Infinitos Céus, Pássaros Soltos
A fé do homem desligado da cultura é a fé do homem erudito. A essência é a mesma: acreditar no que se não vê; assumir o mistério.
Com o amor passa-se algo de semelhante: ninguém sabe dizer o que é o amor / ninguém lhe sabe a forma nem a cor. Sabe-se, é que quando essa força inextinguível toca duas almas, os seres por ela tocados não serão talvez capazes de definir o lugar ou precisar a circunstância em que tal maravilha ocorreu. A troca do primeiro olhar, essa, jamais a esquecerão.
Eu direi que sim.
Porém, permita-me o Poeta que acrescente: é sonho constante o amor. "Eles não sabem nem sonham" que, por amor, faremos avançar o mundo.
Espero que, tanto ao homem do chão da terra como ao da elevada ciência, agrade o que escrevi na infinitude dos céus:
Sonhei então que nunca mais te via
Mas logo pla manhã bem acordada
Veio desmentir o sonho a Poesia
E aí estás tu presente em corpo inteiro
No poema não cabe a fantasia
No verso é que o amor é verdadeiro
| Editora | Palimage |
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| Categorias | |
| Editora | Palimage |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Maria Adelaide Calado |
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Da Música a Magia: crónicas«Os archotes iluminavam as ruas e as matracas soavam ferindo os corações. Minha Mãe comovia-se ao ouvir tocar a banda marchando, solene e compassada, na procissão de Sexta-feira Santa para acompanhar o Senhor, morto no esquife. Toda a boa música emociona. A popular, a das bailarinas e romarias, não é menos capaz de fazer saltar os corações de alegria do que aquela que nos faz chorar de tristeza.» Maria Adelaide Calado -
Ah, O Tempo Em Que O Amor Cheirava a Rosas[Maria Adelaide Calado tomou] o seu mundo, transformou-o à medida de uma história de amor viva e colorida, marcada pelo desencontro, mas intensa e apaixonada como as várias referências que vão sendo sublinhadas por ela ao longo do livro. Na arte das histórias, seguimos uma estrutura que vem da Grécia Antiga, sugerida por Aristóteles na sua Poética. Todas as histórias se estruturam em três actos, que nos presenteiam com funções muito específicas e claras: apresentação / adensar do conflito / e finalmente a conclusão. Dessa base estrutural das histórias, muitos autores e estudiosos procuraram fortalecer a base teórica e dar-lhe novos horizontes. Joseph Campbell, um desses estudiosos, depois de observar várias culturas e várias tribos, sugere que todas elas, com as suas devidas alterações circunstanciais, se organizam de acordo com a ideia de uma aventura: a viagem do herói. Em traços muito gerais, os rituais de passagem de todas as religiões, tribos, civilizações, passam pela imagem aproximada de um herói que é chamado a sair da sua aldeia segura e inundada por luz, para entrar na floresta escura e viver uma aventura, sendo posto à prova com uma série de dificuldades, chegar a ficar praticamente derrotado pela dificuldade da sua demanda, mas finalmente conseguir derrotar o maior dos seus inimigos, chegar a um tesouro ou elixir e regressar à aldeia como uma nova figura, um novo homem, ou mulher. Assim é com Ondina e Dário, um casal apaixonado, separado pelo tempo e pela vida, pelo desencontro provocado pelo mundo exterior, fora da redoma dos beijos trocados no Jardim dos Álamos e que marcará para sempre a aventura que é o percurso de vida de Ondina, em tanto como na vida (...) [da Autora deste livro – Maria Adelaide Calado]. (Adapt. – Apresentação da obra por Manuel Pureza)
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Tal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
TisanasReedição das Tisanas de Ana Hatherly, poemas em prosa que ocuparam grande parte da vida da poeta e artista. -
NocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
AlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira