«Elaborado a partir de diversas edições disponíveis da poesia de Bocage - entre as quais avulta a de Inocêncio Francisco da Silva, Poesias de Manuel Maria Barbosa du Bocage, de 1853 -, este livro destina-se à divulgação da sua escrita erótica e amorosa, não tendo, portanto, quaisquer veleidades de representar uma panorâmica de uma obra muito vasta, que ultrapassa o tema desta antologia.
O critério utilizado para a selecção dos poemas obedeceu ao desejo de incluir os que me parecessem mais significativos não apenas no domínio geralmente considerado como erótico ou mesmo pornográfico, mas também no campo amoroso em geral - já que o erotismo do autor se exprime igualmente através de facetas menos obscenas, ou seja, mais enquadráveis num lirismo tradicional, por vezes de conotações depressivas (por exemplo quando aborda o ciúme).
Começando por duas sequências de sonetos - a primeira relacionada com o amor, a segunda mais declaradamente erótica, por vezes de tom satírico - , a presente antologia inclui ainda três canções ("O Ciúme", "O Desengano" e "O Delírio Amoroso"), uma "Arte de Amar", três poemas pornográficos ("A Manteigui", "Ribeirada" e "A Empresa Nocturna"), as "Cartas de Olinda a Alzira", duas cantatas ("À Morte de Inês de Castro" e "À Morte de Leandro e Hero") e a "Epístola a Marília".» Fernando Pinto do Amaral
Uma visão da poesia erótica e amorosa do famoso poeta do século XVIII português.«Elaborado a partir de diversas edições disponíveis da poesia de Bocage – entre as quais avulta a de Inocêncio Francisco da Silva, Poesias de Manuel Maria Barbosa du Bocage, de 1853 –, este livro destina-se à divulgação da sua escrita erótica e amorosa, não tendo, portanto, quaisquer veleidades de representar uma panorâmica de uma obra muito vasta, que ultrapassa o tema desta antologia.O critério utilizado para a selecção dos poemas obedeceu ao desejo de incluir os que me parecessem mais significativos não apenas no domínio geralmente considerado como erótico ou mesmo pornográfico, mas também no campo amoroso em geral – já que o erotismo do autor se exprime igualmente através de facetas menos obscenas, ou seja, mais enquadráveis num lirismo tradicional, por vezes de conotações depressivas (por exemplo quando aborda o ciúme). Começando por duas sequências de sonetos – a primeira relacionada com o amor, a segunda mais declaradamente erótica, por vezes de tom satírico – , a presente antologia inclui ainda três canções (“O Ciúme”, “O Desengano” e “O Delírio Amoroso”), uma “Arte de Amar”, três poemas pornográficos (“A Manteigui”, “Ribeirada” e “A Empresa Nocturna”), as “Cartas de Olinda a Alzira”, duas cantatas (“À Morte de Inês de Castro” e “À Morte de Leandro e Hero”) e a “Epístola a Marília”.»Fernando Pinto do Amaral
A versatilidade de Bocage é inequívoca: cultivou, com efeito, quase todos os géneros poéticos da época, é disso exemplo o primeiro volume editado pela Imprensa Nacional da nova coleção «Obras Completas de Bocage».Com organização, fixação do texto e notas de Daniel Pires, este primeiro volume encontra-se divido em dois tomos que abarcam a maior parte da sua poesia. Esta edição é acompanhada por um estudo introdutório tido como indispensável para uma melhor compreensão da dimensão do homem, da obra e do seu contexto.
«Bocage foi um tradutor de mérito, atributo que, até ao presente, não teve o reconhecimento por parte da maioria dos seus biógrafos e de outros ensaístas. Conhecia profundamente a cultura francesa e a civilização greco-latina, a sua história, literatura e mitologia; assimilou a lição dos quinhentistas portugueses, facto que lhe facultou o domínio abrangente do idioma pátrio; acresce, por outro lado, o seu génio poético. A conjugação destes atributos permitiu-lhe, apoderando-se do espírito dos autores originais, verter para português com fidelidade, mestria e verve poética.»Daniel Pires in "Prefácio"Esta edição, com organização e notas de Daniel Pires, apresenta traduções de autores greco-latinos, franceses, italianos e de um britânico, prevalecendo os escritores clássicos e os franceses.
«Urge inverter a imagem que perdura junto de setores da população menos informados: o Bocage chocarreiro, protagonista de anedotas boçais, fura-vidas, promíscuo e pornográfico. Em oposição a esta caricatura, damos ênfase ao poeta genial, ao tradutor rigoroso, ao paradigma cívico, ao cidadão que marcou múltiplas gerações de portugueses, influenciadas pela sua irreverência, frontalidade, demanda de liberdade, humor corrosivo e pela assunção inequívoca do corpo.»Esta edição, com organização e notas de Daniel Pires, reúne as composições de caráter erótico, burlesco e satírico de Bocage, as de autoria duvidosa e também as indevidamente atribuídas a Bocage, acompanhadas por estudo introdutório tido como indispensável para uma melhor compreensão da dimensão do homem, da obra e do seu contexto.
"É bem conhecido o carácter irreverente de Bocage. Com efeito, da sua pena contundente saíram sátiras impiedosas, críticas ao modelo de sociedade, ao governo, aos poderosos de uma maneira geral. O novo--riquismo, a mediocridade, as convenções sociais, o clero, os médicos, os avarentos e os literatos, entre outros, também foram objecto da sua observação rigorosa e da sua crítica corrosiva." Este livro é um repositório de todas as anedotas, epigramas, pensa-mentos e improvisos que lhe são atribuídos.
Magro, de olhos azuis, carão moreno,bem servido de pés, meão na altura.triste de facha, o mesmo de figura,nariz alto no meio e não pequeno:incapaz de assistir num só terreno,mais propenso ao furor que à ternura,bebendo em níveis mãos por taça escurade zelos infernais, letal veneno:devoto incensador de mil deidades(digo moças mil) num só momentoinimigo de hipócrates e frades:eis Bocage, em quem luz algum talento:saírem dele mesmo estas verdadesnum dia em que se achou cagando ao vento.
Treze poemas em cada livro, treze poemas como treze luas, como os treze poemas do calendário lunar. A lua, esse ser cambiante que muda a sua face de espelho circular. Senhora das marés, astro da fecundidade. Ritmos lunares para dar medida ao tempo, ao tempo poético.
Este livro convida-o a ler um poema por dia, ou por semana, ou mês lunar. Depois, pode deixá-lo a repousar numa estante, aberto na ilustração que quiser, que é, nem mais nem menos, a leitura que André da Loba fez das palavras do poeta, para deleite dos nossos olhos e do nosso olhar mais pessoal.