Abril - A História de um Amor
Neste texto invulgar de Joseph Roth desenrola-se uma narrativa que interroga: de quantas histórias de amor é composta uma história de amor? As subtilezas que indicam novas direcções, a imaginação que trabalha na distância entre o amador e a coisa amada e uma nova direcção amorosa composta por pormenores e pistas totalmente ignorados por todo aquele que não esteja “sob o efeito”.
A tradução é de Ana Bessa, as imagens de Elisa Azevedo, a composição gráfica de Catarina Domingues.
| Editora | Sr Teste |
|---|---|
| Coleção | Imagem e Semelhança |
| Categorias | |
| Editora | Sr Teste |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Joseph Roth |
Joseph Roth nasce em 1894 em Brody (Galícia Oriental). Após ter feito a formação primária e secundária nesta cidade, continua os estudos universitários em Lemberg e, posteriormente, em Viena. Participa na Primeira Grande Guerra Mundial. A partir de 1918, trabalha como jornalista e cronista, primeiro em Viena e depois em Berlim. De entre vários romances e novelas escritos na Áustria e no exílio, destacam-se "Hiob" ("Job") e "A Marcha de Radetzky". Enfraquecido pelo consumo excessivo de álcool e não resistindo a uma pneumonia, morre em 1939, no Hôpital Necker (hospital parisiense destinado aos pobres).
-
O LeviatãDepois da novela A Lenda do Santo Bebedor, em que Joseph Roth conta a história milagrosa de um vagabundo polaco a viver no gelado desabrigo das pontes do Sena, apresenta-se aqui mais uma história, desta vez de um judeu singular — o comerciante de corais Nissen Piczenik. Escrita em 1934, no exílio francês, e publicada postumamente em 1940 pelo editor holandês de origem portuguesa Emanuel Querido, a novela descreve a vida simples e honesta de Piczenik na pequena cidade de Progrody, perdida e isolada no limite extremo do império Austro-Húngaro. Não obstante a convivência quotidiana com os corais — a sua verdadeira razão de ser —, Nissen Piczenik ansiava pelas profundezas do mar, onde — como pensava — cresciam corais guardados pelo incomensurável e poderoso Leviatã. O aparecimento súbito do “diabo Jenö Lakatos”, que introduz corais falsos na região, representa uma reviravolta na pacata vida de Piczenik. O recurso sistemático ao estilo do conto maravilhoso constitui, por parte de Joseph Roth, uma tentativa de dar vida, embora de uma forma utópica, ao microcosmo da sua terra natal, a Galiza, que então se encontrava em desmoronamento irreversível. Esta e outras histórias de Roth são, por um lado, uma homenagem à velha monarquia austríaca que, na sua opinião, era a pátria de todos, e, por outro, a toda uma região — agora desaparecida — em que, segundo Paul Celan, viviam pessoas e livros. -
O Chefe de Estação FallmerayerEscrita no exílio francês em 1933 e publicada no mesmo ano em Amesterdão, a novela de Joseph Roth O Chefe de Estação Fallmerayer conta a história da invulgar paixão vivida por um vulgar chefe de uma estação de caminhos de ferro situada a poucos quilómetros de Viena. Fallmerayer, casado e com duas filhas, pouco fazia senão, dia após dia, ver passar os comboios expresso a uma velocidade vertiginosa em direção ao Sul, que para ele era sinónimo do mar, do sol, da liberdade e da felicidade.Após um curto período de férias com a família e consequente regresso à sua minúscula estação, um trágico acidente ocorrido ali perto muda radicalmente o curso da sua vida. O destino fá-lo cruzar-se com uma das vítimas do acidente, uma condessa russa casada. Deslumbrado com a mulher desconhecida, dá-lhe guarida e cuida dela enquanto esta recupera do trágico acidente. Passados alguns dias, a condessa, recomposta, vai-se embora, «deixando em todas as divisões e particularmente na cama de Fallmerayer um aroma indelével de pele da Rússia e de um perfume indescritível». -
