje (...) estão a chocar o ovo de uma coisa pior, que há-de ser os socialistas de amanhã) temos uma surpreendente intuição profética de Camilo, transferida para o seu jovem personagem.Ao referir «o ovo de uma coisa pior que há-de ser os socialistas de amanhã», Camilo está (certamente a partir dos rastos das convulsões de 1848, dos pesados sinais que vieram de Itália e da Santa Sé – incluindo nestes a encíclica Quanta Cura, de Pio IX – dos recentes sinais da Comuna de Paris, dos da Internacional Socialista) está a antever que, nas gerações seguintes, a sociedade (os sectores com poder no espaço público) iria pautar-se por ideais estritamente «humanos», terrenos, materialistas (cuja articulação com a nossa identidade histórico-cultural seria já ténue) e onde os sentidos do transcendente e do religioso estariam já menosprezados, bastante ausentes. (...) Mas que ovo veio a ser esse...?O conforto histórico da retrospecção permite-nos, hoje, identificá-lo: se ele «há- de ser os socialistas de amanhã», e porque esse ovo será pior (que o dos socialistas do tempo de Camilo) conclui-se então que só pode ter sido a dramática instauração do comunismo no séc. XX, primeiro com o modelo soviético e depois com o chinês – tornando-se nos mais trágicos modelos socialistas, de proporções devastadoras (e longamente ocultadas!)Eis o cumprimento da profecia intuída por Camilo, iniciado pouco mais de cinquenta anos depois de ter composto esse diálogo entre os dois jovens, na primeira parte da novela! (Pp. 46-47).Ao acolher e cuidar de crianças marcadas por situações dramáticas, Maria Moisés vive a essência da experiência cristã: não lhes dedicou apenas uma parte do seu dia, mas todo o seu tempo – toda uma vida! Ela doou-se a essa importante causa social, e sem daí retirar qualquer proveito. E o leitor pode, implicitamente, ver ainda nela a virtude da humildade: nunca saiu da sua boca qualquer crítica – disso o narrador encarregou outras personagens. Por que não vermos na nossa protagonista uma figura crística?Simone Weil, filósofa e teóloga, que experienciou o sofrimento humano e muito reflectiu sobre os pobres (...) a desdita e a solidariedade, afirmou que a verdadeira compaixão não significa apenas «dar coisas materiais» ao desventurado – «mas algo muito diferente das provisões (...) Ao transferir o próprio ser àquele a quem ajudam, dão-lhe por um instante a própria existência de que o outro está privado pela desventura.». Por isso, conclui a autora, esta transferência identifica-se com a doação de Cristo.Se na primeira parte desta novela, temos o privilégio de saborear a graça da escrita – e todos os estudiosos camilianos reconhecem que nela estão as melhores páginas do nosso Autor – na segunda parte assistimos à escrita da graça através, principalmente, da carga simbólica e emocional dalguns eventos (e elementos) e da excelência da moral social cristã. (Pp. 40-41)O argumento («Também eu fui abandonada») resulta dum equívoco pois a tese do suicídio era a explicação dominante para a morte de sua mãe; e porque era para aquele meio a mais verosímil, (...) ela foi transmitida a Maria Moisés como um facto – e, assim, viveu-o como a sua cruel verdade entranhada.Mas esta espinhosa consciência vai ser superada por M M: se quanto à relação dos leitores com o texto, a gestão deste equívoco aviva mais o interesse pelo rumo da história, já quanto ao perfil humano e ético da personagem, isso contribui para o seu encarecimento – na justa medida em que ela não conservou qualquer ressentimento ou mágoa face à mãe... Eis a dupla consequência desta notável estratégia da arte narrativa de Camilo. (Pp. 25-26)
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A Revolução e o PRECO discurso oficial sobre o 25 de Abril de 1974 tem apresentado esta data como o momento fundador da democracia em Portugal. No entanto, a democracia apenas se pode considerar verdadeiramente instituída em 25 de Abril de 1976, com a entrada em vigor da actual Constituição. Até lá o país viveu sob tutela militar, que se caracterizou pela violação constante dos direitos fundamentais dos cidadãos, com prisões sem culpa formada, ausência de «habeas corpus», saneamento de funcionários, sequestro de empresários, e contestação de decisões judiciais. Em 1975, Portugal esteve à beira da guerra civil, o que só viria a ser travado em 25 de Novembro desse ano, uma data que hoje muitos se recusam a comemorar. Nesta obra pretendemos dar a conhecer o que efectivamente se passou nos dois anos que durou o processo revolucionário no nosso país, no intuito de contribuir para um verdadeiro debate sobre um período histórico muito próximo, mas que não é detalhadamente conhecido pelas gerações mais novas. -
As Causas do Atraso Português«Porque é Portugal hoje um país rico a nível mundial, mas pobre no contexto europeu? Quais são as causas e o contexto histórico do nosso atraso? Como chegámos aqui, e o que pode ser feito para melhorarmos a nossa situação? São estas as perguntas a que procuro responder neste livro. Quase todas as análises ao estado do país feitas na praça pública pecam por miopia: como desconhecem a profundidade histórica do atraso, fazem erros sistemáticos e anunciam diagnósticos inúteis, quando não prejudiciais. Quem discursa tem também frequentemente um marcado enviesamento político e não declara os seus conflitos de interesse. […] Na verdade, para refletirmos bem sobre presente e os futuros possíveis, temos de começar por compreender o nosso passado. Para que um futuro melhor seja possível, temos de considerar de forma ponderada os fatores que explicam – e os que não explicam – o atraso do país. Este livro tem esse objetivo.» -
História dos GatosNuma série de cartas dirigidas à incógnita marquesa de B**, F.-A. Paradis e Moncrif (o espirituoso favorito da sociedade parisiense) faz uma defesa apaixonada dos amáveis felinos, munindo-se para isso de uma extrema erudição.Este divertido compêndio de anedotas, retratos, fábulas e mitos em torno dos gatos mostra que o nosso fascínio por estes animais tão dóceis quanto esquivos é uma constante ao longo da história da civilização e que não há, por isso, razão para a desconfiança que sobre eles recaía desde a Idade Média. Ou haverá? -
A Indústria do HolocaustoNesta obra iconoclasta e polémica, Norman G. Finkelstein analisa a exploração da memória do holocausto nazi como arma ideológica, ao serviço de interesses políticos e económicos, pelas elites judaicas norte-americanas. A INDÚSTRIA DO HOLOCAUSTO (2000) traça a génese de uma imunidade que exime o Estado de Israel – um trunfo estratégico dos EUA depois da Guerra dos Seis Dias – de qualquer censura e lhe permite justificar expedientes ofensivos como legítima defesa. Este ensaio essencial sobre a instrumentalização e monopolização de uma tragédia – eclipsando outras vítimas do genocídio nazi – denuncia ainda a perturbadora questão do aproveitamento das compensações financeiras devidas aos sobreviventes. -
Revolução Inacabada - O que Não Mudou com o 25 de AbrilO que não mudou com o 25 de Abril? Apesar de todas as conquistas de cinco décadas de democracia, há características na sociedade portuguesa que se mantêm quase inalteradas. Este livro investiga duas delas: o elitismo na política e o machismo na justiça. O recrutamento para a classe política dirigente praticamente não abrange pessoas não licenciadas e com contacto com a pobreza, e quase não há mobilidade do poder local para o poder nacional. No sistema judicial, a entrada das mulheres na magistratura e a mudança para leis mais progressistas não alteraram um padrão de baixas condenações por crimes sexuais, cometidos sobretudo contra mulheres. Cruzando factos e testemunhos, este é o retrato de um Portugal onde a revolução pela igualdade está ainda inacabada. -
PaxNo seu auge, o Império Romano era o Estado mais rico e formidável que o mundo já tinha visto. Estendendo-se da Escócia à Arábia, geria os destinos de cerca de um quarto da humanidade.Começando no ano em que quatro Césares governaram sucessivamente o Império, e terminando cerca de sete décadas depois, com a morte de Adriano, Pax: Guerra e Paz na Idade de Ouro de Roma revela-nos a história deslumbrante de Roma no apogeu do seu poder.Tom Holland, reconhecido historiador e autor, apresenta um retrato vivo e entusiasmante dessa era de desenvolvimento: a Pax Romana - da destruição de Jerusalém e Pompeia, passando pela construção do Coliseu e da Muralha de Adriano e pelas conquistas de Trajano. E demonstra, ao mesmo tempo, como a paz romana foi fruto de uma violência militar sem precedentes. -
Baviera TropicalCom o final da Segunda Guerra Mundial, o médico nazi Josef Mengele, conhecido mundialmente pelas suas cruéis experiências e por enviar milhares de pessoas para câmaras de gás nos campos de concentração em Auschwitz, foi fugitivo durante 34 anos, metade dos quais foram passados no Brasil. Mengele escapou à justiça, aos serviços secretos israelitas e aos caçadores de nazis até à sua morte, em 1979 na Bertioga. Foi no Brasil que Mengele criou a sua Baviera Tropical, um lugar onde podia falar alemão, manter as suas crenças, os seus amigos e uma conexão com a sua terra natal. Tudo isto foi apenas possível com a ajuda de um pequeno círculo de europeus expatriados, dispostos a ajudá-lo até ao fim. Baviera Tropical assenta numa investigação jornalística sobre o período de 18 anos em que o médico nazi se escondeu no Brasil. A partir de documentos com informação inédita do arquivo dos serviços secretos israelitas – a Mossad – e de diversas entrevistas com protagonistas da história, nomeadamente ao comandante da caça a Mengele no Brasil e à sua professora, Bettina Anton reconstitui o percurso de Mengele no Brasil, onde foi capaz de criar uma nova vida no país sob uma nova identidade, até à sua morte, sem ser descoberto. E a grande questão do livro: de que forma um criminoso de tamanha dimensão e os seus colaboradores conseguiram passar impunes? -
Antes do 25 de Abril: Era ProibidoJá imaginou viver num país onde:tem de possuir uma licença do Estado para usar um isqueiro?uma mulher, para viajar, precisa de autorização escrita do marido?as enfermeiras estão proibidas de casar?as saias das raparigas são medidas à entrada da escola, pois não se podem ver os joelhos?não pode ler o que lhe apetece, ouvir a música que quer, ou até dormitar num banco de jardim?Já nos esquecemos, mas, há 50 anos, feitos agora em Abril de 2024, tudo isto era proibido em Portugal. Tudo isto e muito mais, como dar um beijo na boca em público, um acto exibicionista atentatório da moral, punido com coima e cabeça rapada. E para os namorados que, num banco de jardim, não tivessem as mãozinhas onde deviam, havia as seguintes multas:1.º – Mão na mão: 2$502.º – Mão naquilo: 15$003.º – Aquilo na mão: 30$004.º – Aquilo naquilo: 50$005.º – Aquilo atrás daquilo: 100$006.º – Parágrafo único – Com a língua naquilo: 150$00 de multa, preso e fotografado.