Judeus Errantes
Este livro prescinde do aplauso e da aprovação, mas também do protesto e até da crítica daqueles que menosprezam, desdenham, odeiam e perseguem os judeus orientais. O livro não se dirige aos europeus ocidentais que, pelo facto de terem crescido com elevadores e sanitas, inferem o direito de contar anedotas de mau gosto sobre os piolhos romenos, percevejos galicianos e pulgas russas. Este livro prescinde dos leitores «objectivos», que, com a benevolência barata e azeda, a partir das vacilantes torres da civilização ocidental, lançam olhares de soslaio para o Próximo Oriente e os seus habitantes;que, por pura humanidade, lamentam a deficiente canalização e, por medo de contágio, encerram em barracas emigrantes pobres, onde a solução de um problema social é deixado ao critério da morte em massa. Este livro não quer ser lido por aqueles que renegam os seus próprios pais ou antepassados, que, por um simples acaso, escaparam às barracas.
Este livro não foi escrito para os leitores que levariam o autor a mal por tratar o objecto da sua exposição com paixão em vez de o fazer com a «objectividade científica», que pode ser designada também por entediante.
A quem é então destinado este livro? O autor nutre esperanças insensatas de que existem ainda leitores perante os quais não é necessário defender os judeus orientais; leitores que sentem respeito pela dor, pela grandeza humana e pela imundície que acompanha o sofrimento em todo o lado; europeus ocidentais que não têm orgulho nos seus colchões limpos; que sentem que têm muito a receber do Leste e que talvez saibam que da Galícia, da Rússia, da Lituânia e da Roménia vêm grandes ideias;mas também ideias (na perspectiva deles) úteis, que ajudam a consolidar e ampliara estrutura firme da civilização ocidental - e não apenas os carteiristas, a quem o mais infame produto da Europa Ocidental que é a imprensa local chama os «hóspedes do Leste».
Este livro não estará em condições de tratar o problema do judaísmo oriental com a profundidade abrangente que este requer e merece. Procurará apenas descrever as pessoas que representamo problema e as circunstâncias que estão na sua origem. Fará apenas um relato sobre algumas partes do vasto tema, o qual, para ser tratado com toda a sua amplitude, exigiria do autor tantas migrações quantas aquelas a que foram sujeitas gerações inteiras de judeus orientais.
Joseph Roth, «Prefácio»
| Editora | Sistema Solar |
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| Editora | Sistema Solar |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Joseph Roth |
Joseph Roth nasce em 1894 em Brody (Galícia Oriental). Após ter feito a formação primária e secundária nesta cidade, continua os estudos universitários em Lemberg e, posteriormente, em Viena. Participa na Primeira Grande Guerra Mundial. A partir de 1918, trabalha como jornalista e cronista, primeiro em Viena e depois em Berlim. De entre vários romances e novelas escritos na Áustria e no exílio, destacam-se "Hiob" ("Job") e "A Marcha de Radetzky". Enfraquecido pelo consumo excessivo de álcool e não resistindo a uma pneumonia, morre em 1939, no Hôpital Necker (hospital parisiense destinado aos pobres).
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O LeviatãDepois da novela A Lenda do Santo Bebedor, em que Joseph Roth conta a história milagrosa de um vagabundo polaco a viver no gelado desabrigo das pontes do Sena, apresenta-se aqui mais uma história, desta vez de um judeu singular — o comerciante de corais Nissen Piczenik. Escrita em 1934, no exílio francês, e publicada postumamente em 1940 pelo editor holandês de origem portuguesa Emanuel Querido, a novela descreve a vida simples e honesta de Piczenik na pequena cidade de Progrody, perdida e isolada no limite extremo do império Austro-Húngaro. Não obstante a convivência quotidiana com os corais — a sua verdadeira razão de ser —, Nissen Piczenik ansiava pelas profundezas do mar, onde — como pensava — cresciam corais guardados pelo incomensurável e poderoso Leviatã. O aparecimento súbito do “diabo Jenö Lakatos”, que introduz corais falsos na região, representa uma reviravolta na pacata vida de Piczenik. O recurso sistemático ao estilo do conto maravilhoso constitui, por parte de Joseph Roth, uma tentativa de dar vida, embora de uma forma utópica, ao microcosmo da sua terra natal, a Galiza, que então se encontrava em desmoronamento irreversível. Esta e outras histórias de Roth são, por um lado, uma homenagem à velha monarquia austríaca que, na sua opinião, era a pátria de todos, e, por outro, a toda uma região — agora desaparecida — em que, segundo Paul Celan, viviam pessoas e livros. -
O Chefe de Estação FallmerayerEscrita no exílio francês em 1933 e publicada no mesmo ano em Amesterdão, a novela de Joseph Roth O Chefe de Estação Fallmerayer conta a história da invulgar paixão vivida por um vulgar chefe de uma estação de caminhos de ferro situada a poucos quilómetros de Viena. Fallmerayer, casado e com duas filhas, pouco fazia senão, dia após dia, ver passar os comboios expresso a uma velocidade vertiginosa em direção ao Sul, que para ele era sinónimo do mar, do sol, da liberdade e da felicidade.Após um curto período de férias com a família e consequente regresso à sua minúscula estação, um trágico acidente ocorrido ali perto muda radicalmente o curso da sua vida. O destino fá-lo cruzar-se com uma das vítimas do acidente, uma condessa russa casada. Deslumbrado com a mulher desconhecida, dá-lhe guarida e cuida dela enquanto esta recupera do trágico acidente. Passados alguns dias, a condessa, recomposta, vai-se embora, «deixando em todas as divisões e particularmente na cama de Fallmerayer um aroma indelével de pele da Rússia e de um perfume indescritível». -
Jó, Romance de Um Homem SimpleJob conta a história dum recémimigrante em Nova Iorque, das suas experiências e acontecimentos devastadores. Quando começa a perder a sua fé em Deus, há um acontecimento que muda tudo… Um milagre. Este clássico da literatura moderna foi considerado um dos 100 romances do séc. XX. Joseph Roth foi um escritor e jornalista austríaco. Combateu na I Guerra Mundial que influenciou de forma profunda a sua vida. Deixounos 13 romances e inúmeros ensaios. -
Confissão de um Assassino - relato de uma noite«Matei e, mesmo assim, considero-me um bom homem.» Sentado ao balcão de um restaurante, ponto de encontro de emigrantes e exilados russos em Paris, Golubchik, antigo agente da Okhrana, a temível polícia secreta do Czar, entrega-se finalmente ao relato sofrido da sua vida. À medida que avança, copo após copo, noite dentro, os poucos clientes presentes veem-se embrenhados no fascinante percurso deste homem, desde a sua tentativa em reclamar o nome nobre do seu pai, ao encontro com uma personagem misteriosa que ensombrará para sempre o seu futuro, passando pela sua destrutiva história de amor com uma mulher e pelo seu ódio ao meio-irmão, o Príncipe. Confissão de um Assassino, romance até hoje inédito em Portugal, é, ao estilo dos grandes romances russos, simultaneamente uma poderosa análise da natureza humana e do poder hipnótico do Mal e um retrato vívido e agitado dos modos e dos acontecimentos mais marcantes de uma época, da Revolução bolchevique ao ambiente de Paris que antecede a Primeira Guerra Mundial. «Joseph Roth é um dos grandes escritores de língua alemã do século XX.» —The Times -
A Marcha de RadetzkyConsiderada unanimemente como a obra maior de Joseph Roth e uma das mais representativas da literatura contemporânea de expressão alemã, «A Marcha de Radetzky», conta-nos a lenta desintegração de três gerações no seio da mesma família, e, simbolicamente do Império Austro-Húngaro.Testemunha privilegiada do malogro da revolução alemã e da mudança da estrutura social na Rússia, acontecimentos que transformaram a face da Europa, Joseph Roth reflectiu esta experiência no conjunto da sua obra, sendo este romance o exemplo mais ilustrativo.Na apresentação incluída nesta edição, Stefan Zweig destaca os valores que Roth propugnou na «Marcha de Radetzky»: «O declínio da velha cultura austríaca, plena de distinção, tornada impotente pela sua nobreza de alma, foi o que ele quis mostrar através da personagem de um Austríaco, derradeiro representante de uma raça em vias de extinção. Era um livro de despedida, melancólico e profético, como sempre são os livros dos verdadeiros poetas.» -
Fuga Sem FimNão tenho nenhuma terra natal, se excluir o facto de que existo em mim próprio e que me sinto em casa comigo mesmo.Tive que percorrer muitas milhas. Entre o local onde nasci e as cidades, países, aldeias que atravessei nos últimos dez anos para poder permanecer neles e permaneço neles apenas para os abandonar de novo, fica a minha vida, mensurável mais de acordo com as medidas de espaço do que de tempo. As estradas percorridas representam os anos que percorri. O dia do meu nascimento e o meu nome, não estão registados em lado nenhum, em nenhum registo paroquial e em nenhuma conservatória de registo civil. Não tenho nenhuma terra natal, se excluir o facto de que existo em mim próprio e que me sinto em casa comigo mesmo. Onde me sinto mal é onde é a minha pátria. Só me sinto bem no estrangeiro. Se eu me abandono, perco-me. Daí ter o extremo cuidado de ficar sempre comigo mesmo. Eu nasci numa minúscula aldeola em Wolhynien, no dia 2 de Setembro de 1894, sob o signo de Virgem, com o qual o meu nome Joseph tem uma qualquer vaga relação. A minha mãe era judia, tinha uma estrutura robusta, era uma mulher ligada à terra e era de origem eslava, cantava frequentemente canções ucranianas, pois era muito infeliz; na nossa terra, são os pobres que cantam, não os que são felizes como acontece nos países ocidentais. Por isso, as canções orientais são mais bonitas e quem tem coração e as ouve fica à beira das lágrimas. Ela não tinha nenhum dinheiro e nenhum marido. Pois o meu pai, que, um belo dia, a levou para o ocidente, muito provavelmente apenas para me procriar, deixou-a sozinha em Kattowitz e desapareceu para sempre. Deve ter sido um homem muito estranho, um austríaco vigarista, esbanjava muito, bebia, provavelmente, e morreu enlouquecido quando eu tinha dezasseis anos. A sua especialidade era a melancolia, que herdei dele. Nunca o vi.[...] Nas páginas que se seguem, conto a história do meu amigo, camarada e correligionário Franz Tunda.Recorro, em parte, aos seus apontamentos, em parte, aos seus relatos.Não inventei nada, não compus nada. Já não se trata de «ficcionar» a narração. O mais importante é o que foi observado.Joseph Roth -
A Lenda do Santo Bebedor Seguido de O Leviatã«Havia nele toda a sabedoria do judaísmo, o seu humor, o seu realismo amargo; toda a tristeza da Galícia, todo o encanto e melancolia da Áustria.»Heinrich Böll «A Lenda do Santo Bebedor [...], escrita nos últimos quatro meses da sua vida e dada por terminada em Abril de 1939, constitui um autêntico canto de cisne de Joseph Roth. A novela narra as últimas três semanas da vida de Andreas, um vagabundo alcoólico, a quem acontecem estranhos milagres. A história desenrola-se em Paris e foi baseada num relato dum amigo que ouviu no Café Tournon. É sintomático como Roth se apodera da personagem principal para, duma forma premonitória, antecipar literariamente a sua própria morte, trágica como ela foi no exílio parisiense. Porque, ao contrário do desejo expresso no último parágrafo da novela, Deus não lhe deu a ele, o bebedor, uma morte tão suave e bela como a que teve a personagem Andreas.Tal como em A Lenda do Santo Bebedor, também na novela O Leviatã, escrita igualmente no exílio francês e publicada um ano após a sua morte, em 1940, pelo editor holandês de origem judaico-portuguesa, Emanuel Querido, Roth conta, no tom legendário, a história do judeu Nissen Piczenik, tão singular como Andreas, que, na «Schtetl» de Progrody, perdida e isolada na imensidão da Rússia, entre Kursk e Voronej, leva uma vida simples e honesta de negociante de corais. Apesar de conviver diariamente com os corais — a sua verdadeira razão de ser —, Nissen Piczenik anseia pelas profundezas do mar, onde supõe crescerem os corais, guardados pelo incomensurável e poderoso monstro bíblico Leviatã. [...]O recurso sistemático ao estilo do conto maravilhoso constitui, por parte de Joseph Roth, uma tentativa de dar vida, embora de uma forma utópica, ao microcosmo da sua terra natal, a Galícia Oriental, que então se encontrava em desmoronamento irreversível. [...] Esta e outras histórias de Roth são, por um lado, uma homenagem à velha monarquia austríaca dos Habsburgos, que, na sua opinião, era a pátria de todos, e, por outro, a toda uma região histórica — agora desaparecida, onde, segundo o grande poeta de língua alemã, originário de famílias judaicas de Bucovina, Paul Celan, viviam pessoas e livros.»Álvaro GonçalvesInclui «Introdução cronológica à vida e obra de Joseph Roth», por Álvaro Gonçalves -
A História da 1002.ª Noite«Um mirabolante episódio da guerra dos sexos nascido da imaginação de um gigante da literatura mundial.» Günter Grass (prémio Nobel de Literatura) Estamos em finais do século xix e o todo-poderoso Xá da Pérsia decide visitar «terras exóticas» e na rota dos muitos países estranhos que visita com o seu séquito e o seu harém está a capital do império austro-hún?garo, Viena, nessa época, o centro da Europa culta. Num baile em sua honra, o Xá vislumbra a bela Condessa Heléne W., protótipo dos novos tempos, defensora dos direitos das mulheres e uma personalidade indomável. A decisão que é tomada nessa altura pelas autoridades diplomáticas vai alterar as vidas dos vários persona?gens envolvidos, tornando-se na ruína de uns e na fortuna de outros, numa imparável sequência de dominós em derrocada. «Este é o primeiro grande romance «total» de ideias da literatura euro?peia. Nele se discutem os direitos das mulheres e dos homens, os valores sociais, o peso dos direitos individuais face ao bem estar da sociedade, a relevância do sexo, o lugar do amor...» Klaus Grumbauer «Roth foi o mestre que moldou toda a literatura de expressão alemã moderna. Nenhum escritor hoje em dia, por mais que o negue, deixa de estar sob o seu feitiço.» Irmgard Keun -
A Marcha de RadetzkyA Marcha de Radetzky é, nas palavras do crítico Harold Bloom, «um dos romances mais soberbos, acutilantes e de leitura aliciante que a literatura alemã do século XX produziu», retrato ficcional inigualável do declínio de um império e de uma inteira civilização através da história privada de uma família. Filho de humildes camponeses eslovenos, o jovem tenente Joseph Trotta torna-se subitamente herói nacional ao salvar a vida do imperador Francisco José no campo de batalha de Solferino. Elevado ao grau de capitão e agraciado com o título de barão, Joseph inaugura, deste modo, a nobre linhagem da sua família, cuja origem obscura se perderá nos livros de História. A partir desse momento, o destino dos Von Trotta espelhará o do próprio Império: Franz, o seu filho, torna-se comissário distrital e meticuloso funcionário de uma administração cujo falhanço não consegue compreender, e o seu neto, Carl Joseph, à imagem do avô, segue relutantemente carreira na Cavalaria, perdendo-se numa vida de indolência e futilidade, demasiado fraco para se rebelar contra os padrões que a família lhe impôs. «Grande elegia da Áustria dos Habsburgos, A Marcha de Radetzky é, sem dúvida, o melhor romance de Joseph Roth.» J.M. Coetzee, Prémio Nobel de Literatura «A obra de Joseph Roth constitui, juntamente com a de Kafka e a de Robert Musil, o melhor contributo da literatura de língua alemã para a ficção do século XX.» The New Yorker Nova tradução do alemão por Paulo Osório de Castro. -
A Cripta dos CapuchinhosFranz Ferdinand leva os seus dias numa indolência despreocupada como tantos outros jovens abastados, vivendo maioritariamente de noite nos cafés, entre amigos e álcool, entregue aos caprichos cosmopolitas de uma opulenta Viena do início do século XX, capital do ainda Império Austro-Húngaro. Após a morte de seu pai, surge na sua vida Joseph Branco, um primo camponês de espírito nómada e livre, que fascina de imediato o jovem citadino. Com o eclodir da Primeira Guerra Mundial, no entanto, os anos felizes terminam abruptamente. Franz Ferdinand atravessará os horrores da guerra e as humilhações da derrota como uma testemunha silenciosa, antevendo no meio das ruínas o nascer de uma nova ordem social, mesquinha e cruel. Romance que retoma e conclui a história iniciada em A Marcha de Radetzky, e último livro que Joseph Roth publica em vida, A Cripta dos Capuchinhos é o relato evocativo e sentido de um mundo perdido, através dos olhos de um homem que luta por compreender qual o seu lugar numa sociedade em que se começam a sentir os primeiros ecos do barbarismo nazi. «É raro encontrar um realismo tão luminoso e uma clareza narrativa tão intrincadamente ligada a um temperamento poético.» — London Review of Books «Roth foi um mestre do quixotesco e da melancolia no século XX.» — Publishers Weekly
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A Revolução e o PRECO discurso oficial sobre o 25 de Abril de 1974 tem apresentado esta data como o momento fundador da democracia em Portugal. No entanto, a democracia apenas se pode considerar verdadeiramente instituída em 25 de Abril de 1976, com a entrada em vigor da actual Constituição. Até lá o país viveu sob tutela militar, que se caracterizou pela violação constante dos direitos fundamentais dos cidadãos, com prisões sem culpa formada, ausência de «habeas corpus», saneamento de funcionários, sequestro de empresários, e contestação de decisões judiciais. Em 1975, Portugal esteve à beira da guerra civil, o que só viria a ser travado em 25 de Novembro desse ano, uma data que hoje muitos se recusam a comemorar. Nesta obra pretendemos dar a conhecer o que efectivamente se passou nos dois anos que durou o processo revolucionário no nosso país, no intuito de contribuir para um verdadeiro debate sobre um período histórico muito próximo, mas que não é detalhadamente conhecido pelas gerações mais novas. -
As Causas do Atraso Português«Porque é Portugal hoje um país rico a nível mundial, mas pobre no contexto europeu? Quais são as causas e o contexto histórico do nosso atraso? Como chegámos aqui, e o que pode ser feito para melhorarmos a nossa situação? São estas as perguntas a que procuro responder neste livro. Quase todas as análises ao estado do país feitas na praça pública pecam por miopia: como desconhecem a profundidade histórica do atraso, fazem erros sistemáticos e anunciam diagnósticos inúteis, quando não prejudiciais. Quem discursa tem também frequentemente um marcado enviesamento político e não declara os seus conflitos de interesse. […] Na verdade, para refletirmos bem sobre presente e os futuros possíveis, temos de começar por compreender o nosso passado. Para que um futuro melhor seja possível, temos de considerar de forma ponderada os fatores que explicam – e os que não explicam – o atraso do país. Este livro tem esse objetivo.» -
História dos GatosNuma série de cartas dirigidas à incógnita marquesa de B**, F.-A. Paradis e Moncrif (o espirituoso favorito da sociedade parisiense) faz uma defesa apaixonada dos amáveis felinos, munindo-se para isso de uma extrema erudição.Este divertido compêndio de anedotas, retratos, fábulas e mitos em torno dos gatos mostra que o nosso fascínio por estes animais tão dóceis quanto esquivos é uma constante ao longo da história da civilização e que não há, por isso, razão para a desconfiança que sobre eles recaía desde a Idade Média. Ou haverá? -
A Indústria do HolocaustoNesta obra iconoclasta e polémica, Norman G. Finkelstein analisa a exploração da memória do holocausto nazi como arma ideológica, ao serviço de interesses políticos e económicos, pelas elites judaicas norte-americanas. A INDÚSTRIA DO HOLOCAUSTO (2000) traça a génese de uma imunidade que exime o Estado de Israel – um trunfo estratégico dos EUA depois da Guerra dos Seis Dias – de qualquer censura e lhe permite justificar expedientes ofensivos como legítima defesa. Este ensaio essencial sobre a instrumentalização e monopolização de uma tragédia – eclipsando outras vítimas do genocídio nazi – denuncia ainda a perturbadora questão do aproveitamento das compensações financeiras devidas aos sobreviventes. -
Revolução Inacabada - O que Não Mudou com o 25 de AbrilO que não mudou com o 25 de Abril? Apesar de todas as conquistas de cinco décadas de democracia, há características na sociedade portuguesa que se mantêm quase inalteradas. Este livro investiga duas delas: o elitismo na política e o machismo na justiça. O recrutamento para a classe política dirigente praticamente não abrange pessoas não licenciadas e com contacto com a pobreza, e quase não há mobilidade do poder local para o poder nacional. No sistema judicial, a entrada das mulheres na magistratura e a mudança para leis mais progressistas não alteraram um padrão de baixas condenações por crimes sexuais, cometidos sobretudo contra mulheres. Cruzando factos e testemunhos, este é o retrato de um Portugal onde a revolução pela igualdade está ainda inacabada. -
PaxNo seu auge, o Império Romano era o Estado mais rico e formidável que o mundo já tinha visto. Estendendo-se da Escócia à Arábia, geria os destinos de cerca de um quarto da humanidade.Começando no ano em que quatro Césares governaram sucessivamente o Império, e terminando cerca de sete décadas depois, com a morte de Adriano, Pax: Guerra e Paz na Idade de Ouro de Roma revela-nos a história deslumbrante de Roma no apogeu do seu poder.Tom Holland, reconhecido historiador e autor, apresenta um retrato vivo e entusiasmante dessa era de desenvolvimento: a Pax Romana - da destruição de Jerusalém e Pompeia, passando pela construção do Coliseu e da Muralha de Adriano e pelas conquistas de Trajano. E demonstra, ao mesmo tempo, como a paz romana foi fruto de uma violência militar sem precedentes. -
Antes do 25 de Abril: Era ProibidoJá imaginou viver num país onde:tem de possuir uma licença do Estado para usar um isqueiro?uma mulher, para viajar, precisa de autorização escrita do marido?as enfermeiras estão proibidas de casar?as saias das raparigas são medidas à entrada da escola, pois não se podem ver os joelhos?não pode ler o que lhe apetece, ouvir a música que quer, ou até dormitar num banco de jardim?Já nos esquecemos, mas, há 50 anos, feitos agora em Abril de 2024, tudo isto era proibido em Portugal. Tudo isto e muito mais, como dar um beijo na boca em público, um acto exibicionista atentatório da moral, punido com coima e cabeça rapada. E para os namorados que, num banco de jardim, não tivessem as mãozinhas onde deviam, havia as seguintes multas:1.º – Mão na mão: 2$502.º – Mão naquilo: 15$003.º – Aquilo na mão: 30$004.º – Aquilo naquilo: 50$005.º – Aquilo atrás daquilo: 100$006.º – Parágrafo único – Com a língua naquilo: 150$00 de multa, preso e fotografado. -
Baviera TropicalCom o final da Segunda Guerra Mundial, o médico nazi Josef Mengele, conhecido mundialmente pelas suas cruéis experiências e por enviar milhares de pessoas para câmaras de gás nos campos de concentração em Auschwitz, foi fugitivo durante 34 anos, metade dos quais foram passados no Brasil. Mengele escapou à justiça, aos serviços secretos israelitas e aos caçadores de nazis até à sua morte, em 1979 na Bertioga. Foi no Brasil que Mengele criou a sua Baviera Tropical, um lugar onde podia falar alemão, manter as suas crenças, os seus amigos e uma conexão com a sua terra natal. Tudo isto foi apenas possível com a ajuda de um pequeno círculo de europeus expatriados, dispostos a ajudá-lo até ao fim. Baviera Tropical assenta numa investigação jornalística sobre o período de 18 anos em que o médico nazi se escondeu no Brasil. A partir de documentos com informação inédita do arquivo dos serviços secretos israelitas – a Mossad – e de diversas entrevistas com protagonistas da história, nomeadamente ao comandante da caça a Mengele no Brasil e à sua professora, Bettina Anton reconstitui o percurso de Mengele no Brasil, onde foi capaz de criar uma nova vida no país sob uma nova identidade, até à sua morte, sem ser descoberto. E a grande questão do livro: de que forma um criminoso de tamanha dimensão e os seus colaboradores conseguiram passar impunes?