Estética da Dança Clássica
O bailado é, de facto, uma arte que vive dos corpos que lhe dão corpo; da humanidade dos seres que materializam esta arte, que a transformam em experiência real, imediata, emotiva, inesquecível. Pois a partitura de um bailado não regista, como a partitura de uma sinfonia, algo a ser materializado por corpos humanos por intermédio de instrumentos mecânicos: a dança não é materializada por intermédio de nada que não seja diretamente o próprio corpo humano. Se se pode dizer dos violinos que não há dois iguais, então dos corpos humanos se dirá o mesmo mais afirmativamente ainda: nenhum corpo é igual a outro. Cada corpo traz à dança que materializa a sua identidade e a sua verdade.
Ficcionista, ensaísta, poeta, tradutor, Frederico Lourenço nasceu em Lisboa, em 1963, e é atualmente professor na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (depois de vinte anos na Universidade de Lisboa, onde se doutorou com uma tese sobre Eurípides). Traduziu aIlíada e a Odisseia de Homero, bem como um volume de poesia grega, duas tragédias de Eurípides ou peças de Schiller e Arthur Schnitzler.
No domínio da ficção, é autor da trilogia Pode Um Desejo Imenso (que inclui também, além do título homónimo, os romances O Curso das Estrelas e À Beira do Mundo), bem como de A Formosa Pintura do Mundo, Amar Não Acaba e A Máquina do Arcanjo, ou do volume autobiográfico O Lugar Supraceleste. Publicou ensaios como O Livro Aberto: leituras da Bíblia, Grécia Revisitada, Estética da Dança Clássica ou Novos Ensaios Helénicos e Alemães, e livros de poemas como Santo Asinha e Outros Poemas e Clara Suspeita de Luz. Entre outros, recebeu os prémios PEN Clube (2002), D. Diniz da Casa de Mateus (2003), Grande Prémio de Tradução (2003), Prémio Europa David Mourão-Ferreira (2006) e Prémio Pessoa (2016).
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Santo Asinha e Outros PoemasEste é o primeiro livro de poesia de Frederico Lourenço. Uma belíssima apresentação do autor ao público pela «mão» da Caminho. -
Clara Suspeita de Luz«Levarei por diante o prazo da existênciacom ventura, esse ganho apressado de uma perda,porque estar aqui na verdade é muito — e tudoo que é daqui precisa de nós, da efemeridadeque nos identifica a nós, os efémeros.» -
Pode um Desejo ImensoPode Um Desejo Imenso , incorpora O Curso das Estrelas e À Beira do Mundo , títulos que deixarão de ser comercializados individualmente, e apresenta pela primeira vez o romance completo, num só volume, tal como foi idealizado por Frederico Lourenço. A versão original de Pode Um Desejo Imenso ganhou o Prémio PEN para a primeira obra (2002). Em 2006, o autor recebeu, por unanimidade do júri presidido por Eduardo Lourenço, o Prémio Europa / David Mourão-Ferreira, numa iniciativa conjunta da Universidade de Bari, do Instituto Camões e da Fundação Gulbenkian. Este prémio consiste na tradução para italiano e para outras três línguas europeias da actual edição de Pode um desejo imenso e é comprovativo do reconhecimento internacional que Frederico Lourenço tem vindo a alcançar. -
O Lugar Supraceleste: crónicasFrederico Lourenço, na comunicação erudita e, ao mesmo tempo, íntima que enceta com os leitores, é ele próprio um lugar que convida ao prazer da divagação mapeada por memórias e cultura. O Lugar Supraceleste constitui-se, assim, como um caminho ditoso onde se vão deixando pedras a marcar o percurso ao qual se desejará voltar, uma e outra vez. Os “jogos” de referências e, por outro lado, aquilo que de mais profundo inquieta o ser humano, é generosamente partilhado na reconhecida prosa do autor e tradutor. -
O Livro Aberto: leituras da BíbliaEm O Livro Aberto , Frederico Lourenço apresenta a sua leitura pessoal da Bíblia. Entretece reflexões sobre passagens, temas e figuras bíblicos, servindo-se sempre do seu profundo conhecimento do grego em que foi escrito o Novo Testamento e a Septuaginta, para lançar uma nova luz sobre o mais fascinante livro alguma vez escrito. -
Bíblia: Novo Testamento, Apóstolos, Epístolas, Apocalipse - Vol. II«E mostrou-me um rio de água viva, brilhante como cristal, fluindo do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da rua e do rio, de um lado e de outro, estava uma árvore de vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto consoante cada mês; e as folhas da árvore servem para cura das nações.»Apocalipse 22:1-2Com Atos dos Apóstolos, Epístolas e Apocalipse fica concluída a publicação do Novo Testamento- trata-se do segundo de uma série de seis volumes que disponibiliza, pela primeira vez em língua portuguesa, a tradução integral da Bíblia Grega. Seguir-se-ão os quatro volumes que reúnem os textos do Antigo Testamento.Os textos cristãos mais antigos que chegaram até nós são as cartas de Paulo (anteriores, até, aos próprios Evangelhos), que nos dão um retrato inigualável do cristianismo nascente. Dotadas de uma escrita fulgurante, levantam ainda hoje questões tão essenciais quanto incómodas, para cujo equacionamento nos podemos socorrer de outros textos, também contidos no presente volume, que lhes são complementares: as restantes epístolas do cânone do Novo Testamento, o livro de Apocalipse e os Atos dos Apóstolos, livro cuja relação com a epistolografia de Paulo continua a desafiar os estudiosos. A nova religião - que haveria de conquistar o mundo greco-romano e marcar profundamente a história universal - começa aqui a sua história documental. Para a compreendermos nos seus primórdios, urge regressar às fontes, aqui apresentadas numa nova tradução dos originais gregos. -
Bíblia: Antigo Testamento, os Livros Proféticos - Vol. IIIDepois da publicação dos dois volumes do Novo Testamento ("Os Quatro Evangelhos" e "Apóstolos, Epístolas, Apocalipse"), este é um momento histórico: a tradução do primeiro volume do Antigo Testamento, dedicado aos "Livros Proféticos". Desfilam diante de nós a escrita, as memórias e as visões dos grandes autores proféticos que constituem a tradição judaica, da beleza incandescente do livro de Daniel à narrativa de Isaías, de Ezequiel a Malaquias, passando por textos notáveis como as "Lamentações", e ainda três livros não incluídos na versão canónica das Bíblias católica e protestante: a Epístola de Jeremias, o livro de Susana e o texto de Bel e o Dragão, finalmente traduzidos para a nossa língua e agora acessíveis aos leitores portugueses. Sendo impossível compreender integralmente o Novo Testamento sem a leitura do Antigo, este volume constitui um indispensável enquadramento histórico para entrar no labirinto do «Livro dos Livros». -
Bíblia: Antigo Testamento, os Livros Sapienciais - Vol. IV, Tomo 1Brilhante e imarcescível é a sabedoria! E é facilmente discernida por aqueles que a amam; E será encontrada por aqueles que a procuram. Pois há nela um espírito inteligente, santo, Único, multifacetado, subtil, Móbil, lúcido, impoluto, Claro, invulnerável, que gosta do bem, agudo, Irreprimível, benfazejo, amigo da Humanidade, Firme, seguro, despreocupado, Poderoso em tudo, que tudo vê, Que penetra através de todos os espíritos Que são inteligentes, puros e subtilíssimos. Sabedoria 6:12; 7:22-23A literatura sapiencial, já cultivada na Mesopotâmia e no antigo Egito, constitui um dos mais antigos géneros literários. A Bíblia transmite-nos vários textos pertencentes a este género. Reunidas neste primeiro tomo do Volume IV da Bíblia traduzida por Frederico Lourenço, encontramos vozes contrastantes e complementares do antigo pensamento judaico, que nos dão a ouvir o pessimismo desassombrado de Eclesiastes, a exaltação erótica do Cântico dos Cânticos, a revolta de Job, o rasgo filósofo do livro de Sabedoria e o pensamento controverso de Ben Sira, o Eclesiástico, cujas atitudes desumanas em relação a mulheres e escravos levantam questões incómodas, que estão, ainda hoje, no centro da nossa atualidade. -
A Odisseia de Homero Adaptada Para Jovens«Mil e duzentos anos antes do nascimento de Jesus Cristo, vivia na ilha grega de Ítaca um jovem príncipe chamado Telémaco. Seu pai tinha partido para a guerra quando ele era ainda bebé.» Assim começa a narração da Odisseia de Homero Adaptada para Jovens, escrita por Frederico Lourenço a partir da sua tradução do original de Homero, em grego clássico. Mantendo sempre vivos o rigor histórico e a qualidade literária, Frederico Lourenço desperta nos jovens a vontade de acompanhar as aventuras de Ulisses/Odisseu, transformando um dos livros fundamentais da nossa civilização numa aventura para todas as idades. -
Bíblia: Novo Testamento, os Quatro Evangelhos - Vol. IEdição revista e aumentada.Uma nova tradução da Bíblia, na sua forma mais completa – a partir da Bíblia Grega, ou seja, contendo o Novo Testamento e todos os livros do Antigo Testamento. Em suma, a presente tradução dará a ler os 27 livros do Novo Testamento e os 53 do Antigo Testamento grego (em lugar dos 39 do cânone protestante, ou dos 46 do cânone católico). Será, assim, a Bíblia mais completa que jamais existiu em português, apresentada pelo mais importante e rigoroso dos tradutores do Grego clássico, Frederico Lourenço. A chamada Bíblia Grega é a versão mais importante do «Livro dos Livros». Além de se tratar de uma nova e mais rigorosa tradução do original grego (sem preconceitos ou fins religiosos – o que nos leva, em algumas passagens, a sublinhar diferenças em relação às versões hoje mais correntes), Frederico Lourenço eleva o texto bíblico a uma condição literária que até hoje este nunca teve em português, incluindo notas que esclarecem e contextualizam o texto original. Volume I Novo Testamento: Evangelhos [Mateus, Marcos, Lucas e João] O texto dos quatro Evangelhos canónicos (Mateus, Marcos, Lucas e João) readquire, nesta tradução, uma beleza arrepiante, um ritmo que enleva o leitor e o transporta até à biografia e obras de Cristo. A singularidade da escrita de Lucas e João aparece finalmente visível em português, quase como se se tratasse da reinvenção do romance moderno. Nunca o texto bíblico foi tão belo na nossa língua.
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Arte, Religião e Imagens em Évora no tempo do Arcebispo D. Teodósio de Bragança, 1578-1601D. Teotónio de Bragança (1530-1602), Arcebispo de Évora entre 1578 e 1602, foi um grande mecenas das artes sob signo do Concílio de Trento. Fundou o Mosteiro de Scala Coeli da Cartuxa, custeou obras relevantes na Sé e em muitas paroquiais da Arquidiocese, e fez encomendas em Lisboa, Madrid, Roma e Florença para enriquecer esses espaços. Desenvolveu um novo tipo de arquitectura, ser- vindo-se de artistas de formação romana como Nicolau de Frias e Pero Vaz Pereira. Seguiu com inovação um modelo «reformado» de igrejas-auditório de novo tipo com decoração integral de interiores, espécie de ars senza tempo pensada para o caso alentejano, onde pintura a fresco, stucco, azulejo, talha, imaginária, esgrafito e outras artes se irmanam. Seguiu as orientações tridentinas de revitalização das sacrae imagines e enriqueceu-as com novos temas iconográficos. Recuperou lugares de culto matricial paleo-cristão como atestado de antiguidade legitimadora, seguindo os princípios de ‘restauro storico’ de Cesare Baronio; velhos cultos emergem então, caso de São Manços, São Jordão, São Brissos, Santa Comba, São Torpes e outros alegadamente eborenses. A arte que nasce em Évora no fim do século XVI, sob signo da Contra-Maniera, atinge assim um brilho que rivaliza com os anos do reinado de D. João III e do humanista André de Resende. O livro reflecte sobre o sentido profundo da sociedade de Évora do final de Quinhentos, nas suas misérias e grandezas. -
Cartoons - 1969-1992O REGRESSO DOS ICÓNICOS CARTOONS DE JOÃO ABEL MANTA Ao fim de 48 anos, esta é a primeira reedição do álbum Cartoons 1969‑1975, publicado em Dezembro de 1975, o que significa que levou quase tanto tempo a que estes desenhos regressassem ao convívio dos leitores portugueses como o que durou o regime derrubado pela Revolução de Abril de 1974.Mantém‑se a fidelidade do original aos cartoons, desenhos mais ou menos humorísticos de carácter essencialmente político, com possíveis derivações socioculturais, feitos para a imprensa generalista. Mas a nova edição, com alguns ajustes, acrescenta «todos os desenhos relevantes posteriores a essa data e todos os que, por razões que se desconhece (mas sobre as quais se poderá especular), foram omitidos dessa primeira edição», como explica o organizador, Pedro Piedade Marques, além de um aparato de notas explicativas e contextualizadoras. -
Constelações - Ensaios sobre Cultura e Técnica na ContemporaneidadeUm livro deve tudo aos que ajudaram a arrancá-lo ao grande exterior, seja ele o nada ou o real. Agora que o devolvo aos meandros de onde proveio, escavados por todos sobre a superfície da Terra, talvez mais um sulco, ou alguma água desviada, quero agradecer àqueles que me ajudaram a fazer este retraçamento do caminho feito nestes anos de crise, pouco propícios para a escrita. […] Dá-me alegria o número daqueles a que precisei de agradecer. Se morremos sozinhos, mesmo que sejam sempre os outros que morrem — é esse o epitáfio escolhido por Duchamp —, só vivemos bem em companhia. Estes ensaios foram escritos sob a imagem da constelação. Controlada pelo conceito, com as novas máquinas como a da fotografia, a imagem libertou-se, separou-se dos objectos que a aprisionavam, eles próprios prisioneiros da lógica da rendibilidade. Uma nova plasticidade é produzida pelas imagens, que na sua leveza e movimento arrastam, com leveza e sem violência, o real. O pensamento do século XX propôs uma outra configuração do pensar pela imagem, desenvolvendo métodos como os de mosaico, de caleidoscópio, de paradigma, de mapa, de atlas, de arquivo, de arquipélago, e até de floresta ou de montanha, como nos ensinou Aldo Leopoldo. Esta nova semântica da imagem, depois de milénios de destituição pelo platonismo, significa estar à escuta da máxima de Giordano Bruno de que «pensar é especular com imagens». Em suma, a constelação em acto neste livro é magnetizada por uma certa ideia da técnica enquanto acontecimento decisivo, e cada ensaio aqui reunido corresponde a uma refracção dessa ideia num problema por ela suscitado, passando pela arte, o corpo, a fotografia e a técnica propriamente dita. Tem como único objectivo que um certo pensar se materialize, que este livro o transporte consigo e, seguindo o seu curso, encontre os seus próximos ou não. [José Bragança de Miranda] -
Esgotar a Dança - A Perfomance e a Política do MovimentoDezassete anos após sua publicação original em inglês, e após sua tradução em treze línguas, fica assim finalmente disponível aos leitores portugueses um livro fundamental para os estudos da dança e seminal no campo de uma teoria política do movimento.Nas palavras introdutórias à edição portuguesa, André Lepecki diz-nos: «espero que leitores desta edição portuguesa de Exhausting Dance possam encontrar neste livro não apenas retratos de algumas performances e obras coreográficas que, na sua singularidade afirmativa, complicaram (e ainda complicam, nas suas diferentes sobrevidas) certas noções pré-estabelecidas, certos mandamentos estéticos, do que a dança deve ser, do que a dança deve parecer, de como bailarines se devem mover e de como o movimento se deve manifestar quando apresentado no contexto do regime da 'arte' — mas espero que encontrem também, e ao mesmo tempo, um impulso crítico-teórico, ou seja, político, que, aliado que está às obras que compõem este livro, contribua para o pensar e o fazer da dança e da performance em Portugal hoje.» -
Siza DesignUma extensa e pormenorizada abordagem à obra de design do arquiteto Álvaro Siza Vieira, desde as peças de mobiliário, de cerâmica, de tapeçaria ou de ourivesaria, até às luminárias, ferragens e acessórios para equipamentos, apresentando para cada uma das cerca de 150 peças selecionadas uma detalhada ficha técnica com identificação, descrição, materiais, empresa distribuidora e fotografias, e integrando ainda um conjunto de esquissos originais nunca publicados e uma entrevista exclusiva ao arquiteto.CoediçãoArteBooks DesignCoordenação Científica + EntrevistaJosé Manuel PedreirinhoDesign GráficoJoão Machado, Marta Machado -
A Vida das Formas - Seguido de Elogio da MãoEste continua a ser o livro mais acessível e divulgado de Focillon. Nele o autor expõe em pormenor o seu método e a sua doutrina. Ao definir o carácter essencial da obra de arte como uma forma, Focillon procura sobretudo explicitar o carácter original e independente da representação artística recusando a interferência de condições exteriores ao acto criativo. Afastando-se simultaneamente do determinismo sociológico, do historicismo e da iconologia, procura demonstrar que a arte constitui um mundo coerente, estável e activo, animado por um movimento interno próprio, no fundo do qual a história política ou social apenas serve de quadro de referência. Para Focillon a arte é sempre o ponto de partida ou o ponto de chegada de experiências estéticas ligadas entre si, formando uma espécie de genealogias formais complexas que ele designa por metamorfoses. São estas metamorfoses que dão à obra de arte o seu carácter único e a fazem participar da evolução universal das formas.