Jó, Romance de Um Homem SimpleJob conta a história dum recémimigrante em Nova Iorque, das suas experiências e acontecimentos devastadores. Quando começa a perder a sua fé em Deus, há um acontecimento que muda tudo… Um milagre. Este clássico da literatura moderna foi considerado um dos 100 romances do séc. XX. Joseph Roth foi um escritor e jornalista austríaco. Combateu na I Guerra Mundial que influenciou de forma profunda a sua vida. Deixounos 13 romances e inúmeros ensaios. -
Confissão de um Assassino - relato de uma noite«Matei e, mesmo assim, considero-me um bom homem.» Sentado ao balcão de um restaurante, ponto de encontro de emigrantes e exilados russos em Paris, Golubchik, antigo agente da Okhrana, a temível polícia secreta do Czar, entrega-se finalmente ao relato sofrido da sua vida. À medida que avança, copo após copo, noite dentro, os poucos clientes presentes veem-se embrenhados no fascinante percurso deste homem, desde a sua tentativa em reclamar o nome nobre do seu pai, ao encontro com uma personagem misteriosa que ensombrará para sempre o seu futuro, passando pela sua destrutiva história de amor com uma mulher e pelo seu ódio ao meio-irmão, o Príncipe. Confissão de um Assassino, romance até hoje inédito em Portugal, é, ao estilo dos grandes romances russos, simultaneamente uma poderosa análise da natureza humana e do poder hipnótico do Mal e um retrato vívido e agitado dos modos e dos acontecimentos mais marcantes de uma época, da Revolução bolchevique ao ambiente de Paris que antecede a Primeira Guerra Mundial. «Joseph Roth é um dos grandes escritores de língua alemã do século XX.» —The Times -
A Marcha de RadetzkyConsiderada unanimemente como a obra maior de Joseph Roth e uma das mais representativas da literatura contemporânea de expressão alemã, «A Marcha de Radetzky», conta-nos a lenta desintegração de três gerações no seio da mesma família, e, simbolicamente do Império Austro-Húngaro.Testemunha privilegiada do malogro da revolução alemã e da mudança da estrutura social na Rússia, acontecimentos que transformaram a face da Europa, Joseph Roth reflectiu esta experiência no conjunto da sua obra, sendo este romance o exemplo mais ilustrativo.Na apresentação incluída nesta edição, Stefan Zweig destaca os valores que Roth propugnou na «Marcha de Radetzky»: «O declínio da velha cultura austríaca, plena de distinção, tornada impotente pela sua nobreza de alma, foi o que ele quis mostrar através da personagem de um Austríaco, derradeiro representante de uma raça em vias de extinção. Era um livro de despedida, melancólico e profético, como sempre são os livros dos verdadeiros poetas.» -
Judeus ErrantesEste livro prescinde do aplauso e da aprovação, mas também do protesto e até da crítica daqueles que menosprezam, desdenham, odeiam e perseguem os judeus orientais. O livro não se dirige aos europeus ocidentais que, pelo facto de terem crescido com elevadores e sanitas, inferem o direito de contar anedotas de mau gosto sobre os piolhos romenos, percevejos galicianos e pulgas russas. Este livro prescinde dos leitores «objectivos», que, com a benevolência barata e azeda, a partir das vacilantes torres da civilização ocidental, lançam olhares de soslaio para o Próximo Oriente e os seus habitantes;que, por pura humanidade, lamentam a deficiente canalização e, por medo de contágio, encerram em barracas emigrantes pobres, onde a solução de um problema social é deixado ao critério da morte em massa. Este livro não quer ser lido por aqueles que renegam os seus próprios pais ou antepassados, que, por um simples acaso, escaparam às barracas.Este livro não foi escrito para os leitores que levariam o autor a mal por tratar o objecto da sua exposição com paixão em vez de o fazer com a «objectividade científica», que pode ser designada também por entediante.A quem é então destinado este livro? O autor nutre esperanças insensatas de que existem ainda leitores perante os quais não é necessário defender os judeus orientais; leitores que sentem respeito pela dor, pela grandeza humana e pela imundície que acompanha o sofrimento em todo o lado; europeus ocidentais que não têm orgulho nos seus colchões limpos; que sentem que têm muito a receber do Leste e que talvez saibam que da Galícia, da Rússia, da Lituânia e da Roménia vêm grandes ideias;mas também ideias (na perspectiva deles) úteis, que ajudam a consolidar e ampliara estrutura firme da civilização ocidental - e não apenas os carteiristas, a quem o mais infame produto da Europa Ocidental que é a imprensa local chama os «hóspedes do Leste».Este livro não estará em condições de tratar o problema do judaísmo oriental com a profundidade abrangente que este requer e merece. Procurará apenas descrever as pessoas que representamo problema e as circunstâncias que estão na sua origem. Fará apenas um relato sobre algumas partes do vasto tema, o qual, para ser tratado com toda a sua amplitude, exigiria do autor tantas migrações quantas aquelas a que foram sujeitas gerações inteiras de judeus orientais.Joseph Roth, «Prefácio» -
Fuga Sem FimNão tenho nenhuma terra natal, se excluir o facto de que existo em mim próprio e que me sinto em casa comigo mesmo.Tive que percorrer muitas milhas. Entre o local onde nasci e as cidades, países, aldeias que atravessei nos últimos dez anos para poder permanecer neles e permaneço neles apenas para os abandonar de novo, fica a minha vida, mensurável mais de acordo com as medidas de espaço do que de tempo. As estradas percorridas representam os anos que percorri. O dia do meu nascimento e o meu nome, não estão registados em lado nenhum, em nenhum registo paroquial e em nenhuma conservatória de registo civil. Não tenho nenhuma terra natal, se excluir o facto de que existo em mim próprio e que me sinto em casa comigo mesmo. Onde me sinto mal é onde é a minha pátria. Só me sinto bem no estrangeiro. Se eu me abandono, perco-me. Daí ter o extremo cuidado de ficar sempre comigo mesmo. Eu nasci numa minúscula aldeola em Wolhynien, no dia 2 de Setembro de 1894, sob o signo de Virgem, com o qual o meu nome Joseph tem uma qualquer vaga relação. A minha mãe era judia, tinha uma estrutura robusta, era uma mulher ligada à terra e era de origem eslava, cantava frequentemente canções ucranianas, pois era muito infeliz; na nossa terra, são os pobres que cantam, não os que são felizes como acontece nos países ocidentais. Por isso, as canções orientais são mais bonitas e quem tem coração e as ouve fica à beira das lágrimas. Ela não tinha nenhum dinheiro e nenhum marido. Pois o meu pai, que, um belo dia, a levou para o ocidente, muito provavelmente apenas para me procriar, deixou-a sozinha em Kattowitz e desapareceu para sempre. Deve ter sido um homem muito estranho, um austríaco vigarista, esbanjava muito, bebia, provavelmente, e morreu enlouquecido quando eu tinha dezasseis anos. A sua especialidade era a melancolia, que herdei dele. Nunca o vi.[...] Nas páginas que se seguem, conto a história do meu amigo, camarada e correligionário Franz Tunda.Recorro, em parte, aos seus apontamentos, em parte, aos seus relatos.Não inventei nada, não compus nada. Já não se trata de «ficcionar» a narração. O mais importante é o que foi observado.Joseph Roth -
A Lenda do Santo Bebedor Seguido de O Leviatã«Havia nele toda a sabedoria do judaísmo, o seu humor, o seu realismo amargo; toda a tristeza da Galícia, todo o encanto e melancolia da Áustria.»Heinrich Böll «A Lenda do Santo Bebedor [...], escrita nos últimos quatro meses da sua vida e dada por terminada em Abril de 1939, constitui um autêntico canto de cisne de Joseph Roth. A novela narra as últimas três semanas da vida de Andreas, um vagabundo alcoólico, a quem acontecem estranhos milagres. A história desenrola-se em Paris e foi baseada num relato dum amigo que ouviu no Café Tournon. É sintomático como Roth se apodera da personagem principal para, duma forma premonitória, antecipar literariamente a sua própria morte, trágica como ela foi no exílio parisiense. Porque, ao contrário do desejo expresso no último parágrafo da novela, Deus não lhe deu a ele, o bebedor, uma morte tão suave e bela como a que teve a personagem Andreas.Tal como em A Lenda do Santo Bebedor, também na novela O Leviatã, escrita igualmente no exílio francês e publicada um ano após a sua morte, em 1940, pelo editor holandês de origem judaico-portuguesa, Emanuel Querido, Roth conta, no tom legendário, a história do judeu Nissen Piczenik, tão singular como Andreas, que, na «Schtetl» de Progrody, perdida e isolada na imensidão da Rússia, entre Kursk e Voronej, leva uma vida simples e honesta de negociante de corais. Apesar de conviver diariamente com os corais — a sua verdadeira razão de ser —, Nissen Piczenik anseia pelas profundezas do mar, onde supõe crescerem os corais, guardados pelo incomensurável e poderoso monstro bíblico Leviatã. [...]O recurso sistemático ao estilo do conto maravilhoso constitui, por parte de Joseph Roth, uma tentativa de dar vida, embora de uma forma utópica, ao microcosmo da sua terra natal, a Galícia Oriental, que então se encontrava em desmoronamento irreversível. [...] Esta e outras histórias de Roth são, por um lado, uma homenagem à velha monarquia austríaca dos Habsburgos, que, na sua opinião, era a pátria de todos, e, por outro, a toda uma região histórica — agora desaparecida, onde, segundo o grande poeta de língua alemã, originário de famílias judaicas de Bucovina, Paul Celan, viviam pessoas e livros.»Álvaro GonçalvesInclui «Introdução cronológica à vida e obra de Joseph Roth», por Álvaro Gonçalves -
A História da 1002.ª Noite«Um mirabolante episódio da guerra dos sexos nascido da imaginação de um gigante da literatura mundial.» Günter Grass (prémio Nobel de Literatura) Estamos em finais do século xix e o todo-poderoso Xá da Pérsia decide visitar «terras exóticas» e na rota dos muitos países estranhos que visita com o seu séquito e o seu harém está a capital do império austro-hún?garo, Viena, nessa época, o centro da Europa culta. Num baile em sua honra, o Xá vislumbra a bela Condessa Heléne W., protótipo dos novos tempos, defensora dos direitos das mulheres e uma personalidade indomável. A decisão que é tomada nessa altura pelas autoridades diplomáticas vai alterar as vidas dos vários persona?gens envolvidos, tornando-se na ruína de uns e na fortuna de outros, numa imparável sequência de dominós em derrocada. «Este é o primeiro grande romance «total» de ideias da literatura euro?peia. Nele se discutem os direitos das mulheres e dos homens, os valores sociais, o peso dos direitos individuais face ao bem estar da sociedade, a relevância do sexo, o lugar do amor...» Klaus Grumbauer «Roth foi o mestre que moldou toda a literatura de expressão alemã moderna. Nenhum escritor hoje em dia, por mais que o negue, deixa de estar sob o seu feitiço.» Irmgard Keun -
A Marcha de RadetzkyA Marcha de Radetzky é, nas palavras do crítico Harold Bloom, «um dos romances mais soberbos, acutilantes e de leitura aliciante que a literatura alemã do século XX produziu», retrato ficcional inigualável do declínio de um império e de uma inteira civilização através da história privada de uma família. Filho de humildes camponeses eslovenos, o jovem tenente Joseph Trotta torna-se subitamente herói nacional ao salvar a vida do imperador Francisco José no campo de batalha de Solferino. Elevado ao grau de capitão e agraciado com o título de barão, Joseph inaugura, deste modo, a nobre linhagem da sua família, cuja origem obscura se perderá nos livros de História. A partir desse momento, o destino dos Von Trotta espelhará o do próprio Império: Franz, o seu filho, torna-se comissário distrital e meticuloso funcionário de uma administração cujo falhanço não consegue compreender, e o seu neto, Carl Joseph, à imagem do avô, segue relutantemente carreira na Cavalaria, perdendo-se numa vida de indolência e futilidade, demasiado fraco para se rebelar contra os padrões que a família lhe impôs. «Grande elegia da Áustria dos Habsburgos, A Marcha de Radetzky é, sem dúvida, o melhor romance de Joseph Roth.» J.M. Coetzee, Prémio Nobel de Literatura «A obra de Joseph Roth constitui, juntamente com a de Kafka e a de Robert Musil, o melhor contributo da literatura de língua alemã para a ficção do século XX.» The New Yorker Nova tradução do alemão por Paulo Osório de Castro.
-
O Essencial Sobre José Saramago«Aquilo que neste livro se entende como essencial em José Saramago corresponde à sua específica identidade como escritor, com a singularidade e com as propriedades que o diferenciam, nos seus fundamentos e manifestações. Mas isso não é tudo. No autor de Memorial do Convento afirma-se também uma condição de cidadão e de homem político, pensando o seu tempo e os fenómenos sociais e culturais que o conformam. Para o que aqui importa, isso é igualmente essencial em Saramago, até porque aquela condição de cidadão não é estranha às obras literárias com as quais ela interage, em termos muito expressivos.» in Contracapa -
Confissões de um Jovem EscritorUmberto Eco publicou seu primeiro romance, O Nome da Rosa, em 1980, quando tinha quase 50 anos. Nestas suas Confissões, escritas cerca de trinta anos depois da sua estreia na ficção, o brilhante intelectual italiano percorre a sua longa carreira como ensaísta dedicando especial atenção ao labor criativo que consagrou aos romances que o aclamaram. De forma simultaneamente divertida e séria, com o brilhantismo de sempre, Umberto Eco explora temas como a fronteira entre a ficção e a não-ficção, a ambiguidade que o escritor mantém para que seus leitores se sintam livres para seguir o seu próprio caminho interpre tativo, bem como a capacidade de gerar neles emoções. Composto por quatro conferências integradas no âmbito das palestras Richard Ellmann sobre Literatura Moderna que Eco proferiu na Universidade Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos, Confissões de um jovem escritor é uma viagem irresistível aos mundos imaginários do autor e ao modo como os transformou em histórias inesquecíveis para todos os leitores. O “jovem escritor” revela-se, afinal, um grande mestre e aqui partilha a sua sabedoria sobre a arte da imaginação e o poder das palavras. -
Sobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
A Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
Almoço de DomingoUm romance, uma biografia, uma leitura de Portugal e das várias gerações portuguesas entre 1931 e 2021. Tudo olhado a partir de uma geografia e de uma família.Com este novo romance de José Luís Peixoto acompanhamos, entre 1931 e 2021, a biografia de um homem famoso que o leitor há de identificar — em paralelo com história do país durante esses anos. No Alentejo da raia, o contrabando é a resistência perante a pobreza, tal como é a metáfora das múltiplas e imprecisas fronteiras que rodeiam a existência e a literatura. Através dessa entrada, chega-se muito longe, sem nunca esquecer as origens. Num percurso de várias gerações, tocado pela Guerra Civil de Espanha, pelo 25 de abril, por figuras como Marcelo Caetano ou Mário Soares e Felipe González, este é também um romance sobre a idade, sobre a vida contra a morte, sobre o amor profundo e ancestral de uma família reunida, em torno do patriarca, no seu almoço de domingo.«O passado tem de provar constantemente que existiu. Aquilo que foi esquecido e o que não existiu ocupam o mesmo lugar. Há muita realidade a passear-se por aí, frágil, transportada apenas por uma única pessoa. Se esse indivíduo desaparecer, toda essa realidade desaparece sem apelo, não existe meio de recuperá-la, é como se não tivesse existido.» «Os motoristas estão à espera, o brado da multidão mistura-se com o rugido dos motores. Antes de entrarmos, o Mário Soares aproxima-se de mim, correu tudo tão bem, e abraça-me com um par estrondosas palmadas no centro das costas. A coluna de carros avança devagar pelas ruas da vila. Tenho a garganta apertada, não consigo falar. Como me orgulha que Campo Maior seja a capital da península durante este momento.»«Autobiografia é um romance que desafia o leitor ao diluir fronteiras entre o real e o ficcional, entre espaços e tempos, entre duas personagens de nome José, um jovem escritor e José Saramago. Este é o melhor romance de José Luís Peixoto.»José Riço Direitinho, Público «O principal risco de Autobiografia era esgotar-se no plano da mera homenagem engenhosa, mas Peixoto evitou essa armadilha, ao construir uma narrativa que se expande em várias direções, acumulando camadas de complexidade.»José Mário Silva, Expresso -
Electra Nº 23A Atenção, tema de que se ocupa o dossier central do número 23 da revista Electra, é um recurso escasso e precioso e por isso objecto de uma guerra de concorrência sem tréguas para conseguir a sua captura. Nunca houve uma tão grande proliferação de informação, de produtos de consumo, de bens culturais, de acontecimentos que reclamam a atenção. Ela é a mercadoria da qual depende o valor de todas as mercadorias, sejam materiais ou imateriais, reais ou simbólicas. A Atenção é, pois, uma questão fundamental do nosso tempo e é um tópico crucial para o compreendermos. Sobre ela destacam-se neste dossier artigos e entrevistas de Yves Citton, Enrico Campo, Mark Wigley, Georg Franck e Claire Bishop. Nesta edição, na secção “Primeira Pessoa”, são publicadas entrevistas à escritora, professora e crítica norte-americana Svetlana Alpers (por Afonso Dias Ramos), cujo trabalho pioneiro redefiniu o campo da história da arte nas últimas décadas, e a Philippe Descola (por António Guerreiro), figura central da Antropologia, que nos fala de temas que vão desde a produção de imagens e das tradições e dos estilos iconográficos à questão da oposição entre natureza e cultura. A secção “Furo” apresenta um conjunto de desenhos e cartas inéditos da pintora Maria Helena Vieira da Silva. Em 1928, tinha vinte anos. Havia saído de Portugal para estudar arte em Paris e, de França, foi a Itália numa viagem de estudo. Durante esse percurso desenhou num caderno esboços rápidos do que via, e ao mesmo tempo, escrevia cartas à mãe para lhe contar as suas impressões e descobertas. Uma selecção destes desenhos e destas cartas, que estabelecem entre si um diálogo íntimo e consonante, é agora revelada. Na Electra 23, é publicada, na secção “Figura”, um retrato do grande poeta grego Konstandinos Kavafis, feito pelo professor e tradutor Nikos Pratsinis, a partir de oito perguntas capitais; é comentada, pelo escritor Christian Salmon, na secção “Passagens”, uma reflexão sobre a história trágica da Europa Central do consagrado romancista e ensaísta checo, Milan Kundera. Ainda neste número, o ensaísta e jornalista Sergio Molino dá-nos um mapa pessoal da cidade de Saragoça, em que a história e a geografia, a literatura e a arte se encontram; o jornalista e colunista brasileiro Marcelo Leite trata das investigações em curso desde os anos 90, com vista ao uso farmacológico e terapêutico dos psicadélicos; a escritora e veterinária María Sanchez constrói um diário que é atravessado por procuras e encontros, casas e viagens, livros e animais, terras e mulheres, amor e amizade; o arquitecto, investigador e curador chileno Francisco Díaz aborda a relação entre solo e terreno, a partir do projecto da Cidade da Cultura de Santiago de Compostela, da autoria de Peter Eisenman; o artista e ensaísta João Sousa Cardoso escreve sobre a obra do escultor Rui Chafes, revisitando três exposições e um livro apresentados durante o ano de 2023; e o dramaturgo Miguel Castro Caldas comenta a palavra “Confortável”.Vários -
Diário SelvagemEste «Diário Selvagem», «até aqui quase integralmente inédito, é um livro mítico, listado e discutido em inúmeras cartas e cronologias do autor, a que só alguns biógrafos e estudiosos foram tendo acesso».