Domingo à Tarde
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A personagem central de Domingo à Tarde é, pois, como seria de prever, um médico; desde logo, trata‑se de uma personalidade desagradável, irascível, cínica, imbuída de si mesma, o que é agravado pelo facto de pertencer ao serviço mais indesejado do seu hospital, o das doenças malignas [...] Os pacientes de Jorge, ao termo desta experiência, não serão mais mortos‑vivos, incuráveis, mas vivos condenados à morte, como, afinal, todos nos deveremos sentir.
Esta história exemplar de amor e de morte poderia parecer extrema, mas não o é; o próprio jogo do ambiente, das rivalidades, das ambições, das rotinas, atua sobre o comportamento de Jorge.
A seu lado, move‑se uma jovem médica, Lúcia, que o ama, que adivinhou o que esse jogo esconde, e que, com espontaneidade, seguindo a voz do coração, sabe como se deve lidar com os doentes e com os doentes em potencia que nos somos.
Do prefácio (André Bay)
| Editora | Editorial Caminho |
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| Categorias | |
| Editora | Editorial Caminho |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Fernando Namora |
Fernando Namora nasceu em Condeixa (15 de abril de 1919) e licenciou-se em Medicina na Universidade de Coimbra.
É no ambiente coimbrão, sobretudo no meio estudantil, que as suas primeiras obras radicam.
Fernando Namora é um dos mais destacados criadores do neorrealismo, a que deu uma feição peculiar, sobretudo quando a sua arte absorve, renova, a mais genuína tradição picaresca peninsular ou as experiências da modernidade.
Fernando Namora foi galardoado com prémios tão relevantes como o José Lins do Rego, o Prémio Ricardo Malheiros, da Academia de Ciências de Lisboa, os SOPEM e D. Dinis, entre vários. Foi agraciado com o Grande Oficialato da Ordem de Santiago e com a Grã Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique em 1988. Fernando Namora morreu em 31 de janeiro de 1989.
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Retalhos da Vida de Um MédicoRetalhos da Vida de Um Médico é um conjunto de crónicas fundamentalmente acerca da vivência de Fernando Namora na sua atividade profissional enquanto médico de província. Retalhos da Vida de Um Médico foi adaptado ao cinema por Artur Ramos. -
O Rio Triste«Talvez O Rio Triste seja o mais polifonicamente ambicioso e [...] o mais arrebatadoramente conseguido de quantos romances Fernando Namora [...] escreveu.» David Mourão-Ferreira «Um romance que nos fala de tudo, desde o amor, a morte, os problemas políticos da guerra colonial, da emigração, da resistência, até aos mais íntimos meandros da criação literária, ultrapassando, no entanto, os temas para nos falar deles de todas as maneiras, indo da rede épica mais clássica - o enigma policial - à pura poesia, como nas cartas de Marta e nas páginas do diário de Cecília.» -
Domingo à TardeA personagem central de Domingo à Tarde é, pois, como seria de prever, um médico; desde logo, trata-se de uma personalidade desagradável, irascível, cínica, imbuída de si mesma, o que é agravado pelo facto de pertencer ao serviço mais indesejado do seu hospital, o das doenças malignas […] Os pacientes de Jorge, ao termo desta experiência, não serão mais mortos-vivos, incuráveis, mas vivos condenados à morte, como, afinal, todos nos deveremos sentir.Esta história exemplar de amor e de morte poderia parecer extrema, mas não o é; o próprio jogo do ambiente, das rivalidades, das ambições, das rotinas, atua sobre o comportamento de Jorge. A seu lado, move-se uma jovem médica, Lúcia, que o ama, que adivinhou o que esse jogo esconde, e que, com espontaneidade, seguindo a voz do coração, sabe como se deve lidar com os doentes e com os doentes em potência que nós somos. Do prefácio (André Bay) -
Minas de San FranciscoAs terras eram férteis, mas o tempo era de escassez e de sangramento da esperança. O tempo que nos é contado é o do pós- Segunda Guerra Mundial, num país ainda mergulhado em pobreza e parcos sonhos. É a narrativa de um lugar que aos nossos olhos parece remoto, mas que reflete exemplarmente o que era um país feito da soma de lugares remotos, sedentos de esperança e de dignidade. Este é o lugar para onde nos transporta Fernando Namora. Deste Minas de San Francisco, um dos mais imprescindíveis dos seus livros, levamos um murro no estômago e saímos com um banho de humanidade. In Prefácio de Mariza Matias -
Fogo na Noite Escura«E nessas tradições e circunstancias que se insere Fogo na Noite Escura, sujeito as restrições a que obrigam um espaço e um tempo romanescos coerentes — sem esquecer os cuidados, artifícios e disfarces que a existência da Censura impunha, para evitar a apreensão do livro, reduzindo muitos acontecimentos e analises a simples alusões. Mesmo assim, Fogo na Noite Escura foi ameaçado de proibição, ameaça essa concretizada, alias, muitos anos depois, embora transitoriamente. A localização do romance na Coimbra dos últimos anos da década de 30, no meio estudantil e a sua margem, dá‑lhe as fronteiras da antiga Alta, arrasada pouco depois pelo camartelo salazarista.» «Fogo na Noite Escura conserva uma atualidade histórica flagrante [...] e uma dimensão existencial muito mais profunda do que aquela que se lhe poderia supor no momento em que surge (1943). É esta a prova a que só resistem as obras amalgamadas com verdade humana e arte: as sucessivas leituras através dos tempos e, principalmente, através da perspetiva dada pelas obras posteriores do seu autor.» NELLY NOVAES COELHO -
Retalhos da Vida de Um MédicoRetalhos da Vida de Um Medico e um conjunto de cronicas fundamentalmente acerca da vivencia de Fernando Namora na sua atividade profissional enquanto medico de provincia. Retalhos da Vida de Um Medico foi adaptado ao cinema por Artur Ramos.Ver por dentro: -
O Rio Triste«Talvez O Rio Triste seja o mais polifonicamente ambicioso e [...] o mais arrebatadoramente conseguido de quantos romances Fernando Namora [...] escreveu.»David Mourão-Ferreira «Um romance que nos fala de tudo, desde o amor, a morte, os problemas políticos da guerra colonial, da emigração, da resistência, até aos mais íntimos meandros da criação literária, ultrapassando, no entanto, os temas para nos falar deles de todas as maneiras, indo da rede épica mais clássica ? o enigma policial ? à pura poesia, como nas cartas de Marta e nas páginas do diário de Cecília.»Roxana EminescuVer por dentro: -
Cidade SolitáriaCidade Solitária propõe-nos, entre outras coisas, uma vasta teia de solidões, silêncios cheios de coisas não ditas, personagens que «rosnam apenas», figuras que se parecem com «hóspedes longínquos», «pedaços de frases suspeitas», gente que pensa que «as palavras (são) um risco», «as pessoas [...] um deserto», personagens que se aproximam «em bicos dos pés», «mãos vazias», «atividade(s) [que são] um logro», segredos que ocultam «a falta de limpidez, de espontaneidade nas relações com os demais», percursos, vidas que concluem: «não confies», destinos envolvidos num «frio medular», enfim, colhendo quase ao acaso, aqui «um homem que, friorento [...] ocupava mais espaço do que os outros lhe haviam destinado», ali um outro que «comia cercado de sombras do passado»... Um inventário de lapsos, de falhas, de silêncios, de desconfianças, de segredos, de conjuras. Do PrefácioEugénio Lisboa -
Cidade SolitáriaCidade Solitária propõe-nos, entre outras coisas, uma vasta teia de solidões, silêncios cheios de coisas não ditas, personagens que «rosnam apenas», figuras que se parecem com «hóspedes longínquos», «pedaços de frases suspeitas», gente que pensa que «as palavras (são) um risco», «as pessoas [...] um deserto», personagens que se aproximam «em bicos dos pés», «mãos vazias», «atividade(s) [que são] um logro», segredos que ocultam «a falta de limpidez, de espontaneidade nas relações com os demais», percursos, vidas que concluem: «não confies», destinos envolvidos num «frio medular», enfim, colhendo quase ao acaso, aqui «um homem que, friorento [...] ocupava mais espaço do que os outros lhe haviam destinado», ali um outro que «comia cercado de sombras do passado»... Um inventário de lapsos, de falhas, de silêncios, de desconfianças, de segredos, de conjuras. Do PrefácioEugénio Lisboa -
Fogo na Noite Escura«E nessas tradições e circunstancias que se insere Fogo na Noite Escura, sujeito as restrições a que obrigam um espaço e um tempo romanescos coerentes sem esquecer os cuidados, artifícios e disfarces que a existência da Censura impunha, para evitar a apreensão do livro, reduzindo muitos acontecimentos e analises a simples alusões. Mesmo assim, Fogo na Noite Escura foi ameaçado de proibição, ameaça essa concretizada, alias, muitos anos depois, embora transitoriamente. A localização do romance na Coimbra dos últimos anos da década de 30, no meio estudantil e a sua margem, dá‑lhe as fronteiras da antiga Alta, arrasada pouco depois pelo camartelo salazarista.»«Fogo na Noite Escura conserva uma atualidade histórica flagrante [...] e uma dimensão existencial muito mais profunda do que aquela que se lhe poderia supor no momento em que surge (1943). É esta a prova a que só resistem as obras amalgamadas com verdade humana e arte: as sucessivas leituras através dos tempos e, principalmente, através da perspetiva dada pelas obras posteriores do seu autor.» Nelly Novaes Coelho