Estar no Sistema
«O que é que se oferece, aqui, ao pensamento? Tudo e mais alguma coisa, sem hierarquias, sem que se criem distinções entre o que é digno de ser pensado e o que pertence a um território sem dignidade. A maior parte das vezes, comparecem aspectos e saliências de ordem social, política, cultural, científica, manifestações visíveis de uma lógica ou de uma ordem superior que se oferecem a uma interpretação e a uma vontade de saber avessas à disciplina, à integração num campo de saber delimitado, seja pelo objecto seja pelo método. Nuno Félix da Costa situa-se no observatório de onde acede a um saber sem nome, instalado num lugar de reflexão e observação que é apenas dele, não sujeito a constrangimentos nem a metodologias, movendo-se livremente, sem prestar contas a autoridades e figuras tutelares. Essa liberdade é também a que lhe permite dirigir a atenção, sem complexos, ao que poderíamos chamar manifestações de superfície. (...) o que se procura é o hieróglifo objectivo das coisas, onde a duplicidade de pensamento e de observação é sucintamente expressa. e o que se visa não são as verdades eternas ou as ideias sem tempo, mas uma espécie de fenomenologia - do social, do cultural, do político (...)»
António Guerreiro, in "Prefácio"
| Editora | Teodolito |
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| Categorias | |
| Editora | Teodolito |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Nuno Félix da Costa |
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Epopeia MínimaVale a pena ler o que um poeta escreve sobre poesia?, ou mais radicalmente: vale a pena ler poesia?, ou ainda mais radicalmente: vale a pena ler qualquer coisa que um poeta escreva? Depende. Vamos partir dos seguintes pressupostos:um poeta pensa, um poeta, principalmente, sente, mas também é capaz de pensar, um poeta pensa e sente virtualmente tudo, mas com maior nitidez o que se refere à poesia, à sua poesia, a poesia do poeta filtra o que ele vê das coisas. Assim, vale a pena lê-lo? Depende. -
A Clínica e a Patologia dos SistemasUm livro, um discurso sobre a clínica ou discursos vários, cada um com uma coerência própria? Um livro, uma voz autoral, um estilo chegarão a constituir-se e articular conteúdos tão diversos como os que a clínica toca, num discurso coerente? A ideia geral é a abrangência e a universalidade do pensamento clínico, portanto a sua virtual riqueza. Também a sua versatilidade. -
Salão LisboaUm livro de Lisboa e sobre a fotografia de Lisboa, sem pretender, contudo, documentar Lisboa – os seus labirintos exigiriam uma diversidade de mapeamentos. Visou uma espécie de evidência essencialmente anti-narrativa que se aproxima da leitura de um poema. As imagens não contam histórias, não se arrumam por bairros, não evocam acontecimentos o que estreitaria a sua leitura. Muitas não têm um especial valor informacional, mas, integradas no livro, pela sua aura estabelecem entre elas vínculos subtis.Tentei evitar afinidades óbvias (contrastes quer formais quer de conteúdo) para que apareçam laços sub-liminares numa leitura à medida da variedade de discursos e intuições que Lisboa solicita. Também uma variedade de mundos: séculos e gentes entrosadas com uma considerável harmonia e uma característica urbanidade. Aqui aparecem percursos, alguns repetidos ao longo de anos. Poderiam ser outros, quer os meus quer os de tantos fotógrafos de Lisboa que a estimam por alguma razão – ou por muitas. Não se pode dizer que Lisboa trate bem os que a habitam, mas não é aqui o lugar para uma sócio-antropologia da cidade.Tal como os versos sedimentam no poema, as fotografias sequenciam-se criando uma realidade de segunda ordem que é o nível em que um livro de fotografia deve ser lido, uma expressão plástica bem demarcada das artes afins, essencialmente dizendo coisas numa linguagem própria e esta forma de dizer (tal como a da poesia) atinge zonas que outras artes não tocam.Muito do que Lisboa tem de único (a luz, o fado, a culinária, as colinas, a simpatia) talvez não apareça no livro. Não procurei a beleza dos seus grandes planos, antes as configurações espontâneas dos pequenos grupos, os gestos particulares, os momentos de uma mímica desmascarada como a que reconhecemos nas pessoas da nossa intimidade que há anos nos acompanham. -
Agora NósNa carne entristecida do outono ainda sobrevive a bravura cantante das aves que arribaram Sobrevivem os heróicos despojos que ressurgiram na primavera Agora o tempo que vem arrasta a queda das letras – balas desenham no poema o inevitável nome que murcha O que silenciará os relâmpagos frios olhando coisas indistintas das lágrimas de neve com que qualquer nuvem nos recobre? -
PortulíndiaFotografias: Nuno Félix da CostaTextos: Nuno Félix da Costa e Nuno Júdice
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NovidadeO Essencial Sobre José Saramago«Aquilo que neste livro se entende como essencial em José Saramago corresponde à sua específica identidade como escritor, com a singularidade e com as propriedades que o diferenciam, nos seus fundamentos e manifestações. Mas isso não é tudo. No autor de Memorial do Convento afirma-se também uma condição de cidadão e de homem político, pensando o seu tempo e os fenómenos sociais e culturais que o conformam. Para o que aqui importa, isso é igualmente essencial em Saramago, até porque aquela condição de cidadão não é estranha às obras literárias com as quais ela interage, em termos muito expressivos.» in Contracapa -
NovidadeConfissões de um Jovem EscritorUmberto Eco publicou seu primeiro romance, O Nome da Rosa, em 1980, quando tinha quase 50 anos. Nestas suas Confissões, escritas cerca de trinta anos depois da sua estreia na ficção, o brilhante intelectual italiano percorre a sua longa carreira como ensaísta dedicando especial atenção ao labor criativo que consagrou aos romances que o aclamaram. De forma simultaneamente divertida e séria, com o brilhantismo de sempre, Umberto Eco explora temas como a fronteira entre a ficção e a não-ficção, a ambiguidade que o escritor mantém para que seus leitores se sintam livres para seguir o seu próprio caminho interpre tativo, bem como a capacidade de gerar neles emoções. Composto por quatro conferências integradas no âmbito das palestras Richard Ellmann sobre Literatura Moderna que Eco proferiu na Universidade Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos, Confissões de um jovem escritor é uma viagem irresistível aos mundos imaginários do autor e ao modo como os transformou em histórias inesquecíveis para todos os leitores. O “jovem escritor” revela-se, afinal, um grande mestre e aqui partilha a sua sabedoria sobre a arte da imaginação e o poder das palavras. -
NovidadeSobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
NovidadeA Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
Almoço de DomingoUm romance, uma biografia, uma leitura de Portugal e das várias gerações portuguesas entre 1931 e 2021. Tudo olhado a partir de uma geografia e de uma família.Com este novo romance de José Luís Peixoto acompanhamos, entre 1931 e 2021, a biografia de um homem famoso que o leitor há de identificar — em paralelo com história do país durante esses anos. No Alentejo da raia, o contrabando é a resistência perante a pobreza, tal como é a metáfora das múltiplas e imprecisas fronteiras que rodeiam a existência e a literatura. Através dessa entrada, chega-se muito longe, sem nunca esquecer as origens. Num percurso de várias gerações, tocado pela Guerra Civil de Espanha, pelo 25 de abril, por figuras como Marcelo Caetano ou Mário Soares e Felipe González, este é também um romance sobre a idade, sobre a vida contra a morte, sobre o amor profundo e ancestral de uma família reunida, em torno do patriarca, no seu almoço de domingo.«O passado tem de provar constantemente que existiu. Aquilo que foi esquecido e o que não existiu ocupam o mesmo lugar. Há muita realidade a passear-se por aí, frágil, transportada apenas por uma única pessoa. Se esse indivíduo desaparecer, toda essa realidade desaparece sem apelo, não existe meio de recuperá-la, é como se não tivesse existido.» «Os motoristas estão à espera, o brado da multidão mistura-se com o rugido dos motores. Antes de entrarmos, o Mário Soares aproxima-se de mim, correu tudo tão bem, e abraça-me com um par estrondosas palmadas no centro das costas. A coluna de carros avança devagar pelas ruas da vila. Tenho a garganta apertada, não consigo falar. Como me orgulha que Campo Maior seja a capital da península durante este momento.»«Autobiografia é um romance que desafia o leitor ao diluir fronteiras entre o real e o ficcional, entre espaços e tempos, entre duas personagens de nome José, um jovem escritor e José Saramago. Este é o melhor romance de José Luís Peixoto.»José Riço Direitinho, Público «O principal risco de Autobiografia era esgotar-se no plano da mera homenagem engenhosa, mas Peixoto evitou essa armadilha, ao construir uma narrativa que se expande em várias direções, acumulando camadas de complexidade.»José Mário Silva, Expresso -
NovidadeElectra Nº 23A Atenção, tema de que se ocupa o dossier central do número 23 da revista Electra, é um recurso escasso e precioso e por isso objecto de uma guerra de concorrência sem tréguas para conseguir a sua captura. Nunca houve uma tão grande proliferação de informação, de produtos de consumo, de bens culturais, de acontecimentos que reclamam a atenção. Ela é a mercadoria da qual depende o valor de todas as mercadorias, sejam materiais ou imateriais, reais ou simbólicas. A Atenção é, pois, uma questão fundamental do nosso tempo e é um tópico crucial para o compreendermos. Sobre ela destacam-se neste dossier artigos e entrevistas de Yves Citton, Enrico Campo, Mark Wigley, Georg Franck e Claire Bishop. Nesta edição, na secção “Primeira Pessoa”, são publicadas entrevistas à escritora, professora e crítica norte-americana Svetlana Alpers (por Afonso Dias Ramos), cujo trabalho pioneiro redefiniu o campo da história da arte nas últimas décadas, e a Philippe Descola (por António Guerreiro), figura central da Antropologia, que nos fala de temas que vão desde a produção de imagens e das tradições e dos estilos iconográficos à questão da oposição entre natureza e cultura. A secção “Furo” apresenta um conjunto de desenhos e cartas inéditos da pintora Maria Helena Vieira da Silva. Em 1928, tinha vinte anos. Havia saído de Portugal para estudar arte em Paris e, de França, foi a Itália numa viagem de estudo. Durante esse percurso desenhou num caderno esboços rápidos do que via, e ao mesmo tempo, escrevia cartas à mãe para lhe contar as suas impressões e descobertas. Uma selecção destes desenhos e destas cartas, que estabelecem entre si um diálogo íntimo e consonante, é agora revelada. Na Electra 23, é publicada, na secção “Figura”, um retrato do grande poeta grego Konstandinos Kavafis, feito pelo professor e tradutor Nikos Pratsinis, a partir de oito perguntas capitais; é comentada, pelo escritor Christian Salmon, na secção “Passagens”, uma reflexão sobre a história trágica da Europa Central do consagrado romancista e ensaísta checo, Milan Kundera. Ainda neste número, o ensaísta e jornalista Sergio Molino dá-nos um mapa pessoal da cidade de Saragoça, em que a história e a geografia, a literatura e a arte se encontram; o jornalista e colunista brasileiro Marcelo Leite trata das investigações em curso desde os anos 90, com vista ao uso farmacológico e terapêutico dos psicadélicos; a escritora e veterinária María Sanchez constrói um diário que é atravessado por procuras e encontros, casas e viagens, livros e animais, terras e mulheres, amor e amizade; o arquitecto, investigador e curador chileno Francisco Díaz aborda a relação entre solo e terreno, a partir do projecto da Cidade da Cultura de Santiago de Compostela, da autoria de Peter Eisenman; o artista e ensaísta João Sousa Cardoso escreve sobre a obra do escultor Rui Chafes, revisitando três exposições e um livro apresentados durante o ano de 2023; e o dramaturgo Miguel Castro Caldas comenta a palavra “Confortável”.Vários -
NovidadeDiário SelvagemEste «Diário Selvagem», «até aqui quase integralmente inédito, é um livro mítico, listado e discutido em inúmeras cartas e cronologias do autor, a que só alguns biógrafos e estudiosos foram tendo acesso».