Enigma - História de Uma Mudança de Sexo
A VIDA EXTRAORDINÁRIA DE JAN MORRIS, CONTADA NA PRIMEIRA PESSOA.
Jan Morris está entre os 15 mais importantes escritores britânicos do século XX. Autora de livros de viagens e de ficção, talvez a sua obra mais notável seja este Enigma: História de Uma Mudança de Sexo. Um relato desassombrado, frontal e temerário da sua transição de homem para mulher: um processo que demorou dez anos, e que trouxe dor e alegria, frustrações e descobertas. Uma viagem sem volta, considerada pelo Times um dos «100 Livros Mais Importantes do Nosso Tempo». 1926 - Nasce James Humphrey Morris, em Clevedon, pequena cidade inglesa. 1949 - James Morris casa-se com Elizabeth Tuckiness, com quem viria a ter cinco filhos. 1972 - Após uma operação de mudança de sexo em Marrocos, James Morris, formado em Oxford, ex-oficial do exército britânico, passa a chamar-se Jan Morris. 2017 - Jan e Elizabeth continuam a viver juntas numa povoação do País de Gales.
| Editora | Tinta da China |
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| Editora | Tinta da China |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Jan Morris |
JAN MORRIS recebeu ao nascer, em 1926, na cidade inglesa de Clevedon, o nome de James Humphrey Morris. Apesar da identidade masculina, percebeu «aos três, talvez quatro anos», que nascera «no corpo errado». Estudou História em Oxford. Aos 17 anos ingressou no Exército inglês e foi integrado no 9.º Regimento de Lanceiros, célebre pelo seu carácter de clube selecto entre a elite militar britânica. Mais tarde, trabalhou como jornalista, e com o The Times acompanhou a primeira expedição britânica a alcançar o topo do Evereste, em 1953. Publicou o primeiro livro em 1956, na sequência de uma visita aos Estados Unidos da América. Daí em diante escreveu relatos de viagens, livros de história, ensaios e um romance. Quando, em 1972, concluiu o processo de mudança de sexo, com uma operação cirúrgica em Casablanca, James Morris passou a chamar‑se Jan Morris. Casada desde 1949 com Elizabeth Tuckiness, com quem teve cinco filhos, continuaram a viver juntas. Foi distinguida com o doutoramento honoris causa pelas universidades de Gales e de Glamorgan. Em 2008, o The Times incluiu‑a entre os 15 maiores escritores britânicos do pós‑guerra. Os seus livros têm vindo a ser publicados na Colecção de Literatura de Viagens, dirigida por Carlos Vaz Marques: Veneza (2009), Hav (2013), Espanha (2016), Manhattan ’45 (2018). Na Tinta‑da‑china está também publicada a sua autobiografia: Conundrum: História da minha mudança de sexo (2020). Jan Morris morreu em Novembro de 2020.
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VenezaJan Morris é hoje o nome mais importante de entre os autores vivos de literatura de viagens. Nas palavras de Paul Theroux, outro dos grandes escritores viajantes do nosso tempo, é "um dos maiores escritores descritivos da língua inglesa". De hoje e de sempre, depreende-se. Por isso ele lhe chama também "um génio da viagem". O livro que tem nas mãos, caro leitor, é já um clássico. Publicado originalmente há meio século, é muitas vezes referido como o livro sobre Veneza. Nele, Jan Morris entrelaça o H grande da História com um apuradíssimo sentido de observação para o h pequeno das histórias do quotidiano. É assim - para dar apenas um exemplo comezinho - que ficamos a saber porque há tantos gatos e porque deixou de haver cavalos em Veneza. A autora, que publicou pela primeira vez este livro, em 1960, ainda com o nome de James Morris e cuja mudança de sexo na década seguinte acrescentou notoriedade à sua já famosa carreira jornalística, é uma figura extraordinária também por razões biográficas. É numa permanente inquietação da viagem que Jan Morris, percorrendo o mundo para o interpretar, tenta revelar o enigma dos lugares que visita tal como se propõe desvendar o seu próprio enigma interior. "Por vezes, rio abaixo, quase penso que o consigo; mas então a luz muda, o vento vira, uma nuvem atravessa-se à frente do sol e o significado de tudo isto volta uma vez mais a escapar-me." -
HavEste livro levará o leitor a uma cidade do Mediterrâneo oriental onde seguramente nunca esteve. Mais: de que nunca ouviu falar. Hav, a cidade-estado imaginária, atraiu ao longo dos séculos os mais intrépidos viajantes de Ibn Batuta a Richard Burton e inspirou uma vasta galeria de artistas de músicos como Chopin e Rimsky-Korsakov a escritores como Loti e Joyce. Até Hitler terá talvez pernoitado clandestinamente em Hav, um episódio nunca tirado a limpo. Tudo isto nos é contado por Jan Morris com a mesma capacidade de captar atmosferas e recriar ambientes que aplica a lugares, por assim dizer, verdadeiros. Hav com a sua poderosa alegoria sobre um cruzamento de culturas arrasado de forma enigmática passará, daqui em diante, a figurar no mapa interior de cada um dos leitores deste livro. -
Manhattan 45Novo livro de Jan Morris, na coleção de Carlos Vaz Marques: desta vez, a maior escritora de viagens do século XX leva-nos à Nova Iorque do pós-segunda guerra mundial. Manhattan ’45 é simultaneamente um retrato de época, ainda que escrito a posteriori, e um tributo à mais mítica das metrópoles. Na ressaca da vitória de um conflito devastador, Nova Iorque acorda para uma nova vida: a 20 de Junho de 1945, o Queen Mary atraca no porto, devolvendo à pátria não só 14 mil soldados, como também a esperança num mundo melhor, mais próspero, mais vibrante e mais atrevido. Foi o começo dos anos dourados de Nova Iorque, quando tudo parecia estar à frente do seu tempo – costumes, arquitectura, transportes, comunicações, arte, moda, política – e tudo foi finalmente possível. Talvez esta cidade que Jan Morris descreve tenha já desaparecido, mas a verdade é que continua esplendorosa no imaginário ocidental, e imortalizada neste livro. «O perfil dos arranha-céus de Manhattan reverberava na imaginação de todas as nações, e as pessoas de todo o mundo acalentavam a ambição, por mais inalcançável, de desembarcar um dia nestes cais lendários, onde as sereias ululavam sem parar, as luzes cintilantes brilhavam perpetuamente e cuecas pretas de renda se agitavam, emblemáticas, nas vigias dos paquetes. O brilho e a alegria desta cidade eram como um tónico a revigorar a imaginação de um mundo debilitado. A sua opulência, observada com um misto de assombro e inveja pelas sociedades menos desenvolvidas nos quatro cantos do mundo, parecia demonstrar que todos os humildes podiam um dia ser ricos. Vista nas fotografias das revistas, nos folhetos de propaganda ou enquanto cenário dos musicais de Hollywood, Manhattan tinha uma aparência garbosa, cheia de ritmo, repleta de uma cintilação amena, o lugar onde Frank Sinatra e Betty Grable podiam surgir a cada esquina. Era o Presente hipnotizador, sublimado. Era o Futuro prestes a acontecer.» -
ConundrumCASABLANCA, 1972: UM HOMEM TRANSFORMA-SE NUMA MULHEREscritor, viajante, ex-jornalista, ex-oficial do Exército britânico, formado em Oxford, casado, cinco filhos. Assim poderia resumir-se a vida de James Morris. E todavia falta o essencial, aqui contado na primeira pessoa: uma imensa viagem interior ao longo de dez anos, que o transformou em Jan.«Perguntam-me muitas vezes se não lamento nada, e eu respondo em tom frívolo que não. Mas é claro que lamento várias coisas. Lamento o choque que causei nas outras pessoas. Esporadicamente, lamento a perda da minha masculinidade, nos momentos em que gostava que os outros ouvissem a minha opinião. Lamento que tudo isto tenha sido necessário, assim como lamento os anos perdidos de plenitude, enquanto homem ou enquanto mulher, de que poderia ter gozado. Mas nem por um momento me arrependo da mudança em si. Não via outra alternativa, e a operação a que me submeti tornou-me feliz. Ao olhar para as minhas paixões ininterruptas, ainda estupefacta perante a sensualidade universal da vida, chego à conclusão de que não há outra pessoa no mundo que eu preferisse ser em lugar de mim própria.» -
The Venetian EmpireFor six centuries the Republic of Venice was a maritime empire, its sovereign power extending throughout much of the eastern Mediterranean – an empire of coasts, islands and isolated fortresses by which, as Wordsworth wrote, the mercantile Venetians 'held the gorgeous east in fee'. Jan Morris reconstructs the whole of this glittering dominion in the form of a sea-voyage, travelling along the historic Venetian trade routes from Venice itself to Greece, Crete and Cyprus. It is a traveller's book, geographically arranged but wandering at will from the past to the present, evoking not only contemporary landscapes and sensations but also the characters, the emotions and the tumultuous events of the past. The first such work ever written about the Venetian ‘Stato da Mar’, it is an invaluable historical companion for visitors to Venice itself and for travellers through the lands the Doges once ruled. -
TriesteNOVO TÍTULO DA COLECÇÃO DE LITERATURA DE VIAGENSO ÚLTIMO LIVRO DE VIAGENS DE JAN MORRISEscreveu-o em 2001 e anunciou-o como aquilo que haveria de ser, apesar de só em 2020 termos perdido Jan Morris: o seu último livro de viagens. E logo dedicado a Trieste, cidade que, longe de ser a mais entusiasmante que esta intrépida viajante conheceu, foi aquela que a escritora viu como «uma descrição de mim própria». Uma cidade sempre à procura de si, sempre a reinventar-se, existencialista, pragmática, diversa e, apesar de existir sem grandes monumentos, bem resolvida e alegre, a que Jan Morris voltou várias vezes ao longo da sua vida, para só tardiamente reunir num único livro todas as impressões lhe ficaram. «Em certo sentido, Trieste é uma súmula de todas as viagens de Jan Morris: aqui, ‘sinto que este porto de mar opaco que povoa as minhas visões, tão cheio de doce melancolia, ilustra não somente as minhas emoções adolescentes do passado como também os meus interesses de toda uma vida’. Trieste transforma‑se no lugar de todas as projeções, ambições e desejos da escritora Jan Morris, que calcorreara o mundo inteiro. Porquê? Talvez porque, como anota desde o primeiro encontro, a cidade se oferece sem traço distintivo evidente como um lugar aonde se vai sem se saber bem o que se procura, como Joyce, que aqui veio parar nos primeiros anos do século XX para sustentar a família.» António Mega Ferreira, in Prefácio -
AlegorizaçõesO LIVRO INTENCIONALMENTE PÓSTUMO DA GRANDE ESCRITORA E VIAJANTE «Ao longo dos anos fui compondo este livro. Tendo em conta a minha vida peripatética, organizei-o em torno de um tema de viagens; e como era um livro em constante evolução, por assim dizer, ao qual iria acrescentar pormenores, artigos e reflexões para o resto da minha vida, sugeri aos meus editores que talvez fosse preferível publicá-lo a título póstumo. Por isso, embora esteja a escrever estas palavras num dia soalheiro de Primavera, no País de Gales, e veja cordeiros pela minha janela e a Elizabeth me esteja a chamar neste preciso momento para almoçar, quando me lerem já terei partido!»Publicado um ano depois da sua morte, aos 94 anos, Alegorizações é o derradeiro testemunho deJan Morris, uma das maiores cronistas do século XX. Soldado, jornalista, historiadora, viajante, autora de 40 livros, Jan Morris teve uma vida extraordinária e presenciou muitos acontecimentos históricos, como a primeira escalada do Evereste ou a Revolução Cubana. Agora, em Alegorizações, livro publicado a título póstumo a seu pedido, a autora partilha os significados e as alegorias que foi identificando em momentos marcantes da sua vida. Das viagens e das cidades que amou ao fascínio por grandes navios, da identidade aos espirros, das leituras ao conforto das botijas de água quente, da importância de uma boa ópera à importância de uma boa marmalade, Alegorizações é o registo da visão do mundo de Jan Morris, uma visão única, generosa e inquisitiva.
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O Príncipe da Democracia - Uma Biografia de Francisco Lucas PiresNenhuma outra figura foi intelectualmente tão relevante para a afirmação da direita liberal em Portugal como Francisco Lucas Pires. Forjado numa família que reunia formação clássica e espírito de liberdade, tornou-se um constitucionalista inovador, um jurista criativo, um político de dimensão intelectual rara à escala nacional e europeia – e, acima de tudo, um cidadão inconformado com o destino de Portugal.Em O Príncipe da Democracia, Nuno Gonçalo Poças reconstitui o percurso e as ideias deste homem invulgar, cujo legado permanece em grande parte por cumprir, e passa em revista os seus sucessos e fracassos. O resultado é um livro que, graças à absoluta contemporaneidade do pensamento do biografado, nos ajuda a compreender as grandes questões que o país e a Europa continuam a enfrentar, mostrando-nos, ao mesmo tempo, uma elegância política difícil de conceber quando olhamos hoje à nossa volta.Mais do que um retrato elucidativo de Lucas Pires, que partiu precocemente aos 53 anos, este é um documento fundamental para responder aos desafios do futuro, numa altura em que o 25 de Abril completa meio século. -
A DesobedienteA dor e o abandono chegaram cedo à vida de Teresinha, a filha mais velha de um dos mais prestigiados médicos da capital e de uma mulher livre e corajosa, descendente dos marqueses de Alorna, que nas ruas e nos melhores salões de Lisboa rivalizava em encanto com Natália Correia. A menina que haveria de ser poetisa vê a morte de perto quando ainda mal sabe andar, sobrevive às depressões da mãe, chegando mesmo a comer uma carta para a proteger. É dura e injustamente castigada e as cicatrizes hão de ficar visíveis toda a vida, de tal modo que a infância e a adolescência de Maria Teresa Horta explicam quase todas as opções que tomou. Sobreviver ao difícil divórcio dos pais, duas figuras incomuns, com as quais estabeleceu relações impressionantes de tão complexas, foi apenas uma etapa.Mas quanto deste sofrimento a leva à descoberta da poesia? E quanto está na origem da voz ativista de uma jovem que há de ser uma d’As Três Marias, as autoras das famosas «Novas Cartas Portuguesas», e protagonistas do último caso de perseguição a escritores em Portugal, que recebeu apoio internacional de mulheres como Simone de Beauvoir e Marguerite Duras? A insubmissa, que se envolve por acaso com o PCP e mantém intensa atividade política no pré e no pós-25 de Abril; a poetisa, a mãe, a mulher que constrói um amor desmedido por Luís de Barros; a grande escritora a quem os prémios e condecorações chegaram já tarde (ainda que, em alguns casos, a tempo de serem recusados), entre outras facetas, é a Maria Teresa Horta que Patrícia Reis, romancista e biógrafa experimentada, soube escrever e dar a conhecer, nesta biografia, com a destreza e a sensibilidade que a distinguem. -
Emílio Rui VilarMemórias do país da ditadura e do alvor da democracia em Portugal. A vida de Emílio Rui Vilar atravessou as principais mudanças da segunda metade do século XX. Contado na primeira pessoa, um percurso fascinante pelo fim do regime de Salazar e Caetano e pela revolução de Abril.Transcrevendo entrevistas realizadas ao longo de vários meses, este livro recolhe o relato na primeira pessoa de uma trajetória que percorreu o início da contestação ao Estado Novo no meio universitário, a Guerra Colonial, a criação da SEDES, o fracasso da “primavera marcelista” e os primeiros anos do novo regime democrático saído do 25 de Abril, onde Emílio Rui Vilar desempenhou funções governativas nos primeiros três Governos Provisórios e no Primeiro Governo Constitucional. No ano em que se celebram cinco décadas de democracia em Portugal, este livro é um importante testemunho sobre dois regimes, sobre o fim de um e o nascimento de outro. -
Oriente PróximoCom a atual guerra em Gaza, este livro, Oriente Próximo ganhou uma premente atualidade. A autora, a maior especialista portuguesa sobre o assunto, aborda o problema não do ponto de vista geral, mas a partir da vida concreta das pessoas judeus, árabes e outras nacionalidades que habitam o território da Palestina. Daí decorre que o livro se torna de leitura fascinante, como quem lê um romance.Nunca se publicou nada em Portugal com tão grande qualidade. -
Savimbi - Um homem no Seu MartírioSavimbi foi alvo de uma longa e destrutiva campanha de propaganda, desinformação e acções encobertas de segurança com o objectivo de o desacreditar e isolar. Se não aceitasse o exílio ou a sujeição, como foi o objectivo falhado dessa campanha, o fim último era matá-lo, como aconteceu: premeditadamente! Para que a sua «morte em combate» não suscitasse empatia, foi como um chefe terrorista da laia de Bin Laden que a sua morte foi apresentada – artifício da propaganda que tirou partido da memória emocional recente dos atentados da Al Qaeda, na América. Julgado com honestidade, Savimbi nunca foi o «bandido» por que o fizeram passar. O manifesto apreço que personalidades de indiscutível clareza moral, como Mandela, tiveram por ele prova-o. O MPLA elegeu-o como adversário temido e quis apagá-lo do seu caminho! Não pelos crimes a que o associaram. O que o MPLA e o seu regime temiam eram as suas qualidades e carisma, a sua representatividade política e o prestígio externo que granjeara. Como outros grandes da História, Savimbi também tinha defeitos e cometia erros. Mas no deve e haver as suas qualidades eram preponderantes." -
Na Cabeça de MontenegroLuís Montenegro, o persistente.O cargo de líder parlamentar, no período da troika, deu-lhe o estatuto de herdeiro do passismo. Mas as relações com Passos Coelho arrefeceram e o legado que agora persegue é outro e mais antigo. Quem o conhece bem diz que Montenegro é um fiel intérprete da velha tradição do PPD, o partido dos baronatos do Norte. Recusou por três vezes ser governante e por duas vezes foi derrotado em autárquicas. Já fez e desfez alianças, esteve politicamente morto e ressuscitou. Depois de algumas falsas partidas chegou à liderança. Mas tudo tem um preço e é o próprio a admitir que se questiona com frequência: será que vale a pena? -
Na Cabeça de VenturaAndré Ventura, o fura-vidas.Esta é a história de uma espécie de Fausto português, que foi trocando aquilo em que acreditava por tudo o que satisfizesse a sua ambição. André Ventura foi um fura-vidas. A persona mediática que criou nasceu na CMTV como comentador de futebol. Na adolescência convertera-se ao catolicismo, a ponto de se tornar um fundamentalista religioso. Depois de ganhar visibilidade televisiva soube pô-la ao serviço da sua ambição de notoriedade. Passou pelo PSD e foi como candidato do PSD que descobriu que havia um mercado eleitoral populista e xenófobo à espera de alguém que viesse representá-lo em voz alta. Assim nasceu o Chega. -
Contra toda a Esperança - MemóriasO livro de memórias de Nadejda Mandelstam começa, ao jeito das narrativas épicas, in media res, com a frase: «Depois de dar uma bofetada a Aleksei Tolstói, O. M. regressou imediatamente a Moscovo.» Os 84 capítulos que se seguem são uma tentativa de responder a uma das perguntas mais pertinentes da história da literatura russa do século XX: por que razão foi preso Ossip Mandelstam na fatídica noite de 1 de Maio de 1934, pouco depois do seu regresso de Moscovo? O presente volume de memórias de Nadejda Mandelstam cobre, assim, um arco temporal que medeia entre a primeira detenção do marido e a sua morte, ou os rumores sobre ela, num campo de trânsito próximo de Vladivostok, algures no Inverno de 1938. Contra toda a Esperançaoferece um roteiro literário e biográfico dos últimos quatro anos de vida de um dos maiores poetas do século XX. Contudo, é mais do que uma narrativa memorialística ou biográfica, e a sua autora é mais do que a viúva mítica, que memorizou a obra proibida do poeta perseguido, conseguindo dessa forma preservar toda uma tradição literária. Na sua acusação devastadora ao sistema político soviético, a obra de Nadejda Mandelstam é apenas igualada por O Arquipélago Gulag. O seu método de composição singular, e a prosa desapaixonada com que a autora sonda o absurdo da existência humana, na esteira de Dostoievski ou de Platónov, fazem de Contra toda a Esperança uma das obras maiores da literatura russa do século XX.