Literatura de Viagens: Da Tradicional à Nova e à Novíssima - Marcas e Temas
A viagem tem sido,desde sempre, uma forma de conhecimento, de diálogo e de mudança.Dai a tradição de a registar para memória e testemunho, em textos de grande espontaneidade, ou em verdadeiras peças literárias.
Assim, ao longo da História, e reportando-nos à literatura de viagens europeia, sobretudo a partir do século XV, em fase tradicional, os relatos de viagem são de tipo aventureiro, pelas dificuldades e perigos que abundavam, descrevendo peregrinações, descobertas, conquistas, comércio, em especial. Na fase seguinte, iniciada com o Turismo, no séc. XIX,em transportes rápidos, seguros (comboio, navio a motor, automóvel...), a nova mentalidade criou novos textos descrevendo as viagens de lazer, de grandes reportagens, de descoberta de mundos exóticos, de reportagens de guerra, de turismo religioso...
Com as novas tecnologias do vídeo, telemóvel, computador e seus relatos brevíssimos, carregados de imagens,estaremos a assistir a uma novíssima literatura?
É desta evolução da literatura de viagens que se ocupa esta obra.
Fernando Cristóvão
| Editora | Almedina |
|---|---|
| Coleção | Temas de Literatura de Viagens |
| Categorias | |
| Editora | Almedina |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Fernando Cristóvão |
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Condicionantes Culturais da Literatura de Viagens - Estudos e BibliografiasÍndice geral Porquê e como, por Fernando Cristóvão Fernando Cristóvão Introdução. Para uma teoria da Literatura de Viagens José Nunes Carreira Jerusalém Sara Augusto Peregrinações: Roma e Santiago de Compostela Maria Adelino Amorim Viagem e mirabilia: monstros, espantos e prodígios Fernando Cristóvão A Literatura de Viagens e a História Natural João Paulo Aparício e Paula Pelúcia O animal e a Literatura de Viagens. Bestiários Manuel João Ramos O destino etíope do Preste João. A Etiópia nas representações cosmográficas europeias José da Silva Horta O Africano: produção textual e representações (séculos xv-xvII) Ana Maria de Azevedo O Índio brasileiro (o «olhar» quinhentista e seiscentista) Rui Manuel Loureiro Visões da Ásia (séculos XVI e xvII) Horácio Peixoto de Araújo Expansão missionária no Oriente Maria Benedita Araújo Os relatos de naufrágios Sobre os autores Índice onomástico --/-- Nas narrativas de viagens (sobretudo dos tempos de expansão marítima) confluem outras narrativas que as condicionam, com histórias, mitos, mirabilia, milagres, descrições de monstros, plantas e gente estranha. Numa atmosfera de encantamento, a Literatura de Viagens transporta, como no bojo das caravelas, temas, motivos e tópicos clássicos, orientais, árabes e medievais traços distintivos de outras civilizações. Doze investigadores analisam essas condicionantes, identificando e propondo ao leitor e à comunidade científica bibliografias selectivas e actualizadas. Livro muito interessante que reúne colaboração de doze investigadores em perspectiva interdisciplinar, numa linha de rumo cm que cada autor se ocupa de aspectos específicos, condicionantes de uma reflexão séria sobre Literatura de Viagens. [...] Rica informação bibliográfica. | JUSTINO MENDES DE ALMEIDA Obra recomendada pelo grande especialista Peter Mason em artigo publicado na revista Viator. Medieval and Renaissance Studies, volume 31, 2000. -
O Olhar do Viajante - Dos Navegadores aos ExploradoresSérie Literatura de Viagens - 2 Num seminário promovido pelo CLEPUL vários especialistas de Literatura, História, Filosofia, Antropologia, Arte e Cartografia procuraram ler nos olhos dos viajantes as suas intenções ocultas. Bem acentuada se revelou a rotação desses olhares, na passagem dos Navegadores para os Exploradores. Os primeiros, tanto exprimiam a boa-fé e a ingenuidade na procura do Paraíso, quando a colonização ainda não evoluíra para o colonialismo, como manifestavam exagerado zelo proselitista e fanático, agravado pelo incremento da escravatura. Os segundos, em pomposas «viagens filosóficas», tanto alargavam os conhecimentos científicos sobre a Natureza e o Homem, como, por cima deles, contabilizavam o valor das matérias-primas e inventavam a teorização e a prática do racismo, ao ponto de as Sociedades Científicas promoverem os espectáculos dos jardins zoológicos humanos. Pelo meio, ficou a interrogação dos que, decepcionados com a falta de novidade do Novo Mundo, projectavam sonhos de protesto ou de modelos sociais de carácter utópico. Índice Apresentação, de Fernando Cristóvão João David Pinto Correia - Deslumbramento, horror e fantasia. O olhar ingénuo na Literatura de Viagens Horácio Peixoto de Araújo - O fascínio do diferente nos relatos de viagens pelo Oriente Maria Lúcia Garcia Marques - A escrita do primeiro olhar. Uma re-leitura do «Roteiro» de Álvaro Velho e da «Carta» de Pêro Vaz de Caminha Maria Adelina Amorim - Frei Cristóvão de Lisboa, primeiro missionário naturalista da Amazónia Alexandra Curvelo - O poder dos mapas Ana Vasconcelos - «Algo de velho, algo de novo e algo de estranho». Imagens da Nova Holanda de João Maurício de Nassau Alberto Carvalho - Estética, ciência e estética do olhar na Viagem de Capelo & Ivens Rogério Miguel Puga - O olhar através do género. A imagem do índio brasileiro na literatura portuguesa de Quinhentos Maria da Graça Mateus Ventura - Do «Paraíso Terrenal» a «El Purgatório»: percursos de desencanto Joaquim Cerqueira Gonçalves - O olhar da ciência, da ideologia e da utopia Fernando Cristóvão - Da «boa-fé» colonizadora à «má-fé» colonialista e racista Juan Gil - Viajes y viajeros. Modalidades y motivaciones desde la Antigüedad clásica hasta el Renacimiento Sobre os autores Índice onomástico -
O Romance Político Brasileiro Contemporâneo e Outros EnsaiosComo é que romancistas brasileiros como José J.Veiga, António Callado, Chico Buarque, Inácio Loyola Brandão, Renato Tapajós, Plínio Cabral, Maria Clara Machado c outros viram a oposição à ditadura militar, a guerrilha urbana dos anos 70? E como conciliaram ideal revolucionário e democracia? A Bahia foi conquistada e depois perdida pelos holandeses em 1625. Muitos escritores relataram os acontecimentos, exprimindo o pensamento dos diversos países intervenientes (Guerreiro, por Portugal; Lope da Vega, por Espanha; Vieira, pelo Brasil; Aldenburgh pela Holanda). Contudo, os relatos são todos diferentes... A cada um a sua verdade! Porque é que na poesia pastoril e arcádica brasileira do século XVIII, herdada de Portugal e da Europa, os pastores, em vez de oferecerem leite e queijo, oferecem pedras preciosas e barras de ouro? Porque é que, em contraste com a epopeia e história trágico-marítima portuguesa, donde "se vê [permanentemente] o mar", os poetas e romancistas brasileiros quase o ignoram? Porque é que Vieira consentiu na escravatura dos negros e se opôs tão tenazmente à dos índios? A estas e outras questões, que dão vida a obras literárias notáveis, responde Fernando Cristóvão, Professor Catedrático da Universidade de Lisboa, nesta colectânea de ensaios. Feitos em datas e locais diversos, como conferências ou comunicações a congressos internacionais, continuam válidos como estudos críticos destinados a quantos se interessam pelas literaturas brasileira e portuguesa. Nota Preliminar Os ensaios desta colectânea têm em comum uma mesma preocupação poética, histórica e temática equacionada em leitura cultural: situam-se na Literatura Brasileira, tanto da Época Colonial como da Contemporânea, e procuram contribuir para um melhor entendimento de algumas questões controversas mas, nem por isso, menos pertinentes. Por serem análises de textos literários, reflectem perspectivas tanto de ficção como de poesia, mesmo que não coincidam com a visão e os juízos de valor dos historiadores e de outros ensaístas sociais e políticos. Em todos eles se evidencia, em maior ou menor grau, a caminhada para a emancipação literária e autonômica do Brasil, e inventariam temas e tópicos que, mesmo antes da independência política, marcam a diferença em relação à literatura-mãe, a portuguesa. Redigidos e apresentados em épocas várias, para congressos internacionais onde entraram em debate, estes ensaios visam uma leitura original de textos demasiadas vezes isolados da sua dinâmica estética e epocal. Destinados, sobretudo, aos estudiosos da Literatura Brasileira, são oferecidos, igualmente, aos estudiosos da Literatura Comparada e aos leitores que queiram ter da Literatura do grande país lusófono uma visão mais larga que a do vulgar casticismo tropical ou dos exercícios escolares de Teoria da Literatura. Lisboa. Dezembro de 2002 FERNANDO CRISTÓVÃO Índice geral Nota preliminar O romance político brasileiro contemporâneo Vieira e os sermões contra a escravatura A luta Deus-Demónio na poesia e drama de Anchieta Teatro popular abolicionista: José Agostinho de Macedo, precursor A luta de libertação da Bahia em 1625 e a batalha dos seus textos narrativos e épicos O mar na Literatura Brasileira O mito do «Novo Mundo» na Literatura de Viagens Da grandiloquência lusa ao ufanismo brasileiro Uma poética pastoril em evolução A Literatura como antropologia das antropologias As frutas brasileiras e a sua significação oculta A alquimia poética de Metal Rosicler de Cecília Meireles -
Da Lusitanidade à LusofoniaAGORA SOMOS 'CONDÓMINOS' DA LÍNGUA PORTUGUESA, NÃO SEUS DONOS. Nós, portugueses, desde muito cedo, aspirámos a possuir um Império, e não tardámos a consegui-lo. Simultaneamente, porque era em nome dum Império que lutávamos, também sonhámos em acrescentar ao Império colonial, um outro, o da Fé católica. Foi esse o sonho do Quinto Império do Padre António Vieira, mas, para Fernando Pessoa e, antes dele, para o brasileiro Sílvio Romero, o verdadeiro Quinto Império devia ser o da cultura e da Língua Portuguesa, unindo os vários povos que a falassem. Agostinho da Silva era da mesma opinião, mas achava que hoje já não havia lugar para impérios, por isso, a esse Quinto Império chamamos hoje LUSOFONIA, isto é, a fala dos Lusos, ou seja, dos Portugueses. Em consequência, nós portugueses já não somos donos da nossa língua, mas seus condóminos, como os povos do Brasil e das antigas colónias de África. Deste modo, a Língua portuguesa passou da fase da Lusitanidade à da Lusofonia. É do ensino, difusão e patrimónios desta língua comum que se ocupa esta obra. -
Cadernos de Literatura de Viagens - Número 1 - 2008Neste primeiro caderno que inicia uma colecção sobre Literatura de Viagens, se apresenta o valioso espólio bibliográfico da Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra sobre esta temática, acervo do qual não existe qualquer catálogo publicado. Conjunto bibliográfico este que encerra autênticas preciosidades, quer quanto ao texto quer quanto à perfeição e beleza das gravuras e ilustrações presentes em vasta gama de obras, publicadas em várias línguas e em vários países europeus, compreendendo 635 títulos acompanhados de índices remissivos por obras, autores, datas e locais de impressão, que facilitam a consulta e permitem estudos diversificados. Uma introdução explica a razão de ser destes cadernos e faz a história da Biblioteca do Palácio e do seu espólio que inclui, não só os títulos desta lista bibliográfica, mas uma valiosa colecção de obras de outras temáticas, para além de manuscritos e livros raros. ÍNDICE GERAL Critérios de Ordenamento dos índices Introdução - A Literatura de Viagens e o acervo da Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra 1. Uma perspectiva para a Literatura de Viagens 2. A Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra 3. Metodologia índice Alfabético de Autores e de Obras Anónimas índice Geral de Obras índice Remissivo dos Autores Citados índice de datas de publicação índice de Locais de Impressão/Edição -
Cadernos de Literatura de Viagens - Número 2 - 2010E objetivo desta coleção CADERNOS, facultar aos estudiosos, sobretudo universitários que preparam suas dissertações, sugestões e elementos documentais para desenvolverem e aprofundarem os seus estudos em matérias diversas. Este CADERNO 2 apresenta algumas ideias e informações documentais no que se refere à colonização dos índios das Américas, por parte de espanhóis e portugueses. Assim, são apresentados conceitos e documentação sobre "guerra justa", "direito das gentes", "legitimidade" ou "ilegitimidade" das conquistas,âmbito das autoridades papal ou das coroas ibéricas, bem como informação sobre as grandes controvérsias teológicas e jurídicas, de Burgos ou Valladolid, e consequentes medidas legislativas. Do mesmo modo se facultam reflexões e textos sobre a questão dos índios do norte do Brasil,posterior às controvérsias espanholas, e que delas colheu sugestões úteis, sobretudo a partir da Carta Régia de 1570, de D.Sebastião, e leis posteriores. Reflexões essas integradas num conjunto historiado de considerações sobre o caso da pacificação e dignificação dos índios brasileiros. -
Ensaios LusófonosReúne esta obra um conjunto de ensaios sobre problemas da difusão e valorização da nossa língua nas suas várias expressões da Lusofonia, encarecendo, direta ou indiretamente, tanto a importância da unidade como a da diversidade dos países que a formam. São textos muito baseados na área literária de amplos horizontes culturais, e não só fundando-se na constatação de que, sendo a literatura a antropologia das antropologias, nela cabem todas as ideias, propostas e sua contradição, pelo que, no seu espaço, tudo pode ser dito e problematizado. -
Cadernos para Estudos N.º 3 - Do Romance Nordestino Brasileiro de 30 ao Neorrealismo PortuguêsDentre as motivações para a publicação desta obra está a vontade de homenagear Alves Redol e Jorge Amado nas atuais celebrações de seus centenários de nascimento (tal como no ano anterior, de Manuel da Fonseca), por representarem, emblematicamente, quer o neorrealismo português em alguns dos seus maiores expoentes, quer a influência marcante da obra de Jorge Amado e do romance nordestino brasileiro nesse nosso movimento. Assim patrocinada, esta obra tem por objetivo facultar aos estudiosos, sobretudo estudantes universitários, reflexões, sugestões e documentos que permitam aprofundar ideias ou criar novas perspetivas de análise. Para além destes textos de base, também se propõe como leitura recomendada ampla documentação, rara ou pouco conhecida, sobre as áreas temáticas referidas.
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O Essencial Sobre José Saramago«Aquilo que neste livro se entende como essencial em José Saramago corresponde à sua específica identidade como escritor, com a singularidade e com as propriedades que o diferenciam, nos seus fundamentos e manifestações. Mas isso não é tudo. No autor de Memorial do Convento afirma-se também uma condição de cidadão e de homem político, pensando o seu tempo e os fenómenos sociais e culturais que o conformam. Para o que aqui importa, isso é igualmente essencial em Saramago, até porque aquela condição de cidadão não é estranha às obras literárias com as quais ela interage, em termos muito expressivos.» in Contracapa -
Confissões de um Jovem EscritorUmberto Eco publicou seu primeiro romance, O Nome da Rosa, em 1980, quando tinha quase 50 anos. Nestas suas Confissões, escritas cerca de trinta anos depois da sua estreia na ficção, o brilhante intelectual italiano percorre a sua longa carreira como ensaísta dedicando especial atenção ao labor criativo que consagrou aos romances que o aclamaram. De forma simultaneamente divertida e séria, com o brilhantismo de sempre, Umberto Eco explora temas como a fronteira entre a ficção e a não-ficção, a ambiguidade que o escritor mantém para que seus leitores se sintam livres para seguir o seu próprio caminho interpre tativo, bem como a capacidade de gerar neles emoções. Composto por quatro conferências integradas no âmbito das palestras Richard Ellmann sobre Literatura Moderna que Eco proferiu na Universidade Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos, Confissões de um jovem escritor é uma viagem irresistível aos mundos imaginários do autor e ao modo como os transformou em histórias inesquecíveis para todos os leitores. O “jovem escritor” revela-se, afinal, um grande mestre e aqui partilha a sua sabedoria sobre a arte da imaginação e o poder das palavras. -
Sobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
A Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
Almoço de DomingoUm romance, uma biografia, uma leitura de Portugal e das várias gerações portuguesas entre 1931 e 2021. Tudo olhado a partir de uma geografia e de uma família.Com este novo romance de José Luís Peixoto acompanhamos, entre 1931 e 2021, a biografia de um homem famoso que o leitor há de identificar — em paralelo com história do país durante esses anos. No Alentejo da raia, o contrabando é a resistência perante a pobreza, tal como é a metáfora das múltiplas e imprecisas fronteiras que rodeiam a existência e a literatura. Através dessa entrada, chega-se muito longe, sem nunca esquecer as origens. Num percurso de várias gerações, tocado pela Guerra Civil de Espanha, pelo 25 de abril, por figuras como Marcelo Caetano ou Mário Soares e Felipe González, este é também um romance sobre a idade, sobre a vida contra a morte, sobre o amor profundo e ancestral de uma família reunida, em torno do patriarca, no seu almoço de domingo.«O passado tem de provar constantemente que existiu. Aquilo que foi esquecido e o que não existiu ocupam o mesmo lugar. Há muita realidade a passear-se por aí, frágil, transportada apenas por uma única pessoa. Se esse indivíduo desaparecer, toda essa realidade desaparece sem apelo, não existe meio de recuperá-la, é como se não tivesse existido.» «Os motoristas estão à espera, o brado da multidão mistura-se com o rugido dos motores. Antes de entrarmos, o Mário Soares aproxima-se de mim, correu tudo tão bem, e abraça-me com um par estrondosas palmadas no centro das costas. A coluna de carros avança devagar pelas ruas da vila. Tenho a garganta apertada, não consigo falar. Como me orgulha que Campo Maior seja a capital da península durante este momento.»«Autobiografia é um romance que desafia o leitor ao diluir fronteiras entre o real e o ficcional, entre espaços e tempos, entre duas personagens de nome José, um jovem escritor e José Saramago. Este é o melhor romance de José Luís Peixoto.»José Riço Direitinho, Público «O principal risco de Autobiografia era esgotar-se no plano da mera homenagem engenhosa, mas Peixoto evitou essa armadilha, ao construir uma narrativa que se expande em várias direções, acumulando camadas de complexidade.»José Mário Silva, Expresso -
Electra Nº 23A Atenção, tema de que se ocupa o dossier central do número 23 da revista Electra, é um recurso escasso e precioso e por isso objecto de uma guerra de concorrência sem tréguas para conseguir a sua captura. Nunca houve uma tão grande proliferação de informação, de produtos de consumo, de bens culturais, de acontecimentos que reclamam a atenção. Ela é a mercadoria da qual depende o valor de todas as mercadorias, sejam materiais ou imateriais, reais ou simbólicas. A Atenção é, pois, uma questão fundamental do nosso tempo e é um tópico crucial para o compreendermos. Sobre ela destacam-se neste dossier artigos e entrevistas de Yves Citton, Enrico Campo, Mark Wigley, Georg Franck e Claire Bishop. Nesta edição, na secção “Primeira Pessoa”, são publicadas entrevistas à escritora, professora e crítica norte-americana Svetlana Alpers (por Afonso Dias Ramos), cujo trabalho pioneiro redefiniu o campo da história da arte nas últimas décadas, e a Philippe Descola (por António Guerreiro), figura central da Antropologia, que nos fala de temas que vão desde a produção de imagens e das tradições e dos estilos iconográficos à questão da oposição entre natureza e cultura. A secção “Furo” apresenta um conjunto de desenhos e cartas inéditos da pintora Maria Helena Vieira da Silva. Em 1928, tinha vinte anos. Havia saído de Portugal para estudar arte em Paris e, de França, foi a Itália numa viagem de estudo. Durante esse percurso desenhou num caderno esboços rápidos do que via, e ao mesmo tempo, escrevia cartas à mãe para lhe contar as suas impressões e descobertas. Uma selecção destes desenhos e destas cartas, que estabelecem entre si um diálogo íntimo e consonante, é agora revelada. Na Electra 23, é publicada, na secção “Figura”, um retrato do grande poeta grego Konstandinos Kavafis, feito pelo professor e tradutor Nikos Pratsinis, a partir de oito perguntas capitais; é comentada, pelo escritor Christian Salmon, na secção “Passagens”, uma reflexão sobre a história trágica da Europa Central do consagrado romancista e ensaísta checo, Milan Kundera. Ainda neste número, o ensaísta e jornalista Sergio Molino dá-nos um mapa pessoal da cidade de Saragoça, em que a história e a geografia, a literatura e a arte se encontram; o jornalista e colunista brasileiro Marcelo Leite trata das investigações em curso desde os anos 90, com vista ao uso farmacológico e terapêutico dos psicadélicos; a escritora e veterinária María Sanchez constrói um diário que é atravessado por procuras e encontros, casas e viagens, livros e animais, terras e mulheres, amor e amizade; o arquitecto, investigador e curador chileno Francisco Díaz aborda a relação entre solo e terreno, a partir do projecto da Cidade da Cultura de Santiago de Compostela, da autoria de Peter Eisenman; o artista e ensaísta João Sousa Cardoso escreve sobre a obra do escultor Rui Chafes, revisitando três exposições e um livro apresentados durante o ano de 2023; e o dramaturgo Miguel Castro Caldas comenta a palavra “Confortável”.Vários -
Diário SelvagemEste «Diário Selvagem», «até aqui quase integralmente inédito, é um livro mítico, listado e discutido em inúmeras cartas e cronologias do autor, a que só alguns biógrafos e estudiosos foram tendo acesso».