A Frente Interna da Grande Guerra
O centenário da Grande Guerra foi marcado pela publicação de dezenas de obras coletivas e individuais, algumas delas inovadoras e trazendo novos elementos para a compreensão da beligerância portuguesa. Curiosamente, muito poucas trataram do que podemos chamar a Frente Interna, o quinto teatro de operações português na Grande Guerra, a somar à Flandres, Angola, Moçambique e Frente Naval.
Alguns negarão a existência desta frente, argumentando possivelmente que os combates travados se deram dentro de fronteiras e que aqui não estava presente o “inimigo” tradicional nas outras, ou seja, a Alemanha e os seus aliados. A verdade é que, entre 1914 e 1919, Portugal viveu numa situação de elevada instabilidade e confrontos violentos quase permanentes.
Neles se incluem três dos confrontos mais sangrentos de toda a 1ª República (as chamadas revoluções de Maio de 1915, Dezembro de 1917 e a chamada guerra civil de 1919); inúmeros golpes e pronunciamentos, desde o Movimento das Espadas de começos de 1915, às revoltas anti-sidonistas de 1918; amotinações no seio das Forças Armadas e de segurança, como recusa de obedecer a ordens, recusa aos embarques, levantamentos de ranchos, etc.; confrontos violentos em todos os anos um pouco por todo o Portugal, tanto nas cidades como nas zonas rurais, mas concentrados em Lisboa, onde se incluem movimentos únicos, como a “revolução da batata”, vagas de assaltos coordenados, greves violentas com intervenção das Forças Armadas, assaltos a comboios, etc., etc.
Do ponto de vista do sistema de segurança, este sofre várias alterações profundas e conhece novidades em termos de criminalidade como a proliferação do mercado negro, a explosão do contrabando, a imposição do racionamento, a resistência à requisição forçada das colheitas e tantos outros, todas elas trazendo consigo um imenso cortejo de confrontos violentos, com mortos e feridos.
Todos estes fenómenos estão diretamente ligados à guerra e, sobretudo, à beligerância desde 1916. Esta provoca uma profunda clivagem na sociedade portuguesa, que deixa de ser no essencial entre republicanos e monárquicos, como acontecia até 1914, para passar a ser entre guerristas e anti-guerristas. No último ano da guerra vemos mesmo nascer em Portugal um regime único e inovador, a chamada “República Nova”, a que hoje chamamos em regra o “sidonismo”, que marcará profundamente o futuro, tanto em Portugal como na Europa.
No conjunto, estamos na realidade perante uma quinta frente, um teatro de operações interno, marcado por confrontos violentos e permanentes de tipos muito diferentes, que produzem milhares de mortos e feridos e alteram profundamente Portugal, as suas mentalidades e a maneira de fazer política. É um teatro inovador e fora do normal, com muitos agentes e lados em confronto, com formas de violência organizada anormais e únicas, com um forte envolvimento de todas as instituições do Estado, que muda Portugal para sempre. É uma frente charneira, onde podemos falar de um antes e de um depois, sem dúvida a mais importante para o futuro de Portugal das cinco frentes onde se combateu.
| Editora | Fronteira do Caos |
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| Editora | Fronteira do Caos |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | António José Telo, Nuno Andrade, Vieira Borges |
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História Contemporânea de Portugal Volume INesta obra é feita uma abordagem da realidade portuguesa do 25 de Abril até à atualidade. Este primeiro volume cobre sensivelmente o período que decorre entre 1974 e 1985, detendo-se nos acontecimentos que se revestiram de uma importância incontornável. Desde a organização do novo poder, a formação dos principais partidos políticos, os governos provisórios, até aos primeiros governos constitucionais e à adesão à União Europeia. Uma reflexão abrangente e aprofundada, que privilegia as vertentes política, económica e social e nos dá uma visão fascinante do que foi este período da história do nosso país. -
História Contemporânea de Portugal - do 25 de Abril à actualidade, Volume 2As últimas três décadas da vida portuguesa constituem o objecto de análise desta "História Contemporânea de Portugal - do 25 de Abril à Actualidade". O primeiro dos dois volumes que a integram, já publicado nesta colecção, cobre o período que decorre entre 1974 e 1985. Este segundo volume irá debruçar-se predominantemente sobre o período que se estende da adesão à Comunidade Europeia até à actualidade. Assim, o autor aborda temas como o fim do bloco central e o reajustamento do sistema partidário português, os anos de ouro e a desintegração do cavaquismo, a posição de Portugal no mundo ou ainda as mudanças na economia no novo milénio. Numa reflexão aprofundada, que privilegia as vertentes política, económica e de relações externas, o autor traça-nos, nesta obra de fôlego, um quadro abrangente do que foi o período mais recente da história do nosso país. -
Primeira República I - Do Sonho à RealidadeA Primeira República, um dos períodos mais complexos da história portuguesa, encontra-se ainda por estudar em profundidade. António José Telo, historiador de autoridade largamente confirmada, apresenta-nos o primeiro de dois volumes, que são um extraordinário contributo para a compreensão do enquadramento social e político de uma das primeiras e mais avançadas repúblicas da Europa. Em 1911 é aprovada a constituição, mas desde logo surgiram importantes fracturas na sociedade portuguesa, que se reflectiriam em vários sectores da sociedade, criando uma grande instabilidade política, agravada ainda pela guerra de 1914-1918. Este primeiro volume termina com o rescaldo da guerra e ascensão política de Sidónio Pais. -
Primeira República II - Como Cai um RegimeA Primeira República, um dos períodos mais complexos da história portuguesa, encontra-se ainda pouco aprofundada no seu estudo. O historiador António José Telo apresenta-nos agora o segundo de dois volumes, que constituem um contributo para a compreensão do enquadramento social e político de uma das primeiras repúblicas da Europa. Este volume inicia-se com a ascensão política de Sidónio Pais, explica de que forma se deu o regresso da velha república, com o governo de José Relvas, e aponta as causas económicas e financeiras, que estiveram na origem da queda do regime republicano. -
Para Além do Portão - A GNR e o Carmo na Revolução de AbrilOs momentos mais marcantes e tensos da Revolução de 25 de Abril de 1974 viveram-se no Largo do Carmo, tendo como o epicentro o quartel que desde 1845 funciona como Comando da Guarda Nacional Republicana (GNR).Se por um lado se encontra bastante documentado o papel dos militares do Movimento das Forças Armadas (MFA) e da população que ajudou à vitória da liberdade, por outro, é muito escassa a documentação relativa aos militares da GNR na Revolução e sobre as últimas e longas 14 horas do último chefe do Governo e do Regime no interior do Quartel do Carmo. É neste contexto que surge esta obra, onde o autor, ele próprio oficial da GNR, efectuou uma investigação histórica acerca dos acontecimentos ocorridos no Carmo, desde os antecedentes da Revolução até à consolidação da democracia em Portugal. Para tal privilegiou o testemunho dos principais intervenientes nos históricos acontecimentos, sobretudo dos militares da Guarda Nacional Republicana e dos seus familiares que à época residiam no interior do Quartel do Carmo, bem como dos familiares de alguns militares e civis entretanto falecidos. Paralelamente procurou efectuar uma síntese da documentação mais directamente relacionada com os acontecimentos no Largo do Carmo e com a participação da GNR.Com a publicação desta obra fica mais completo o quadro histórico da Revolução de Abril e é feita luz sobre momentos cruciais e dramáticos do próprio dia 25 de Abril, os quais se revelaram decisivos para a ulterior trajectória da revolução. -
Guerra e Mudanças na Europa e no Mundo no Século XXIEsta obra desenvolve-se em três textos sobre as recentes grandes mudanças que nos trazem ao mundo de hoje. O primeiro ensaio é uma reflexão a propósito do centenário da Grande Guerra, em que o caso de Portugal é mais desenvolvido por ser um excelente exemplo das forças da mudança que se faziam sentir em 1914-1918. A preocupação do autor é a identificação das mudanças na Europa, comparando as profundas clivagens que, passadas duas décadas, iriam conduzir à 2.ª Guerra Mundial e aos perigosos conflitos que crescem hoje em dia. O segundo ensaio diz respeito à mudança do paradigma do poder naval no século XXI, onde se verifica que as regras do poder naval – uma vertente estruturante essencial do sistema das relações internacionais – ainda se mantém hoje em dia. O terceiro ensaio é o mais geral e diz respeito às locomotivas da mudança do mundo actual, e ao sentido das transformações em curso, terminando com uma reflexão sobre a influência da actual guerra na Ucrânia neste processo.
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A Revolução e o PRECO discurso oficial sobre o 25 de Abril de 1974 tem apresentado esta data como o momento fundador da democracia em Portugal. No entanto, a democracia apenas se pode considerar verdadeiramente instituída em 25 de Abril de 1976, com a entrada em vigor da actual Constituição. Até lá o país viveu sob tutela militar, que se caracterizou pela violação constante dos direitos fundamentais dos cidadãos, com prisões sem culpa formada, ausência de «habeas corpus», saneamento de funcionários, sequestro de empresários, e contestação de decisões judiciais. Em 1975, Portugal esteve à beira da guerra civil, o que só viria a ser travado em 25 de Novembro desse ano, uma data que hoje muitos se recusam a comemorar. Nesta obra pretendemos dar a conhecer o que efectivamente se passou nos dois anos que durou o processo revolucionário no nosso país, no intuito de contribuir para um verdadeiro debate sobre um período histórico muito próximo, mas que não é detalhadamente conhecido pelas gerações mais novas. -
As Causas do Atraso Português«Porque é Portugal hoje um país rico a nível mundial, mas pobre no contexto europeu? Quais são as causas e o contexto histórico do nosso atraso? Como chegámos aqui, e o que pode ser feito para melhorarmos a nossa situação? São estas as perguntas a que procuro responder neste livro. Quase todas as análises ao estado do país feitas na praça pública pecam por miopia: como desconhecem a profundidade histórica do atraso, fazem erros sistemáticos e anunciam diagnósticos inúteis, quando não prejudiciais. Quem discursa tem também frequentemente um marcado enviesamento político e não declara os seus conflitos de interesse. […] Na verdade, para refletirmos bem sobre presente e os futuros possíveis, temos de começar por compreender o nosso passado. Para que um futuro melhor seja possível, temos de considerar de forma ponderada os fatores que explicam – e os que não explicam – o atraso do país. Este livro tem esse objetivo.» -
História dos GatosNuma série de cartas dirigidas à incógnita marquesa de B**, F.-A. Paradis e Moncrif (o espirituoso favorito da sociedade parisiense) faz uma defesa apaixonada dos amáveis felinos, munindo-se para isso de uma extrema erudição.Este divertido compêndio de anedotas, retratos, fábulas e mitos em torno dos gatos mostra que o nosso fascínio por estes animais tão dóceis quanto esquivos é uma constante ao longo da história da civilização e que não há, por isso, razão para a desconfiança que sobre eles recaía desde a Idade Média. Ou haverá? -
A Indústria do HolocaustoNesta obra iconoclasta e polémica, Norman G. Finkelstein analisa a exploração da memória do holocausto nazi como arma ideológica, ao serviço de interesses políticos e económicos, pelas elites judaicas norte-americanas. A INDÚSTRIA DO HOLOCAUSTO (2000) traça a génese de uma imunidade que exime o Estado de Israel – um trunfo estratégico dos EUA depois da Guerra dos Seis Dias – de qualquer censura e lhe permite justificar expedientes ofensivos como legítima defesa. Este ensaio essencial sobre a instrumentalização e monopolização de uma tragédia – eclipsando outras vítimas do genocídio nazi – denuncia ainda a perturbadora questão do aproveitamento das compensações financeiras devidas aos sobreviventes. -
