Levitações
Seguindo uma visão não prosélita, Levitações analisa poeticamente, em sonetos, a vida do complexo ser humano que foi Teresa de Ávila, referência da Igreja Católica e nome da literatura castelhana do Siglo de Oro, com obras em prosa e poesia. Em 1622, Teresa de Ávila é canonizada pelo papa Gregório XV, e, em 1970, o papa Paulo VI confere-lhe o grau honorífico de Doutora da Igreja. É conhecida entre os católicos como Santa Teresa de Ávila ou Santa Teresa de Jesus, e, mais geralmente, pelos seus êxtases, que vão da levitação à posse por um serafim, da qual a descrição, por seu próprio punho, se assemelha à de um muito humano e feminino orgasmo. A cada soneto ou grupo de sonetos, seguem-se notas explicativas, quer de base histórica quer de reinterpretação do autor, que apoiam o leitor num tema tão pouco conhecido quanto humanamente interessante.
Ponta Delgada, 1944.
Livros publicados:
Variações da Perda (poesia, Companhia das Ilhas, 2020).
+M256Há rios que não desaguam a jusante (romance, Companhia das Ilhas, 2018).
Na luz inclinada (poesia, Companhia das Ilhas, 2014).
Uma paisagem na Web (poesia, & etc, 2013).
Elegias de Cronos (poesia, Artefacto Edições, 2012).
O papel de prata, o reflexo e outros contos pelo meio (Companhia das Ilhas, 2012).
Pedro e Inês. Dolce Stil Nuovo (poesia, Edições Sempre-em-Pé, 2011).
K3 (poema, & etc, 2011).
Uma flor de chuva (poesia, Escola Portuguesa de Moçambique, Maputo, 2011).
Londres (poema, & etc, 2010).
Dispersão – Poesia reunida (Edições Sempre-em-Pé, 2008).
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Pedro e Inês - Dolce Stil Nuovo«Seiscentos e cinquenta anos passados,tudo pode mudar-se, se pensarmos que Inês, mais do que Pedro, foi filtrada por tanta gente,tantos corações e tão ocultamente que o mito abre fissuras nas estátuas do mosteiro, Inês sempre doada e Pedro, que foi príncipe e rei,com gestos obscuros que somente o cronista testemunha em datas e entrelinhas, cauteloso.» -
K3Nuno Dempster (autor de Londres, ed. & etc) revisita o Horror. Felizmente para elas, as jovens gerações (também de poetas) desconhecem esse Horror que foi, para quem o sofreu nos ossos e no que houvesse de alma, a Guerra Colonial. Algures na Guiné e algures num quartel subterrâneo: o K 3.Nossa palavra: não conhecemos, na literatura sobre o tema, tão fundo, tão magistral testemunho desse Horror. Elegia, catarse, contrição, K 3 combate o esquecimento. -
Variações da PerdaVariações da Perda é seguramente a melhor colectânea de poemas de Nuno Dempster e a que mais aprofunda os seus assuntos dilectos: o presente e o perdido (a infância e a juventude); o amor enquanto reflexão poética não sentimental; a relação com o quotidiano; o antagonismo entre a cidade e o campo; Deus, a ideia que falhou e a recusa da metafísica; a contestação da sociedade, comprometida tão-só com a libertação do homem; enfim, a poesia, assunto para reflexão e crítica. Nuno Dempster serve-se de certa melancolia enquanto potenciadora de beleza, da meditação, da recusa e da ironia por vezes cáustica. Juntemos isto à clareza e segurança da escrita poética e entremos no universo diferente de Variações da Perda. -
Limbo, Inferno e Paraíso - Três Estados Apócrifos“Três Estados Apócrifos”, pois se limbo, inferno e paraíso encontram inspiração na Comédia, já nada têm a ver com os de Dante. Três estados físicos, humanos: Limbo, a infância, as possibilidades luminosas, lugar dos que sonham e resistem. Inferno, comum estado de quase todos – perdida a inocência, aqui chegámos, rolo compressor de um quotidiano sem escape e da punição em vida. E o Paraíso, vasto lugar de concentrada riqueza e violento poder. O Purgatório não existe nesta mundividência, já que o remorso se afigura inútil.Cem poemas em que vibra uma consciência lúcida, acutilante, mas compassiva, que revisita o passado e disseca o presente, em versos de corte perfeito, ritmo admirável e imagens de uma beleza e pungência invulgares. Um livro notável, sob todos os aspectos. -
Seis Histórias ParalelasSeis Histórias Paralelas baseia-se em seis mitos da Grécia Clássica, cada história o seu mito, passados para personagens de hoje, mais concretamente para a sociedade dos anos 70 da Beira Alta rural, com o fim de a narrativa se chegar mais à sociedade de economia de subsistência dos gregos antigos, que agricultavam para comer e vender o sobejante, como em Portugal antes do 25 de Abril. Cada história é identificável pela epígrafe que a encima, pelo destino de cada personagem e por uma ou outra circunstância do enredo: Pã, Teseu, Minotauro, Sísifo, Ícaro, Delfos, a pitonisa, e os camponeses do século passado, de outras vidas e de outra gente. As histórias são a chave para lembrar que a essência da humanidade não se altera.
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Tal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
TisanasReedição das Tisanas de Ana Hatherly, poemas em prosa que ocuparam grande parte da vida da poeta e artista. -
NocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
AlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira