Pensadores incontornáveis como António Guerreiro, Delfim Sardo, Maria Filomena Molder, Pedro Lapa ou Rosa Maria Martelo, entre outros, reúnem-se em Arte, Crítica, Política para reflectir sobre crítica da arte, num volume organizado pelo filósofo e investigador Nuno Crespo. Se é certo que tudo é belo, como defendia Andy Warhol, e à morte do autor teorizada por Barthes se podem suceder várias mortes anunciadas, muitas outras questões são levantadas por estes investigadores, curadores, críticos e académicos: que papel tem a arte na sociedade? Como se ensina nas escolas? Quem a deixa entrar nos museus e quem a utiliza como instrumento de poder? Que arte se escolhe e se acolhe, como se escapa ou destaca? Em última análise, como se pode olhar a arte de fora e ainda assim julgá-la? Ou como é que se poderia deixar de o fazer?
Nuno Crespo é do Mestrado em Economia da Empresa e da Concorrência. Doutorado em Economia e mestre em Economia Internacional. Foi vice-reitor do Iscte.
Num dos seus cadernos de notas Wittgenstein escreveu: «Penso ter resumido a minha atitude relativamente
à filosofia quando disse: a filosofia só deveria poder ser poesia». E uns anos mais tarde acrescentou:
«A estranha semelhança entre uma investigação filosófica (talvez especialmente na matemática) e uma investigação
estética».
Estas afirmações não significam a fusão da filosofia com a poesia ou com a estética, mas sim tomar a poesia
como matriz e método filosóficos. Uma proximidade assente em três aspectos fundamentais: a filosofia,
como a poesia, implica um modo de composição, uma disciplina da observação e da atenção e uma forma
de leitura. Não se trata de transformar o filósofo num poeta, mas faz o filósofo partilhar com o poeta uma
relação de tensão relativamente à linguagem, ao modo como se observa o mundo, os outros e a si próprio e,
depois, omodo como torna o que vê, compreende e experimenta, acessível, representável e público.
Nuno Crespo nasceu em Lisboa em 1975, cidade onde vive e trabalha. É professor universitário, investigador
e crítico de arte. Assinou a curadoria de diversas exposições de arte contemporânea e arquitectura
e é autor de ensaios sobre arte e arquitectura. A sua actividade de investigação dedica-se ao cruzamento
entre filosofia, arte e arquitectura.
Este livro é um guia para o universo denso, complexo
e ramificado que é o riso. Não é o mapa de um
terreno seguro, mas um conjunto de aproximações
às coisas que fazem rir e aos diferentes modos
como o homem se tem rido.
Nos ensaios reunidos em «Acerca do riso», autores
que vão da literatura ao cinema, da arte à filosofia
escrevem sobre o riso e sobre o modo como ele
forma uma espécie de lugar privilegiado da humanidade.
E porque o riso não é uma abstração, ele tem
nomes e modalidades específicos. Por isso, a completar
e a prolongar as abordagens dos ensaios,
conferindo corpo e cara ao riso, mais de sessenta
figuras encerram este Prontuário.
Álbum com centenas de imagens e pequenos ensaios sobre o humor, a comédia, o riso e o sorriso, desde as «sitcom» até às maiores provocações artísticas. Publicado no âmbito da grande exposição temática «Riso. Uma Exposição a Sério».
Textos de Joana Simões Henriques, João Pinharanda, José Machado, José Manuel dos Santos, Pedro Faro, Nuno Artur Silva e Nuno Crespo.
Coordenação de Nuno Crespo.
O que é rir? O que mostra e o que esconde o riso? E o que nos diz o riso de quem ri, daquilo de que ri, do tempo em que ri e do modo como ri? O que há de comum entre uma cara de palhaço, o sorriso da Gioconda, uma anedota de café, um enredo de comédia, um boneco das Caldas, uma «blague» de salão, o D. Quixote de la Mancha, o «Contra-Informação», um urinol a que um artista chamou obra de arte, uma peixeirada num restaurante, uma piada da revista à portuguesa, um diálogo de um filme de Woody Allen, um «cartoon» de jornal, o riso repetitivo de um louco, uma «sitcom» da televisão?
Destas perguntas (e de outras) se faz este livro, mapa de um território sem mapa. Percorrer os seus possíveis e improváveis caminhos é andar e parar, achar e perder, lembrar e descobrir, ver e viver, rir e pensar.
A ambição é contribuir para a construção da memória dos diferentes momentos e contextos artísticos, isto é, que, no seu conjunto, estes textos ajudem a perceber aquilo que foi, em linhas gerais e incompletas, a recepção provocada pelo trabalho de um conjunto de artistas e, assim, contribuir para uma história da recepção da arte portuguesa contemporânea nos primeiros 20 anos do século XXI.
Os textos que se seguem são todos de ocasião: responderam a momentos expositivos e disseram sempre respeito a escolhas pessoais. A estas duas circunstâncias junta-se o constrangimento (mas também a sorte) de quase todos terem sido escritos para o jornal Público, sujeitos, por isso, à disponibilidade de espaço de um jornal que, apesar da forte presença de conteúdos culturais, é generalista.
Desta forma, este livro não é só sobre presenças, mas também sobre ausências: faltam artistas, exposições e obras, fundamentais não só no contexto da arte portuguesa contemporânea, mas também na maneira como são referências, ainda que invisíveis e discretas, no modo de ver e entender muitas das exposições aqui presentes. Nem sempre um crítico de arte escreve sobre o que quer, sobre quem quer e quando quer. Há artistas sobre os quais escrevi muito e outros sobre os quais gostaria de ter escrito e ainda não o fiz.
[…]
A crítica de arte não é uma disciplina, mas — tanto quanto consigo entender — uma prática que exige um treino contínuo do olhar através do exercício quotidiano de ver exposições, de ensaiar possibilidades para fazer face a existências singulares, dinâmicas e instáveis — a que por conveniência se chamam obras de arte — e tentar encontrar as palavras certas — que sabemos serem sempre provisórias — para fazer face à opacidade, ao atrito e à resistência que constituem a vida da arte.
[Nuno Crespo]