Abril e Outras Transições
Uma mistura entre livro de memórias e reflexão sobre o país e o mundo, Abril e Outras Transições marca o regresso de José Cutileiro ao mundo literário. No seu estilo inconfundível, o articulista decano do Expresso fala das suas origens e família, da sua juventude passada entre o Alentejo e Lisboa durante o Estado Novo, dos seus estudos em Oxford e da vida de escritor e de diplomata ao mais alto nível durante cerca de vinte anos.
| Editora | Dom Quixote |
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| Editora | Dom Quixote |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | José Cutileiro |
JOSÉ CUTILEIRO (1934-2020) nasceu em Évora. Estudou Antropologia Social em Oxford e ensinou-a em Londres. Diplomata de 1974 a 1994, em 1992 coordenou a Conferência Europeia sobre a ex-Jugoslávia presidida por Lord Carrington. De 1994 a 1999 foi secretário-geral da União da Europa Ocidental e de 2001 a 2004 professor no Institute for Advance Study, Princeton, New Jersey. Comentou relações internacionais nos programas Visão Global e O Estado do Sítio, ambos de Ricardo Alexandre, e escreveu semanalmente In Memoriam no jornal Expresso. Publicou inter alia dois livros de versos, uma monografia antropológica, um ensaio sobre o fim da Jugoslávia, crónicas sob o nome de A. B. Kotter e um livro de memórias.
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Bilhetes de Colares 1982-1998Numa das quatro crónicas que, em começos de 1997, e assinando José Cutileiro, escreveu para O Independente, lemos: «Vivo no estrangeiro. […] Na minha cabeça, Portugal tende a ser uma recordação fixa, como quem, viajando num túnel, imaginasse a paisagem exterior a partir da sua memória dela. Falta-me o embate constante como o que se passe e com o que os outros forem achando daquilo que se passe». Haveria, pois, aqui e ali, sobreposições do cronista Kotter com o antropólogo Cutileiro. Poderão ter sido os dois a afirmarem, num bilhete: «Há muito tempo que não faço excursões pela província.» E noutro: «Já não tenho idade nem saúde para calcorrear Portugal de lés a lés e, pelo que me dizem, talvez não o reconhecesse.» Parece admissível que os «Bilhetes» tenham cessado no quadro de uma remodelação no último semanário onde saíam. Mas eles já haviam sobrevivido a outras convulsões. Pode igualmente admitir-se que o cronista via, ao fim de 16 anos, satisfatoriamente consumada essa aventura que nunca cessara de espantar Freddy Kotter: a de uma intervenção regular, e visível, em prestigiados pódios de opinião. Sem a ilusão de influir, decerto, mas com não menos disposição de afrontar. Podemos ir mais longe, e supor que os «Bilhetes» serviram a divulgação — sob a adorável cifra de uma autoria estrangeira — de convicções e alvitres que o diplomata tinha de reservar aos gabinetes, quem sabe sob que mais elaborados códigos ainda. Álibi sofisticado, à falta de ser perfeito, os Bilhetes de Colares tiravam forças desta recusa de um mundo de palavras medidas que era, dia e noite, o de José Cutileiro. -
Abril e Outras TransiçõesUma mistura entre livro de memórias e reflexão sobre o país e o mundo, Abril e Outras Transições marca o regresso de José Cutileiro ao mundo literário. No seu estilo inconfundível, o articulista decano do Expresso fala das suas origens e família, da sua juventude passada entre o Alentejo e Lisboa durante o Estado Novo, dos seus estudos em Oxford e da vida de escritor e de diplomata ao mais alto nível durante cerca de vinte anos. -
InventárioColectânea de artigos de José Cutileiro, escritos entre 2014 até à actualidade, sobre assuntos tão diversos quanto a geopolítica, os amigos desaparecidos há muito, a poesia, os anos de estudo em Oxford, a diplomacia, a experiência de envelhecer e o 25 de Abril. Selecção de textos de Ricardo Soares de Oliveira e escolha de ilustrações por Vera Futscher Pereira. -
Podia Ter Sido Pior - Escritos 1953-2020As melhores crónicas do autor de cultoPodia Ter Sido Pior reúne os melhores trabalhos de José Cutileiro publicados na imprensa ao longo de 67 anos. Nesta antologia o leitor encontra uma selecção dos mais bem conseguidos Bilhetes de Colares, diversos obituários publicados originalmente na célebre coluna In Memoriam do jornal Expresso, alguns dos mais influentes textos de Antropologia, e comentários de política internacional muito actuais. Enriquecido com um prefácio de Marcelo Rebelo de Sousa e uma nota de Myriam Sochacki-Cutileiro, Podia Ter Sido Pior mostra a relevância, frescura e erudição de um dos cronistas mais bem sucedidos do Portugal contemporâneo. «José Cutileiro, que eu primeiro conheci quando estudava em Oxford, era verdadeiramente original. Um homem de grande cultura, sentia-se confortável nos mundos da diplomacia e das organizações internacionais. O fascínio que tinha pelos semelhantes humanos, suas culturas e interacções, e o talento para as maravilhosas observações incisivas, fizeram com que fosse muito eficaz na sua carreira, e um destacado intelectual.»Margaret Macmillan, historiadora canadiana e professora da Universidade de Oxford
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O Príncipe da Democracia - Uma Biografia de Francisco Lucas PiresNenhuma outra figura foi intelectualmente tão relevante para a afirmação da direita liberal em Portugal como Francisco Lucas Pires. Forjado numa família que reunia formação clássica e espírito de liberdade, tornou-se um constitucionalista inovador, um jurista criativo, um político de dimensão intelectual rara à escala nacional e europeia – e, acima de tudo, um cidadão inconformado com o destino de Portugal.Em O Príncipe da Democracia, Nuno Gonçalo Poças reconstitui o percurso e as ideias deste homem invulgar, cujo legado permanece em grande parte por cumprir, e passa em revista os seus sucessos e fracassos. O resultado é um livro que, graças à absoluta contemporaneidade do pensamento do biografado, nos ajuda a compreender as grandes questões que o país e a Europa continuam a enfrentar, mostrando-nos, ao mesmo tempo, uma elegância política difícil de conceber quando olhamos hoje à nossa volta.Mais do que um retrato elucidativo de Lucas Pires, que partiu precocemente aos 53 anos, este é um documento fundamental para responder aos desafios do futuro, numa altura em que o 25 de Abril completa meio século. -
A DesobedienteA dor e o abandono chegaram cedo à vida de Teresinha, a filha mais velha de um dos mais prestigiados médicos da capital e de uma mulher livre e corajosa, descendente dos marqueses de Alorna, que nas ruas e nos melhores salões de Lisboa rivalizava em encanto com Natália Correia. A menina que haveria de ser poetisa vê a morte de perto quando ainda mal sabe andar, sobrevive às depressões da mãe, chegando mesmo a comer uma carta para a proteger. É dura e injustamente castigada e as cicatrizes hão de ficar visíveis toda a vida, de tal modo que a infância e a adolescência de Maria Teresa Horta explicam quase todas as opções que tomou. Sobreviver ao difícil divórcio dos pais, duas figuras incomuns, com as quais estabeleceu relações impressionantes de tão complexas, foi apenas uma etapa.Mas quanto deste sofrimento a leva à descoberta da poesia? E quanto está na origem da voz ativista de uma jovem que há de ser uma d’As Três Marias, as autoras das famosas «Novas Cartas Portuguesas», e protagonistas do último caso de perseguição a escritores em Portugal, que recebeu apoio internacional de mulheres como Simone de Beauvoir e Marguerite Duras? A insubmissa, que se envolve por acaso com o PCP e mantém intensa atividade política no pré e no pós-25 de Abril; a poetisa, a mãe, a mulher que constrói um amor desmedido por Luís de Barros; a grande escritora a quem os prémios e condecorações chegaram já tarde (ainda que, em alguns casos, a tempo de serem recusados), entre outras facetas, é a Maria Teresa Horta que Patrícia Reis, romancista e biógrafa experimentada, soube escrever e dar a conhecer, nesta biografia, com a destreza e a sensibilidade que a distinguem. -
Emílio Rui VilarMemórias do país da ditadura e do alvor da democracia em Portugal. A vida de Emílio Rui Vilar atravessou as principais mudanças da segunda metade do século XX. Contado na primeira pessoa, um percurso fascinante pelo fim do regime de Salazar e Caetano e pela revolução de Abril.Transcrevendo entrevistas realizadas ao longo de vários meses, este livro recolhe o relato na primeira pessoa de uma trajetória que percorreu o início da contestação ao Estado Novo no meio universitário, a Guerra Colonial, a criação da SEDES, o fracasso da “primavera marcelista” e os primeiros anos do novo regime democrático saído do 25 de Abril, onde Emílio Rui Vilar desempenhou funções governativas nos primeiros três Governos Provisórios e no Primeiro Governo Constitucional. No ano em que se celebram cinco décadas de democracia em Portugal, este livro é um importante testemunho sobre dois regimes, sobre o fim de um e o nascimento de outro. -
Oriente PróximoCom a atual guerra em Gaza, este livro, Oriente Próximo ganhou uma premente atualidade. A autora, a maior especialista portuguesa sobre o assunto, aborda o problema não do ponto de vista geral, mas a partir da vida concreta das pessoas judeus, árabes e outras nacionalidades que habitam o território da Palestina. Daí decorre que o livro se torna de leitura fascinante, como quem lê um romance.Nunca se publicou nada em Portugal com tão grande qualidade. -
Savimbi - Um homem no Seu MartírioSavimbi foi alvo de uma longa e destrutiva campanha de propaganda, desinformação e acções encobertas de segurança com o objectivo de o desacreditar e isolar. Se não aceitasse o exílio ou a sujeição, como foi o objectivo falhado dessa campanha, o fim último era matá-lo, como aconteceu: premeditadamente! Para que a sua «morte em combate» não suscitasse empatia, foi como um chefe terrorista da laia de Bin Laden que a sua morte foi apresentada – artifício da propaganda que tirou partido da memória emocional recente dos atentados da Al Qaeda, na América. Julgado com honestidade, Savimbi nunca foi o «bandido» por que o fizeram passar. O manifesto apreço que personalidades de indiscutível clareza moral, como Mandela, tiveram por ele prova-o. O MPLA elegeu-o como adversário temido e quis apagá-lo do seu caminho! Não pelos crimes a que o associaram. O que o MPLA e o seu regime temiam eram as suas qualidades e carisma, a sua representatividade política e o prestígio externo que granjeara. Como outros grandes da História, Savimbi também tinha defeitos e cometia erros. Mas no deve e haver as suas qualidades eram preponderantes." -
Na Cabeça de MontenegroLuís Montenegro, o persistente.O cargo de líder parlamentar, no período da troika, deu-lhe o estatuto de herdeiro do passismo. Mas as relações com Passos Coelho arrefeceram e o legado que agora persegue é outro e mais antigo. Quem o conhece bem diz que Montenegro é um fiel intérprete da velha tradição do PPD, o partido dos baronatos do Norte. Recusou por três vezes ser governante e por duas vezes foi derrotado em autárquicas. Já fez e desfez alianças, esteve politicamente morto e ressuscitou. Depois de algumas falsas partidas chegou à liderança. Mas tudo tem um preço e é o próprio a admitir que se questiona com frequência: será que vale a pena? -
Na Cabeça de VenturaAndré Ventura, o fura-vidas.Esta é a história de uma espécie de Fausto português, que foi trocando aquilo em que acreditava por tudo o que satisfizesse a sua ambição. André Ventura foi um fura-vidas. A persona mediática que criou nasceu na CMTV como comentador de futebol. Na adolescência convertera-se ao catolicismo, a ponto de se tornar um fundamentalista religioso. Depois de ganhar visibilidade televisiva soube pô-la ao serviço da sua ambição de notoriedade. Passou pelo PSD e foi como candidato do PSD que descobriu que havia um mercado eleitoral populista e xenófobo à espera de alguém que viesse representá-lo em voz alta. Assim nasceu o Chega. -
Contra toda a Esperança - MemóriasO livro de memórias de Nadejda Mandelstam começa, ao jeito das narrativas épicas, in media res, com a frase: «Depois de dar uma bofetada a Aleksei Tolstói, O. M. regressou imediatamente a Moscovo.» Os 84 capítulos que se seguem são uma tentativa de responder a uma das perguntas mais pertinentes da história da literatura russa do século XX: por que razão foi preso Ossip Mandelstam na fatídica noite de 1 de Maio de 1934, pouco depois do seu regresso de Moscovo? O presente volume de memórias de Nadejda Mandelstam cobre, assim, um arco temporal que medeia entre a primeira detenção do marido e a sua morte, ou os rumores sobre ela, num campo de trânsito próximo de Vladivostok, algures no Inverno de 1938. Contra toda a Esperançaoferece um roteiro literário e biográfico dos últimos quatro anos de vida de um dos maiores poetas do século XX. Contudo, é mais do que uma narrativa memorialística ou biográfica, e a sua autora é mais do que a viúva mítica, que memorizou a obra proibida do poeta perseguido, conseguindo dessa forma preservar toda uma tradição literária. Na sua acusação devastadora ao sistema político soviético, a obra de Nadejda Mandelstam é apenas igualada por O Arquipélago Gulag. O seu método de composição singular, e a prosa desapaixonada com que a autora sonda o absurdo da existência humana, na esteira de Dostoievski ou de Platónov, fazem de Contra toda a Esperança uma das obras maiores da literatura russa do século XX.
