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Detalhes do Produto
- Editora: Colibri
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- Ano: 2015
- ISBN: 9789896895334
Sinopse
No ano 1099, após uma mobilização sem precedentes, o mundo cristão Ocidental protagonizava
a conquista de Jerusalém. Pouco tempo depois da primeira cruzada, em 1120, nascia a Ordem
do Templo, a primeira a conjugar a vocação e as capacidades da cavalaria com as virtudes e
os preceitos monásticos, uma fórmula inovadora, definida e exaltada por S. Bernardo de
Claraval. A partir de então, este é o modelo adoptado pelas Ordens Militares que se criam
no Oriente latino e no Ocidente, sujeitas a uma regra de vida comum e reconhecidas por
Roma como o legítimo braço armado para a defesa da Igreja e da Cristandade.
Quase todas seguiam a regra cisterciense mas a Ordem de Santiago era uma das excepções,
pois o ideário da sua normativa fundava-se nos princípios agostinhos. Ela configurava bem
os preceitos doutrinais e militares inspirados pelo movimento de cruzada e transpostos
para o contexto peninsular, então em pleno processo de expansão territorial dos seus
reinos cristãos. Originária do reino de Leão, a Ordem vai alargar a sua intervenção a
Castela e Aragão, recebendo amplas doações dos monarcas desses reinos.
A formação de Portugal, enquanto espaço definido por uma fronteira e liderado por um
monarca, contou com o envolvimento activo de várias Ordens religioso-militares a do
Templo, a do Hospital ou de S. João de Jerusalém, a dos freires de Évora (mais tarde
designada de Avis) e a de Santiago que, ao serviço do rei e integradas nas suas hostes,
eram a melhor expressão do profissionalismo militar de uma cavalaria motivada, bem
treinada e bem equipada. Temida pelo adversário, era factor de confiança para os
contingentes de peões, maioritários nos exércitos de então, e para uma população de
cristãos e de muçulmanos (os que aceitaram permanecer sob a protecção régia portuguesa),
em permanente instabilidade nos territórios de fronteira, que viam nas forças militares do
reino e nos miles christi uma esperança de sobrevivência e de paz. A eficácia em campo de
batalha e a imagem cruzadística da época criaram em torno das Ordens Militares uma auréola
mística em que se mesclavam os princípios religiosos da cristandade Ocidental e a
legitimidade de uma expansão territorial com contornos particulares na península Ibérica.
Em Portugal desde 1172, a Ordem de Santiago logrou também obter múltiplos favores régios
pelo seu desempenho nas conquistas a Sul do Tejo, tornando-se talvez a mais poderosa Ordem
Militar das centúrias de duzentos e trezentos em Portugal.
[Isabel Cristina Ferreira Fernandes, Comissária científica da exposição]