Na realidade, cedo ou tarde, as crianças terão que lidar com a perda de um parente, amigo
ou animal de estimação. Por que não falar das coisas tristes, se elas existem? E tanto
melhor se for com humor e com um contador de excepção que nos prende, cativa e faz rir de
qualquer assunto.
Más notícias para os amantes dos contos: Rodolfo Castro, o pior contador de histórias do mundo,
faz pontaria aos clássicos infantis com estas Nove Histórias Mal Contadas. Versões no seu pior, narradas em quase português e em espanhol. É terrível! Oiçam!
Vrummmm, vrummmm, os amigos estão a chegar, bem apessoados e prontos para brincar... até à hora do almoço. Mas, hei, não vão logo embora, ainda há que arrumar!
A história é sempre a mesma. A personagem principal é uma criança entre os cinco e os quinze anos, só e orgulhosa, só e inconformada com a sua solidão, sempre sozinha. (...) À sua volta, há outras crianças e alguns adultos com defeitos e feitios às vezes cómicos, às vezes tão tristes que dão vontade de rir. O tempo é curto e o espaço limitado (...). A criança faz as coisas banais de uma vida infantil e banal: não faz nada. No fim da história, nada parece ter mudado, mas arrastaram-se móveis pesados, limparam-se os cantos à história de sempre (...). É preciso abrir a janela, arejar esta casa.Ver por dentro:
O João subiu para a bicicleta, que rangeu aflitivamente. Às primeiras pedaladas, ela respondeu com estalidos, como os ossos de um velho que se levanta de uma cadeira, mas pouco depois já rolava pela estrada abaixo. Ele pedalou com mais força e atravessou o ar morno da manhã. Sentia não sabia o quê que o empurrava para diante. Cheirava-lhe não sabia a quê, sabia-lhe não sabia a quê. E esse "não sei quê" era a liberdade. Estava dentro dele e à volta dele, por todo o lado. Também ele era um rapaz numa bicicleta azul e também ele levava a flor da liberdade numa manhã de Abril. Com ela, podia ir até onde quisesse. Por isso, pedalou ainda com mais força e avançou a sorrir na direcção do Sol.Ver por dentro:
Sabias que um dia nasceu e viveu em Portugal uma santa que era linda como uma princesa e
que a rainha mandou prender por causa da sua beleza? Mas o que a rainha não sabia era que
a beleza de Beatriz (assim se chamava a linda donzela da sua corte) era ainda maior por
dentro, no seu coração, que amava profundamente a Deus e aos outros. E essa beleza ninguém
podia esconder. Foi por isso que, quando a rainha a mandou fechar numa arca onde ela
corria o risco de morrer, Deus a salvou
É essa a história maravilhosa que vais poder ler neste livro.