Nos Caminhos de um Reino Matriz
Saint-Exupéry escreveu um dia que viajar é aprender uma nova linguagem, e assim se passou, pensa o viajante, na sua demorada e peninsular jornada. Mas essa nova linguagem, que só se colhe nas viagens, é, a seu ver, muito pouco verbal. No caso presente, tentou-se que as palavras sobreviventes se aconchegassem com alguma harmonia no corpo de cada página; a outra dimensão, a que não se serve do alfabeto, talvez esteja oculta no espaço visualmente vazio e silencioso das entrelinhas - e é de difícil acesso para quem não passou pela experimentação directa daquilo que é sumariamente relatado. Contudo, para dar continuidade à beleza que há no mistério inesgotável da vida, e em nome da íntima alegria provocada pelo seu potencial vislumbre, decerto que haverá sempre por aí alguns excelentes leitores de entrelinhas.
| Editora | Palimage |
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| Editora | Palimage |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Joaquim M. Palma |
Ex-professor primário, escrevinhador de poemas que andam por aí em publicações de editoras já falecidas, faz viagens a lugares esquecidos (que é onde se pressente o verdadeiro rosto do mundo), apaixonado por ilhas atlânticas (viveu em São Tomé e Príncipe, Madeira e Açores).
Interessado desde longa data pela poesia oriental, traduziu em 2016 o livro O Eremita Viajante [haikus – obra completa], de Matsuo Bashô, para a Assírio & Alvim. Em 2020, publicou na Documenta o livro de viagem Doze Fronteiras — A Raia Luso-Espanhola Percorrida em toda a sua Extensão.
Primeiro livro na Companhia das Ilhas (2021): Impressões Insulares. Nos Açores com o Quinhentista Gaspar Frutuoso.
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Doze Fronteiras — A raia luso-espanhola percorrida em toda a sua extensãoEcoando na esteira de todos os passos do viajante fronteiriço, um verso do poeta José Tolentino Mendonça:«Não ames viagens que reduzam a estranheza».Realidades humanas e paisagísticas emudecedoras existentes nos confins dos dois países ibéricos, culturas ancestraisremotas engolidas pelos buracos negros da desolação e abandono numa galáxia rural já nos umbrais do não-retorno,beleza intemporal frágil, marcas predatórias ferozes — eis algumas das faces de uma geografia precária e em fugaencontrada durante uma sentida viagem ao longo da fronteira entre Portugal e Espanha.Ecoando na esteira de todos os passos do viajante fronteiriço, um verso do poeta José Tolentino Mendonça: «Nãoames viagens que reduzam a estranheza».E estranheza houve. Ou não fosse a linha de fronteira ela própria já uma coisa estranha.O livro que o leitor tem neste momento entre mãos não foi concebido para uso turístico. Não tem mapas com a indicação de pontos de interesse buscados pelas massas, nem de onde ficar ou comer, nem de contactos locais, nem é adornado com fotografias de postal ilustrado. Também não é nenhum estudo académico de natureza sociológica, etnográfica ou outra; por isso, no final, não está lá nenhuma secção de notas nem a clássica e habitualmente extensa lista bibliográfica.É, sim, a reprodução de um simples caderno de viagem redigido sem pretensões de convencer quem quer que seja e cujos conteúdos surgiram da interacção do olhar com o coração e da predisposição de um ser humano para ir à procura do genuíno, onde o belo (e o feio) têm sempre algo a dizer. Os registos, por separado e por junto, nada exigem e nada prometem; são a folha caída de uma árvore que não está perto e que o vento trouxe inesperadamente — uns dão por ela, pegam-lhe, olham-na com curiosidade, e vão à procura da árvore, outros não. -
Impressões Insulares - Nos Açores com o Quinhentista Gaspar FrutuosoLivro de viagens abrangendo todas as ilhas dos Açores, escrito na esteira da viagem quinhentista realizada por Gaspar Frutuoso. Fugindo dos clichés turísticos, este livro tenta ser um retrato realista mas, ao mesmo tempo, revelador do que de secreto e poético caracteriza as paisagens e as gentes de cada ilha do arquipélago neste século XXI. -
Vox HumanaA música e a poesia sempre foram o rosto duplo da beleza. E, de um modo manso, esses dois vibrantes semblantes surgiram no caminho do escrevinhador destas linhas como que a pedir-lhe que os trouxesse para o corpo do mundo, que neste caso tem a forma de livro. E ele começou a guardar de entre as mais variadas sonoridades dos instrumentos com acompanhamento da voz humana cantada aqueles momentos sonoros em que uma qualquer corda órfica dentro dele vibrou muito para além da sua condição terráquea. E para quem passa e é saudavelmente curioso, aqui fica o convite: ler os poemas e escutar as músicas – ou vice-versa -, pois pode acontecer que os dois rostos, de repente, se transformem, magicamente, num só, para contento dos amantes das presenças transcendentes.Joaquim M. Palma
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A Revolução e o PRECO discurso oficial sobre o 25 de Abril de 1974 tem apresentado esta data como o momento fundador da democracia em Portugal. No entanto, a democracia apenas se pode considerar verdadeiramente instituída em 25 de Abril de 1976, com a entrada em vigor da actual Constituição. Até lá o país viveu sob tutela militar, que se caracterizou pela violação constante dos direitos fundamentais dos cidadãos, com prisões sem culpa formada, ausência de «habeas corpus», saneamento de funcionários, sequestro de empresários, e contestação de decisões judiciais. Em 1975, Portugal esteve à beira da guerra civil, o que só viria a ser travado em 25 de Novembro desse ano, uma data que hoje muitos se recusam a comemorar. Nesta obra pretendemos dar a conhecer o que efectivamente se passou nos dois anos que durou o processo revolucionário no nosso país, no intuito de contribuir para um verdadeiro debate sobre um período histórico muito próximo, mas que não é detalhadamente conhecido pelas gerações mais novas. -
As Causas do Atraso Português«Porque é Portugal hoje um país rico a nível mundial, mas pobre no contexto europeu? Quais são as causas e o contexto histórico do nosso atraso? Como chegámos aqui, e o que pode ser feito para melhorarmos a nossa situação? São estas as perguntas a que procuro responder neste livro. Quase todas as análises ao estado do país feitas na praça pública pecam por miopia: como desconhecem a profundidade histórica do atraso, fazem erros sistemáticos e anunciam diagnósticos inúteis, quando não prejudiciais. Quem discursa tem também frequentemente um marcado enviesamento político e não declara os seus conflitos de interesse. […] Na verdade, para refletirmos bem sobre presente e os futuros possíveis, temos de começar por compreender o nosso passado. Para que um futuro melhor seja possível, temos de considerar de forma ponderada os fatores que explicam – e os que não explicam – o atraso do país. Este livro tem esse objetivo.» -
História dos GatosNuma série de cartas dirigidas à incógnita marquesa de B**, F.-A. Paradis e Moncrif (o espirituoso favorito da sociedade parisiense) faz uma defesa apaixonada dos amáveis felinos, munindo-se para isso de uma extrema erudição.Este divertido compêndio de anedotas, retratos, fábulas e mitos em torno dos gatos mostra que o nosso fascínio por estes animais tão dóceis quanto esquivos é uma constante ao longo da história da civilização e que não há, por isso, razão para a desconfiança que sobre eles recaía desde a Idade Média. Ou haverá? -
A Indústria do HolocaustoNesta obra iconoclasta e polémica, Norman G. Finkelstein analisa a exploração da memória do holocausto nazi como arma ideológica, ao serviço de interesses políticos e económicos, pelas elites judaicas norte-americanas. A INDÚSTRIA DO HOLOCAUSTO (2000) traça a génese de uma imunidade que exime o Estado de Israel – um trunfo estratégico dos EUA depois da Guerra dos Seis Dias – de qualquer censura e lhe permite justificar expedientes ofensivos como legítima defesa. Este ensaio essencial sobre a instrumentalização e monopolização de uma tragédia – eclipsando outras vítimas do genocídio nazi – denuncia ainda a perturbadora questão do aproveitamento das compensações financeiras devidas aos sobreviventes. -
Revolução Inacabada - O que Não Mudou com o 25 de AbrilO que não mudou com o 25 de Abril? Apesar de todas as conquistas de cinco décadas de democracia, há características na sociedade portuguesa que se mantêm quase inalteradas. Este livro investiga duas delas: o elitismo na política e o machismo na justiça. O recrutamento para a classe política dirigente praticamente não abrange pessoas não licenciadas e com contacto com a pobreza, e quase não há mobilidade do poder local para o poder nacional. No sistema judicial, a entrada das mulheres na magistratura e a mudança para leis mais progressistas não alteraram um padrão de baixas condenações por crimes sexuais, cometidos sobretudo contra mulheres. Cruzando factos e testemunhos, este é o retrato de um Portugal onde a revolução pela igualdade está ainda inacabada. -
PaxNo seu auge, o Império Romano era o Estado mais rico e formidável que o mundo já tinha visto. Estendendo-se da Escócia à Arábia, geria os destinos de cerca de um quarto da humanidade.Começando no ano em que quatro Césares governaram sucessivamente o Império, e terminando cerca de sete décadas depois, com a morte de Adriano, Pax: Guerra e Paz na Idade de Ouro de Roma revela-nos a história deslumbrante de Roma no apogeu do seu poder.Tom Holland, reconhecido historiador e autor, apresenta um retrato vivo e entusiasmante dessa era de desenvolvimento: a Pax Romana - da destruição de Jerusalém e Pompeia, passando pela construção do Coliseu e da Muralha de Adriano e pelas conquistas de Trajano. E demonstra, ao mesmo tempo, como a paz romana foi fruto de uma violência militar sem precedentes. -
Antes do 25 de Abril: Era ProibidoJá imaginou viver num país onde:tem de possuir uma licença do Estado para usar um isqueiro?uma mulher, para viajar, precisa de autorização escrita do marido?as enfermeiras estão proibidas de casar?as saias das raparigas são medidas à entrada da escola, pois não se podem ver os joelhos?não pode ler o que lhe apetece, ouvir a música que quer, ou até dormitar num banco de jardim?Já nos esquecemos, mas, há 50 anos, feitos agora em Abril de 2024, tudo isto era proibido em Portugal. Tudo isto e muito mais, como dar um beijo na boca em público, um acto exibicionista atentatório da moral, punido com coima e cabeça rapada. E para os namorados que, num banco de jardim, não tivessem as mãozinhas onde deviam, havia as seguintes multas:1.º – Mão na mão: 2$502.º – Mão naquilo: 15$003.º – Aquilo na mão: 30$004.º – Aquilo naquilo: 50$005.º – Aquilo atrás daquilo: 100$006.º – Parágrafo único – Com a língua naquilo: 150$00 de multa, preso e fotografado. -
Baviera TropicalCom o final da Segunda Guerra Mundial, o médico nazi Josef Mengele, conhecido mundialmente pelas suas cruéis experiências e por enviar milhares de pessoas para câmaras de gás nos campos de concentração em Auschwitz, foi fugitivo durante 34 anos, metade dos quais foram passados no Brasil. Mengele escapou à justiça, aos serviços secretos israelitas e aos caçadores de nazis até à sua morte, em 1979 na Bertioga. Foi no Brasil que Mengele criou a sua Baviera Tropical, um lugar onde podia falar alemão, manter as suas crenças, os seus amigos e uma conexão com a sua terra natal. Tudo isto foi apenas possível com a ajuda de um pequeno círculo de europeus expatriados, dispostos a ajudá-lo até ao fim. Baviera Tropical assenta numa investigação jornalística sobre o período de 18 anos em que o médico nazi se escondeu no Brasil. A partir de documentos com informação inédita do arquivo dos serviços secretos israelitas – a Mossad – e de diversas entrevistas com protagonistas da história, nomeadamente ao comandante da caça a Mengele no Brasil e à sua professora, Bettina Anton reconstitui o percurso de Mengele no Brasil, onde foi capaz de criar uma nova vida no país sob uma nova identidade, até à sua morte, sem ser descoberto. E a grande questão do livro: de que forma um criminoso de tamanha dimensão e os seus colaboradores conseguiram passar impunes?