Revolução Inacabada - O que Não Mudou com o 25 de AbrilO que não mudou com o 25 de Abril? Apesar de todas as conquistas de cinco décadas de democracia, há características na sociedade portuguesa que se mantêm quase inalteradas. Este livro investiga duas delas: o elitismo na política e o machismo na justiça. O recrutamento para a classe política dirigente praticamente não abrange pessoas não licenciadas e com contacto com a pobreza, e quase não há mobilidade do poder local para o poder nacional. No sistema judicial, a entrada das mulheres na magistratura e a mudança para leis mais progressistas não alteraram um padrão de baixas condenações por crimes sexuais, cometidos sobretudo contra mulheres. Cruzando factos e testemunhos, este é o retrato de um Portugal onde a revolução pela igualdade está ainda inacabada. -
PaxNo seu auge, o Império Romano era o Estado mais rico e formidável que o mundo já tinha visto. Estendendo-se da Escócia à Arábia, geria os destinos de cerca de um quarto da humanidade.Começando no ano em que quatro Césares governaram sucessivamente o Império, e terminando cerca de sete décadas depois, com a morte de Adriano, Pax: Guerra e Paz na Idade de Ouro de Roma revela-nos a história deslumbrante de Roma no apogeu do seu poder.Tom Holland, reconhecido historiador e autor, apresenta um retrato vivo e entusiasmante dessa era de desenvolvimento: a Pax Romana - da destruição de Jerusalém e Pompeia, passando pela construção do Coliseu e da Muralha de Adriano e pelas conquistas de Trajano. E demonstra, ao mesmo tempo, como a paz romana foi fruto de uma violência militar sem precedentes. -
Antes do 25 de Abril: Era ProibidoJá imaginou viver num país onde:tem de possuir uma licença do Estado para usar um isqueiro?uma mulher, para viajar, precisa de autorização escrita do marido?as enfermeiras estão proibidas de casar?as saias das raparigas são medidas à entrada da escola, pois não se podem ver os joelhos?não pode ler o que lhe apetece, ouvir a música que quer, ou até dormitar num banco de jardim?Já nos esquecemos, mas, há 50 anos, feitos agora em Abril de 2024, tudo isto era proibido em Portugal. Tudo isto e muito mais, como dar um beijo na boca em público, um acto exibicionista atentatório da moral, punido com coima e cabeça rapada. E para os namorados que, num banco de jardim, não tivessem as mãozinhas onde deviam, havia as seguintes multas:1.º – Mão na mão: 2$502.º – Mão naquilo: 15$003.º – Aquilo na mão: 30$004.º – Aquilo naquilo: 50$005.º – Aquilo atrás daquilo: 100$006.º – Parágrafo único – Com a língua naquilo: 150$00 de multa, preso e fotografado. -
Baviera TropicalCom o final da Segunda Guerra Mundial, o médico nazi Josef Mengele, conhecido mundialmente pelas suas cruéis experiências e por enviar milhares de pessoas para câmaras de gás nos campos de concentração em Auschwitz, foi fugitivo durante 34 anos, metade dos quais foram passados no Brasil. Mengele escapou à justiça, aos serviços secretos israelitas e aos caçadores de nazis até à sua morte, em 1979 na Bertioga. Foi no Brasil que Mengele criou a sua Baviera Tropical, um lugar onde podia falar alemão, manter as suas crenças, os seus amigos e uma conexão com a sua terra natal. Tudo isto foi apenas possível com a ajuda de um pequeno círculo de europeus expatriados, dispostos a ajudá-lo até ao fim. Baviera Tropical assenta numa investigação jornalística sobre o período de 18 anos em que o médico nazi se escondeu no Brasil. A partir de documentos com informação inédita do arquivo dos serviços secretos israelitas – a Mossad – e de diversas entrevistas com protagonistas da história, nomeadamente ao comandante da caça a Mengele no Brasil e à sua professora, Bettina Anton reconstitui o percurso de Mengele no Brasil, onde foi capaz de criar uma nova vida no país sob uma nova identidade, até à sua morte, sem ser descoberto. E a grande questão do livro: de que forma um criminoso de tamanha dimensão e os seus colaboradores conseguiram passar impunes?