Túlio é um jovem pobre, de descendência alemã, que vive numa pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul. Com a literatura na alma e as palavras incrustadas em seu ser, escreve e conta a sua história. Da deliciosa infância, inspirada pelas histórias do avô, Túlio transpassa a adolescência e lembra seus dramas, medos, amores, sonhos, desilusões. Mas a vida de Túlio fica mais difícil mesmo quando se apaixona por Rosana, moça rica e com um pai controlador.
Um livro que desvenda o processo criativo da escrita e orienta o leitor sobre como realizar o seu sonho de se tornar escritor. Muitos buscam ensinar como escrever, mas dentre eles, poucos os que realmente alcançaram, na prática, êxito literário. Escritor consagrado, publicado também na França e em Portugal e ganhador de diversos prêmios (inclusive dois Jabutis), Charles Kiefer, nesta obra, repete na escrita a forma de atuação do escritor-professor em sala de aula. As variadas facetas do processo criativo, os mecanismos de funcionamento do sistema literário e os problemas éticos e sociais da vida autoral são discutidos com rigor e ternura.Ver por dentro:
A história é sempre a mesma. A personagem principal é uma criança entre os cinco e os quinze anos, só e orgulhosa, só e inconformada com a sua solidão, sempre sozinha. (...) À sua volta, há outras crianças e alguns adultos com defeitos e feitios às vezes cómicos, às vezes tão tristes que dão vontade de rir. O tempo é curto e o espaço limitado (...). A criança faz as coisas banais de uma vida infantil e banal: não faz nada. No fim da história, nada parece ter mudado, mas arrastaram-se móveis pesados, limparam-se os cantos à história de sempre (...). É preciso abrir a janela, arejar esta casa.Ver por dentro:
O João subiu para a bicicleta, que rangeu aflitivamente. Às primeiras pedaladas, ela respondeu com estalidos, como os ossos de um velho que se levanta de uma cadeira, mas pouco depois já rolava pela estrada abaixo. Ele pedalou com mais força e atravessou o ar morno da manhã. Sentia não sabia o quê que o empurrava para diante. Cheirava-lhe não sabia a quê, sabia-lhe não sabia a quê. E esse "não sei quê" era a liberdade. Estava dentro dele e à volta dele, por todo o lado. Também ele era um rapaz numa bicicleta azul e também ele levava a flor da liberdade numa manhã de Abril. Com ela, podia ir até onde quisesse. Por isso, pedalou ainda com mais força e avançou a sorrir na direcção do Sol.Ver por dentro: