As Cinco Estações
Escreve António Carlos Carvalho na nota inicial a este livro: "Esquecemo-nos muitas vezes, ou até ignoramos, que os dois povos mais antigos são os chineses e os judeus e que as duas sabedorias têm pontos em comum — por exemplo, a importância excepcional atribuída aos números, ao espírito dos números. Para a China há cinco estações, assim como há cinco montanhas sagradas, cinco cores, cinco sabores, cinco tipos de relações sociais, cinco direcções do espaço (o centro é a quinta direcção), cinco elementos, cinco traços do pincel, etc. Obsessão pelo cinco? Não, alegorias numéricas, bem presentes na Cidade Proibida ou no Templo do Céu, em Pequim. Os algarismos não têm valor de número, mas sim de emblema do conjunto que caracterizam. O cinco representa a organização, preside às mutações. É a marca da renovação. É o emblema da posição central, do centro vazio, do meio justo. [...] Serviu também para se poder falar do futuro Quinto Império (como Pessoa bem sabia). Mas, para entendermos tudo isto, temos de nos tentar afastar do Reino da Quantidade."
Pela via da poesia, mostra-nos esta obra de Risoleta C. Pinto Pedro muito acerca da importância do número, do símbolo e do arquétipo no domínio da natureza e na vida do homem, mas também os nomes e alguns reveladores mistérios dos períodos do ano, e de como o tempo da natureza deve ser o “relógio” com que a alma humana deve acertar os ritmos dos dias da vida e dos anos da alma, olhos postos no horizonte, mais vasto, do Céu e do Espírito maior, que tudo ordena.
| Editora | Edições Sem Nome |
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| Coleção | Ouro Potável |
| Categorias | |
| Editora | Edições Sem Nome |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Risoleta C. Pinto Pedro |
Risoleta C. Pinto Pedro nasceu em S. Vicente e Ventosa, Elvas. Tem escrito romance, novela, conto, poesia, teatro, crónica periodística e radiofónica (Antena 2) , ensaio, cantata, ópera, musical, canção (libretos para os compositores Jorge Salgueiro e Paulo Brandão), alguns posteriormente editados em BD e CD.
Excluindo parcerias e colectâneas ou revistas, tem, a título individual, com o presente livro, vinte e três publicações, sendo as mais recentes: 'Cantarolares com Sabor Azul', 'Ávida Vida' (poesia) e 'A Vontade de Alão' (ficção), pelas Edições Sem Nome; 'A Literatura de Agostinho da Silva, essa Alegre Inquietação' e 'António Telmo, Literatura e Iniciação' (ensaios), pela Zéfiro.
Prémios: poesia pela SLP; na narrativa: 'A Criança Suspensa', Prémio Ferreira de Castro; e 'O Aniversário', Prémio Revelação APE.
Colabora com crónicas regulares que já contam muitas centenas, em vários periódicos em papel e electrónicos do norte, centro e sul, e ainda num Jornal das Comunidades de Língua Portuguesa sediado em Bruxelas.
Prepara, em parceria, a biografia do filósofo António Telmo, a cujo projecto de divulgação se encontra ligada.
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António Telmo - Literatura e Iniciação - Esboços para uma Cartografia sobre Pedra Cúbica«Thomé Nathanael é o nome daquele antiquário de Estremoz que alguns dos leitores dos meus livros chegaram a pensar que existia realmente com loja porta numa das ruas daquela cidade. Existe, mas não desse modo. Se não existisse, como seria possível falar dele? Eu tirei-o das letras do meu nome e pu-lo a ser como se fosse a essência da minha alma, o amigo um dia anunciado da minha essência.»António Telmo, in Congeminações de um Neopitagórico (citado no livro)«António Telmo actua simbólica e operativamente sobre a matéria, o olhar é sempre iniciático e profundo, mesmo quando o tema é o futebol. Mas também o tapete das lojas, que se transforma na forma rectangular do tapete que é Portugal e sua função sagrada no mundo. É admirável a forma elegante e arrojada como salta do pequeno para o grande, do quotidiano para o mistério, do profano para o sagrado, da infância para a idade actual, de casa para o país e deste para o mundo, e deste mundo para outros mundos. Sem perder o pé, porque é sobre este tapete grávido de terra, de alma e de símbolo, que se equilibra, ligando o espírito ou "génio" que criou Portugal a um percurso iniciático que vê e demonstra como se manifesta.» Risoleta C. Pinto Pedro, in "Câmara de Reflexão" (do livro) -
Kronos InVersusPoucos, se não mesmo raros, são hoje os poetas cuja utilização da forma soneto não seja manifesta apenas na mera apresentação gráfica de peças com os costumeiros catorze versos. Fica por aí o… soneto. Não assim a autora deste livro. A tal não será porventura alheio a sua formação musical, com um apurado sentido do ritmo e da medida. Porém, sem o ouvido interno e uma altamente disciplinada capacitação do aparato formal e técnico, não nos daria Risoleta C. Pinto Pedro neste livro linhas como as do soneto oitavo desta colheita:Hoje busco com olhar de gritoImpaciente, entre o povo aflito, A barca salvadora que nos erga,Mas que meu pequeno mundo não enxerga.Importante é chegar ao céu serenoQue debaixo dos pés em breve acenoMe cativa, me atrai, me desarvora.E capturo em azul quem me devora.De aliança é a ditosa arca,No coração me pousa e em mim embarcaO que teme sem saber do mal o odor. Me compete e enfim a missão cumpro,De resgatar o infinito assombroCom que a Nave passou o Bojador.
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Tal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
TisanasReedição das Tisanas de Ana Hatherly, poemas em prosa que ocuparam grande parte da vida da poeta e artista. -
NocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
AlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira