O Mito Nazi
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O Holocausto é uma consequência — estritamente lógica — da Razão
ocidental. Tal é a tese central que este breve, imenso livro enuncia.
A importância deste livro para a compreensão do nazismo (no interior do «fenómeno geral das ideologias totalitárias»)
consiste em pensá-lo a partir da questão da identidade. Ou seja, da relação entre o próprio e o impróprio — relação constitutiva
de qualquer identificação, quer esta seja individual ou colectiva. No caso do nazismo, isto é, do totalitarismo especificamente
alemão, aquela relação expressa-se no elemento da raça, levando os autores a propor uma primeira definição do
nazismo enquanto «ideologia racista».
Desfazendo a oposição entre mythos e logos, este livro concretiza a intuição de Hannah Arendt sobre o eidos de uma
ideologia: a lógica de uma ideia que pretende explicar a totalidade da história conformando o mundo à sua imagem. Os
autores rejeitam assim como perigosa e simplista a caracterização do nazismo enquanto fenómeno puramente irracional, demonstrando
como aquele se impôs através de uma exploração consciente e deliberada dos movimentos reflexos e miméticos
mobilizados pela função exemplar do mito. De forma consequente, neste contexto metafísico de análise, o mito é então
tomado, não como um conteúdo particular (tal ou tal mitologia germânica), mas enquanto meio de identificação — de
um indivíduo ou de um povo inteiro. Tal é a razão pela qual o livro pensa o mito (nazi), no singular, sem se deter nos mitos
ou nas mitologias que alimentaram e fortificaram o movimento nazi.
[Sara Belo e Tomás Maia]
Que tenhamos assim, sempre, certas contas a prestar e
a prestar-nos, que estejamos sempre em dívida ou em dever
de memória, de consciência e de análise, eis o que reconhece
uma maioria dos nossos contemporâneos. Contudo,
as suas razões e os seus fins nem sempre são muito claros
nem muito satisfatórios. Apela-se à vigilância face aos possíveis
retornos — é esse o mote do «nunca mais!». E, de
facto, a actividade ou a agitação das extremas-direitas nos
últimos anos, o fenómeno de «revisionismo» acerca da
Shoah, a facilidade com que os grupos neonazis surgem na
ex-Alemanha de Leste, os «fundamentalismos», nacionalismos
e purismos de toda a espécie, de Tóquio a Washington
e de Teerão a Moscovo — tudo isto contribui para
exigir essa vigilância.
[Philippe Lacoue-Labarthe e Jean-Luc Nancy]
| Editora | Documenta |
|---|---|
| Categorias | |
| Editora | Documenta |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Jean-Luc Nancy, Philippe Lacoue-Labarthe |
Philippe Lacoue-Labarthe
Nasceu em França na cidade de Tous em 1940 e faleceu em Paris em 2007.Filósofo, germanista, tradutor e homem de teatro, professor de estética na Universidade de Strasbourg, foi o autor de inúmeros ensaios sobre filosofia e literatura, alguns em colaboração com Jean-Luc Nancy. Os seus interesses variados vão desde a poesia de Paul Celan à música de Richard Wagner, ao cinema de Pier Paolo Pasolini.João Camillo Penna (UFRJ)
Jean-Luc Nancy
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Desconstução do Cristianismo: a adoração - Vol. II«Adoração: o movimento e a alegria de nos reconhecermos existentes no mundo. Não que esta existência não seja dura, ingrata, atravessada de infelicidade. Esta infelicidade não é, no entanto, um preço a pagar para abordar um outro mundo. Não resgata nada, mas, contanto que não renunciemos a viver, podemos pelo menos saudar de tempos a tempos alguns dos entes, nomeá-los. Adorar faz-se nomeando, saudando o inominável que o nome encobre, e que não é nada mais do que a fortuitidade do mundo.[…] a adoração, o endereçamento da palavra ao próprio fora de toda a palavra possível, é uma condição da existência «democrática» enquanto existência de sujeitos iguais.» J.-L. Nancy, A Adoração, p. 113-115. -
Desconstrução do Cristianismo: a declosão - Vol. I«Não se trata de ressuscitar a religião, nem mesmo a que Kant queria conter “nos limites da simples razão”. Trata-se, isso sim, de abrir a simples razão à ilimitação que faz a sua verdade. Não se trata de paliar uma deficiência da razão, mas de a libertar sem reserva: uma vez dadas todas as razões, trata-se de indicar o que resta para além da restituição. Não se trata de voltar a pintar os céus, nem de os reconfigurar: trata-se de abrir a terra obscura e dura e perdida no espaço. […] Voltar a pôr em jogo a tradição segundo a desconstrução […] não significa nem destruir para refundar, nem perpetuar - duas hipóteses que implicariam um sistema dado como tal e intocado como tal. Desconstruir significa desmontar, disjuntar, dar folga ao ajuntamento para deixar jogar, entre as peças deste ajuntamento, uma possibilidade de onde ele procede, mas que, enquanto ajuntamento, recobre.»J.-L. Nancy, A Declosão -
O Prefácio A O DesaparecimentoEmbora curto, este texto de Philippe Lacoue-Labarthe é um labirinto infinito, e a tarefa de o atravessar, de ler, de tentar entender, infinita também. Em parte, porque se trata de um sonho, ou da tentativa de narrar um sonho. Mas também porque se trata de um texto, um texto sobre outro texto, o de Borges, e não só. E também um texto sobre outro tempo, passado, embora sempre presente, suspenso como se estivesse em limbo.
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