Intitulados Títulos
«Perdoe-me desde já o benévolo leitor a ousadia da incursão de um soi-disant modesto artista
no domínio celerado e rigoroso das cousas typographicas. A minha relativa aversão, ou mesmo irritação,
ao que hoje se chama, em mercantil anglicismo, design gráfico, sempre se deveu ao rigor das ferramentas,
ao lado insonso dos tipos, à trabalhosa relação com as gráficas, às partidas que me pregaram nas
impressões e no tratamento das imagens, aos desaparecimentos de originais e outros assuntos que não
me acodem por ora. No entanto, sempre gostei de máquinas de escrever, da composição manual dos tipos,
das caligrafias rebuscadas, dos livros iluminados e dos acidentes que o tempo faz nos manuscritos:
manchas, carimbos, anotações, rasgões e outras desordens que por vezes perturbama legibilidade. Cada
vez mais acho que o livro, objecto de devoção algo moribundo (embora nobre e honroso!), deve ser encarado
como um caderno, e que a função recriativa do leitor é a de rabiscar, contrapor, achincalhar, precisar,
obscurecer, iluminar, traduzir, sublinhar, acrescentar, cortar, apagar, etc. Estas atitudes de remontagem
terão as suas virtudes se não vierem no sentido de empobrecimento e espartilhamento de
texto. Não tenho a pretensão de desautorizar o que é do autor, ou de celebrar alternativamente a recensão
comezinha e as batalhas recepcionistas dos estafados exegetas ou hermeneutas. No fundo, acho simpática
a ideia de que só o leitor que não é passivo é que é significativo (vai-se tornando o seu autor!),
mesmo que a significação seja uma floresta de equívocos.Tento não acentuar em demasia a ideia de que
são os vedores que fazem a pintura, se bem que a cozinhem e estufem superficialmente nos meandros
da consciênciamas as imagens também exercem os seus poderes sobre os corpos, bombardeando-os
com diversas afecções a que não conseguimos ser insensíveis.»
Pedro Proença
| Editora | Assírio & Alvim |
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| Coleção | Arte e Produção |
| Categorias | |
| Editora | Assírio & Alvim |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Pedro Proença |
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O Português Mais Erudito do Mundo e + 99 Personalidades da História de PortugalAcreditaria se lhe dissessem que um português foi considerado o homem mais sábio do mundo por um presidente dos Estados Unidos da América? Que Joaquim Agostinho não sabia andar de bicicleta ou que Siza Vieira vive num prédio desenhado por outro famoso arquiteto? Que o ator António Silva era um bombeiro condecorado e que houve uma portuguesa, que quase ninguém conhece, que ganhou um Grammy em 2000? E que tal a história de vida do Papa português que morreu soterrado numa capela em obras ou a de um escritor que está no Panteão, que escapou à explosão de uma caixa cheia de bombas e que dava bengaladas nos críticos? Quer saber quanto era o primeiro ordenado de Amália Rodrigues ou quem foi o vulto da cultura portuguesa que há 100 atrás pintava o cabelo de várias cores? As respostas a estas perguntas e muito mais é revelado nestas 100 biografias da autoria de um antigo colega de José Mourinho e figurante num filme de Manoel de Oliveira. -
Vida Serena - Reflexões Pessoais Sobre Ser ZenQuando Pedro Proença partilhou no programa de Fátima Lopes, na TVI, a faceta do homem espiritual, para além do advogado e do comentador televisivo, foi literalmente invadido por inúmeras mensagens de telespetadores curiosos sobre esta forma de estar na vida que lhe permite conciliar um quotidiano preenchido e intenso sem perder o equilíbrio e a paz de espírito, essenciais a quem quer ser feliz.Nesta obra, Pedro Proença partilha cerca de 350 reflexões pessoais sobre a forma Zen que encontrou para a sua vida, revelando a sua vertente espiritual, fruto do contacto de duas décadas com o Budismo Zen e da prática diária da meditação Vipassana. O autor acredita que estas reflexões vão permitir ao leitor fazer uma viagem crítica ao seu interior, contribuindo para a descoberta do verdadeiro caminho para a felicidade. -
O Riso dos OutrosPedro Proença é um paradoxo escrevente. […] O seu trabalho resulta num apelo à aparência alegórica, à multiplicidade pseudo-narrativa, ou a jogos morfológicos contaminados por interferências do literário, que lhes abanam os inquietantes sentidos. Este livro foi publicado pela ocasião da exposição «O Riso dos Outros», de Pedro Proença, com curadoria de João Gafeira, realizada no Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida, em Évora, entre Outubro de 2018 e Março de 2019. O Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida acolhe, com O riso dos outros, uma excepcional exposição, com assinatura de Pedro Proença. Criador de incontornável referência no panorama português, Proença explora nesta proposta uma inequívoca disposição narrativa que lhe permite orquestrar um conjunto de personagens cujas vozes, personalidades, obsessões e criações são a matéria essencial da exposição. John Rindpest, Sandralexandra, Sóniantónia, Rosa Davida, Pierre Delalande, Bernardete Bettencourt e Pedro Proença ele-mesmo, sob a visão curatorial de João Gafeira, também ele um outro do autor, são as sete personagens que aqui expõem palavras e objectos, biografias e bibliografias, criações e variações sobre a criação. […] É claro que as personagens que assim vão irrompendo e pontuando o percurso de Pedro Proença [...] respondem a um desafio de multiplicidade, acompanhado da vontade de voragem, ou da voragem da vontade. Frequentar e canibalizar escritos e obras, citar, parodiar, pastichar, retomar, apropriar, entre o iconoclasmo e a indeterminação autoral que devolve ao espectador a responsabilidade última da fruição e da leitura. [José Alberto Ferreira] A dinâmica que Proença celebra, nas suas exposições e nos seus livros que multiplica, vai no sentido de abolir as diferenças entre arte, história, literatura e filosofia, porque desde sempre não acredita na possibilidade de uma articulação estável dos saberes. Exprime-se por afetos, intensidades e experimentações; o que resulta de tudo isso é uma obra entre-aberta, a continuação do velho sonho da enciclopédia babélica. [Jorge Ramos do Ó]
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Arte, Religião e Imagens em Évora no tempo do Arcebispo D. Teodósio de Bragança, 1578-1601D. Teotónio de Bragança (1530-1602), Arcebispo de Évora entre 1578 e 1602, foi um grande mecenas das artes sob signo do Concílio de Trento. Fundou o Mosteiro de Scala Coeli da Cartuxa, custeou obras relevantes na Sé e em muitas paroquiais da Arquidiocese, e fez encomendas em Lisboa, Madrid, Roma e Florença para enriquecer esses espaços. Desenvolveu um novo tipo de arquitectura, ser- vindo-se de artistas de formação romana como Nicolau de Frias e Pero Vaz Pereira. Seguiu com inovação um modelo «reformado» de igrejas-auditório de novo tipo com decoração integral de interiores, espécie de ars senza tempo pensada para o caso alentejano, onde pintura a fresco, stucco, azulejo, talha, imaginária, esgrafito e outras artes se irmanam. Seguiu as orientações tridentinas de revitalização das sacrae imagines e enriqueceu-as com novos temas iconográficos. Recuperou lugares de culto matricial paleo-cristão como atestado de antiguidade legitimadora, seguindo os princípios de ‘restauro storico’ de Cesare Baronio; velhos cultos emergem então, caso de São Manços, São Jordão, São Brissos, Santa Comba, São Torpes e outros alegadamente eborenses. A arte que nasce em Évora no fim do século XVI, sob signo da Contra-Maniera, atinge assim um brilho que rivaliza com os anos do reinado de D. João III e do humanista André de Resende. O livro reflecte sobre o sentido profundo da sociedade de Évora do final de Quinhentos, nas suas misérias e grandezas. -
Cartoons - 1969-1992O REGRESSO DOS ICÓNICOS CARTOONS DE JOÃO ABEL MANTA Ao fim de 48 anos, esta é a primeira reedição do álbum Cartoons 1969‑1975, publicado em Dezembro de 1975, o que significa que levou quase tanto tempo a que estes desenhos regressassem ao convívio dos leitores portugueses como o que durou o regime derrubado pela Revolução de Abril de 1974.Mantém‑se a fidelidade do original aos cartoons, desenhos mais ou menos humorísticos de carácter essencialmente político, com possíveis derivações socioculturais, feitos para a imprensa generalista. Mas a nova edição, com alguns ajustes, acrescenta «todos os desenhos relevantes posteriores a essa data e todos os que, por razões que se desconhece (mas sobre as quais se poderá especular), foram omitidos dessa primeira edição», como explica o organizador, Pedro Piedade Marques, além de um aparato de notas explicativas e contextualizadoras. -
Constelações - Ensaios sobre Cultura e Técnica na ContemporaneidadeUm livro deve tudo aos que ajudaram a arrancá-lo ao grande exterior, seja ele o nada ou o real. Agora que o devolvo aos meandros de onde proveio, escavados por todos sobre a superfície da Terra, talvez mais um sulco, ou alguma água desviada, quero agradecer àqueles que me ajudaram a fazer este retraçamento do caminho feito nestes anos de crise, pouco propícios para a escrita. […] Dá-me alegria o número daqueles a que precisei de agradecer. Se morremos sozinhos, mesmo que sejam sempre os outros que morrem — é esse o epitáfio escolhido por Duchamp —, só vivemos bem em companhia. Estes ensaios foram escritos sob a imagem da constelação. Controlada pelo conceito, com as novas máquinas como a da fotografia, a imagem libertou-se, separou-se dos objectos que a aprisionavam, eles próprios prisioneiros da lógica da rendibilidade. Uma nova plasticidade é produzida pelas imagens, que na sua leveza e movimento arrastam, com leveza e sem violência, o real. O pensamento do século XX propôs uma outra configuração do pensar pela imagem, desenvolvendo métodos como os de mosaico, de caleidoscópio, de paradigma, de mapa, de atlas, de arquivo, de arquipélago, e até de floresta ou de montanha, como nos ensinou Aldo Leopoldo. Esta nova semântica da imagem, depois de milénios de destituição pelo platonismo, significa estar à escuta da máxima de Giordano Bruno de que «pensar é especular com imagens». Em suma, a constelação em acto neste livro é magnetizada por uma certa ideia da técnica enquanto acontecimento decisivo, e cada ensaio aqui reunido corresponde a uma refracção dessa ideia num problema por ela suscitado, passando pela arte, o corpo, a fotografia e a técnica propriamente dita. Tem como único objectivo que um certo pensar se materialize, que este livro o transporte consigo e, seguindo o seu curso, encontre os seus próximos ou não. [José Bragança de Miranda] -
Esgotar a Dança - A Perfomance e a Política do MovimentoDezassete anos após sua publicação original em inglês, e após sua tradução em treze línguas, fica assim finalmente disponível aos leitores portugueses um livro fundamental para os estudos da dança e seminal no campo de uma teoria política do movimento.Nas palavras introdutórias à edição portuguesa, André Lepecki diz-nos: «espero que leitores desta edição portuguesa de Exhausting Dance possam encontrar neste livro não apenas retratos de algumas performances e obras coreográficas que, na sua singularidade afirmativa, complicaram (e ainda complicam, nas suas diferentes sobrevidas) certas noções pré-estabelecidas, certos mandamentos estéticos, do que a dança deve ser, do que a dança deve parecer, de como bailarines se devem mover e de como o movimento se deve manifestar quando apresentado no contexto do regime da 'arte' — mas espero que encontrem também, e ao mesmo tempo, um impulso crítico-teórico, ou seja, político, que, aliado que está às obras que compõem este livro, contribua para o pensar e o fazer da dança e da performance em Portugal hoje.» -
Siza DesignUma extensa e pormenorizada abordagem à obra de design do arquiteto Álvaro Siza Vieira, desde as peças de mobiliário, de cerâmica, de tapeçaria ou de ourivesaria, até às luminárias, ferragens e acessórios para equipamentos, apresentando para cada uma das cerca de 150 peças selecionadas uma detalhada ficha técnica com identificação, descrição, materiais, empresa distribuidora e fotografias, e integrando ainda um conjunto de esquissos originais nunca publicados e uma entrevista exclusiva ao arquiteto.CoediçãoArteBooks DesignCoordenação Científica + EntrevistaJosé Manuel PedreirinhoDesign GráficoJoão Machado, Marta Machado -
A Vida das Formas - Seguido de Elogio da MãoEste continua a ser o livro mais acessível e divulgado de Focillon. Nele o autor expõe em pormenor o seu método e a sua doutrina. Ao definir o carácter essencial da obra de arte como uma forma, Focillon procura sobretudo explicitar o carácter original e independente da representação artística recusando a interferência de condições exteriores ao acto criativo. Afastando-se simultaneamente do determinismo sociológico, do historicismo e da iconologia, procura demonstrar que a arte constitui um mundo coerente, estável e activo, animado por um movimento interno próprio, no fundo do qual a história política ou social apenas serve de quadro de referência. Para Focillon a arte é sempre o ponto de partida ou o ponto de chegada de experiências estéticas ligadas entre si, formando uma espécie de genealogias formais complexas que ele designa por metamorfoses. São estas metamorfoses que dão à obra de arte o seu carácter único e a fazem participar da evolução universal das formas.

