Álvaro Cunhal e as Mulheres que Tomaram Partido
«Conhecer mais uma parte de Álvaro Cunhal e entender o papel fundamental das mulheres para a implantação do Partido Comunista durante o regime anterior foi o objectivo desta investigação, que sucede a Uma Longa Viagem com Álvaro Cunhal, e que reúne num mesmo volume o depoimento de 25 mulheres. Cada uma faz, ao seu modo, parte de um retrato de corpo inteiro que desejei o mais completo possível para mostrar o que foi a participação feminina na luta política entre as décadas de 40 e 70. A cada uma foi-se buscar uma faceta: a motivação para mergulhar na clandestinidade; a descoberta da injustiça; o silêncio perante a tortura; a resistência à solidão; a separação dos filhos; a inexistência de uma vida emocional, a admiração por ideias de igualdade; a alfabetização; o aprendizado da teoria política; a responsabilidade em assegurar a segurança das casas de apoio; o exílio... Cada uma destas mulheres deu um pouco de si para mostrar o que era a vida da mulher no Partido e num Portugal fechado ao mundo durante grande parte do séc. XX.»"
| Editora | Asa |
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| Editora | Asa |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | João Céu e Silva |
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Uma longa viagem com Manuel AlegreUma Longa Viagem com Manuel Alegre é uma obra fundamental para compreender o poeta e prosador que, ao longo de toda a vida, fez da contestação o seu próprio programa político-literário. Uma obra que nos deixa entender quem é o candidato à Presidência da República que, aos 74 anos, assume uma disputa eleitoral à margem da organização política tradicional; que explica porque se sente mais próximo dos movimentos cívicos e menos dos partidos; as dúvidas que teve aquando da filiação no PS em 1974; a conversa onde colocou a Mário Soares as condições para se tornar militante socialista; e a sua célebre intervenção que mudou a história do PS e do seu secretário-geral. Mas também a obra de um poeta cujos poemas ficaram na memória dos portugueses de várias gerações, e de um romancista que passou para as suas histórias as memórias de uma vida intensamente vivida, aparece analisada nesta conversa sem bloqueios de qualquer espécie. Depois das «longas viagens» com José Saramago e António Lobo Antunes, João Céu e Silva dá-nos agora um livro com declarações tão reveladoras como as que tornaram polémicos os seus dois trabalhos anteriores e que nos permite conhecer a vida e a obra daquele que poderá ser o próximo Presidente da República. -
1975 O Ano do Furacão RevoluciQue sabem hoje os portugueses de 1975? Que recordam os mais velhos? Que é que esse ano diz (se ainda diz) aos mais jovens?1975 é um ano que, observado à lupa, como acontece nestas páginas, continua a surpreender, tal é o curso desvairado dos acontecimentos num país em que o primeiro-ministro afirma que o resultado das eleições não é para respeitar, a direita defende que a revolução vá até ao absurdo, a esquerda não aceita ser apeada, e até o presidente da República considera que a marcha da revolução tomou uma aceleração que o povo não tem capacidade de absorver. Um país onde os oficiais das Forças Armadas e os líderes dos partidos combatem ferozmente na praça pública, as forças políticas de extrema-esquerda dão o braço às massas progressistas para instalar o Poder Popular e um Governo chega a fazer greve. É um processo revolucionário inédito na Europa, observado atentamente pelos vizinhos e pelo bloco soviético, manipulado pelos Estados Unidos, e com a intervenção de tropas cubanas em Angola. 1975 - O Ano do Furacão Revolucionário relata o dia-a-dia de um país à beira da guerra civil, recordando os factos históricos e as pequenas histórias que dividiram como nunca os portugueses. -
Fátima: a profecia que assusta o VaticanoA 13 de maio de 1917 três pastorinhos analfabetos tornaram-se o símbolo de uma Mensagem, já comparada pela Igreja aos textos da Sagrada Escritura, e fizeram de Fátima um santuário que atrai milhões de peregrinos todos os anos, superando os grandes centros de fé mundais. Esta mensagem continha uma profecia tão ameaçadora que o papa Pio XII depositou o envelope onde está escrita no Arquivo Secreto do Santo Ofício e proibiu a sua divulgação. O Segredo tem obrigado todos os sumos pontífices (desde a eleição de Paulo VI) a vergarem-se às exigências de Lúcia e a prestarem vassalagem pessoalmente à Senhora da Cova da Iria.Desde então nenhum papa deixou de ir à Praça Branca - assim chamada por oposição à Praça Vermelha de Moscovo -, ou de submeter o seu pontificado à proteção de Nossa Senhora, como fez o papa Francisco nos dias imediatos à sua nomeação. Já antes, enquanto teólogo, Bento XVI elaborara uma polémica explicação para a terceira parte do Segredo.Nesta sua investigação, João Céu e Silva procura explicar Fátima em toda a sua dimensão, enriquecendo-a com depoimentos de teólogos portugueses e estrangeiros, bem como de responsáveis do próprio Santuário. E revela a razão que teima em assustar o Vaticano relativamente à terceira parte do Segredo, que João Paulo II tão bem utilizou para explicar o atentado de que foi vítima. -
A Hora da IlusãoUm arquitecto senta-se no banco da estação ferroviária de Santa Apolónia enquanto aguarda que chegue a hora de partir para o estrangeiro, após responder a um anúncio. Perdeu o emprego e no seu país não consegue encontrar alternativa, por isso aceitou um trabalho como carpinteiro numa propriedade agrícola localizada no hemisfério de baixo...A tarefa para que foi contratado não envolve o desenho de edifícios, mas sim uma estranha sucessão de esculturas em sete pilares de madeira, numa comunidade onde cada um dos membros também foi obrigado a abandonar a sua forma de vida anterior e recomeçar do nada. A odisseia de um desempregado dos tempos modernos. Enquanto isso há um segundo dilúvio em curso. Milhares de anos após a sua primeira operação de salvamento, Noé desiste de construir uma segunda Arca e percorre o planeta num dirigível, recolhendo os sobreviventes a quem irá permitir uma nova vida num pequeno país à beira do Atlântico. «E Xavier não queria iludir-se com a palavra paraíso mais do que já estava a acontecer desde que descera do comboio para evitar desilusões, pois nada seria pior do que ter grandes expetativas para o que não deveria ser mais do que uma nova rotina de viver. Era belo, sim senhor. Era luminoso, era colorido, era suave. Era, sim senhor. Tudo o que poderia esperar da natureza a que regressava após tantos anos a amadurecer numa cidade.» -
Adeus, ÁfricaDez de Novembro de 1975: ao cair da noite, as últimas autoridades militares portuguesas abandonam Angola no paquete Niassa, horas antes da independência. O atirador especial Afonso está nas praias de Porto Amboim a vigiar a chegada de centenas de cubanos e não embarca no navio português que deixa para trás uma presença de quase cinco séculos. Afonso sobreviverá à guerra civil escondido durante onze anos, até ser capturado e repatriado. O psiquiatra que o acompanha no regresso a Lisboa quer saber tudo o que lhe aconteceu durante as sucessivas comissões nos três cenários da Guerra Colonial e não vai descansar enquanto não desvendar a história por detrás do soldado esquecido. Recorrendo a testemunhos de cinco amigos e a consultas com o atirador especial para compreender o passado de quem se vai confrontar no regresso com um país tão distante do império colonial como é o Portugal de 1986, Adeus, África - A História do Soldado Esquecido refaz o mundo brutal dos jovens que foram combater sem saber o que lhes estava reservado - guerras em que matar inocentes e morrer em emboscadas eram situações triviais. Pelo meio, a história de amor a uma mulher que divide dois irmãos, um encontro com Che Guevara, um affaire com a jornalista francesa que encantou Salazar e muitas outras peripécias, numa narrativa baseada em factos e testemunhos reais. -
Uma Longa Viagem Com Álvaro CunhalA carta enviada a 17 de Dezembro de 2003 a Álvaro Cunhal estendia-se por três páginas. Nelas, estava o pedido para uma entrevista e uma sugestão de trabalho que permitisse efectuar uma longa viagem pela sua vida pessoal, politica e intelectual, a ser publicada por ocasião dos trinta anos da Revolução do 25 de Abril de 1974.A espera por uma resposta virou o ano e continuou por mais alguns meses. Nesse espaço de tempo, as novidades sobre o seu estado de saúde confirmavam que a espera iria ser longa ou até mesmo ultrapassada por um final várias vezes anunciado. Apesar de a resposta não chegar, o trabalho jornalístico tinha data marcada e havia que encontrar outra abordagem. Diferente, porque o protagonista Cunhal tem sido «fotografado» por vários ângulos ao longo das muitas décadas da sua vida. E o roteiro para essa longa viagem com Álvaro Cunhal recaiu sobre um dos lados menos conhecidos, o da criação literária, sob o pseudónimo Manuel Tiago. No bloco em que as anotações iam ser feitas, escreveu-se na primeira folha «Em busca de Álvaro Cunhal na prosa de Manuel Tiago», como orientação cardial para o artigo. O encontro com os personagens que tornam real a ficção de Manuel Tiago sugeria que o título final fosse «Os homens da bicicleta» mas, ao fim de vários meses de investigação, só sobrava Uma Longa Viagem com Álvaro Cunhal. -
A Segunda Vida de Fernando PessoaE se Fernando Pessoa voltasse para ganhar o Prémio Nobel? Um homem misterioso e entendido em estudos pessoanos atrai um professor para a sua investigação e leva-o para a aldeia do Freixo, onde investigam a relação de Pessoa com Aleister Crowley, das primeiras correspondências até ao falso suicídio na Boca do Inferno. Sem se aperceber, e através de experiências esotéricas e descobertas perturbadoras, o professor vai sendo moldado física e espiritualmente para encarnar Vicente Guedes, o heterónimo a quem inicialmente foi atribuído “O Livro do Desassossego”, e continuar a obra do poeta, rumo ao Nobel. -
Uma Longa Viagem com Vasco Pulido ValenteO balanço de vida de uma das mais polémicas figuras da cultura portuguesa.«Gostava de me ter dedicado à História do século XIX. Era o que deveria ter feito e nada mais. Deixar uma História completa desse século, que é tão importante para compreender o país que em grande parte ainda hoje somos», confessou Vasco Pulido Valente ao autor, numa das conversas iniciais que compuseram esta longa viagem. Uma viagem que começa com a fuga da família real para o Brasil em 1807 e que percorre mais de dois séculos da História do nosso país, até ser interrompida pela doença e morte daquele que foi uma das mais loquazes, lúcidas e acutilantes vozes da cultura e da comunicação social portuguesa. Em mais de quarenta sessões com o autor ao longo de dois anos, Vasco Pulido Valente fez a análise dos acontecimentos mais marcantes da História e da política portuguesa dos últimos duzentos anos: das invasões francesas à implantação da República, da ascensão de Salazar até ao período pós-25 de Abril e aos dias de hoje. Mas também nos fala da relação com Eanes, com Cunhal e, sobretudo, com Mário Soares, que considera o único fundador da democracia portuguesa; dos tempos do cavaquismo e de O Independente e da sua breve carreira na política, travada com a morte brutal de Francisco Sá Carneiro em Camarate. A esse respeito, confessa: «A minha vida foi cortada ao meio com esse acidente.»Em Uma Longa Viagem com Vasco Pulido Valente, ficamos também a conhecer não só a história como o historiador, o homem através de cujos olhos a vemos, e que aqui faz um balanço da sua vida. Um homem que granjeou muitos inimigos à custa da sua prosa afiada e mordaz e uma das figuras mais polémicas da imprensa dos últimos quarenta anos. -
Adeus, CasablancaE se, finalmente, Hollywood fizesse a continuação do filme Casablanca, o mítico filme que ainda hoje seduz milhões de pessoas em todo o mundo, e a trama girasse em torno do desvio de um avião da TAP, o primeiro grande acto de protesto político aéreo de sempre e que causou a Salazar tantos dissabores quanto o filme Casablanca causou a Hitler?Adeus, Casablanca fala-nos desse evento verídico que servirá de inspiração à argumentista de Hollywood que está a escrever o guião da sequela de Casablanca e para quem o desvio do Super-Constellation se torna uma obsessão e, também, uma revelação.Neste cenário histórico, recorda-se a vigilância da polícia política sobre os exilados portugueses no norte de África, bem como a realização da Conferência de Casablanca, em que se defendia o fim da presença portuguesa nas províncias de África.Neste Adeus, Casablanca não podia faltar a recriação da vida marroquina dos tempos em que Paul Bowles vivia em Tânger, em que a espionagem. -
GuadianaTrinta e cinco anos após deixarem o Alentejo, uma mulher e um homem reencontram-se como combinado no lugar de onde partiram ainda adolescentes. O que irão assistir durante esses dias juntos ultrapassará o que poderiam imaginar, quando as águas do rio Guadiana são tomadas por uma rebelião nunca vista. Além da reescrita das memórias de quando viveram nas aldeias de Alqueva e da Luz, cada um tem muito para contar ao outro sobre o caminho bem diferente que cada um percorreu. A um coube a vivência da Primavera Árabe no Egito e a outro a queda do Muro de Berlim, duas revoluções que alteraram o dia a dia de um Cairo em fúria e reuniu as duas partes de uma cidade dividida. À boleia de um estrangeiro, o que descobriram ainda muito jovens no Alentejo que os cercava iria moldar o seu destino. Se uma olhava para o céu e ficou para sempre ligada à observação do universo, o outro descobriu na pré-história da região a vontade de descobrir o passado noutras paragens. O que não esperavam era que o Guadiana fosse capaz de lhes alterar o mundo como o conheciam.
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O Príncipe da Democracia - Uma Biografia de Francisco Lucas PiresNenhuma outra figura foi intelectualmente tão relevante para a afirmação da direita liberal em Portugal como Francisco Lucas Pires. Forjado numa família que reunia formação clássica e espírito de liberdade, tornou-se um constitucionalista inovador, um jurista criativo, um político de dimensão intelectual rara à escala nacional e europeia – e, acima de tudo, um cidadão inconformado com o destino de Portugal.Em O Príncipe da Democracia, Nuno Gonçalo Poças reconstitui o percurso e as ideias deste homem invulgar, cujo legado permanece em grande parte por cumprir, e passa em revista os seus sucessos e fracassos. O resultado é um livro que, graças à absoluta contemporaneidade do pensamento do biografado, nos ajuda a compreender as grandes questões que o país e a Europa continuam a enfrentar, mostrando-nos, ao mesmo tempo, uma elegância política difícil de conceber quando olhamos hoje à nossa volta.Mais do que um retrato elucidativo de Lucas Pires, que partiu precocemente aos 53 anos, este é um documento fundamental para responder aos desafios do futuro, numa altura em que o 25 de Abril completa meio século. -
A DesobedienteA dor e o abandono chegaram cedo à vida de Teresinha, a filha mais velha de um dos mais prestigiados médicos da capital e de uma mulher livre e corajosa, descendente dos marqueses de Alorna, que nas ruas e nos melhores salões de Lisboa rivalizava em encanto com Natália Correia. A menina que haveria de ser poetisa vê a morte de perto quando ainda mal sabe andar, sobrevive às depressões da mãe, chegando mesmo a comer uma carta para a proteger. É dura e injustamente castigada e as cicatrizes hão de ficar visíveis toda a vida, de tal modo que a infância e a adolescência de Maria Teresa Horta explicam quase todas as opções que tomou. Sobreviver ao difícil divórcio dos pais, duas figuras incomuns, com as quais estabeleceu relações impressionantes de tão complexas, foi apenas uma etapa.Mas quanto deste sofrimento a leva à descoberta da poesia? E quanto está na origem da voz ativista de uma jovem que há de ser uma d’As Três Marias, as autoras das famosas «Novas Cartas Portuguesas», e protagonistas do último caso de perseguição a escritores em Portugal, que recebeu apoio internacional de mulheres como Simone de Beauvoir e Marguerite Duras? A insubmissa, que se envolve por acaso com o PCP e mantém intensa atividade política no pré e no pós-25 de Abril; a poetisa, a mãe, a mulher que constrói um amor desmedido por Luís de Barros; a grande escritora a quem os prémios e condecorações chegaram já tarde (ainda que, em alguns casos, a tempo de serem recusados), entre outras facetas, é a Maria Teresa Horta que Patrícia Reis, romancista e biógrafa experimentada, soube escrever e dar a conhecer, nesta biografia, com a destreza e a sensibilidade que a distinguem. -
Emílio Rui VilarMemórias do país da ditadura e do alvor da democracia em Portugal. A vida de Emílio Rui Vilar atravessou as principais mudanças da segunda metade do século XX. Contado na primeira pessoa, um percurso fascinante pelo fim do regime de Salazar e Caetano e pela revolução de Abril.Transcrevendo entrevistas realizadas ao longo de vários meses, este livro recolhe o relato na primeira pessoa de uma trajetória que percorreu o início da contestação ao Estado Novo no meio universitário, a Guerra Colonial, a criação da SEDES, o fracasso da “primavera marcelista” e os primeiros anos do novo regime democrático saído do 25 de Abril, onde Emílio Rui Vilar desempenhou funções governativas nos primeiros três Governos Provisórios e no Primeiro Governo Constitucional. No ano em que se celebram cinco décadas de democracia em Portugal, este livro é um importante testemunho sobre dois regimes, sobre o fim de um e o nascimento de outro. -
Oriente PróximoCom a atual guerra em Gaza, este livro, Oriente Próximo ganhou uma premente atualidade. A autora, a maior especialista portuguesa sobre o assunto, aborda o problema não do ponto de vista geral, mas a partir da vida concreta das pessoas judeus, árabes e outras nacionalidades que habitam o território da Palestina. Daí decorre que o livro se torna de leitura fascinante, como quem lê um romance.Nunca se publicou nada em Portugal com tão grande qualidade. -
Savimbi - Um homem no Seu MartírioSavimbi foi alvo de uma longa e destrutiva campanha de propaganda, desinformação e acções encobertas de segurança com o objectivo de o desacreditar e isolar. Se não aceitasse o exílio ou a sujeição, como foi o objectivo falhado dessa campanha, o fim último era matá-lo, como aconteceu: premeditadamente! Para que a sua «morte em combate» não suscitasse empatia, foi como um chefe terrorista da laia de Bin Laden que a sua morte foi apresentada – artifício da propaganda que tirou partido da memória emocional recente dos atentados da Al Qaeda, na América. Julgado com honestidade, Savimbi nunca foi o «bandido» por que o fizeram passar. O manifesto apreço que personalidades de indiscutível clareza moral, como Mandela, tiveram por ele prova-o. O MPLA elegeu-o como adversário temido e quis apagá-lo do seu caminho! Não pelos crimes a que o associaram. O que o MPLA e o seu regime temiam eram as suas qualidades e carisma, a sua representatividade política e o prestígio externo que granjeara. Como outros grandes da História, Savimbi também tinha defeitos e cometia erros. Mas no deve e haver as suas qualidades eram preponderantes." -
Na Cabeça de MontenegroLuís Montenegro, o persistente.O cargo de líder parlamentar, no período da troika, deu-lhe o estatuto de herdeiro do passismo. Mas as relações com Passos Coelho arrefeceram e o legado que agora persegue é outro e mais antigo. Quem o conhece bem diz que Montenegro é um fiel intérprete da velha tradição do PPD, o partido dos baronatos do Norte. Recusou por três vezes ser governante e por duas vezes foi derrotado em autárquicas. Já fez e desfez alianças, esteve politicamente morto e ressuscitou. Depois de algumas falsas partidas chegou à liderança. Mas tudo tem um preço e é o próprio a admitir que se questiona com frequência: será que vale a pena? -
Na Cabeça de VenturaAndré Ventura, o fura-vidas.Esta é a história de uma espécie de Fausto português, que foi trocando aquilo em que acreditava por tudo o que satisfizesse a sua ambição. André Ventura foi um fura-vidas. A persona mediática que criou nasceu na CMTV como comentador de futebol. Na adolescência convertera-se ao catolicismo, a ponto de se tornar um fundamentalista religioso. Depois de ganhar visibilidade televisiva soube pô-la ao serviço da sua ambição de notoriedade. Passou pelo PSD e foi como candidato do PSD que descobriu que havia um mercado eleitoral populista e xenófobo à espera de alguém que viesse representá-lo em voz alta. Assim nasceu o Chega. -
Contra toda a Esperança - MemóriasO livro de memórias de Nadejda Mandelstam começa, ao jeito das narrativas épicas, in media res, com a frase: «Depois de dar uma bofetada a Aleksei Tolstói, O. M. regressou imediatamente a Moscovo.» Os 84 capítulos que se seguem são uma tentativa de responder a uma das perguntas mais pertinentes da história da literatura russa do século XX: por que razão foi preso Ossip Mandelstam na fatídica noite de 1 de Maio de 1934, pouco depois do seu regresso de Moscovo? O presente volume de memórias de Nadejda Mandelstam cobre, assim, um arco temporal que medeia entre a primeira detenção do marido e a sua morte, ou os rumores sobre ela, num campo de trânsito próximo de Vladivostok, algures no Inverno de 1938. Contra toda a Esperançaoferece um roteiro literário e biográfico dos últimos quatro anos de vida de um dos maiores poetas do século XX. Contudo, é mais do que uma narrativa memorialística ou biográfica, e a sua autora é mais do que a viúva mítica, que memorizou a obra proibida do poeta perseguido, conseguindo dessa forma preservar toda uma tradição literária. Na sua acusação devastadora ao sistema político soviético, a obra de Nadejda Mandelstam é apenas igualada por O Arquipélago Gulag. O seu método de composição singular, e a prosa desapaixonada com que a autora sonda o absurdo da existência humana, na esteira de Dostoievski ou de Platónov, fazem de Contra toda a Esperança uma das obras maiores da literatura russa do século XX.