Desigualdades Sociais: Os Modelos de Desenvolvimento e as Politicas Públicas em Questão
A verdade é que, sobre este fundo de crescimento económico e de melhoria de condições de vida, não deixaram de se desenhar, à escala mundial e em cada espaço nacional, acentuadas assimetrias económicas e sociais. Mesmo nas economias ditas desenvolvidas, a questão social nunca deixou de marcar, ao longo desses cem anos, quer o quotidiano e os projectos de emancipação dos grupos mais desfavorecidos, quer o horizonte de preocupações dos responsáveis políticos. E se isso contribuiu para consolidar um corpo de políticas e instituições voltadas para melhorar os níveis de protecção e alargar o âmbito de direitos sociais das populações, a verdade é que as desigualdades (expressas em termos de amplitude dos leques salariais, de oportunidades de acesso à propriedade e ao crédito, aos cuidados de saúde, à habitação, à instrução e à cultura e às próprias condições de participação política efectiva) estão longe de se desvanecer, com isso se perpetuando níveis surpreendentemente elevados de pobreza, de iliteracia e de retracção e exclusão social e cívica.
| Editora | Caleidoscópio |
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| Editora | Caleidoscópio |
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| Autores | José Madureira Pinto |
Nasceu em S. João da Madeira (1946); licenciou-se em Economia na Faculdade de Economia do Porto (FEP) em 1968; foi membro do Gabinete de Investigações Sociais (GIS) e Assistente do Instituto Superior de Economia (ISE) e do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) (Lisboa, 1971-1974); doutorou-se em Sociologia no ISCTE em 1983, com uma dissertação sobre «Estruturas Sociais e Práticas Simbólico-Ideológicas nos Campos»; foi docente e membro do Grupo de Ciências Sociais da FEP (1974-2008) e, temporariamente, docente do Curso de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto; obteve Agregação em Ciências Sociais na FEP em 1992, onde permaneceu como Professor Catedrático até à Aposentação, em 2008. Presidiu à Associação Portuguesa de Sociologia no período 1990-1994. Coordenou a Área de Sociologia na Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT) (1993-1996). Foi Consultor do Presidente Jorge Sampaio para as Questões de «Economia, Desenvolvimento e Sociedade» (1996-2005).
É Investigador do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto desde 2004.
Dirigiu a revista Cadernos de Ciências Sociais, publicada por Edições Afrontamento.
Coordenou investigações sobre «Trabalho e Trabalhadores na Construção Civil» (JNICT), «Desqualificação e Integração Social na Indústria da Construção» (FCT) e «Mudanças Sociais numa Coletividade Local do Noroeste Português» (FCT).
Publicou vários livros com chancela da Editorial Presença e das Edições Afrontamento.
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Ir e Voltar - Sociologia de uma Colectividade Local do Noroeste Português (1977-2007)Este é o primeiro de dois volumes em que se reúnem os resultados de uma investigação sociológica sobre Fonte Arcada (Penafiel), realizada entre 2005 e 2008. Tal colectividade havia sido, há sensivelmente três décadas, objecto de um estudo com intenção e enquadramento semelhantes aos que enformaram a pesquisa agora levada a cabo, pelo que o trabalho que aqui se apresenta tem algumas características da chamada revisitação etnográfica. O facto de os dois responsáveis da primeira incursão a Fonte Arcada integrarem a equipa que se encarregou da nova pesquisa sobre a colectividade não deixa, contudo, de conferir a esta revisitação uma certa originalidade. O presente volume ocupa-se da fundamentação das grandes linhas da estratégia metodológica adoptada no estudo, bem como, numa segunda parte, da problematização e análise empírica de algumas das transformações sociais que se foram desenhando durante as últimas décadas na região, com destaque para as dinâmicas produtivas, os processos migratórios e de urbanização e a relação das populações com a escola. -
John Kenneth Galbraith e o Campo da Economia Norte-Americana - Esboço de Análise SociológicaEste livro apresenta os resultados de um estudo, realizado na perspetiva da sociologia da ciência, sobre a obra e o trajeto académico-profissional do economista John Kenneth Galbraith. Autor, entre outros trabalhos, de American Capitalism (1952), The Affluent Society (1958), The New Industrial State (1967) e Economics and the Public Purpose (1973), quatro livros que, quando foram publicados, suscitaram muito interesse e forte polémica dentro e fora do universo dos economistas, JOHN KENNETH GALBRAITH DISTINGUIU-SE PELAS CRÍTICAS COM QUE FUSTIGOU A ECONOMIA DE TRADIÇÃO CLÁSSICA E A «SABEDORIA CONVENCIONAL» A ELA ASSOCIADA, BEM COMO PELAS ORIGINAIS PROPOSTAS DE CARACTERIZAÇÃO DAS SOCIEDADES DE CAPITALISMO INDUSTRIAL AVANÇADO QUE FORMULOU.Destacam-se, neste âmbito, as considerações que desenvolveu sobre riscos ambientais associados ao crescimento económico, sobre o desequilíbrio entre provisão privada e provisão pública de bens e serviços instalado nas economias contemporâneas, sobre a dependência face às exigências do complexo militar-industrial a que o capitalismo terá progressivamente cedido, sobre a tendência do pensamento dominante para desvalorizar ou elidir a contribuição das mulheres no processo de desenvolvimento, sobre, enfim, as nefastas consequências sociais induzidas pela reprodução de fortes desigualdades na distribuição de rendimentos.TENDO MUITAS DAS INTERPRETAÇÕES E PROPOSTAS POLÍTICAS ELABORADAS POR GALBRAITH NAS REFERIDAS OBRAS DEIXADO DE SUSCITAR, NAS DÉCADAS POSTERIORES À SUA PUBLICAÇÃO, O INTERESSE ANTES ALCANÇADO (um facto que, por sua vez, será imputável quer à mudança de rumo assumida, entretanto, pelo corpo de ideias económicas dominante, quer ao tipo de relacionamento que o economista foi mantendo com a esfera política e outras instâncias não-académicas), a verdade é que ELAS READQUIREM, NOS TEMPOS QUE CORREM, NOTÓRIA PERTINÊNCIA. Para tentar restituir a especificidade do pensamento galbraithiano e o lugar que este foi ocupando no campo da Economia, deu-se atenção, ao longo do livro, às origens familiares, ao percurso escolar e a outros elementos biográficos que terão estado na génese dos conceitos e disposições crítico-reflexivas interiorizados por John Kenneth Galbraith no início da carreira; mas foram tidas igualmente em conta a estrutura, as grandes tendências de desenvolvimento e as conjunturas críticas de múltiplos sistemas de relações intelectuais, institucionais e sociais que, ao longo do passado século, intervieram (tantas vezes sob a forma de lutas entre posições instituídas, insurgentes, dominadas ou tão só emergentes) na configuração dos mundos académico, profissional e político com que Galbraith se cruzou.
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A Revolução e o PRECO discurso oficial sobre o 25 de Abril de 1974 tem apresentado esta data como o momento fundador da democracia em Portugal. No entanto, a democracia apenas se pode considerar verdadeiramente instituída em 25 de Abril de 1976, com a entrada em vigor da actual Constituição. Até lá o país viveu sob tutela militar, que se caracterizou pela violação constante dos direitos fundamentais dos cidadãos, com prisões sem culpa formada, ausência de «habeas corpus», saneamento de funcionários, sequestro de empresários, e contestação de decisões judiciais. Em 1975, Portugal esteve à beira da guerra civil, o que só viria a ser travado em 25 de Novembro desse ano, uma data que hoje muitos se recusam a comemorar. Nesta obra pretendemos dar a conhecer o que efectivamente se passou nos dois anos que durou o processo revolucionário no nosso país, no intuito de contribuir para um verdadeiro debate sobre um período histórico muito próximo, mas que não é detalhadamente conhecido pelas gerações mais novas. -
As Causas do Atraso Português«Porque é Portugal hoje um país rico a nível mundial, mas pobre no contexto europeu? Quais são as causas e o contexto histórico do nosso atraso? Como chegámos aqui, e o que pode ser feito para melhorarmos a nossa situação? São estas as perguntas a que procuro responder neste livro. Quase todas as análises ao estado do país feitas na praça pública pecam por miopia: como desconhecem a profundidade histórica do atraso, fazem erros sistemáticos e anunciam diagnósticos inúteis, quando não prejudiciais. Quem discursa tem também frequentemente um marcado enviesamento político e não declara os seus conflitos de interesse. […] Na verdade, para refletirmos bem sobre presente e os futuros possíveis, temos de começar por compreender o nosso passado. Para que um futuro melhor seja possível, temos de considerar de forma ponderada os fatores que explicam – e os que não explicam – o atraso do país. Este livro tem esse objetivo.» -
História dos GatosNuma série de cartas dirigidas à incógnita marquesa de B**, F.-A. Paradis e Moncrif (o espirituoso favorito da sociedade parisiense) faz uma defesa apaixonada dos amáveis felinos, munindo-se para isso de uma extrema erudição.Este divertido compêndio de anedotas, retratos, fábulas e mitos em torno dos gatos mostra que o nosso fascínio por estes animais tão dóceis quanto esquivos é uma constante ao longo da história da civilização e que não há, por isso, razão para a desconfiança que sobre eles recaía desde a Idade Média. Ou haverá? -
A Indústria do HolocaustoNesta obra iconoclasta e polémica, Norman G. Finkelstein analisa a exploração da memória do holocausto nazi como arma ideológica, ao serviço de interesses políticos e económicos, pelas elites judaicas norte-americanas. A INDÚSTRIA DO HOLOCAUSTO (2000) traça a génese de uma imunidade que exime o Estado de Israel – um trunfo estratégico dos EUA depois da Guerra dos Seis Dias – de qualquer censura e lhe permite justificar expedientes ofensivos como legítima defesa. Este ensaio essencial sobre a instrumentalização e monopolização de uma tragédia – eclipsando outras vítimas do genocídio nazi – denuncia ainda a perturbadora questão do aproveitamento das compensações financeiras devidas aos sobreviventes. -
Revolução Inacabada - O que Não Mudou com o 25 de AbrilO que não mudou com o 25 de Abril? Apesar de todas as conquistas de cinco décadas de democracia, há características na sociedade portuguesa que se mantêm quase inalteradas. Este livro investiga duas delas: o elitismo na política e o machismo na justiça. O recrutamento para a classe política dirigente praticamente não abrange pessoas não licenciadas e com contacto com a pobreza, e quase não há mobilidade do poder local para o poder nacional. No sistema judicial, a entrada das mulheres na magistratura e a mudança para leis mais progressistas não alteraram um padrão de baixas condenações por crimes sexuais, cometidos sobretudo contra mulheres. Cruzando factos e testemunhos, este é o retrato de um Portugal onde a revolução pela igualdade está ainda inacabada. -
PaxNo seu auge, o Império Romano era o Estado mais rico e formidável que o mundo já tinha visto. Estendendo-se da Escócia à Arábia, geria os destinos de cerca de um quarto da humanidade.Começando no ano em que quatro Césares governaram sucessivamente o Império, e terminando cerca de sete décadas depois, com a morte de Adriano, Pax: Guerra e Paz na Idade de Ouro de Roma revela-nos a história deslumbrante de Roma no apogeu do seu poder.Tom Holland, reconhecido historiador e autor, apresenta um retrato vivo e entusiasmante dessa era de desenvolvimento: a Pax Romana - da destruição de Jerusalém e Pompeia, passando pela construção do Coliseu e da Muralha de Adriano e pelas conquistas de Trajano. E demonstra, ao mesmo tempo, como a paz romana foi fruto de uma violência militar sem precedentes. -
Antes do 25 de Abril: Era ProibidoJá imaginou viver num país onde:tem de possuir uma licença do Estado para usar um isqueiro?uma mulher, para viajar, precisa de autorização escrita do marido?as enfermeiras estão proibidas de casar?as saias das raparigas são medidas à entrada da escola, pois não se podem ver os joelhos?não pode ler o que lhe apetece, ouvir a música que quer, ou até dormitar num banco de jardim?Já nos esquecemos, mas, há 50 anos, feitos agora em Abril de 2024, tudo isto era proibido em Portugal. Tudo isto e muito mais, como dar um beijo na boca em público, um acto exibicionista atentatório da moral, punido com coima e cabeça rapada. E para os namorados que, num banco de jardim, não tivessem as mãozinhas onde deviam, havia as seguintes multas:1.º – Mão na mão: 2$502.º – Mão naquilo: 15$003.º – Aquilo na mão: 30$004.º – Aquilo naquilo: 50$005.º – Aquilo atrás daquilo: 100$006.º – Parágrafo único – Com a língua naquilo: 150$00 de multa, preso e fotografado. -
Baviera TropicalCom o final da Segunda Guerra Mundial, o médico nazi Josef Mengele, conhecido mundialmente pelas suas cruéis experiências e por enviar milhares de pessoas para câmaras de gás nos campos de concentração em Auschwitz, foi fugitivo durante 34 anos, metade dos quais foram passados no Brasil. Mengele escapou à justiça, aos serviços secretos israelitas e aos caçadores de nazis até à sua morte, em 1979 na Bertioga. Foi no Brasil que Mengele criou a sua Baviera Tropical, um lugar onde podia falar alemão, manter as suas crenças, os seus amigos e uma conexão com a sua terra natal. Tudo isto foi apenas possível com a ajuda de um pequeno círculo de europeus expatriados, dispostos a ajudá-lo até ao fim. Baviera Tropical assenta numa investigação jornalística sobre o período de 18 anos em que o médico nazi se escondeu no Brasil. A partir de documentos com informação inédita do arquivo dos serviços secretos israelitas – a Mossad – e de diversas entrevistas com protagonistas da história, nomeadamente ao comandante da caça a Mengele no Brasil e à sua professora, Bettina Anton reconstitui o percurso de Mengele no Brasil, onde foi capaz de criar uma nova vida no país sob uma nova identidade, até à sua morte, sem ser descoberto. E a grande questão do livro: de que forma um criminoso de tamanha dimensão e os seus colaboradores conseguiram passar impunes?