Duas personagens, uma ficcionada e outra real, cruzam-se nesta história. João Fernando, órfão de mãe e aos cuidados de um pai alcoólico e violento, faz uma improvável amizade com o poeta Fernando Pessoa, que se torna seu «pai espiritual» e o guia através dos mistérios da vida e da poesia.
Uma obra de iniciação à poesia em geral e à poesia de Fernando Pessoa, que não deixará nenhum leitor indiferente e se apresenta como um excelente complemento aos currículos escolares.
Álvaro Cardoso Gomes é um crítico literário, ensaísta, romancista e poeta brasileiro. Doutorou-se em Letras pela Universidade de São Paulo, onde se especializou em literatura simbolista e literatura contemporânea portuguesa. É autor de uma vastíssima e reconhecida obra que se entende pelo romance, o conto, a poesia e a literatura infantil. Para além de escritor e professor, é cronista em alguns dos principais jornais brasileiros.
Duas personagens, uma ficcionada e outra real, cruzam-se nesta história. João Fernando, órfão de mãe e aos cuidados de um pai alcoólico e violento, faz uma improvável amizade com o poeta Fernando Pessoa, que se torna seu «pai espiritual» e o guia através dos mistérios da vida e da poesia.
Uma obra de iniciação à poesia em geral e à poesia de Fernando Pessoa, que não deixará nenhum leitor indiferente e se apresenta como um excelente complemento aos currículos escolares.
Nesse momento trágico de pandemia da Covid-19, vem à luz Panarquia, um romance apocalíptico, absolutamente inovador, a tratar de um Brasil distópico. Refletindo um tempo de trevas e desesperanças, este livro de Álvaro Cardoso Gomes cria um labirinto narrativo, onde os personagens emergem à tona da massa indistinta, para logo depois voltarem a se imiscuir nela, pois nada há que aponte para um porto seguro ou para a luz do final de um túnel. Contando histórias perturbadoras de personagens de diferentes estratos sociais, mas temperadas pela sátira e comicidade, o autor traça um retrato do Brasil contemporâneo, sem identidade definida e ainda apostando em valores retrógrados que visam manter o status quo de uma sociedade elitista e preconceituosa.
A história é sempre a mesma. A personagem principal é uma criança entre os cinco e os quinze anos, só e orgulhosa, só e inconformada com a sua solidão, sempre sozinha. (...) À sua volta, há outras crianças e alguns adultos com defeitos e feitios às vezes cómicos, às vezes tão tristes que dão vontade de rir. O tempo é curto e o espaço limitado (...). A criança faz as coisas banais de uma vida infantil e banal: não faz nada. No fim da história, nada parece ter mudado, mas arrastaram-se móveis pesados, limparam-se os cantos à história de sempre (...). É preciso abrir a janela, arejar esta casa.Ver por dentro:
O João subiu para a bicicleta, que rangeu aflitivamente. Às primeiras pedaladas, ela respondeu com estalidos, como os ossos de um velho que se levanta de uma cadeira, mas pouco depois já rolava pela estrada abaixo. Ele pedalou com mais força e atravessou o ar morno da manhã. Sentia não sabia o quê que o empurrava para diante. Cheirava-lhe não sabia a quê, sabia-lhe não sabia a quê. E esse "não sei quê" era a liberdade. Estava dentro dele e à volta dele, por todo o lado. Também ele era um rapaz numa bicicleta azul e também ele levava a flor da liberdade numa manhã de Abril. Com ela, podia ir até onde quisesse. Por isso, pedalou ainda com mais força e avançou a sorrir na direcção do Sol.Ver por dentro: