Olonko
Tanto mar navegado para estes dois povos se encontrarem; tantos séculos de vivência em comum em solos de pátrias distantes; tanta juventude que ao longo de sucessivas gerações cruzaram o seu sangue constituindo novas famílias e parte dela, em tempos recentes, tragicamente o derramaram pela irresponsável teimosia de um anacrónico domínio colonial.
Com toda esta longa partilha de vivências, da vontade dos povos e dos indivíduos facilmente comunicarem e dialogarem entre si recorrendo a uma língua comum e, em Portugal, continuamos a desconhecer praticamente toda a literatura guineense publicada em português e, por maioria de razão, em crioulo ou, mais especificamente, em Kiriol.
Que sabemos nós sobre os autores clássicos da Guiné-Bissau ou mesmo dos seus escritores e poetas contemporâneos que escrevem na nossa língua?
| Editora | Campo da Comunicação |
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| Editora | Campo da Comunicação |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Ernesto Dabo |
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Amor em Folhas(…) Desde o início, na ilha de Bolama de onde é natural e que nunca abandona no seu coração, o autor aceita a sua partida pelo globo, repartindo os momentos oceânicos da sua caminhada com o leitor, apenas possíveis a quem se transcende, em muito, às fronteiras onde nasceu, tornando única a sua missão junto do mar que desagua nos diversos cais de onde partiu. E ensinando-nos que a ilha não é um cárcere se a transformarmos na sua verdadeira essência, um poema para o mundo. A par da permanente busca pela redenção de quem escreve, os demónios são enfrentados e surge, através desta arte, a salvaguarda intransigente dos pilares supremos pelos quais Dabo sempre orientou o seu percurso, no irrepreensível sentido de humanidade, na defesa resoluta da liberdade e de uma única raça comum incumbida de elevar o ser humano, conseguindo, através dos seus versos, brandir o vento das trevas e abandonar as garras da solidão, atingindo a felicidade e a realização plenas num hino entoado quando o olhar sobe das páginas que nos são trazidas pela sua perícia. (…) Dabo é uma das maiores referências da cultura da lusofonia, expoente máximo das línguas que nos unem pelos continentes que se expressam em conjunto e esta edição deixa esse reconhecimento muito claro. (…) Alexandre Faria In Prefácio “Amor em Folhas” -
NovidadeMantenhas ao CentenárioEscritor, poeta, compositor, fotógrafo, Ernesto Dabo, desde 1960, tem vindo a acompanhar, sempre e atentamente, as circunvoluções do país, nas suas mais variadas facetas. Viveu e vive, com o povo, todos os momentos; dos mais belos aos de triste memória, animado de todos os sentimentos que um ser humano pode nutrir perante cada circunstância em particular. (...)Livre pensador, viveu e acompanhou a evolução da democratização, os altos e baixos registados no processo de transição política do monolitismo partidário ao pluralismo democrático, sempre manifestando as suas opiniões relativamente a tudo quanto se passava, tanto na arena política como na sociedade, desde os ânimos tranquilos aos mais exaltados. (...) Para a posteridade ficam registadas as suas impressões, as suas opiniões, sobre a sua terra e o seu povo, os seus vaticínios sobre a governação, a disputa entre os atores políticos, o devir… Muitos dos escritos, que datam de mais de três décadas, não perderam atualidade por força do realismo de que se revestem e das verdades que os alicerçam. Inquestionavelmente, Ernesto Dabo é um vulto icónico das artes e letras da Guiné-Bissau.Estas ‘Mantenhas ao Centenário’ constituem o testemunho maior do amor, competência e coragem com que sempre serviu e serve a sua amada nação guineense.”In prefácio de Humberto Monteiro
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NovidadeTal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
NovidadeNocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
NovidadeAlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira
