Gado do Senhor
Acreditamos que este pequeno livro de poemas constitui uma revelação, já que é raro depararmos com tão perfeito equilíbrio entre a sua (metafórica) ironia, aqui com incidências bíblicas que o título deixa adivinhar, e o prosaísmo terra-a-terra dos nossos corpos & almas, graças ao esforço do Senhor que nos deu vida e problemas para carregar gado que somos dele. Rosa Alice Branco é nome a somar ao notável conjunto da recente poesia escrita por mulheres.
| Editora | & etc |
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| Editora | & etc |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Rosa Alice Branco |
Rosa Alice Branco nasceu em Aveiro em 1950. Tem 12 livros de poesia publicados em Portugal, incluindo a sua obra poética reunida Soletrar o Dia (2002). O seu primeiro livro, Animais da Terra, veio a lume em 1988. Reconhecida internacionalmente, a autora tem a sua poesia publicada em inúmeros países, tanto em livros como em revistas literárias. Participa regularmente em Festivais Internacionais de Poesia, tendo representado Portugal no Poetry Parnas sus Festival, em Londres (2012). Venceu diversos prémios internacionais, entre eles o Prémio Espiral Maior de Poesia, em 2008, com Gado do Senhor (& etc), e o Prémio de Tradução Internacional da Colectividade de Córsega, em 2013, pela organização e tradução da antologia que intitulou E se puséssemos azulejos em verso?. A par com a atividade literária, Rosa Alice Branco tem um doutoramento em Filosofia Contemporânea, dedica-se profissionalmente à Neuropsicologia da Percepção e à Estética e é tradutora, investigadora e promotora cultural. Neste último âmbito, organizou vários colóquios e festivais de poesia, dentro e fora de Portugal, e foi coeditora de revistas de filosofia e poesia.
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Traçar um Nome no Coração do BrancoNeste livro, o primeiro da autora a ser publicado pela Assírio & Alvim, Rosa Alice Branco fala-nos de lugares e de afectos, de memórias e de objectos, de amor e de design.A temperatura das flores é uma coisa que só neste frio nos vem à cabeça. O frio nem sempre é dele. Às vezespertence à cidade desagasalhada, tão agora como antes. Mais do que as coisas mal ditas são as coisas por dizer na opacidade dos olhos. As janelas da cidade comose tivessem as persianas caídas pelo passeio. O menor dos males era a aceitação destes delíriosimprováveis. O pior era caminhar às cegas pelas ruas sem um fio de luz a crescer na infância. […] -
Soletrar o DiaComo bem sublinha valter hugo mãe no prefácio desta edição, "mais do que ver com o que escreve, sobressai a sensação de que Rosa Alice Branco cria uma janela sobre si mesma, mas sempre como uma forma de ver a ver-se. A sua escrita é um laboratório de observação ao acto de observar. Será das poéticas mais visuais do nosso pano¬rama literário; impressionada com a pintura, lida com o texto como uma máquina de produzir espaços - espaços volumétricos -conduzindo o leitor à visão e al¬guma inclusão". Nesta poesia completa e reunida de Rosa Alice Branco, "Soletrar o Dia", detecta-se a intenção da poetiza de conferir aos seus escritos uma dimensão cada vez mais vivencial, certa de que o processo da auto-descoberta interior terá que passar por uma relação com os outros isenta de artifícios. Sensações, desejos, reflexões ou simples murmúrios sucedem-se em poemas que traduzem a paixão e a intensidade com que a autora encara o espectáculo do Mundo, no qual a solidariedade, a entrega e a partilha são eixos fundamentais. Tais intentos são bem visíveis no poema "Escadas que sobem": "Desmantelo o tempo. Tu apareces e trazes magia para dentro das gavetas para a mão suspensa no puxador." -
Amor Cão e Outras Palavras que Não AdestramDomesticar o lobo ou domar a escrita. Amor Cão e outras palavras que não adestram é o novo livro de poemas de Rosa Alice Branco. Num diálogo pessoalíssimo com a obra de Konrad Lorenz, estes são versos que questionam e desequilibram dominações antigas: o criador sobre a criação, o humano sobre o animal, o homem sobre a mulher: O canídeo sabe tornar-se cortês. A cauda erguida aos céus, o pescoço adiantado às patas, embora as dianteiras brinquem e os cantos da boca riam. A respiração torna-se arfeira e eu acho que já li isto, isto dos pequenos saltos, do abanar o rabo e sobretudo da respiração. Os avanços mostram um certo erotismo cauteloso na abordagem, digo, no que respeita ao cão. A cadela aprecia a simpatia do macho mas por azar não está no cio e ei-la a saltitar como se nada. As vantagens da humanidade são visíveis: é sempre possível dizer que sim a um animal. -
As Cores das Coisas«Um belo livro sobre os mistérios da cor na Natureza e na cultura.» Carlos Fiolhais«Não conheço ninguém que alie a força da lucidez ao esplendor poético mais do que a Rosa Alice Branco.» Valter Hugo MãeA cor é a linguagem do olho, tão apaixonante que desencadeia em nós emoções, por ser o elemento da perceção mais impactante e imprescindível à vivência e à sobrevivência. Mas é também o trunfo da imaginação, que permite ao poeta Paul Éluard escrever o verso: «A terra é azul como uma laranja.»As Cores das Coisas é um livro para todos os profissionais que trabalham com a cor, mas também para estudantes e para gente curiosa, porque ensina ao mesmo tempo que conta histórias fascinantes que ajudam a compreender a realidade policromática. Através da escrita sedutora e luminosa da poeta e professora universitária Rosa Alice Branco, e em resultado de anos de ensino e investigação, o leitor fica a compreender o poder inescapável da cor e as emoções que gera, mesmo que o seu impacto não chegue a aflorar a nossa consciência. A cor tem poder manipulador e tudo nela é consonância e paradoxo: um desafio tão empolgante como uma montanha-russa. Por que razões a roupa interior foi, durante tanto tempo, branca? Como evoluiu a cor das louças sanitárias das casas de banho? Qual a história do azul dos jeans Levi’s? E em que medida se ligam as cores com a história da LEGO? Ou dos chocolates Cadbury?O nosso cérebro é uma peça mestra no jogo de instalar desejos em nós, associando objetos e realidades coloridas a sensações de satisfação e prazer. Ao contar histórias das cores e dos seus significados, este livro fascinante permite compreender como coisas tão díspares como a publicidade, um logótipo, os alimentos, os clubes de futebol e as nossas memórias se vestem das cores que melhor permitem apreciar o seu sabor.
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Tal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
TisanasReedição das Tisanas de Ana Hatherly, poemas em prosa que ocuparam grande parte da vida da poeta e artista. -
NocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
AlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira