Memórias Encontradas numa Banheira
Ano 3149, Terra. Quando é descoberto o único documento que terá resistido à papyrólise — o cataclismo que arruinou todos os registos escritos do
mundo —, resta à posteridade tirar ilações sobre os tempos que a História viria a intitular Era da Papyrocracia, dominada pelo culto do Kap-Ih-Taal.
Memórias Encontradas numa Banheira (1961), uma das obras-primas de Stanislaw Lem, descreve as desventuras de um funcionário atolado numa burocracia demente, perdido no labirinto de corredores do Edifício e enredado numa missão secreta indecifrável, num país obcecado pela vigilância dos seus cidadãos. Uma sátira à máquina burocrática e à paranóia que ela engendra, ao jeito de «Kafka sob o efeito de Prozac», segundo a crítica.
| Editora | Antígona |
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| Editora | Antígona |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Stanislaw Lem |
Stanislaw Lem (1921-2006) nasceu na Polónia e é um dos autores de ficção científica mais traduzidos em todo o mundo. A sua obra mais reconhecida, Solaris, foi diversas vezes adaptada ao cinema. O seu trabalho foi galardoado com distintos prémios, entre eles o Prémio Kafka. Colaborou com várias revistas, entre elas a The New Yorker.
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SolarisEm tradução directa do polaco, Solaris (1961) é uma das obras de ficção científica mais complexas e filosóficas, e consagraria Stanisław Lem (1926-2006) como autor de culto. Publicado em Varsóvia, em pleno regime comunista, e adaptado ao cinema por Andrei Tarkovski, em 1972, e Steven Soderbergh, em 2002, é dominado por um imenso e enigmático oceano planetário, capaz de controlar as emoções e as memórias de exploradores à beira da loucura, isolados numa estação espacial. Neste romance psicológico sobre a incomunicabilidade, a angústia face ao insondável e a incapacidade humana de lidar com o desconhecido sem causar destruição, Stanisław Lem leva-nos a um planeta distante para revelar os eternos abismos e buracos negros da alma. -
SolarisKris Kelvin, um psicólogo astronauta, após dezasseis meses de viagem vindo da Terra na nave Prometheus, chega à Estação Solaris. Enviado para averiguar porque é que ocorreram assassínios, suicídios e terríveis aparições a bordo da Estação, em órbita do estranho planeta Solaris -— o planeta completamente coberto por um oceano orgânico —, Kelvin depressa terá de se confrontar, também ele, com uma nova espécie de vida. Em Solaris, à decadência da teoria antropocêntrica, junta-se a busca psicossexual por Deus.Editado pela primeira vez em 1961, Solaris depressa se tornou um clássico da literatura universal e tornou o seu autor o mais traduzido da literatura polaca moderna. -
ÉdenUma tripulação de seis homens fez uma aterragem forçada em Éden, o quarto planeta de outro sol. Deparam com um estranho mundo: uma planície desértica. Um tom esverdeado no horizonte. Arbustos que parecem aranhas penduradas. Uma árvore de dois metros que é uma coluna perpendicular tão cinzenta como a pele de um elefante e cuja copa é uma estrutura em forma de cálice. Quando tocada, move-se, assobia e recolhe-se para debaixo do solo. Flores que se erguem no ar como um bando de pombos assustados, e sobre as filas de mastros ponteagudos o ar turva-se como que devido a um calor intenso. Num labirinto de edifícios com a forma de plantas há becos sem saída, passagens, tectos abobados, estátuas gigantes. E por toda a parte imagens de morte. Os seis homens passam por valas comuns, corpos nus e inchados, uma estrutura em forma de colmeia repleta de bolhas de vidro, uma esqueleto dentro de cada ovo.As tentativas de comunicação por parte da tripulação para com a civilização alienígena levam à violência e a uma morte cruel, especialmente cruel porque é humana. -
FiascoO solo de Quinta, o quinto planeta do sistema solar, encontra-se recoberto de montículos asquerosos e, de quando em vez, surgem teias semelhantes às da aranha, penduradas de postes vacilantes. É um sonho há muito sonhado, um reino de fantasmas duma beleza marcada pela loucura. O em flagrante contraste, a tripulação da nave espacial Hermes representa a Terra, sensível e ávida de conhecimentos. Há um super-computador chamado DEUS; um monge perturbado, em representação do Vaticano; um físico e filósofo japonês; e um jovem e destemido piloto excitado com a perspectiva de se encontrar face a face com os alienígena. Enquanto se vão aproximando de Quinta, todos eles nutrem as melhores intenções para com os seus Irmãos na Inteligência. Os quintanos, porém, vivem numa permanente «guerra das estrelas», galopante e enlouquecida; ergueram uma barreira em todas as frequências. Não respondem, não querem responder nem pretendem revelar-se a si próprios.À medida que a tripulação vai sendo atacada de diferentes e misteriosas maneiras, os seus membros descobrem que as respostas adequadas são determinadas, não pela sua tecnologia de deuses nem pela sua moral egoísta, mas sim por instintos primitivos consubstanciados em estranhas imagens e símbolos. A situação fica dominada por uma poesia macabra que os conduz a um pesadelo de incompreensões. -
A Voz do DonoQuando é detectada uma mensagem vinda do espaço, uma comunidade de cientistas, reunida num projecto governamental no deserto do Nevada – Master’s Voice –, não se poupa a esforços para a decifrar. Porém, a primeira transmissão extraterrestre «era como a planta de uma catedral enviada a australopitecos ou uma biblioteca facultada aos neandertais», diz-nos Peter Hogarth, matemático envolvido na missão secreta e autor deste relato. Rapidamente, este enigmático código estelar suscita as mais diversas interpretações de físicos, biólogos, antropólogos e linguistas, apenas para revelar a dúbia relação entre governo e ciência, bem como as limitações do conhecimento face ao insondável. Agora em tradução directa do polaco, A Voz do Dono (1968), publicado em plena Guerra Fria, é um dos romances mais aclamados e densamente filosóficos de Stanisław Lem. -
InvencívelUma nave vinda da Terra é desafiada por uma misteriosa inteligência hostil.Invencível, um cruzador de segunda classe, aterra em Regis III, um planeta recentemente descoberto que parece estar desabitado. A missão da tripulação é investigar o que aconteceu a Condor, um cruzador semelhante que ali desapareceu inexplicavelmente durante uma missão exploratória de rotina.Utilizando as mais elevadas medidas de segurança, a tripulação inicia a busca enquanto os cientistas começam a investigar o planeta, tentando identificar as fontes de potencial perigo. O que descobrem é surpreendente – uma forma de vida que aparentemente evoluiu de máquinas autónomas e que se autorreproduzem. Afinal, quem é o inimigo? E o que se esconde realmente neste planeta supostamente desabitado há milhões de anos?
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O Essencial Sobre José Saramago«Aquilo que neste livro se entende como essencial em José Saramago corresponde à sua específica identidade como escritor, com a singularidade e com as propriedades que o diferenciam, nos seus fundamentos e manifestações. Mas isso não é tudo. No autor de Memorial do Convento afirma-se também uma condição de cidadão e de homem político, pensando o seu tempo e os fenómenos sociais e culturais que o conformam. Para o que aqui importa, isso é igualmente essencial em Saramago, até porque aquela condição de cidadão não é estranha às obras literárias com as quais ela interage, em termos muito expressivos.» in Contracapa -
Confissões de um Jovem EscritorUmberto Eco publicou seu primeiro romance, O Nome da Rosa, em 1980, quando tinha quase 50 anos. Nestas suas Confissões, escritas cerca de trinta anos depois da sua estreia na ficção, o brilhante intelectual italiano percorre a sua longa carreira como ensaísta dedicando especial atenção ao labor criativo que consagrou aos romances que o aclamaram. De forma simultaneamente divertida e séria, com o brilhantismo de sempre, Umberto Eco explora temas como a fronteira entre a ficção e a não-ficção, a ambiguidade que o escritor mantém para que seus leitores se sintam livres para seguir o seu próprio caminho interpre tativo, bem como a capacidade de gerar neles emoções. Composto por quatro conferências integradas no âmbito das palestras Richard Ellmann sobre Literatura Moderna que Eco proferiu na Universidade Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos, Confissões de um jovem escritor é uma viagem irresistível aos mundos imaginários do autor e ao modo como os transformou em histórias inesquecíveis para todos os leitores. O “jovem escritor” revela-se, afinal, um grande mestre e aqui partilha a sua sabedoria sobre a arte da imaginação e o poder das palavras. -
Sobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
A Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
Almoço de DomingoUm romance, uma biografia, uma leitura de Portugal e das várias gerações portuguesas entre 1931 e 2021. Tudo olhado a partir de uma geografia e de uma família.Com este novo romance de José Luís Peixoto acompanhamos, entre 1931 e 2021, a biografia de um homem famoso que o leitor há de identificar — em paralelo com história do país durante esses anos. No Alentejo da raia, o contrabando é a resistência perante a pobreza, tal como é a metáfora das múltiplas e imprecisas fronteiras que rodeiam a existência e a literatura. Através dessa entrada, chega-se muito longe, sem nunca esquecer as origens. Num percurso de várias gerações, tocado pela Guerra Civil de Espanha, pelo 25 de abril, por figuras como Marcelo Caetano ou Mário Soares e Felipe González, este é também um romance sobre a idade, sobre a vida contra a morte, sobre o amor profundo e ancestral de uma família reunida, em torno do patriarca, no seu almoço de domingo.«O passado tem de provar constantemente que existiu. Aquilo que foi esquecido e o que não existiu ocupam o mesmo lugar. Há muita realidade a passear-se por aí, frágil, transportada apenas por uma única pessoa. Se esse indivíduo desaparecer, toda essa realidade desaparece sem apelo, não existe meio de recuperá-la, é como se não tivesse existido.» «Os motoristas estão à espera, o brado da multidão mistura-se com o rugido dos motores. Antes de entrarmos, o Mário Soares aproxima-se de mim, correu tudo tão bem, e abraça-me com um par estrondosas palmadas no centro das costas. A coluna de carros avança devagar pelas ruas da vila. Tenho a garganta apertada, não consigo falar. Como me orgulha que Campo Maior seja a capital da península durante este momento.»«Autobiografia é um romance que desafia o leitor ao diluir fronteiras entre o real e o ficcional, entre espaços e tempos, entre duas personagens de nome José, um jovem escritor e José Saramago. Este é o melhor romance de José Luís Peixoto.»José Riço Direitinho, Público «O principal risco de Autobiografia era esgotar-se no plano da mera homenagem engenhosa, mas Peixoto evitou essa armadilha, ao construir uma narrativa que se expande em várias direções, acumulando camadas de complexidade.»José Mário Silva, Expresso -
Electra Nº 23A Atenção, tema de que se ocupa o dossier central do número 23 da revista Electra, é um recurso escasso e precioso e por isso objecto de uma guerra de concorrência sem tréguas para conseguir a sua captura. Nunca houve uma tão grande proliferação de informação, de produtos de consumo, de bens culturais, de acontecimentos que reclamam a atenção. Ela é a mercadoria da qual depende o valor de todas as mercadorias, sejam materiais ou imateriais, reais ou simbólicas. A Atenção é, pois, uma questão fundamental do nosso tempo e é um tópico crucial para o compreendermos. Sobre ela destacam-se neste dossier artigos e entrevistas de Yves Citton, Enrico Campo, Mark Wigley, Georg Franck e Claire Bishop. Nesta edição, na secção “Primeira Pessoa”, são publicadas entrevistas à escritora, professora e crítica norte-americana Svetlana Alpers (por Afonso Dias Ramos), cujo trabalho pioneiro redefiniu o campo da história da arte nas últimas décadas, e a Philippe Descola (por António Guerreiro), figura central da Antropologia, que nos fala de temas que vão desde a produção de imagens e das tradições e dos estilos iconográficos à questão da oposição entre natureza e cultura. A secção “Furo” apresenta um conjunto de desenhos e cartas inéditos da pintora Maria Helena Vieira da Silva. Em 1928, tinha vinte anos. Havia saído de Portugal para estudar arte em Paris e, de França, foi a Itália numa viagem de estudo. Durante esse percurso desenhou num caderno esboços rápidos do que via, e ao mesmo tempo, escrevia cartas à mãe para lhe contar as suas impressões e descobertas. Uma selecção destes desenhos e destas cartas, que estabelecem entre si um diálogo íntimo e consonante, é agora revelada. Na Electra 23, é publicada, na secção “Figura”, um retrato do grande poeta grego Konstandinos Kavafis, feito pelo professor e tradutor Nikos Pratsinis, a partir de oito perguntas capitais; é comentada, pelo escritor Christian Salmon, na secção “Passagens”, uma reflexão sobre a história trágica da Europa Central do consagrado romancista e ensaísta checo, Milan Kundera. Ainda neste número, o ensaísta e jornalista Sergio Molino dá-nos um mapa pessoal da cidade de Saragoça, em que a história e a geografia, a literatura e a arte se encontram; o jornalista e colunista brasileiro Marcelo Leite trata das investigações em curso desde os anos 90, com vista ao uso farmacológico e terapêutico dos psicadélicos; a escritora e veterinária María Sanchez constrói um diário que é atravessado por procuras e encontros, casas e viagens, livros e animais, terras e mulheres, amor e amizade; o arquitecto, investigador e curador chileno Francisco Díaz aborda a relação entre solo e terreno, a partir do projecto da Cidade da Cultura de Santiago de Compostela, da autoria de Peter Eisenman; o artista e ensaísta João Sousa Cardoso escreve sobre a obra do escultor Rui Chafes, revisitando três exposições e um livro apresentados durante o ano de 2023; e o dramaturgo Miguel Castro Caldas comenta a palavra “Confortável”.Vários -
Diário SelvagemEste «Diário Selvagem», «até aqui quase integralmente inédito, é um livro mítico, listado e discutido em inúmeras cartas e cronologias do autor, a que só alguns biógrafos e estudiosos foram tendo acesso».