Pauliceia Desvairada
Pauliceia Desvairada foi publicado em 1922, ano em que também decorreu em São Paulo a Semana de Arte Moderna, que viria marcar o começo dos movimentos de vanguarda no Brasil. Marco do Modernismo brasileiro, Pauliceia Desvairada começa com «Prefácio Interessantíssimo», que funda, ao jeito de um manifesto, os princípios de uma nova corrente estética, que se concretizaria nos poemas que compõem Pauliceia, e que se apropria de São Paulo enquanto paisagem e motivo dos princípios estéticos definidos por Mário de Andrade, como o verso livre e a expressão de uma urbanidade sintética, fragmentária, anti-romântica e antiburguesa. Enfim, a expressão de uma arte nova, que Pauliceia Desvairada veio inaugurar nas letras brasileiras.
| Editora | Antítese |
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| Editora | Antítese |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Mário De Andrade |
Mário de Andrade nasceu em 1893, em São Paulo. Homem ecléctico, formou-se em Piano no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, em 1917, ano em que se estreou na poesia com o livro Há uma gota de sangue em cada poema. Em 1922, publica Pauliceia Desvairada e, nesse mesmo ano, organiza, com outros artistas e intelectuais, a Semana de Arte Moderna, evento que iniciaria o Modernismo brasileiro.
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Amar, Verbo Intransitivo. IdílioNoventa anos após a primeira edição, em 1927, a Maldoror edita pela primeira vez em Portugal Amar, Verbo Intransitivo, que marcou a estreia de Mário de Andrade como romancista. A originalidade da linguagem, a proximidade da palavra escrita à língua falada e o alheamento das regras gramaticais assinalam o modernismo da obra. A história de Carlos, adolescente numa família burguesa tradicional, e da sua iniciação sexual por Fraülein Elza, contratada para o efeito, chocou a burguesia paulistana da época. «- Desculpe insistir. É preciso avisá-la. Não me agradaria ser tomada por aventureira, sou séria. E tenho 35 anos, senhor. Certamente não irei se sua esposa não souber o que vou fazer lá. Tenho a profissão que uma fraqueza me permitiu exercer, nada mais nada menos. É uma profissão. Falava com a voz mais natural desse mundo, mesmo com certo orgulho que Sousa Costa percebeu sem compreender. Olhou pra ela admirado e, jurando não falar nada à mulher, prometeu.» -
Vestida de preto“Maria estava na porta, olhando pra mim, se rindo, toda vestida de preto. Olhem: eu sei que a gente exagera em amor, não insisto. Mas se eu já tive a sensação da vontade de Deus, foi ver Maria assim, toda de preto vestida, fantasticamente mulher. Meu corpo soluçou todinho e tornei a ficar estarrecido. — Ao menos diga boa-noite, Juca...”" Livros cosidos, com folhas não aparadas, à semelhança do que se fazia no passado. A editora liga assim a coleção à História do Livro e associa-lhe uma vantagem ecológica, evitando o desperdício de papel. -
MacunaímaMacunaíma foi publicado em 1928 e é considerado a obra-prima de Mário de Andrade. Inspirado em lendas, crónicas, ditados e folclore, é também um marco da literatura brasileira, tido como romance fundador. O herói do romance é muitas vezes equiparado ao retrato do Brasil. O carácter glutão e antropofágico da cultura brasileira é uma das faces do pensamento modernista, e é por isso que Macunaíma é um herói sem nenhum carácter, porque todos os caracteres são seus. Primeiro é uma criança com a sexualização de um adulto; depois, é um adulto com «carinha enjoativa de piá»; é preguiçoso e mesquinho, mas desarma todos à sua volta com a sua alegria e sensibilidade; é um índio negro que se transforma em branco; é malévolo e egoísta, mas mostra a sua humanidade em vários episódios. Macunaíma é um retrato cómico do brasileiro, mas, e Mário de Andrade faz questão de sublinhar, não é um símbolo, é antes o sintoma da falta de carácter do Brasil. -
Macunaíma - O Herói Sem Nenhum Caráterposfácio de Trudruá Dorricoilustração da capa Jaqueline ArashidaNo fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava:— Ai! Que preguiça!…Reivindicar a ancestralidade da espiritualidade indígena significa anunciar a quem desconhece, especialmente quem colonizou e seus herdeiros, que os espíritos, os nossos avôs, permanecem vivos apesar de terem sido exaustivamente esvaziados e/ou deturpados de suas formas, culturas e povos. A fortuna crítica modernista brasileira redundou sobre o processo criativo de Mário de Andrade, apagando as origens indígenas sem nenhum compromisso com os povos ao qual a bricolagem aconteceu. Conhecer o movimento de Literatura Indígena Contemporânea; a manifestação de Makunaimã na literatura indígena com representações que consideram seu pertencimento e sua complexidade; a fortuna crítica brasileira que reforçou e reforça o apagamento da propriedade espiritual e intelectual indígena via metodologia da exclusão é o que busco mostrar neste posfácio.É importante que, em reedições de obras canônicas, editoras e o sistema crítico em que tais livros circulam, no Brasil e aqui em Portugal, observem que tais obras, nem mesmo esta, não são ingênuas, neutras ou traduzem apenas a mentalidade de seu tempo, mas que justamente sua circulação, seu tratamento e a crítica que delas derivam têm consequências reais e negativas para os sujeitos e os povos indígenas no tempo presente. Por isso proponho o estudo concomitante e urgente da Literatura Indígena Contemporânea de modo comparado com o cânone literário brasileiro, ou seja, esta leitura de Macunaíma não pode se dar de forma isolada ou ignorando a autoria indígena das netas e netos de Makunaimã.(…)
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Tal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
TisanasReedição das Tisanas de Ana Hatherly, poemas em prosa que ocuparam grande parte da vida da poeta e artista. -
NocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
AlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira