O Retrato
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Este O Retrato é o mais romântico dos contos de Petersburgo, quanto mais não seja pelo
tema central o pacto com o demónio. É também uma profunda reflexão sobre a vida e a arte (a arte
imitação da natureza ou imitação de Deus?), prefigurando o grande dilema da vida e da obra do próprio
Gógol, do seu próprio destino: vamos encontrar em O Retrato o delineamento das grandes contradições
que envolveram a criação de Almas Mortas, a grande hesitação e, finalmente, o repúdio da
segunda parte deste livro, a queima da obra espúria, etc.
É também, evidentemente, um conto sobre a cidade castradora Petersburgo. Desta vez, é um
pintor que se vê privado do seu talento por obra do excesso de realismo e da ambição de glória e riqueza
que nele desperta a cidade
Tal como nos outros contos de Petersburgo, com Gógol quase acreditamos
que o mal não é russo e que Petersburgo não é Rússia: aqui, entre os pobres cinzentões de
Kolomna (bairro periférico a oeste de Petersburgo), o Diabo é ardente, agiota e estrangeiro
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Filipe Guerra
| Editora | Assírio & Alvim |
|---|---|
| Coleção | Gato Maltês |
| Categorias | |
| Editora | Assírio & Alvim |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Nikolai Gógol |
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O Capote«O Capote é um texto inovador: contribuiu para a 'invenção' da cidade 'mais fantástica do mundo' (Dostoiévski) sem a qual não teriam sido possíveis as Petersburgos de Dostoiévski, Blok, Andrei Béli, Mandelstam, a Praga de Kafka, a Berlim de Benjamin, etc. A cidade onde os homúnculos frustrados e solitários de Gógol se perdem e perdem o que têm de mais íntimo (o nariz, o juízo, a identidade, o capote). É também um texto inovador na sua forma sacudida, na alternância de estilos contraditórios, nas hipérboles grotescas e, sobretudo, na assumpção da artificialidade da coisa escrita, na constante auto-ironia do que vai sendo escrito, criando uma distanciação ou uma ruptura do texto com o real cujo resultado é, contudo, uma estranha verosimilhança, uma aproximação do fantástico ao real (à falta de melhores palavras, um crítico russo chamou-lhe 'fantasia sem fantástico'), da vida à morte, do escrito ao vivido. Em minha opinião, neste aspecto Gógol é ainda hoje inimitável.»Filipe Guerra -
Almas MortasSe Púchkin foi o grande poeta da literatura russa moderna, Nikolai Gógol foi o seu grande prosador e Almas Mortas o seu grande livro. Este escritor ucraniano imaginou uma grande obra épica que não só retratasse a Rússia como lhe delineasse o futuro. Imaginou essa obra em três “tempos”, à maneira de A Divina Comédia, por esta ordem: o inferno, o purgatório, o paraíso. Pelas vicissitudes da sua vida e do seu percurso espiritual, Gógol ficou-se pelo inferno, ou seja, pelo I Tomo de Almas Mortas, que aqui apresentamos traduzido do original russo. Conta a chegada do vigarista Tchíchikov a uma cidade provinciana da Rússia esclavagista com o intuito de comprar aos senhores da terra locais, para fins inconfessáveis, “almas mortas” (servos da gleba já falecidos mas que ainda constavam dos registos de recenseamento como vivos). Estilo mordaz mas subtil, uma veia satírica e uma escrita moderna ainda hoje inimitáveis — é assim Almas Mortas.Gógol ficou-se pelo primeiro tomo porque queimou por duas vezes os manuscritos do segundo. Abençoado auto-de-fé: no que restou do segundo tomo (salvaram-se do fogo cinco capítulos, cuja tradução está também incluída nesta edição), o seu humor corrosivo já só aflora de vez em quando, a preocupação religiosa do autor em regenerar as almas e o seu afã em reanimar uma ordem social moribunda teriam deixado o resto de Almas Mortas a grande distância da parte genial publicada. -
MírgorodMírgorod, editado pela primeira vez em 1835, é constituído pelas “histórias que são a continuação de Noites na Granja ao pé de Dikanka”, como diz o autor numa epígrafe. Inclui três contos famosos: “Um casal à antiga”, “Víi” e “História de como se zangaramIvan Ivánovitch e Ivan Nikiforovitch”, e a não menos famosa novela “Tarás Bulba”.Este livro de Gógol revela com grande simplicidade a arte do grande escritor russo em formular os mais contraditórios e, ao mesmo tempo, inseparáveis aspectos da vida: o triste e o cómico, o medíocre e o grandioso, o estúpido e o comovedor, o real e o fantástico. -
O Inspector - Comédia em Cinco ActosA publicação de O Inspector em português é a nossa homenagem a Gógol na passagem do bicentenário (1 de Abril de 1809) do seu nascimento. O Inspector foi estreado em19 de Abril de 1836 noTeatro Aleksandrínski de Petersburgo, na presença do imperador e da alta sociedade. Foi um êxito e um escândalo: a farsa foi aplaudida pelos liberais e atacada pelos conservadores. A partir de então, como era habitual no instável Gógol um fervoroso conservador , instalou-se um grave mal-entendido entre a peça e o seu autor, e este passou a justificar-se, a arranjar, a reescrever a sua comédia durante mais de 10 anos. Mas era uma comédia que já não lhe pertencia e seguia o seu caminho com independência e fereza. «O Inspector é o ponto culminante do riso na obra de Gógol, a sua criação mais cómica, mais irremissivelmente cómica», diz Andrei Siniávski, o grande especialista russo da obra de Gógol.No entanto, a natureza ambivalente do homem e do artista Gógol os elementos antinómicos de pesadelo de um lado e os do riso desenfreado do outro traçam juntos as linhas definidoras desta comédia que revolucionou o teatro russo.Otema do falso inspector foi-lhe dado por Púchkin («dê-me um tema, divertido ou não, mas que seja um episódio verdadeiramente russo»assim escreveu o autor ao seu poeta protector), e deve sublinhar-se este verdadeiramente russo. -
Almas MortasSe Púchkin foi o grande poeta da literatura russa moderna, Nikolai Gógol foi o seu grande prosador. E Almas Mortas o seu grande livro. Este ucraniano, morto de doença nervosa e desespero espiritual aos 42 anos, imaginou uma grande obra épica que não só retratasse a Rússia como lhe delineasse o futuro. Imaginou essa obra em três tempos, à maneira da Divina Comédia, por esta ordem: o inferno, o purgatório, o paraíso.Pelas vicissitudes da sua vida e do seu percurso espiritual, Gógol ficou-se pelo inferno, ou seja pelo primeiro tomo de Almas Mortas, que aqui apresentamos traduzido do original russo. Conta a chegada do vigarista Tchítchikov a uma cidade provinciana da Rússia esclavagista com o intuito de comprar aos senhores da terra locais, para fins inconfessáveis, «almas mortas» (servos da gleba já falecidos mas que ainda constavam dos registos de recenseamento como vivos).Estilo mordaz mas subtil, uma veia satírica e uma escrita moderna ainda hoje inimitáveis, aprofundamento dos caracteres até ao osso - é assim Almas Mortas.Gógol ficou-se pelo primeiro tomo porque queimou por duas vezes os manuscritos do segundo. Abençoado auto-de-fé: no que restou do segundo tomo (salvaram-se do fogo cinco capítulos, cuja tradução está também incluída nesta edição), o seu humor corrosivo já só aflora de vez em quando, a preocupação religiosa do autor em regenerar as almas, o seu afã em reanimar uma ordem social moribunda teriam deixado o resto de Almas Mortas a grande distância da parte genial publicada. -
Contos de São PetersburgoEstão aqui reunidas as cinco «Histórias de Petersburgo», «Avenida Névski» (1834), «Diário de um Louco» (1834), «O Nariz» (1836), «O Retrato» (1841) e «O Capote» (1841). Acrescentou-se «A Caleche» (1836), pequeno conto que alguns autores integram neste ciclo. Trata-se do chamado «segundo período» da obra do autor, que se seguiu ao período das histórias ucranianas, «Noites na Granja ao pé de Dikanka» e «Mírgorod». Estes contos do fantástico-real (ou real-fantástico?), integrando o humor e a sátira inconfundíveis de Gógol, tiveram grande influência no ulterior desenvolvimento da prosa literária russa e, também, no de todas as literaturas ocidentais. A modernidade das propostas de Gógol continua mais viva do que nunca nestas histórias em que a personagem principal é a cidade de Petersburgo: mesquinha, sufocante, ridícula, irrisória e ilusória. -
O Casamento e Outras PeçasCom O Casamento, Os Jogadores (peças acabadas) e os «fragmentos e cenas», contidos neste volume, fica abrangido o essencial da obra dramática de Nikolai Gógol. Realçamos a importância de O Casamento, uma farsa que evoca a trivialidade do mundo – o herói é um poltrão, um homem inconsistente, que inquieta pela sua vulgaridade. Como tudo em Gógol acaba por ser «autobiográfico», não é difícil descortinarmos na incapacidade desta personagem para se decidir a favor ou contra o casamento uma similitude com a falta de vontade crónica do próprio Gógol, que pedia a opinião de toda a gente para depois fazer precisamente o contrário (como descobriu Jean Nivat no decurso dos seus estudos profundos sobre a obra e a vida do autor). -
Roma - Fragmento«Roma é um fragmento do romance inacabado Annunziata, em que Nikolai Gógol trabalhou entre 1836 e 1839. Numa carta de 1838, Gógol escreveu: Quando, finalmente, voltei a ver Roma, oh, quanto mais bela me pareceu! Foi como se visse a minha pátria Não, não é bem assim, não vi a minha pátria, mas a pátria da minha alma aquela onde a minha alma tinha vivido antes de mim O fragmento foi publicado pela primeira vez na revista Moskvitiánin, em 1842.» -
Tarass Bulba, o CossacoA saga do velho coronel cossaco Tarass Bulba que parte com os seus dois filhos para os iniciar na vida dos cossacos, é uma ode à vida livre e honrada dos grandes guerreiros das estepes em conflito constante com a Rússia, a Polónia, os Tártaros e os Turcos. Contudo, o equilíbrio familiar é perturbado durante a viagem a uma cidade na Ucrânia quando Oslap, o filho mais novo de Tarass Bulba descobre numa cidade sitiada pelos cossacos a bela filha do governador polaco por quem se apaixonara quando estudava em Kiev.Grande percursor do romance histórico moderno, texto romântico vibrante pleno de batalhas e confrontos épicos, do folclore da vida dos cossacos, dos preconceitos sociais da época e da região, de paixões arrebatadoras, Tarass Bulba, o Cossaco é a exaltação dos valores cossacos e de um tempo que dificilmente voltará.Traduzido pela primeira vez do original russo, a obra-prima de Gogol que escandalizou a Rússia. Esta edição única junta no mesmo volume o conto original de 1835 que foi censurado pelas autoridades russas por ser "demasiado ucraniano" e a novela de 1842 reescrita pelo autor e que foi divulgada no mundo ocidental. Em conjunto as duas versões da história explicam em muito o conflito Rússia-Ucrânia ao longo dos tempos e sobretudo em tempos recentes. -
Almas MortasAlmas Mortas é o grande romance de Nikolai Gógol, autor ucraniano que escreveu em russo.A narrativa começa com a chegada de Tchítchikov a uma cidade provinciana da Rússia czarista, onde os servos estão presos à terra dos grandes proprietários. Divertido, astucioso, mundano, Tchítchikov seduz rapidamente os locais e cativa as mulheres com as suas boas maneiras, mas depressa se revela a estranheza das suas intenções ao serviço de um imaginativo negócio. Tchítchikov pretende comprar «almas mortas», isto é, servos já falecidos mas que ainda constam do recenseamento como vivos. A operação é facilitada pelo facto de os proprietários terem de pagar impostos pelos servos, incluindo os que morreram nos últimos anos.Verdadeira comédia negra, o romance denuncia as fraquezas do Império Russo, a corrupção das elites e a miséria dos camponeses.Pelo livro desfilam personagens que vão desde a velha proprietária avarenta e alcoólica ou dos militares obcecados com o jogo até aos funcionários venais e às mulheres atentas às modas moscovitas.A primeira parte da obra foi publicada em 1842 e provocou escândalo, o que levou Gógol a queimar os manuscritos do segundo tomo, de que só uma parte foi resgatada.
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O Essencial Sobre José Saramago«Aquilo que neste livro se entende como essencial em José Saramago corresponde à sua específica identidade como escritor, com a singularidade e com as propriedades que o diferenciam, nos seus fundamentos e manifestações. Mas isso não é tudo. No autor de Memorial do Convento afirma-se também uma condição de cidadão e de homem político, pensando o seu tempo e os fenómenos sociais e culturais que o conformam. Para o que aqui importa, isso é igualmente essencial em Saramago, até porque aquela condição de cidadão não é estranha às obras literárias com as quais ela interage, em termos muito expressivos.» in Contracapa -
Confissões de um Jovem EscritorUmberto Eco publicou seu primeiro romance, O Nome da Rosa, em 1980, quando tinha quase 50 anos. Nestas suas Confissões, escritas cerca de trinta anos depois da sua estreia na ficção, o brilhante intelectual italiano percorre a sua longa carreira como ensaísta dedicando especial atenção ao labor criativo que consagrou aos romances que o aclamaram. De forma simultaneamente divertida e séria, com o brilhantismo de sempre, Umberto Eco explora temas como a fronteira entre a ficção e a não-ficção, a ambiguidade que o escritor mantém para que seus leitores se sintam livres para seguir o seu próprio caminho interpre tativo, bem como a capacidade de gerar neles emoções. Composto por quatro conferências integradas no âmbito das palestras Richard Ellmann sobre Literatura Moderna que Eco proferiu na Universidade Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos, Confissões de um jovem escritor é uma viagem irresistível aos mundos imaginários do autor e ao modo como os transformou em histórias inesquecíveis para todos os leitores. O “jovem escritor” revela-se, afinal, um grande mestre e aqui partilha a sua sabedoria sobre a arte da imaginação e o poder das palavras. -
Sobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
A Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
Almoço de DomingoUm romance, uma biografia, uma leitura de Portugal e das várias gerações portuguesas entre 1931 e 2021. Tudo olhado a partir de uma geografia e de uma família.Com este novo romance de José Luís Peixoto acompanhamos, entre 1931 e 2021, a biografia de um homem famoso que o leitor há de identificar — em paralelo com história do país durante esses anos. No Alentejo da raia, o contrabando é a resistência perante a pobreza, tal como é a metáfora das múltiplas e imprecisas fronteiras que rodeiam a existência e a literatura. Através dessa entrada, chega-se muito longe, sem nunca esquecer as origens. Num percurso de várias gerações, tocado pela Guerra Civil de Espanha, pelo 25 de abril, por figuras como Marcelo Caetano ou Mário Soares e Felipe González, este é também um romance sobre a idade, sobre a vida contra a morte, sobre o amor profundo e ancestral de uma família reunida, em torno do patriarca, no seu almoço de domingo.«O passado tem de provar constantemente que existiu. Aquilo que foi esquecido e o que não existiu ocupam o mesmo lugar. Há muita realidade a passear-se por aí, frágil, transportada apenas por uma única pessoa. Se esse indivíduo desaparecer, toda essa realidade desaparece sem apelo, não existe meio de recuperá-la, é como se não tivesse existido.» «Os motoristas estão à espera, o brado da multidão mistura-se com o rugido dos motores. Antes de entrarmos, o Mário Soares aproxima-se de mim, correu tudo tão bem, e abraça-me com um par estrondosas palmadas no centro das costas. A coluna de carros avança devagar pelas ruas da vila. Tenho a garganta apertada, não consigo falar. Como me orgulha que Campo Maior seja a capital da península durante este momento.»«Autobiografia é um romance que desafia o leitor ao diluir fronteiras entre o real e o ficcional, entre espaços e tempos, entre duas personagens de nome José, um jovem escritor e José Saramago. Este é o melhor romance de José Luís Peixoto.»José Riço Direitinho, Público «O principal risco de Autobiografia era esgotar-se no plano da mera homenagem engenhosa, mas Peixoto evitou essa armadilha, ao construir uma narrativa que se expande em várias direções, acumulando camadas de complexidade.»José Mário Silva, Expresso -
Electra Nº 23A Atenção, tema de que se ocupa o dossier central do número 23 da revista Electra, é um recurso escasso e precioso e por isso objecto de uma guerra de concorrência sem tréguas para conseguir a sua captura. Nunca houve uma tão grande proliferação de informação, de produtos de consumo, de bens culturais, de acontecimentos que reclamam a atenção. Ela é a mercadoria da qual depende o valor de todas as mercadorias, sejam materiais ou imateriais, reais ou simbólicas. A Atenção é, pois, uma questão fundamental do nosso tempo e é um tópico crucial para o compreendermos. Sobre ela destacam-se neste dossier artigos e entrevistas de Yves Citton, Enrico Campo, Mark Wigley, Georg Franck e Claire Bishop. Nesta edição, na secção “Primeira Pessoa”, são publicadas entrevistas à escritora, professora e crítica norte-americana Svetlana Alpers (por Afonso Dias Ramos), cujo trabalho pioneiro redefiniu o campo da história da arte nas últimas décadas, e a Philippe Descola (por António Guerreiro), figura central da Antropologia, que nos fala de temas que vão desde a produção de imagens e das tradições e dos estilos iconográficos à questão da oposição entre natureza e cultura. A secção “Furo” apresenta um conjunto de desenhos e cartas inéditos da pintora Maria Helena Vieira da Silva. Em 1928, tinha vinte anos. Havia saído de Portugal para estudar arte em Paris e, de França, foi a Itália numa viagem de estudo. Durante esse percurso desenhou num caderno esboços rápidos do que via, e ao mesmo tempo, escrevia cartas à mãe para lhe contar as suas impressões e descobertas. Uma selecção destes desenhos e destas cartas, que estabelecem entre si um diálogo íntimo e consonante, é agora revelada. Na Electra 23, é publicada, na secção “Figura”, um retrato do grande poeta grego Konstandinos Kavafis, feito pelo professor e tradutor Nikos Pratsinis, a partir de oito perguntas capitais; é comentada, pelo escritor Christian Salmon, na secção “Passagens”, uma reflexão sobre a história trágica da Europa Central do consagrado romancista e ensaísta checo, Milan Kundera. Ainda neste número, o ensaísta e jornalista Sergio Molino dá-nos um mapa pessoal da cidade de Saragoça, em que a história e a geografia, a literatura e a arte se encontram; o jornalista e colunista brasileiro Marcelo Leite trata das investigações em curso desde os anos 90, com vista ao uso farmacológico e terapêutico dos psicadélicos; a escritora e veterinária María Sanchez constrói um diário que é atravessado por procuras e encontros, casas e viagens, livros e animais, terras e mulheres, amor e amizade; o arquitecto, investigador e curador chileno Francisco Díaz aborda a relação entre solo e terreno, a partir do projecto da Cidade da Cultura de Santiago de Compostela, da autoria de Peter Eisenman; o artista e ensaísta João Sousa Cardoso escreve sobre a obra do escultor Rui Chafes, revisitando três exposições e um livro apresentados durante o ano de 2023; e o dramaturgo Miguel Castro Caldas comenta a palavra “Confortável”.Vários -
Diário SelvagemEste «Diário Selvagem», «até aqui quase integralmente inédito, é um livro mítico, listado e discutido em inúmeras cartas e cronologias do autor, a que só alguns biógrafos e estudiosos foram tendo acesso».