Imaginar a Europa
O sentir europeu não converge com o ideal de uma Europa moderna? Procura-se reencontrar para a Europa os seus elementos matriciais. Mas a Europa moderna liga-se também à imagem desencantada do seu futuro. Para uns, há a clara tentação de prever, de desejar, de imaginar o fim segundo o veredicto niilista. Outros, porém, esperam da Europa, ainda e apesar de tudo, uma partilha universal das ideias e dos valores.
As reflexões de muitos intelectuais e a acção política a favor da reconstrução europeia imaginam uma Europa na base da ideia da Reconciliação em nome da unidade da civilização europeia, do bem comum superior, enfim, do interesse comunitário.
O mesmo é dizer, em nome de laços históricos com o Ocidente e de pertença à «família europeia» imagina-se, cria-se a Europa na unidade e diversidade. E todo este processo de construção europeia foi e é feito de sucessos e de insucessos, de crises, de relances, de esperanças, de entusiasmos, de resistências.
Imaginar a Europa é pensar e reflectir sobre projectos de ordem política, religiosa, económica, social, cultural. Imaginar a Europa é também reflectir sobre o seu destino, o seu posicionamento estratégico, sobre o seu papel no Mundo, sobre um futuro em perspectiva.
| Editora | Almedina |
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| Coleção | Estudos sobre a Europa |
| Categorias | |
| Editora | Almedina |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Maria Manuela Tavares Ribeiro |
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Mare Oceanus - Atlântico: Espaço de DiálogosEsta outra margem da Europa - o Atlântico - sugere-nos a indiscutível descontinuidade material que nos conduz a Oeste, à lonjura incomensurável do Oceano. Este mesmo Oceano que pode ser entendido mais com uma articulação, mais com um elo, do que como um limite intransponível. Mas esta extremidade ocidental faz parte de um conjunto mais vasto. E se é um dado adquirido que o Oceano Atlântico é uma margem natural do continente europeu, as hesitações e opiniões dividem-se sempre que se trata de precisar a Leste até onde se estendem os limites da Europa a partir das suas margens oceânicas. (...) Todavia, mais do que as fronteiras geográficas, as mais difíceis de definir são as da identidade. Quem se sente Europeu sente-se Ocidental? Ora, como conjugar estas duas identidades em coexistência, a europeia e a atlântica? Pese embora a partilha da maior parte dos valores, esta simbiose identitária entre europeidade e ocidentalidade culturais, entre europeísmo e atlantismo políticos, faz-se diferentemente nas várias partes da Europa. (...) A Europa é ainda um espaço a fazer, a Europa é um território que se faz. Índice Maria Manuela Tavares Ribeiro - Introdução Adriano Moreira - A Solidariedade Atlântica Guillermo A. Pérez Sánchez - Los países de Ia Europa central, suroriental, báltica y balcânica. El nuevo vínculo euroatlántico en elpaso de un siglo a outro Ricardo Martin de Ia Guardiã - Europa, Estados Unidos y Ia nueva Agenda Transatlântica ante los retos internacionales de Ia década de los noventa Estêvão de Rezende Martins - A revolução atlântica: fronteira ou traço de união? Rui Cunha Martins - Fronteira e função: o caso europeu Cristina Robalo Cordeiro - Inspirações Atlânticas. A literatura europeia face ao Oceano -
De Roma a Lisboa: A Europa em DebateA Europa em mutação no século XXI debate-se ainda em busca de uma ideia de si mesma enquanto projecto e realidade política. Vai-se abrindo, porém, à percepção de que a União Europeia é ainda um caminho a percorrer, mais ainda do que um ponto de destino. E se a Europa foi fruto de um conjunto de reflexões de intelectuais, ela foi também produto de ideais teóricos, mas é um facto que deixou de ser o produto de ideais teóricos para converter-se em realidade que define o ser europeu: a razão, o direito, a democracia. Mas nela, na Europa, podemos encontrar os contrários. Se a Europa é o direito, ela é também a força; se é a democracia também é opressão, se é razão é também mito. Como sublinhou o europeísta suíço Denis de Rougemont, esta Europa dividida conservará o seu destino histórico comum. E ao longo dos séculos houve intentos de reconciliação em que a diversidade europeia se transforma numa unidade continental como solução para os problemas, para os confrontos, para os conflitos. Em muitos momentos da nossa contemporaneidade a Europa foi avançando em direcção oposta à unidade, a acentuar a diversidade e a fomentar a sua fragmentação - segundo as etnias, as línguas, as culturas, as religiões. Mas também é verdade que houve a preocupação em percorrer o caminho em sentido contrário, ou seja, da diversidade para a unidade. Não se estranhará, portanto, que a unidade da Europa seja uma tarefa em construção e, por ora, inacabada. -
2009: (Re)Pensar a EuropaSe a União Europeia é uma viagem, mais do que um destino, imaginar os fins da Europa é uma viagem através de numerosas e diversificadas paisagens que nós somos, ainda hoje, incapazes de conceber em definitivo. Fins esses que são moldados pelas tempestades, pelas bonanças, pelas fronteiras que se derrubam e por outras que se erguem. É evidente que as divergências e as oposições de interesses subsistirão por longo tempo nesta Europa de 27 Estados, como no interior das sociedades nacionais. A Europa real é, pois, um grande e longo processo de aprendizagem e de experimentação à escala continental, com todas as dificuldades e resistências que isso comporta. Mas a Europa real é também um processo contínuo de educação. Assim sendo, tudo o que contribui para promover a compreensão mútua dos Europeus e uma mais clara percepção das interdependências internacionais é o maior investimento para o futuro comum. A educação, a formação e as relações transnacionais deverão ser prioritárias para os Estados nacionais e para a política da União Europeia. Porquê fazer a Europa? (...) A Europa e a União Europeia tem ainda um longo percurso a trilhar, um insistente trabalho a desenvolver, mas, penso, elas têm também um Futuro cm Perspectiva. -
Portugal - Europa, 25 Anos de AdesãoO processo de integração europeia de Portugal é um fenómeno que se insere numa evolução muitas vezes interrompida mas historicamente inevitável. Foi a revolução de 25 de Abril de 1974 e a consequente democratização de Portugal que fizeram equacionar em outros moldes a nova participação portuguesa na Europa. Criaram-se então as condições de integração num empreendimento europeu, ou seja, num projeto supranacional de vocação democrática, pluralista, de tolerância ideológica, de preservação da identidade nacional.
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A Esquerda não é WokeSe somos de esquerda, somos woke. Se somos woke, somos de esquerda.Não, não é assim. E este erro é extremamente perigoso.Na sua génese e nas suas pedras basilares, o wokismo entra em conflito com as ideias que guiam a esquerda há mais de duzentos anos: um compromisso com o universalismo, uma distinção objetiva entre justiça e poder, e a crença na possibilidade de progresso. Sem estas ideias, afirma a filósofa Susan Neiman, os wokistas continuarão a minar o caminho até aos seus objetivos e derivarão, sem intenção mas inexoravelmente, rumo à direita. Em suma: o wokismo arrisca tornar-se aquilo que despreza.Neste livro, a autora, um dos nomes mais importantes da filosofia, demonstra que a sua tese tem origem na influência negativa de dois titãs do pensamento do século XXI, Michel Foucault e Carl Schmitt, cuja obra menosprezava as ideias de justiça e progresso e retratava a vida em sociedade como uma constante e eterna luta de «nós contra eles». Agora, há uma geração que foi educada com essa noção, que cresceu rodeada por uma cultura bem mais vasta, modelada pelas ideias implacáveis do neoliberalismo e da psicologia evolutiva, e quer mudar o mundo. Bem, talvez seja tempo de esta geração parar para pensar outra vez. -
Não foi por Falta de Aviso | Ainda o Apanhamos!DOIS LIVROS DE RUI TAVARES NUM SÓ: De um lado, as crónicas que há muito alertavam para a ameaça do autoritarismo Do outro, aquelas que nos apontam o caminho para um Portugal melhor Não foi por Falta de Aviso. Na última década e meia, enquanto o mundo lutava com as sequelas de uma crise financeira e enfrentava uma pandemia, crescia uma ameaça maior à nossa forma democrática de vida. O regresso do autoritarismo estava à vista de todos. Mas poucos o quiseram ver, e menos ainda nomear desde tão cedo. Não Foi por Falta de Aviso é um desses raros relatos. Porque o resto da história ainda pode ser diferente. Ainda o Apanhamos! Nos 50 anos do 25 Abril, que inaugurou o nosso regime mais livre e generoso, é tempo de revisitar uma tensão fundamental ao ser português: a tensão entre pequenez e grandeza, entre velho e novo. Esta ideia de que estamos quase sempre a chegar lá, ou prontos a desistir a meio do caminho. Para desatar o nó, não basta o «dizer umas coisas» dos populistas e não chegam as folhas de cálculo dos tecnocratas. É preciso descrever a visão de um Portugal melhor e partilhar um caminho para lá chegar. SINOPSE CURTA Um livro de Rui Tavares que se divide em dois: de um lado, as crónicas que há muito alertavam para a ameaça do autoritarismo; do outro, as crónicas que apontam o caminho para um Portugal melhor. -
O Fim da Paz PerpétuaO mundo é um lugar cada vez mais perigoso e precisamos de entender porquêCom o segundo aniversário da invasão da Ucrânia, que se assinala a 24 de Fevereiro, e uma outra tragédia bélica em curso no Médio Oriente, nunca neste século o mundo esteve numa situação tão perigosa. A predisposição bélica e as tensões político-militares regressaram em força. A ideia de um futuro pacífico e de cooperação entre Estados, sonhada por Kant, está a desmoronar-se.Este livro reflecte sobre o recrudescimento de rivalidades e conflitos a nível internacional e sobre as grandes incógnitas geopolíticas com que estamos confrontados. Uma das maiores ironias dos tempos conturbados que atravessamos é de índole geográfica. Immanuel Kant viveu em Königsberg, capital da Prússia Oriental, onde escreveu o panfleto Para a Paz Perpétua. Königsberg é hoje Kaliningrado, território russo situado entre a Polónia e a Lituânia, bem perto da guerra em curso no leste europeu. Aí, Putin descerrou em 2005 uma placa em honra de Kant, afirmando a sua admiração pelo filósofo que, segundo ele, «se opôs categoricamente à resolução de divergências entre governos pela guerra».O presidente russo está hoje bem menos kantiano - e o mundo também. -
Manual de Filosofia PolíticaEste Manual de Filosofia Política aborda, em capítulos autónomos, muitas das grandes questões políticas do nosso tempo, como a pobreza global, as migrações internacionais, a crise da democracia, a crise ambiental e a política de ambiente, a nossa relação com os animais não humanos, a construção europeia, a multiculturalidade e o multiculturalismo, a guerra e o terrorismo. Mas fá-lo de uma forma empiricamente informada e, sobretudo, filosoficamente alicerçada, começando por explicar cada um dos grandes paradigmas teóricos a partir dos quais estas questões podem ser perspectivadas, como o utilitarismo, o igualitarismo liberal, o libertarismo, o comunitarismo, o republicanismo, a democracia deliberativa, o marxismo e o realismo político. Por isso, esta é uma obra fundamental para professores, investigadores e estudantes, mas também para todos os que se interessam por reflectir sobre as sociedades em que vivemos e as políticas que queremos favorecer. -
O Labirinto dos PerdidosMaalouf regressa com um ensaio geopolítico bastante aguardado. O autor, que tem sido um guia para quem procura compreender os desafios significativos do mundo moderno, oferece, nesta obra substantiva e profunda, os resultados de anos de pesquisa. Uma reflexão salutar em tempos de turbulência global, de um dos nossos maiores pensadores. De leitura obrigatória.Uma guerra devastadora eclodiu no coração da Europa, reavivando dolorosos traumas históricos. Desenrola-se um confronto global, colocando o Ocidente contra a China e a Rússia. É claro para todos que está em curso uma grande transformação, visível já no nosso modo de vida, e que desafia os alicerces da civilização. Embora todos reconheçam a realidade, ainda ninguém examinou a crise atual com a profundidade que ela merece.Como aconteceu? Neste livro, Amin Maalouf aborda as origens deste novo conflito entre o Ocidente e os seus adversários, traçando a história de quatro nações preeminentes. -
Esquerda e Direita: guia histórico para o século XXIO que são, afinal, a esquerda e a direita políticas? Trata-se de conceitos estanques, flutuantes, ou relativos? Quando foi que começámos a usar estes termos para designar enquadramentos políticos? Esquerda e Direita: guia histórico para o século XXI é um ensaio historiográfico, político e filosófico no qual Rui Tavares responde a estas questões e explica por que razão a terminologia «esquerda / direita» não só continua a ser relevante, como poderá fazer hoje mais sentido do que nunca. -
Textos Políticos - Antologia«É aos escritos mais evidentemente políticos que é dedicada a escolha que se segue. É uma escolha pessoal – não há maneira menos redundante de dizer o óbvio. A minha intenção é pôr em destaque a dedicação de Gramsci a um projecto revolucionário muito claro: a assunção do poder por qualquer meio adequado para chegar a uma “ditadura do proletariado” que – ai de nós!, como diria Gramsci – terá de ser encarnada inicialmente pelo domínio do Partido e dos seus “melhores”, da sua aristocracia. Gramsci não tem medo das palavras – mas conhece o seu poder. Daí a sua popularidade entre uma extrema-esquerda como a do defunto Podemos, por exemplo, cujo ex-chefe carismático disse, numa entrevista aos Financial Times: “A realidade é definida pelas palavras. De modo que quem é dono das palavras tem o poder de moldar a realidade”. Essa ditadura não é o que nós julgamos ver: quer dizer, dizem-nos, liberdade.» da Introdução. -
Introdução ao ConservadorismoUMA VIAGEM À DOUTRINA POLÍTICA CONSERVADORA – SUA ESSÊNCIA, EVOLUÇÃO E ACTUALIDADE «Existiu sempre, e continua a existir, uma carência de elaboração e destilação de princípios conservadores por entre a miríade de visões e experiências conservadoras. Isso não seria particularmente danoso por si mesmo se o conservadorismo não se tivesse tornado uma alternativa a outras ideologias políticas, com as quais muitas pessoas, alguns milhões de pessoas por todo o mundo, se identificam e estão dispostas a dar o seu apoio cívico explícito. Assim sendo, dizer o que essa alternativa significa em termos políticos passa a ser uma tarefa da maior importância.» «O QUE É O CONSERVADORISMO?Uma pergunta tão directa devia ter uma resposta igualmente directa. Existe essa resposta? Perguntar o que é o conservadorismo parece supor que o conservadorismo tem uma essência, parece supor que é uma essência, e, por conseguinte, que é subsumível numa definição bem delimitada, a que podemos acrescentar algumas propriedades acidentais ou contingentes.»