Mare Oceanus - Atlântico: Espaço de Diálogos
Esta outra margem da Europa - o Atlântico - sugere-nos a indiscutível descontinuidade material que nos conduz a Oeste, à lonjura incomensurável do Oceano. Este mesmo Oceano que pode ser entendido mais com uma articulação, mais com um elo, do que como um limite intransponível. Mas esta extremidade ocidental faz parte de um conjunto mais vasto. E se é um dado adquirido que o Oceano Atlântico é uma margem natural do continente europeu, as hesitações e opiniões dividem-se sempre que se trata de precisar a Leste até onde se estendem os limites da Europa a partir das suas margens oceânicas. (...)
Todavia, mais do que as fronteiras geográficas, as mais difíceis de definir são as da identidade. Quem se sente Europeu sente-se Ocidental? Ora, como conjugar estas duas identidades em coexistência, a europeia e a atlântica? Pese embora a partilha da maior parte dos valores, esta simbiose identitária entre europeidade e ocidentalidade culturais, entre europeísmo e atlantismo políticos, faz-se diferentemente nas várias partes da Europa. (...)
A Europa é ainda um espaço a fazer, a Europa é um território que se faz.
Índice
Maria Manuela Tavares Ribeiro - Introdução
Adriano Moreira - A Solidariedade Atlântica
Guillermo A. Pérez Sánchez - Los países de Ia Europa central, suroriental, báltica y balcânica. El nuevo vínculo euroatlántico en elpaso de un siglo a outro
Ricardo Martin de Ia Guardiã - Europa, Estados Unidos y Ia nueva Agenda Transatlântica ante los retos internacionales de Ia década de los noventa
Estêvão de Rezende Martins - A revolução atlântica: fronteira ou traço de união?
Rui Cunha Martins - Fronteira e função: o caso europeu
Cristina Robalo Cordeiro - Inspirações Atlânticas. A literatura europeia face ao Oceano
| Editora | Almedina |
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| Coleção | Estudos sobre a Europa |
| Categorias | |
| Editora | Almedina |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Maria Manuela Tavares Ribeiro |
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De Roma a Lisboa: A Europa em DebateA Europa em mutação no século XXI debate-se ainda em busca de uma ideia de si mesma enquanto projecto e realidade política. Vai-se abrindo, porém, à percepção de que a União Europeia é ainda um caminho a percorrer, mais ainda do que um ponto de destino. E se a Europa foi fruto de um conjunto de reflexões de intelectuais, ela foi também produto de ideais teóricos, mas é um facto que deixou de ser o produto de ideais teóricos para converter-se em realidade que define o ser europeu: a razão, o direito, a democracia. Mas nela, na Europa, podemos encontrar os contrários. Se a Europa é o direito, ela é também a força; se é a democracia também é opressão, se é razão é também mito. Como sublinhou o europeísta suíço Denis de Rougemont, esta Europa dividida conservará o seu destino histórico comum. E ao longo dos séculos houve intentos de reconciliação em que a diversidade europeia se transforma numa unidade continental como solução para os problemas, para os confrontos, para os conflitos. Em muitos momentos da nossa contemporaneidade a Europa foi avançando em direcção oposta à unidade, a acentuar a diversidade e a fomentar a sua fragmentação - segundo as etnias, as línguas, as culturas, as religiões. Mas também é verdade que houve a preocupação em percorrer o caminho em sentido contrário, ou seja, da diversidade para a unidade. Não se estranhará, portanto, que a unidade da Europa seja uma tarefa em construção e, por ora, inacabada. -
Imaginar a EuropaO sentir europeu não converge com o ideal de uma Europa moderna? Procura-se reencontrar para a Europa os seus elementos matriciais. Mas a Europa moderna liga-se também à imagem desencantada do seu futuro. Para uns, há a clara tentação de prever, de desejar, de imaginar o fim segundo o veredicto niilista. Outros, porém, esperam da Europa, ainda e apesar de tudo, uma partilha universal das ideias e dos valores. As reflexões de muitos intelectuais e a acção política a favor da reconstrução europeia imaginam uma Europa na base da ideia da Reconciliação em nome da unidade da civilização europeia, do bem comum superior, enfim, do interesse comunitário. O mesmo é dizer, em nome de laços históricos com o Ocidente e de pertença à «família europeia» imagina-se, cria-se a Europa na unidade e diversidade. E todo este processo de construção europeia foi e é feito de sucessos e de insucessos, de crises, de relances, de esperanças, de entusiasmos, de resistências. Imaginar a Europa é pensar e reflectir sobre projectos de ordem política, religiosa, económica, social, cultural. Imaginar a Europa é também reflectir sobre o seu destino, o seu posicionamento estratégico, sobre o seu papel no Mundo, sobre um futuro em perspectiva. -
2009: (Re)Pensar a EuropaSe a União Europeia é uma viagem, mais do que um destino, imaginar os fins da Europa é uma viagem através de numerosas e diversificadas paisagens que nós somos, ainda hoje, incapazes de conceber em definitivo. Fins esses que são moldados pelas tempestades, pelas bonanças, pelas fronteiras que se derrubam e por outras que se erguem. É evidente que as divergências e as oposições de interesses subsistirão por longo tempo nesta Europa de 27 Estados, como no interior das sociedades nacionais. A Europa real é, pois, um grande e longo processo de aprendizagem e de experimentação à escala continental, com todas as dificuldades e resistências que isso comporta. Mas a Europa real é também um processo contínuo de educação. Assim sendo, tudo o que contribui para promover a compreensão mútua dos Europeus e uma mais clara percepção das interdependências internacionais é o maior investimento para o futuro comum. A educação, a formação e as relações transnacionais deverão ser prioritárias para os Estados nacionais e para a política da União Europeia. Porquê fazer a Europa? (...) A Europa e a União Europeia tem ainda um longo percurso a trilhar, um insistente trabalho a desenvolver, mas, penso, elas têm também um Futuro cm Perspectiva. -
Portugal - Europa, 25 Anos de AdesãoO processo de integração europeia de Portugal é um fenómeno que se insere numa evolução muitas vezes interrompida mas historicamente inevitável. Foi a revolução de 25 de Abril de 1974 e a consequente democratização de Portugal que fizeram equacionar em outros moldes a nova participação portuguesa na Europa. Criaram-se então as condições de integração num empreendimento europeu, ou seja, num projeto supranacional de vocação democrática, pluralista, de tolerância ideológica, de preservação da identidade nacional.
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As Lições dos MestresO encontro pessoal entre mestre e discípulo é o tema de George Steiner neste livro absolutamente fascinante, uma sólida reflexão sobre a interacção infinitamente complexa e subtil de poder, confiança e paixão que marca as formas mais profundas de pedagogia. Baseado em conferências que o autor proferiu na Universidade de Harvard, As Lições dos Mestres evoca um grande número de figuras exemplares, nomeadamente, Sócrates e Platão, Jesus e os seus discípulos, Virgílio e Dante, Heloísa e Abelardo, Tycho Brahe e Johann Kepler, o Baal Shem Tov, sábios confucionistas e budistas, Edmund Husserl e Martin Heidegger, Nadia Boulanger e Knute Rockne. Escrito com erudição e paixão, o presente livro é em si mesmo uma lição magistral sobre a elevada vocação e os sérios riscos que o verdadeiro professor e o verdadeiro aluno assumem e partilham. -
A Construção Sonora de Moçambique - 1974-1994Nataniel Ngomane: «Um trabalho pioneiro e, desde logo, importantíssima ferramenta referencial para trabalhos futuros não somente na área musical e sonora…» O que nos é apresentado neste livro de Marco Roque de Freitas é, efetivamente, uma abordagem teórica sistematizada da experiência musical de Moçambique, abordagem assente na base sólida que cobre o período de transição, sobretudo política — de 1974 a 1994 —, e «identificando os principais processos que levaram à sua relação com a construção social». Essa experiência musical é acrescida da experiência sonora, no sentido já descrito, como elemento com função central na construção da nação moçambicana. Desse ponto de vista, mesmo considerando a existência de alguns trabalhos de natureza similar em Moçambique, não temos nenhuma dificuldade em considerar este, na sua profundidade e intensidade, como um trabalho pioneiro e, desde logo, importantíssima ferramenta referencial para trabalhos futuros não somente na área musical e sonora, mas também noutras áreas das artes e outras, como da história de Moçambique, da antropologia, ciências políticas, entre muitas outras. [Nataniel Ngomane] Nesta obra é robusta a evidência da importância dos media para a análise etnomusicológica. Os processos da radiodifusão e da produção discográfica fazem parte de uma narrativa que sublinha o papel da tecnologia e dos procedimentos industriais e comerciais na configuração da música — e não apenas na sua reprodução, bem como a sua relação com os territórios e as populações de Moçambique. De facto, a extensão e diversidade cultural e territorial de Moçambique coloca à investigação desafios de enorme dimensão. O presente trabalho, fruto de uma investigação etnomusicológica extensa, aprofundada e centrada em Maputo e na sua área de influência mais próxima, constitui um importante testemunho daquilo que falta compreender, e das limitações com que ainda nos deparamos no projeto de conhecer a música em Moçambique. [João Soeiro de Carvalho] -
Orofobias... Marias... E Outros Mistérios (Temas de Psicanálise)"Orofobias... Marias... e outros Mistérios" congrega uma serie de Temas de Psicanálise, onde a partir da prática se teorizam e desenvolvem algumas observações inovadoras. Isso acontece sobretudo na primeira parte do livro, que roda em torno do conceito de "Orofobia", quadro clinico introduzido pelo autor. O texto percorre depois várias "Marias..." que dalguma forma se completam, alongando se nas angustias contempladas nesse quadro. Analisam se também os " Sentimentos de Mistério: Secreto ...Sagrado... Sexual" e os "Sentimentos de Justiça: Socorro! que com elas se interligam. A segunda parte do livro assume carácter mais pedagógico. Desenvolve textos sobre a Psicanálise, as Psicoterapias, os seus exercícios práticos, focando a sua aplicação em quadros graves, nomeadamente psicóticos. Nela se tentam precisar definições e conceitos. Índice Prefácio (A. Coimbra de Matos) Introdução Primeira Parte Orofobia: uma digressão contra-fusional Maria Vazia ou a gravidez perpétua (orofobia no feminino) Maria Narcisa ou a erotização do narcisismo Maria Triste já sonha Mistérios (Secreto... Sagrado... Sexual) Sentimentos de Justiça... Socorro Angústias Identificação... Projecção... Identificação Projectiva Segunda Parte Psicanálise e Psicoterapias dinâmicas Psicoterapia: conceito e definição Sobre a Psicanálise nas Psicoses Psicoterapia Analítica na EsquizofreniaVários -
Antropologia e Filosofia - Ensaios em torno de Lévi-StraussEnsaios em torno de Lévi-Strauss Os ensaios aqui recolhidos inspiram-se diversamente em Claude Lévi-Strauss: ou porque lhe usam o método para analisar as narrativas que são alguns contos populares portugueses; ou porque se referem directamente aos conceitos elaborados por Lévi-Strauss a propósito da história, do pensamento selvagem ou do inconsciente; ou ainda porque se inspiram na sua atitude reflexiva para interrogar os temas do tempo, do silêncio e da dor. ÍNDICE 1. CONTOS POPULARES PORTUGUESES: UMA ANALISE ESTRUTURAL - I 2. CONTOS POPULARES PORTUGUESES: UMA ANÁLISE ESTRUTURAL - II 3. DO MITO COLECTIVO AO MITO INDIVIDUAL 4. O MÉTODO ESTRUTURAL 5. DO PENSAMENTO SELVAGEM 6. A NATUREZA E A HISTÓRIA 7. O INCONSCIENTE ESTRUTURAL 8. O SILÊNCIO NA COMUNICAÇÃO 9. A TÉCNICA E A EXPERIÊNCIA DA DOR 10. TEMPO E REPETIÇÃOVários -
No Labirinto - O Líbano entre guerras, política e religiãoEntre Maio de 2OO5 e Julho de 2OO6, Miguel Portas esteve por três vezes no Líbano, país que já conhecia de outras viagens. Na qualidade de jornalista ou de eurodeputado, o autor tem visitado ainda, com regularidade, a Síria, Israel e os territórios ocupados da Palestina. No Labirinto é um livro que nasce em Beirute, em plena guerra. Antigo e moderno, ocidental e oriental, democrático e tribal, tolerante e guerreiro, o Líbano escapa aos clichés e ideias feitas. Marcado por múltiplas ingerências, bizarros protagonistas e estranhos jogos de alianças, condensa, em si, todos os conflitos e contradições do Médio Oriente. No país dos cedros, nada é o que parece... Parte I O nascimento de uma nação Promessa Ilusão Loucura Jogo Renascimento Parte II Trinta e três dias de guerra Viagem Palestina Israel Hezbollah Islamismo Crime Castigo pós-Guerra Está disponível em pdf o capítulo «Promessa», da Parte I. -
Crime ou Castigo? - Da Perseguição contra as Mulheres até à Despenalização do AbortoCRIME OU CASTIGO?, apresenta uma discussão histórica detalhada do problema do aborto. Desde a Antiguidade até aos dias de hoje, as concepções religiosas e sociais sobre o aborto foram mudando e esse é o primeiro tema deste livro. A autora analisa igualmente a evolução da lei, desde a criminalização do aborto no século XIX até à sua despenalização no século XX, com a excepção de Portugal, um dos poucos países europeus onde se manteve a criminalização das mulheres. O livro apresenta ainda um estudo empírico com mulheres portuguesas acerca do impacto que a realização de um aborto teve na sua vida. Índice 1. Urna Perspectiva Histórica dos Conhecimentos sobre Contracepção e Aborto 2. O Controle Populacional na Antiguidade 3. Da Era Cristã à Reforma 4. Da Reforma ao NeoMalthusianismo 5. O Século XIX e o Neomalthusianismo 6. O Século XX 7. Diferentes Legislações sobre Aborto no Mundo 8. O Abono no Mundo Actual 9. A Situação em Portugal 10. Aborto, uma Questão Polémica; Porquê Gravidezes Indesejadas? 11. As Consequências da Interrupção da Gravidez na Vida da Mulher 12. Existirá uma Nova Ética sobre o Aborto? 13. Conclusão -
Betão - Arma de Construção Maciça do CapitalismoPartindo do episódio da queda da Ponte Morandi, em Génova, em 2018, como caso exemplar da obsolescência programada, Anselm Jappe desenvolve a premissa de que o betão — um dos materiais de construção mais utilizados no planeta, produzido em quantidades astronómicas e com irreversíveis consequências sanitárias e ambientais — encarna por excelência a lógica desmesurada, descartável e destrutiva do capitalismo. Ensaio que associa a crítica do valor à crítica da arquitectura e do urbanismo contemporâneos, rememorando o historial problemático deste material — das intenções dos seus entusiastas às reservas dos seus detractores, da sua expansão durante a Revolução Industrial ao declínio de técnicas sustentáveis e ancestrais —, Betão (2020) é um protesto contra a uniformização económica, social e estética do mundo, uma recusa da habitação como activo rentável e um alerta para as insidiosas leis da mercadoria e do crescimento infinito. -
Terrorismo e Crime OrganizadoO autor reúne nesta coletânea ou antologia de (20) textos, diversos trabalhos e apontamentos que produziu entre 1993 e 2021, ao longo de quase três décadas, sobre temas do terrorismo e do crime organizado. Os textos correspondem a artigos publicados em revistas técnicas (7), em proceedings ou livros de atas de congressos e outras reuniões em sede de cooperação internacional (4) e outros simplesmente apresentados em diversos certames e em vários países (7) - em Portugal, Luxemburgo, Grécia, Uzbequistão e Bélgica - mas que nunca foram publicados em letra de forma e finalmente dois apontamentos absolutamente inéditos (redigidos em 2007 e 2019). Sem prejuízo da abordagem de interfaces e zonas de penetração recíproca e instrumental entre o terrorismo e a criminalidade organizada – como são definitivamente os casos do narcotráfico, do crime económico-financeiro, da corrupção, do tráfico de armas, do tráfico de seres humanos e da extorsão, ao melhor e inconfundível estilo mafioso – abordam-se temáticas tão distintas ou umbilicalmente conexas como a radicalização ideológica, a identificação das ameaças, o financiamento, a cooperação e colaboração internacional. Mas também tópicos de insuspeito relevo e interesse acrescentado como a saúde mental, as motivações e identidade psicossocial, as migrações e os refugiados, ou a segurança área e de eventos internacionais. O critério (cronológico) seguido na sucessiva apresentação dos textos, documenta a gradual projeção do terrorismo puramente políticoideológico e etnonacionalista e separatista, para a esfera do terrorismo de 28 matriz ‘jihadista’. Uma involução pontuada pelo surgimento de organizações terroristas de escopo e espetro de ação global como a ‘Al-Qaeda’ e o ‘ISIL-ISIS-Da’esh’. No contexto do crime organizado, descortina-se outra estabilidade e permanência dos principais focos de atividade e das correspondentes ameaças. As alterações mais sensíveis de perfil, decorrem sobretudo da revolução tecnológica e do crescente peso e influência das novas tecnologias de comunicação e informação (algo que aliás é igualmente visível em todos os padrões ou domínios de ação terrorista ou do extremismo ideológico criminal).