Não Percas a Rosa / Ó Liberdade, Brancura do Relâmpago
A 25 de Abril de 1974, nas «horas entusiásticas» de uma alvorada revolucionária aspergida a cravos, Natália Correia iniciou um diário, propondo-se "viver a festa e simultaneamente relatá-la."
«Não Percas a Rosa» é esse registo testemunhal das glórias e misérias que convulsionaram o país até 25 de Novembro de 1975, mas também a exaltação visionária de uma Revolução ainda por fazer: a do Espírito, simbolizado na brancura da rosa esotérica.
Ilustrada com fotografias de época e reproduções dos manuscritos originais, esta edição inclui vários textos inéditos e reúne, pela primeira vez, sob o título «Ó Liberdade, Brancura do Relâmpago», as célebres crónicas que Natália escreveu para A Capital entre Julho de 1974 e Julho de 1975 «(Crónicas Vagantes»), bem como as que, após um cobarde acto de censura, publicou em A Luta, entre Agosto de 1975 e Março de 1976.
| Editora | Ponto de Fuga |
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| Editora | Ponto de Fuga |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Natália Correia |
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Antologia Poética"Quando se percorre a poesia escrita por mulheres ao longo do século XX português, o nome de Natália Correia continua a surgir como um dos que causaram uma repercussão mais duradoura, quer pela sua personalidade forte e polémica, quer pelo alcance da sua obra literária", diz Fernando Pinto do Amaral no Prefácio a esta obra. Realizada tendo como base a edição mais recente da Poesia Completa de Natália Correia (Dom Quixote, 1999), esta antologia destina-se sobretudo à divulgação do principal da sua obra poética. O critério posto em jogo para seleccionar os poemas pretendeu obedecer a um equilíbrio (naturalmente sempre instável) entre o gosto pessoal do organizador e a representatividade dos diversos períodos da sua escrita. Este é, sem dúvida, um livro que poderá facultar aos leitores do século XXI uma visão de conjunto da grande poetisa Natália Correia. -
Entre a Raíz e a Utopia: escritos sobre António Sérgio e o cooperativismoEste conjunto de documentos, na sua maioria inéditos, corresponde a pelo menos doze anos (1946–1958) de uma relação de profunda cumplicidade e de luta pelos ideais universais, vivida entre a poeta Natália Correia e o pensador, pedagogo, ensaísta e cooperativista António Sérgio (1883–1969). Um encontro entre dois grandes vultos da cultura portuguesa do século XX, sob o signo da fraternidade humana e da paz ou, segundo as palavras de Sérgio, na viva esperança de um «cooperativismo integral» enquanto «libérrima anunciação profética de uma humanidade diversa da que temos hoje». -
Descobri Que Era Europeia - Impressões duma Viagem à AméricaEm 1950, aos 26 anos, Natália Correia visitou os Estados Unidos. Terra de fascínio e oportunidade para muitos emigrantes, o colosso americano é retratado neste livro, nos seus sucessos e contradições, com a penetrante lucidez da autora, já então capaz de intercalar diferentes registos de escrita com uma mestria prodigiosa. Impressões de viagem, mas também diário, ensaio e até poesia convergem neste testemunho envolvente, de uma atualidade desconcertante, de quem partiu à descoberta do América e acabou por (re)descobrir as próprias raízes europeias. Transcrito a partir do exemplar da primeira edição (1951) da biblioteca pessoal de Nátália, o texto agora apresentado reflete as alterações e acrescentos por si introduzidos nesta obra de juventude, com vista a uma reedição que nunca chegou a supervisionar – e que surge agora, devidamente contextualizada, num volume enriquecido com material inédito, por ocasião dos 25 anos da morte da escritora açoriana. -
O Anjo do Ocidente à Entrada do FerroNo ano do centenário de Natália Correia, celebramos com um livro da poeta a juntar-se à colecção de poesia dirigida por Pedro Mexia.Quando esteve na América, Natália Correia não gostou do que viu, e descobriu que era europeia, título de um livro seu de 1951. Duas décadas depois, na sequência de viagens a cidades europeias, entusiasma-se com a beleza e a natureza, o cosmopolitismo e a liberdade (estávamos em 1973, à beira de voltarmos a ser «apenas» europeus), mas inquieta-se com o economicismo, a tecnocracia e a homogeneização, motivos que a levariam mais tarde a tornar-se «euro-céptica». Tal como no famoso desenho de Klee que Walter Benjamin usou como alegoria, o anjo que preside a esta sequência de poemas gozosos e zangados, densos e verbalmente exímios, dirige o rosto para o passado e para a catástrofe da História, desejando acordar os mortos e juntar os fragmentos, mas a tempestade do progresso impele-o para o futuro. À porta dos 50 anos, Natália pergunta «mas então não sabiam que isto dos continentes / está sempre a deslizar», enquanto nos mostra, voraz, catedrais e cruzadas, impérios e aeroportos, valsas e vaticanos, Ulisses e o turismo, Beethoven e o minotauro, Goethe e Guilherme Tell, Sissi e os nazis, deuses e destroços. — Pedro Mexia.
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O Príncipe da Democracia - Uma Biografia de Francisco Lucas PiresNenhuma outra figura foi intelectualmente tão relevante para a afirmação da direita liberal em Portugal como Francisco Lucas Pires. Forjado numa família que reunia formação clássica e espírito de liberdade, tornou-se um constitucionalista inovador, um jurista criativo, um político de dimensão intelectual rara à escala nacional e europeia – e, acima de tudo, um cidadão inconformado com o destino de Portugal.Em O Príncipe da Democracia, Nuno Gonçalo Poças reconstitui o percurso e as ideias deste homem invulgar, cujo legado permanece em grande parte por cumprir, e passa em revista os seus sucessos e fracassos. O resultado é um livro que, graças à absoluta contemporaneidade do pensamento do biografado, nos ajuda a compreender as grandes questões que o país e a Europa continuam a enfrentar, mostrando-nos, ao mesmo tempo, uma elegância política difícil de conceber quando olhamos hoje à nossa volta.Mais do que um retrato elucidativo de Lucas Pires, que partiu precocemente aos 53 anos, este é um documento fundamental para responder aos desafios do futuro, numa altura em que o 25 de Abril completa meio século. -
A DesobedienteA dor e o abandono chegaram cedo à vida de Teresinha, a filha mais velha de um dos mais prestigiados médicos da capital e de uma mulher livre e corajosa, descendente dos marqueses de Alorna, que nas ruas e nos melhores salões de Lisboa rivalizava em encanto com Natália Correia. A menina que haveria de ser poetisa vê a morte de perto quando ainda mal sabe andar, sobrevive às depressões da mãe, chegando mesmo a comer uma carta para a proteger. É dura e injustamente castigada e as cicatrizes hão de ficar visíveis toda a vida, de tal modo que a infância e a adolescência de Maria Teresa Horta explicam quase todas as opções que tomou. Sobreviver ao difícil divórcio dos pais, duas figuras incomuns, com as quais estabeleceu relações impressionantes de tão complexas, foi apenas uma etapa.Mas quanto deste sofrimento a leva à descoberta da poesia? E quanto está na origem da voz ativista de uma jovem que há de ser uma d’As Três Marias, as autoras das famosas «Novas Cartas Portuguesas», e protagonistas do último caso de perseguição a escritores em Portugal, que recebeu apoio internacional de mulheres como Simone de Beauvoir e Marguerite Duras? A insubmissa, que se envolve por acaso com o PCP e mantém intensa atividade política no pré e no pós-25 de Abril; a poetisa, a mãe, a mulher que constrói um amor desmedido por Luís de Barros; a grande escritora a quem os prémios e condecorações chegaram já tarde (ainda que, em alguns casos, a tempo de serem recusados), entre outras facetas, é a Maria Teresa Horta que Patrícia Reis, romancista e biógrafa experimentada, soube escrever e dar a conhecer, nesta biografia, com a destreza e a sensibilidade que a distinguem. -
Emílio Rui VilarMemórias do país da ditadura e do alvor da democracia em Portugal. A vida de Emílio Rui Vilar atravessou as principais mudanças da segunda metade do século XX. Contado na primeira pessoa, um percurso fascinante pelo fim do regime de Salazar e Caetano e pela revolução de Abril.Transcrevendo entrevistas realizadas ao longo de vários meses, este livro recolhe o relato na primeira pessoa de uma trajetória que percorreu o início da contestação ao Estado Novo no meio universitário, a Guerra Colonial, a criação da SEDES, o fracasso da “primavera marcelista” e os primeiros anos do novo regime democrático saído do 25 de Abril, onde Emílio Rui Vilar desempenhou funções governativas nos primeiros três Governos Provisórios e no Primeiro Governo Constitucional. No ano em que se celebram cinco décadas de democracia em Portugal, este livro é um importante testemunho sobre dois regimes, sobre o fim de um e o nascimento de outro. -
Oriente PróximoCom a atual guerra em Gaza, este livro, Oriente Próximo ganhou uma premente atualidade. A autora, a maior especialista portuguesa sobre o assunto, aborda o problema não do ponto de vista geral, mas a partir da vida concreta das pessoas judeus, árabes e outras nacionalidades que habitam o território da Palestina. Daí decorre que o livro se torna de leitura fascinante, como quem lê um romance.Nunca se publicou nada em Portugal com tão grande qualidade. -
Savimbi - Um homem no Seu MartírioSavimbi foi alvo de uma longa e destrutiva campanha de propaganda, desinformação e acções encobertas de segurança com o objectivo de o desacreditar e isolar. Se não aceitasse o exílio ou a sujeição, como foi o objectivo falhado dessa campanha, o fim último era matá-lo, como aconteceu: premeditadamente! Para que a sua «morte em combate» não suscitasse empatia, foi como um chefe terrorista da laia de Bin Laden que a sua morte foi apresentada – artifício da propaganda que tirou partido da memória emocional recente dos atentados da Al Qaeda, na América. Julgado com honestidade, Savimbi nunca foi o «bandido» por que o fizeram passar. O manifesto apreço que personalidades de indiscutível clareza moral, como Mandela, tiveram por ele prova-o. O MPLA elegeu-o como adversário temido e quis apagá-lo do seu caminho! Não pelos crimes a que o associaram. O que o MPLA e o seu regime temiam eram as suas qualidades e carisma, a sua representatividade política e o prestígio externo que granjeara. Como outros grandes da História, Savimbi também tinha defeitos e cometia erros. Mas no deve e haver as suas qualidades eram preponderantes." -
Na Cabeça de MontenegroLuís Montenegro, o persistente.O cargo de líder parlamentar, no período da troika, deu-lhe o estatuto de herdeiro do passismo. Mas as relações com Passos Coelho arrefeceram e o legado que agora persegue é outro e mais antigo. Quem o conhece bem diz que Montenegro é um fiel intérprete da velha tradição do PPD, o partido dos baronatos do Norte. Recusou por três vezes ser governante e por duas vezes foi derrotado em autárquicas. Já fez e desfez alianças, esteve politicamente morto e ressuscitou. Depois de algumas falsas partidas chegou à liderança. Mas tudo tem um preço e é o próprio a admitir que se questiona com frequência: será que vale a pena? -
Na Cabeça de VenturaAndré Ventura, o fura-vidas.Esta é a história de uma espécie de Fausto português, que foi trocando aquilo em que acreditava por tudo o que satisfizesse a sua ambição. André Ventura foi um fura-vidas. A persona mediática que criou nasceu na CMTV como comentador de futebol. Na adolescência convertera-se ao catolicismo, a ponto de se tornar um fundamentalista religioso. Depois de ganhar visibilidade televisiva soube pô-la ao serviço da sua ambição de notoriedade. Passou pelo PSD e foi como candidato do PSD que descobriu que havia um mercado eleitoral populista e xenófobo à espera de alguém que viesse representá-lo em voz alta. Assim nasceu o Chega. -
Contra toda a Esperança - MemóriasO livro de memórias de Nadejda Mandelstam começa, ao jeito das narrativas épicas, in media res, com a frase: «Depois de dar uma bofetada a Aleksei Tolstói, O. M. regressou imediatamente a Moscovo.» Os 84 capítulos que se seguem são uma tentativa de responder a uma das perguntas mais pertinentes da história da literatura russa do século XX: por que razão foi preso Ossip Mandelstam na fatídica noite de 1 de Maio de 1934, pouco depois do seu regresso de Moscovo? O presente volume de memórias de Nadejda Mandelstam cobre, assim, um arco temporal que medeia entre a primeira detenção do marido e a sua morte, ou os rumores sobre ela, num campo de trânsito próximo de Vladivostok, algures no Inverno de 1938. Contra toda a Esperançaoferece um roteiro literário e biográfico dos últimos quatro anos de vida de um dos maiores poetas do século XX. Contudo, é mais do que uma narrativa memorialística ou biográfica, e a sua autora é mais do que a viúva mítica, que memorizou a obra proibida do poeta perseguido, conseguindo dessa forma preservar toda uma tradição literária. Na sua acusação devastadora ao sistema político soviético, a obra de Nadejda Mandelstam é apenas igualada por O Arquipélago Gulag. O seu método de composição singular, e a prosa desapaixonada com que a autora sonda o absurdo da existência humana, na esteira de Dostoievski ou de Platónov, fazem de Contra toda a Esperança uma das obras maiores da literatura russa do século XX.


