O Século das Nuvens
Guillaume Albert Alexander Apollinaire Kostrowitsky nasceu em Roma, a 26 de Agosto de 1880.
Aos vinte anos ei-lo em Paris, interessado pela actualidade literária e política e revelando então simpatias anarquistas. Procura o primeiro emprego como secretário. Escreve, entretanto, novelas eróticas para sobreviver. Os anos que se seguem levam-no à Áustria, Alemanha e Inglaterra. Uma extensa galeria de mulheres com nomes como Linda, Annie (o seu amor não correspondido está na base da «Canção do Mal-Amado»), Marie, Louise, Madeleine, Jacqueline e prostitutas anónimas atravessam a sua vida e a sua obra. Entre os seus amigos em Paris nessa altura contam-se Picasso, Henri Rousseau, Henri Delaunay, André Salmon e Alfred Jarry. Poemas seus começam a ser publicados em várias revistas (Apollinaire colaborou também numa revista portuguesa - O Portugal Futurista).
É o responsável pela reabilitação da obra do Marquês de Sade. Em 1911, acusado de cumplicidade no roubo da Gioconda, vai parar à prisão da Santé. No ano seguinte sai a sua primeira recolha poética - Alcools. Com o advento da Primeira Grande Guerra faz uma petição para ser incorporado no exército francês. É admitido pela Artilharia e passa depois à Infantaria. Acaba por ser ferido na cabeça pela explosão dum obus. Em 1918, publica «A Linda Ruiva», uma espécie de testamento poético, inspirado em Jacqueline Kolby, modelo de Picasso, com quem viria a casar-se. A 9 de Novembro (o mesmo dia da abdicação do Kaiser), sucumbe à gripe que assola Paris. É sepultado no cemitério do Pére Lachaise. Tinha 38 anos de idade.
| Editora | Assírio & Alvim |
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| Coleção | Documenta Poetica |
| Categorias | |
| Editora | Assírio & Alvim |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Guillaume Apollinaire |
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As Mamas de Tirésias«AsMamas [deTirésias] não têmlugar à parte na obra de Apollinaire. [ ]Opoeta é subtil a fingir que toma a sua flauta- de-pã por uma gaita popular. Até a rima é risível, reduzida a uma intenção cénica. Trata-se do teatro, do teatro desta época.Divertir-nos é o único propósito do dramaturgo, umcriador de ilusões que não quer ver-nos desesperados: a vida basta para nos aborrecer, o pessimismo deixa de ser deste tempo.Mas não separa o teatro da vida. O tema é de hoje: não se trata, afinal, de uma peça escrita para nós? Põe em evidência a lição da guerra e moraliza de uma forma idêntica à que utiliza para rimar: divertindo-nos. As Mamas liberta-nos, enfim, do teatro de bulevar Se o cinema já nos tinha dado Charlie Chaplin (e não será As Mamas o que ele costuma interpretar?) Apollinaire deu-nos Tirésias. [ ] -
As Onze Mil VergasGuillaume Apollinaire foi um dos maiores poetas modernas de língua francesa, um homem erudito e culto, presente em todos os movimentos de vanguarda até à morte, em Paris, no ano de 1918.O presente livro circulou durante muitos anos em edições clandestinas, mas acabou por encontrar um lugar, de corpo inteiro, na obra de Apollinaire.Ninguém deixará de reconhecer o espírito do poeta neste livro tão monstruoso como ternamente erótico. -
Don Juan da Inglaterra ou O Sonho de Lord ByronBlaise Cendrars parece ter razão, Guillaume Apollinaire por aí anda. Foi 1918 o ano da sua morte física — cem anos antes, o planeta Vénus eclipsava Marte num raríssimo fenómeno astral. Estariam a preparar-se tempos de intensos amores? Talvez, porque Lord Byron, todo ele romantismo, todo ele fúria de sentimentos, molhava na tinta a sua pena para arranhar no papel as primeiras ottavas rimas do extenso e inacabado poema Don Juan. E assim foi; e assim continuará a ser. Na sua produção literária são vários os casos em que esse deleite encontrado nas estéticas e nos valores passados sobressai com maiores evidências. Queira lembrar-se da sua colaboração com a editora Bibliothèque des Curieux, que juntamente com Raoul Véze soube fazer chegar às mãos dos leitores daqueles dias páginas um tanto esquecidas e cheias de liberdades e libertinagens literárias. Editou-se, por exemplo, o Conde de Mirabeau; editou-se Divino Pietro Aretino; editou-se o Andrea de Nerciat; editou-se Marquês de Sade. Refinado trabalho arqueológico, dir-se-á com grande justeza. No entanto, no meio desse «bricabraque literário e estético», dessa «nostalgia de paisagens desaparecidas», e a manter o aroma desses antigos e bem enrolhados perfumes, Guillaume Apollinaire também surgiu como autor no meio desses casos, nessa mesma colecção de literatura de olvido. O poeta entregava-se à farra literária, e trazia consigo peculiares inovações, num museu de sensualidades. Ora, o primeiro caso foi o de Le Rome des Borgia em 1913, na verdade um livro que pingou mais da pena de René Dalize do que da pena de Apollinaire. No ano seguinte aparecia nessas páginas amareladas La Fin de Babylone. E a singrar essas águas surge em 1915 Les Trois Don Juan, que tem na capa um pormenor d’A Maja Nua de Goya. E é precisamente desse livro que deriva este Don Juan da Inglaterra ou o Sonho de Lord Byron. [Diogo Ferreira]
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Tal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
TisanasReedição das Tisanas de Ana Hatherly, poemas em prosa que ocuparam grande parte da vida da poeta e artista. -
NocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
AlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira