Falidos!
Se não posso assinar esta carta com o meu nome, facto que motivará a crítica de alguns, é por uma simples razão: perdi-o, como perdi tudo o que fazia parte da minha vida. Exilado no fim do mundo, longe do consumismo das nossas existências que amortizamos em pequenas mensalidades, arruinado pelos bancos, pelos seus organismos, pelos patrões da grande distribuição, pelo canibalismo de um sistema que aguça os nossos apetites para melhor nos devorar, só me restam estas palavras que ninguém poderá destruir.
Tinha escolhido remeter-me ao silêncio, carpir as dores dos meus erros passados, aterrado por me ver de repente, nas margens do rio Mekong, numa miséria que nunca havia imaginado. Mas ao ver as crianças morrer, as mulheres agonizar no trabalho, os velhos congratularem-se por terem cumprido quarenta anos, compreendi que o silêncio já não era possível.
Por todo o lado o capitalismo anónimo comete infâmias: se não fizermos nada, se nos calarmos, envergonhados nas nossas solidões cúmplices, a Humanidade, subjugada e sobre-endividada, não sobreviverá ao século corrente.
No momento em que Portugal, e não só, atravessa uma das maiores crises da sua história, Falidos! vem apontar-nos as causas reais que levaram à grave situação que afecta, em maior ou menor medida, uma boa parte dos países europeus.
Não é apenas um documento de indignação é um grito de revolta contra o funcionamento de um sistema económico que conduziu o Homem a um mero ser consumista, cada vez mais consumista, para depois o atar com os grilhões incontroláveis da insolvência, do desespero e da miséria.
Escrito por um autor anónimo vítima ele próprio do processo que descreve Falidos! foi saudado pela crítica francesa como um panfleto político elevado à condição de obra de arte.
«Este pequeno livro é belo como uma canção triste. (
) É de tal modo bem escrito e bem construído que é difícil crer que o seu autor não seja um romancista ou um ensaísta experiente, e que portanto não tenham sido inventadas todas as peças da história que nos conta. (
) Mas, no fundo, que importa? Mesmo que este livro não tivesse nada de testemunho autobiográfico, mesmo que tivesse sido escrito num luxuoso apartamento parisiense e pago a peso de ouro, ele seria sempre maravilhoso. Pois que o autor conseguiu algo raro: fazer de um panfleto político uma espécie de obra de arte.»
Le Monde des Livres
A presente edição vem enriquecida com um prefácio notável de Frei Bento Domingues, uma das mais influentes figuras da Igreja portuguesa, que enquadra de modo exemplar as situações denunciadas na obra no âmbito do pensamento católico e das preocupações de muitas das encíclicas papais.
«Falidos! não se contenta em denunciar as nossas cumplicidades infantis com a pornografia financeira, que nos impele a adquirir e a possuir sempre mais para satisfazer desejos prefabricados e imaginários, através de enganadores créditos bancários. Fruto da indignação, é um protesto que não se esgota na denúncia. Abre um caminho e entrega armas para dar oportunidades à esperança e à vida daqueles que o neo-liberalismo espoliou de tudo.»
Do Prefácio
Falidos! é por tudo isto um pequeno grande livro que ninguém pode deixar de ler.
| Editora | Porto Editora |
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| Categorias | |
| Editora | Porto Editora |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Anónimo |
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A Nuvem do Não Saber"“Um dos mais belos textos místicos de todos os tempos”: assim classificam alguns historiadores da mística cristã a pequena obra que aqui se publica. “Um dos mais belos tratados espirituais de todo o século XIV”: tal é a definição mais sóbria, mas não menos entusiasta, que para o mesmo texto reserva F. Vandenbroucke, um especialista da história da espiritualidade medieval. Tanto basta para suscitar a curiosidade dos leitores interessados nestas matérias, e que não se assustam por ter sido escrita há quase setecentos anos, por não se poder identificar o autor, ou por apresentar o seu misterioso título A Nuvem do Não-saber."José Mattoso -
O Meu Pipi - Sermões«E hás-de excisar a pele da pichota, disse o Senhor, falando com Abraão, e será ela o símbolo do nosso acordo. Cortar a pichota? Hum. E se selássemos isto com um aperto de mão, à homem?, terá certamente perguntado Abraão, embora o cronista bíblico o não refira. Deus não transigiu. Quando o Senhor do Universo deseja pichota, obtém pichota. Curioso é que poetas de vário tempo e lugar têm levado a cabo paneleiríssimas choradeiras pelo destino de Fausto, mas nenhum lamentou alguma vez a sorte de Abraão. Aquele fez um pacto com o Diabo e perdeu a alma; este negociou com Deus e viu-se despojado de parte da pichota. O Diabo quer a alma; Deus quer a picha. [ ]» -
O Meu Pipi: diárioQuase 15 anos depois, o infame regresso do diário de «O Meu Pipi».Edição de luxúria, com alguns textos inéditos. Com 35 mil exemplares vendidos e depois de se ter transformado num dos maiores fenómenos mediáticos da literatura portuguesa, o Pipi mais famoso do país volta a disponibilizar a sua obra inaugural, há muito esgotada, com todos os seus famosos afodismos e pastiches de escritores, como José Saramago ou António Lobo Antunes. Transitou de blogue para livro, só escreve para maiores de 18, já publicou os seus Sermões (Tinta-da-china, 2011), mas Pipi continua a ser recatado e do lar. A identidade do autor continua a ser um dos segredos mais bem guardados da literatura nacional. Pipi já foi confundido com Miguel Esteves Cardoso, Rui Zink, José Vilhena, Ricardo Araújo Pereira e Pedro Mexia, mas o mistério permanece. -
A Criada MalcriadaSalte o muro, tenha cuidado com o cão, esconda-se atrás do arbusto e, sem fazer barulho, espreite discretamente pela janela da casa mais louca de sempre. Entre o fumo dos cigarros e do pó do espanador, assista em directo ao dia-a-dia, às idas e vindas desta senhora e da sua criada.A responsabilidade é toda sua. O que se lá passa é obra de alucinada ficção e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Ou não -
Fioretti de São Francisco e dos seus FradesAs Fioretti [Florinhas] de São Francisco são uma das obras mais conhecidas da literatura universal, e também muito apreciada pelos leitores. Tal deve-se ao facto de o texto estar escrito numa linguagem muito simples, ser extremamente poético e de um grande humanismo. Em Francisco de Assis, o alter Christus, revela-se também no Homem, naquilo que ele tem de melhor: a ale-gria, a confiança, a bondade, a fraternidade e uma genuína piedade. Jorge Mario Bergoglio, ao escolher o nome de Francisco no seu ministério petrino, veio também propor-nos esses valores para o mundo de hoje. -
A Conquista de Lisboa aos Mouros - Relato de um CruzadoEste documento medieval é a mais completa e antiga narrativa da conquista de Lisboa que chegou ao nosso conhecimento e daí a sua enorme importância para historiadores e leigos que queiram saber como ela teve lugar no longínquo ano de 1147 e que estratégia en-volveu. Escrita em latim, sob a forma de carta, por um cruzado que se integrou no contingente inglês dos homens da 11.ª Cruzada que se dirigiam a Jerusalém e apoiaram D. Afonso Henriques na sua acção bélica, constitui um testemunho de inegável interesse.Mais que outros textos nascidos no mesmo cenário da conquista da cidade, destaca-se este pela descrição alargada que faz das acções desenvolvidas pelo rei português e pelos cruzados, sendo particularmente de acentuar a reconstituição das intervenções oratórias devidas aos negociadores das várias actuações. A esses dois documentos junta-se também o Indículo da Fundação do Mosteiro de S. Vicente de Lisboa que fornece perspectiva complementar relativamente a eles.Edição bilingue, traduzida directamente do latim por A. Aires de Nascimento e enriquecida com anotações.Inclui uma introdução de Maria João V. Branco, docente na Universidade Nova de Lisboa. -
A Nuvem do Não-SaberConcebida como uma carta de orientação dirigida a um jovem contemplativo, A Nuvem do Não-Saber continua a ser um guia estimulante e seguro para quantos se interessam pelos caminhos do espírito.A Nuvem do Não-Saber é um tratado sobre contemplação, escrito por um anónimo inglês, em finais do século XIV. Considerada a obra mais importante da mística inglesa, é enorme o fascínio e a influência que tem exercido até aos nossos dias, tanto pela profundidade de pensamento como pela estética da linguagem.Entre os seus leitores podemos mencionar nomes tão diversos como os de Augustine Baker, J. H. Newman, T. S. Eliot, Thomas Merton e Malcolm Muggeridge. Há até quem admita que São João da Cruz terá conhecido uma tradução latina da obra, tal é a afinidade da sua doutrina com a do místico inglês.«Quanto aos tagarelas carnais, os bajuladores e os detractores de si mesmos ou dos outros, os mexeriqueiros, os linguareiros e os que espalham boatos, e ainda toda a espécie de críticos, nunca eu desejei que vissem este livro. É que nunca tive a intenção de escrever esta obra para indivíduos desse jaez. Por isso, não os quero ver intrometidos nesta matéria — nem a eles, nem a quaisquer outros, letrados ou ignorantes, que não passem de curiosos! E digo isto, porque nem sequer a estes meros curiosos lhes aproveitará o conteúdo do meu livro, ainda que sejam homens excelentes, no plano da vida activa. Entretanto, uma excepção deve abrir-se para aqueles que, apesar de serem activos na forma de vida exterior, são tocados no seu íntimo pelas moções secretas do Espírito de Deus, insondável nos seus juízos.Tais homens não são como os puros contemplativos, mas dispõem-se às vezes, por acção da graça, a ter parte no supremo ápice do acto contemplativo. Ora, se esses lerem esta obra, deverão encontrar nela, pela graça de Deus, grande fonte de consolação.»O tradutor, Lino Moreira, é monge beneditino da Abadia de Glenstal, Irlanda, onde actualmente exerce os cargos de hospedeiro e professor de Latim. Nasceu em 1964, em São Pedro de Rates, Póvoa de Varzim. Licenciou-se em Humanidades, Filosofia e Teologia pela Universidade Católica Portuguesa. O interesse pela Teologia Mística foi uma constante da sua vida, que o levou a traduzir para português A Nuvem do Não-Saber. -
Nome de Código: Águia-RealO thriller político mais explosivo do ano, baseado na maior teoria da conspiração do nosso tempo. Nome de Código: Águia-Real.Missão: Seduzir e casar com um homem rico e politicamente influente. Em outubro de 2016, algumas semanas antes das eleições americanas, a jornalista Grace Elliot descobre um furo que poderá impulsionar a sua carreira. Uma estrela de filmes pornográficos está disposta a falar sobre o seu caso com o homem que alguns esperam, e muitos temem, que se torne o próximo presidente dos Estados Unidos da América. Mas ninguém quer publicar essa notícia, nem mesmo o chefe de Grace, editor do principal tabloide americano. Grace é forçada a abandonar o caso e acaba por ser enviada para a Europa, onde descobre uma história tão bombástica que poderá decidir as eleições: o candidato a presidente dos Estados Unidos foi casado com uma mulher checa, que, tudo indica, era espia do KGB. Que informações e segredos esconderá esta mulher? Tudo o que Grace precisa é de se manter viva o tempo suficiente para o poder descobrir… e revelar ao mundo. «Um empolgante thriller de conspiração sobre o presidente dos Estados Unidos e as suas ligações à Rússia, cujas analogias com factos recentes se revelam bastante assustadoras.» - The Sun -
As Mil e Uma Noites - 1.º VolumeA primeira tradução feita em Portugal a partir dos mais antigos manuscritos árabes existentes. Diferente de tudo o que conhecia. Entre 1704 e 1717, o orientalista francês Antoine Galland publicou em 12 volumes pela primeira vez numa língua europeia «As Mil e Uma Noites». Apesar de Galland ter baseado a primeira parte da sua tradução no manuscrito (quase) completo mais antigo que se conhece (séc. XIV), mudou significativamente o texto, alterando de forma drástica várias histórias, fazendo acrescentos a seu gosto, introduzindo histórias que nunca tinham feito parte das versões manuscritas e depurando todas as partes impudicas.«As Mil e Uma Noites» são um conjunto de histórias populares recolhidas por autor anónimo que teriam sido alegadamente escritas em persa e posteriormente traduzidas para árabe. Dos manuscritos persas, se existiram realmente, nada sobreviveu, mas dos árabes sobrevivem vários documentos possivelmente copiados de uma mesma versão primordial em árabe que se perdeu também ela.Cada documento tem variações e disparidades — cada copista terá acrescentado ou interpretado mal a seu bel prazer — apesar de haver um corpo comum surpreendentemente semelhante entre as várias versões, sobretudo nas mais antigas.Quem redigiu e copiou as suas histórias não seria versado nos cânones das belas-letras da língua árabe, e tudo leva a crer que este livro não agradaria nada aos leitores cultos, sendo muito possivelmente as suas histórias destinadas a serem contadas publicamente perto dos mercados, como ainda hoje acontece, por exemplo, na Praça Jemaa el-Fnaa em Marraquexe, e em saraus domésticos.O seu tom coloquial lembra os contos tradicionais portugueses, mas sem terem sido recolhidos por intelectuais e sem peias: as histórias são fantásticas, eróticas, violentas, apaixonantes e apaixonadas, cheias de lições morais e problemáticas filosóficas, de conselhos para melhor viver e amar. No corriqueiro de histórias para entreter reside a sabedoria milenar de vários povos e de uma antiguidade que nos é, ainda assim, ao mesmo tempo estranha e próxima.Talvez por isso as histórias de «As Mil e Uma Noites» estejam na base de muita da grande literatura universal por nos terem dado o imaginário da literatura fantástica oriental.Hugo Maia, tradutor e sociólogo, estudou língua, história e cultura árabes, preparou a primeira tradução feita em Portugal, a partir dos manuscritos árabes mais antigos, menos embelezada e filtrada pelo imaginário ocidental, mais pura, sobretudo mais fiel. Um marco na história da edição no nosso país e um texto fundamental da literatura universal.O segundo volume está ainda a ser traduzido e sairá em 2018. -
Pistis Sofía“Pistis Sophia” é um importante texto Gnóstico, cujo tema são os ensinamentos transmitidos por Jesus aos seus Apóstolos. A sua autoria é atribuída a um teólogo gnóstico da época do cristianismo primitivo chamado Valentino (c.100-c.160), mas não há certezas. O manuscrito foi descoberto no séc. XVIII por um médico de Londres chamado A. Askew, sendo após a sua morte adquirido pelo British Museum. Não é claro o significado do título, podendo ser traduzido por “Sabedoria da Fé” ou “Sabedoria na Fé”. Aparece proclamado no texto que Jesus permaneceu no mundo, durante um período de onze anos após a sua ressurreição, e que foi durante esse hiato temporal que transmitiu aos seus discípulos diversos ensinamentos que os levariam até ao primeiro nível dos mistérios. Descreve a descida e a ascensão da alma, apresenta as figuras importantes da tradição gnóstica finalizando com 32 desejos carnais que devem ser superados para que a salvação possa ser atingida.
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O Príncipe da Democracia - Uma Biografia de Francisco Lucas PiresNenhuma outra figura foi intelectualmente tão relevante para a afirmação da direita liberal em Portugal como Francisco Lucas Pires. Forjado numa família que reunia formação clássica e espírito de liberdade, tornou-se um constitucionalista inovador, um jurista criativo, um político de dimensão intelectual rara à escala nacional e europeia – e, acima de tudo, um cidadão inconformado com o destino de Portugal.Em O Príncipe da Democracia, Nuno Gonçalo Poças reconstitui o percurso e as ideias deste homem invulgar, cujo legado permanece em grande parte por cumprir, e passa em revista os seus sucessos e fracassos. O resultado é um livro que, graças à absoluta contemporaneidade do pensamento do biografado, nos ajuda a compreender as grandes questões que o país e a Europa continuam a enfrentar, mostrando-nos, ao mesmo tempo, uma elegância política difícil de conceber quando olhamos hoje à nossa volta.Mais do que um retrato elucidativo de Lucas Pires, que partiu precocemente aos 53 anos, este é um documento fundamental para responder aos desafios do futuro, numa altura em que o 25 de Abril completa meio século. -
A DesobedienteA dor e o abandono chegaram cedo à vida de Teresinha, a filha mais velha de um dos mais prestigiados médicos da capital e de uma mulher livre e corajosa, descendente dos marqueses de Alorna, que nas ruas e nos melhores salões de Lisboa rivalizava em encanto com Natália Correia. A menina que haveria de ser poetisa vê a morte de perto quando ainda mal sabe andar, sobrevive às depressões da mãe, chegando mesmo a comer uma carta para a proteger. É dura e injustamente castigada e as cicatrizes hão de ficar visíveis toda a vida, de tal modo que a infância e a adolescência de Maria Teresa Horta explicam quase todas as opções que tomou. Sobreviver ao difícil divórcio dos pais, duas figuras incomuns, com as quais estabeleceu relações impressionantes de tão complexas, foi apenas uma etapa.Mas quanto deste sofrimento a leva à descoberta da poesia? E quanto está na origem da voz ativista de uma jovem que há de ser uma d’As Três Marias, as autoras das famosas «Novas Cartas Portuguesas», e protagonistas do último caso de perseguição a escritores em Portugal, que recebeu apoio internacional de mulheres como Simone de Beauvoir e Marguerite Duras? A insubmissa, que se envolve por acaso com o PCP e mantém intensa atividade política no pré e no pós-25 de Abril; a poetisa, a mãe, a mulher que constrói um amor desmedido por Luís de Barros; a grande escritora a quem os prémios e condecorações chegaram já tarde (ainda que, em alguns casos, a tempo de serem recusados), entre outras facetas, é a Maria Teresa Horta que Patrícia Reis, romancista e biógrafa experimentada, soube escrever e dar a conhecer, nesta biografia, com a destreza e a sensibilidade que a distinguem. -
Emílio Rui VilarMemórias do país da ditadura e do alvor da democracia em Portugal. A vida de Emílio Rui Vilar atravessou as principais mudanças da segunda metade do século XX. Contado na primeira pessoa, um percurso fascinante pelo fim do regime de Salazar e Caetano e pela revolução de Abril.Transcrevendo entrevistas realizadas ao longo de vários meses, este livro recolhe o relato na primeira pessoa de uma trajetória que percorreu o início da contestação ao Estado Novo no meio universitário, a Guerra Colonial, a criação da SEDES, o fracasso da “primavera marcelista” e os primeiros anos do novo regime democrático saído do 25 de Abril, onde Emílio Rui Vilar desempenhou funções governativas nos primeiros três Governos Provisórios e no Primeiro Governo Constitucional. No ano em que se celebram cinco décadas de democracia em Portugal, este livro é um importante testemunho sobre dois regimes, sobre o fim de um e o nascimento de outro. -
Oriente PróximoCom a atual guerra em Gaza, este livro, Oriente Próximo ganhou uma premente atualidade. A autora, a maior especialista portuguesa sobre o assunto, aborda o problema não do ponto de vista geral, mas a partir da vida concreta das pessoas judeus, árabes e outras nacionalidades que habitam o território da Palestina. Daí decorre que o livro se torna de leitura fascinante, como quem lê um romance.Nunca se publicou nada em Portugal com tão grande qualidade. -
Savimbi - Um homem no Seu MartírioSavimbi foi alvo de uma longa e destrutiva campanha de propaganda, desinformação e acções encobertas de segurança com o objectivo de o desacreditar e isolar. Se não aceitasse o exílio ou a sujeição, como foi o objectivo falhado dessa campanha, o fim último era matá-lo, como aconteceu: premeditadamente! Para que a sua «morte em combate» não suscitasse empatia, foi como um chefe terrorista da laia de Bin Laden que a sua morte foi apresentada – artifício da propaganda que tirou partido da memória emocional recente dos atentados da Al Qaeda, na América. Julgado com honestidade, Savimbi nunca foi o «bandido» por que o fizeram passar. O manifesto apreço que personalidades de indiscutível clareza moral, como Mandela, tiveram por ele prova-o. O MPLA elegeu-o como adversário temido e quis apagá-lo do seu caminho! Não pelos crimes a que o associaram. O que o MPLA e o seu regime temiam eram as suas qualidades e carisma, a sua representatividade política e o prestígio externo que granjeara. Como outros grandes da História, Savimbi também tinha defeitos e cometia erros. Mas no deve e haver as suas qualidades eram preponderantes." -
Na Cabeça de MontenegroLuís Montenegro, o persistente.O cargo de líder parlamentar, no período da troika, deu-lhe o estatuto de herdeiro do passismo. Mas as relações com Passos Coelho arrefeceram e o legado que agora persegue é outro e mais antigo. Quem o conhece bem diz que Montenegro é um fiel intérprete da velha tradição do PPD, o partido dos baronatos do Norte. Recusou por três vezes ser governante e por duas vezes foi derrotado em autárquicas. Já fez e desfez alianças, esteve politicamente morto e ressuscitou. Depois de algumas falsas partidas chegou à liderança. Mas tudo tem um preço e é o próprio a admitir que se questiona com frequência: será que vale a pena? -
Na Cabeça de VenturaAndré Ventura, o fura-vidas.Esta é a história de uma espécie de Fausto português, que foi trocando aquilo em que acreditava por tudo o que satisfizesse a sua ambição. André Ventura foi um fura-vidas. A persona mediática que criou nasceu na CMTV como comentador de futebol. Na adolescência convertera-se ao catolicismo, a ponto de se tornar um fundamentalista religioso. Depois de ganhar visibilidade televisiva soube pô-la ao serviço da sua ambição de notoriedade. Passou pelo PSD e foi como candidato do PSD que descobriu que havia um mercado eleitoral populista e xenófobo à espera de alguém que viesse representá-lo em voz alta. Assim nasceu o Chega. -
Contra toda a Esperança - MemóriasO livro de memórias de Nadejda Mandelstam começa, ao jeito das narrativas épicas, in media res, com a frase: «Depois de dar uma bofetada a Aleksei Tolstói, O. M. regressou imediatamente a Moscovo.» Os 84 capítulos que se seguem são uma tentativa de responder a uma das perguntas mais pertinentes da história da literatura russa do século XX: por que razão foi preso Ossip Mandelstam na fatídica noite de 1 de Maio de 1934, pouco depois do seu regresso de Moscovo? O presente volume de memórias de Nadejda Mandelstam cobre, assim, um arco temporal que medeia entre a primeira detenção do marido e a sua morte, ou os rumores sobre ela, num campo de trânsito próximo de Vladivostok, algures no Inverno de 1938. Contra toda a Esperançaoferece um roteiro literário e biográfico dos últimos quatro anos de vida de um dos maiores poetas do século XX. Contudo, é mais do que uma narrativa memorialística ou biográfica, e a sua autora é mais do que a viúva mítica, que memorizou a obra proibida do poeta perseguido, conseguindo dessa forma preservar toda uma tradição literária. Na sua acusação devastadora ao sistema político soviético, a obra de Nadejda Mandelstam é apenas igualada por O Arquipélago Gulag. O seu método de composição singular, e a prosa desapaixonada com que a autora sonda o absurdo da existência humana, na esteira de Dostoievski ou de Platónov, fazem de Contra toda a Esperança uma das obras maiores da literatura russa do século XX.