Poemas da Torre
Tradução, prefácio e ensaio de maria teresa dias furtado
O leitor apercebe-se da repetição de palavras nucleares no poema, no conjunto dos poemas e também nos poemas de Scardanelli, bem como das respetivas correspondências e contrastes. Assim vamos tomando consciência da clareza, da justeza, da densidade textual, do domínio do processo de composição poética, apesar dos aparentes estereótipos, do elevado carácter artístico dos poemas. Da sua janela para o mundo circundante, Hölderlin-Scardanelli ainda conseguiu fazer cantar a natureza e o anelo do homem por uma vida mais digna, aberta a todas as dimensões do espírito.
Maria Teresa Dias Furtado, do prefácio
| Editora | Poética Edições |
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| Editora | Poética Edições |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Friedrich Hölderlin, Maria Teresa Dias Furtado |
Friedrich Hölderlin, nascido a 20 de março de 1770 em Lauffen am Neckar, na Alemanha, foi um dos mais influentes poetas e filósofos do seu tempo. Por vontade expressa da sua mãe, que queria destiná-lo à carreira eclesiástica, Hölderlin frequenta o Seminário de Tübingen a partir de 1788, onde estuda Filosofia e Teologia, e também onde conhece Hegel e Schelling, com quem redigiria mais tarde um dos mais célebres documentos do idealismo alemão: O mais antigo programa de sistema do idealismo alemão. Termina os estudos em 1793 mas nunca chega a abraçar a carreira eclesiástica, antes tornando-se preceptor. Dois anos mais tarde, frequenta brevemente a Universidade de Iena, onde convive com Johann Gottlieb Fichte e com Novalis. Em 1796 apaixona-se por Susette Gontard, a «Diotima» dos seus poemas. Este amor impossível marca toda a sua escrita posterior. A partir de 1802, ano em que esta morre, as suas perturbações psíquicas vão-se agravando. Em 1806 é enviado para uma clínica mas considerado incurável, e acaba por ser entregue aos cuidados do marceneiro Ernst Zimmer, em cuja residência, na Torre de Tübingen, passa os últimos 36 anos da sua vida, morrendo a 7 de junho de 1843 aos 73 anos. Hölderlin foi um grande admirador da mitologia grega e de antigos poetas gregos como Píndaro e Sófocles, mesclando, nos seus escritos, temas cristãos e helénicos. A sua obra mais conhecida é o romance Hipérion, de 1799.
Maria Teresa Dias Furtado é Professora Associada da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Concluiu a Licenciatura em Filologia Germânica com uma tese sobre Paul Celan e doutorou-se em Literatura Alemã com uma dissertação sobre Hölderlin. Leccionou Literatura Alemã e Tradução Literária do Alemão. Tem publicado artigos da sua especialidade, bem como sobre Poesia Portuguesa Contemporânea. Deu à estampa várias traduções de algumas obras de Hölderlin e Rilke, acompanhadas de prefácios de sua autoria. Publicou em 2002 um diálogo poético com António Ramos Rosa intitulado O Alvor do Mundo, em 2007 a colectânea de poesia Livro de Ritmos, em 2012, o livro de poemas O Arco do Tempo, e em 2014, o livro de poemas ilustrado por José Assis Idades, Para uma Antropologia Poética. Ainda nesse ano publicou No Rendilhado da Espuma, Cantares Mouriscos, Os Meninos sem medo e o morcego (infantil) e Livro de Rostos (poesia). Em 2016 publicou Neste Sopro que me Tece (Poéticas da Pintura, em diálogo com a Exposiçãopoética edições|NOVIDADE“Sacrifício e Seda”, da pintora Ana Peres de Sousa); com esta última, desta vez enquanto co- -autora e ilustradora, publicou o livro para crianças Na Floresta com a Victória, em 2018, bem como Demanda do Poético no Retábulo da Igreja Matriz de Freixo de Espada à Cinta, (poesia), com Prefácio de Vítor Serrão e Posfácio de Jorge Duarte. Em Abril de 2019 publicou pela Poética Edições Onde o Poeta mora, reeditado depois num volume conjunto sob o título Onde o Poeta mora seguido de Tradução do Silêncio, e já em 2020, também pela Poética, A arte do silêncio à luz de Daniel Faria, Paul Celan e Hölderlin e Rainer Maria Rilke, Poemas e canções.
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ElegiasNestas Elegias, Hölderlin manifesta a simpatia que nutria pela cultura classicista, cujos valores estéticos gostava de cultivar na sua poesia. Assim, escritas em verso, os temas destas Elegias estão, regra geral, relacionados com o culto do belo e/ou a mitologia clássica de origem pagã. Partindo de cenários extraordinários (como o amor de dois deuses), mas também de situações mais frequentes (como o regresso a casa dos pais, ou um passeio pelo campo), o autor constrói quadros idílicos. Um livro de deslumbramento, de culto do belo, de trabalho da luz e de apelo à Natureza. -
Hipérion ou o Eremita da GréciaHölderlin fazia 27 anos quando publicou o primeiro volume do romance epistolar Hipérion. É um livro resultante de um grande amor impossível, aqui divinamente plasmado. Um amor que se expandiu com idêntica desenvoltura pela poesia e pela loucura, até que, definitivamente, encaminharam e encerraram o poeta na Torre de Tübingen. Hipérion, um dos livros fundamentais de toda a literatura, sai pela primeira vez entre nós, fruto do demorado trabalho de investigação e tradução de Maria Teresa Dias Furtado. -
Hinos TardiosDentro das formas literárias, Hölderlin sempre manifestou um apreço especial pelo hino, composição que ao longo da vida se esforçou por desenvolver e aperfeiçoar. Nesses versos, o poeta celebrava a Natureza, as belas paisagens e as pessoas que faziam parte da sua vida, mas também as civilizações clássicas que admirava e estudava apaixonadamente. Nesta edição bilingue temos oportunidade de conhecer os hinos tardios de Hölderlin, incompreendidos pela sociedade do seu tempo, e conhecer, através do prefácio de Maria Teresa Dias Furtado, a ligação que manteve com essa forma de escrita durante toda a vida. -
Onde o Poeta MoraObra de homenagem a Daniel Faria. Inclui um ensaio da própria autora sobre aquele poeta desaparecido há 20 anos.«Em Onde o Poeta Mora, Maria Teresa Dias Furtado percorre a senda dialógica para estabelecer uma conectividade estética, conceitual e afetiva com a obra de Daniel Faria, poeta que faleceu tão precocemente, mas deixou uma obra de intenso mergulho existencial e inflexão metafísica. Isso nos recorda o que nos disse Octavio Paz, que considera que "O poema é uma obra sempre inacabada, sempre disposta a ser completada e vivida por um novo leitor." Aqui a vejo, enquanto autora inserida num contexto hermenêutico, como a leitora que vive uma nova experiência nessa empreitada de codificante, num verdadeiro transe intertemporal, ao penetrar a frequência de outro poeta para revivê-lo, complementar-se e complementá-lo e buscar novos significados e simbologias para a obra que deixou.» Ronaldo Cagiano -
A Arte do Silêncio, à Luz de Daniel Faria, Paul Celan e HolderlinNeste livro há três poetas que se escutaram entre si através de outra voz, os poemas deles conviveram entre si, ouviram-se e falaram e calaram-se. Os três poetas já não estão entre nós há muitos anos (20 desde a sua passagem, Daniel Faria; 100 desde o seu nascimento, Paul Celan; 250 desde o nascimento de Hölderlin). Vivem os seus livros, o campo inovado e rasgado, as feridas abertas e nunca saradas, a paz por fim alcançada. Maria Teresa Dias Furtado"Nessa permanente ambiguidade se situa a natureza sagrada e rigorosa do silêncio, aquela que o poeta pressente na amplidão de que todas as coisas se compõem e que ele procura inquirir no exercício da sua arte. O silêncio revela-se objeto e sujeito de uma relação com a vastidão e a eternidade de algo que a linguagem, na sua ritualização poética, pretende religar à sua própria transcendência enquanto sinal específico do humano." Francisco Saraiva Fino -
A Norte do Futuro - Homenagem Poética a Paul Celan no Centenário do seu NascimentoCelan contrapõe ao seu presente uma palavra do contra, uma contra-palavra que diga na linguagem que lhe é própria a contestação ao holocausto, a saudade infinita dos que perdeu, o repúdio mais forte pelo anti-semitismo. Ao inquérito promovido por Hans Bender, “O meu poema é a minha arma”, o poeta respondeu de modo positivo, dizendo que um poema é um aperto de mãos. Assim o desejava. Maria Teresa Dias Furtado, excerto do prefácio Poetas: Alexandre Faria | Ana Luísa Amaral | Ana Peres de Sousa | António Carlos Cortez | António Carlos Santos | Carlos Frazão | Daniel Maia-Pinto Rodrigues | Daniel Silva Gonçalves | Fernando Naporano | Gastão Cruz | Graça Pires | Inês Lourenço | Isabel Mendes Ferreira | João Pedro Mésseder | João Rasteiro | Jorge C. Ferreira | Jorge Souto | José Luís Outono | José Oliveira | José Pedro Leite | Leonora Rosado | Licínia Quitério | Lídia Borges | Lília Tavares | Lisete Henriques | Luís Felício | Luís Filipe Castro Mendes | Luís Filipe Pereira | Luís Filipe Sarmento | Luís Maffei | Luís Quintais | Maria Fernandes | Maria Isabel Fidalgo | Maria João Cantinho | Maria José Quintela | Maria Quintans | Maria do Sameiro Barroso | Maria Teresa Dias Furtado | Marília Miranda Lopes | Nuno Júdice | Nuno Miguel Morais | Paulo Teixeira | Ricardo Gil Soeiro | Ricardo Marques | Ronaldo Cagiano | Rui Almeida | Rui Miguel Fragas | Rui Sobral | Ruy Ventura | Vasco Gato | Victor Oliveira Mateus | Virgínia do Carmo | W. K. -
Do Espiritual na Moderna Poesia PortuguesaA Moderna Poesia Portuguesa, representada nos poemas aqui transcritos, é de uma densidade e elevação consideráveis, de um rigor poético, de uma atenção incessante ao real, por vezes interrogando-o, como diz Ramos Rosa num dos seus livros de ensaios. É uma poesia que toca o cerne das coisas, que se constrói na liberdade e no trabalho sobre a linguagem que se torna uma nova ponte para o real. Nessa relação ou religação, sem qualquer compromisso com qualquer forma de espiritualidade – ela é “Liberdade livre” (António Ramos Rosa), surgem pontos luminosos que se acendem espontaneamente, que têm que ver com o lado espiritual do ser humano.Maria Teresa Dias Furtado -
Todos os Poemas seguido de Esboço de Uma PoéticaTrazer ao leitor português toda a poesia de Hölderlin significa entrar num mar desconhecido desse leitor, num território de contradições, de uma diversidade não imaginada e desigual de registos poéticos, do mais naïf e convencional ao mais elaborado e sublime, do mais heróico ao mais prosaico, do poema transbordante à brevidade do dístico epigramático. Mas é altura de esta poesia nos ser dada de corpo inteiro. Só assim se compreenderá o percurso trágico, intenso e nele mesmo tenso e contraditório desta figura singular da Poesia, corrigindo ao mesmo tempo uma certa visão, mitificada e totalmente sublimizada, de um poeta que, como tantos outros, tem lados bem mais humanos e vulneráveis do que aqueles que os chamados «grandes poemas» nos dão. -
Hipérion ou o Eremita da GréciaNeste romance, o primeiro e único escrito pelo autor, Hölderlin reflete sobre o princípio de libertação humana pela luta armada e o constante aperfeiçoamento interior, através do convívio íntimo com as artes e o mundo natural. Narrada em sucessivas cartas a um amigo e amada, Hipérion conta a sua longa jornada nas planícies da Grécia: desde a missão contrarrevolucionária contra os Turcos, que acabavam de dominar o país grego, passando pela angústia com o desfecho da rebelião, até ao último desejo de se tornar um eremita nas montanhas. Publicado em dois volumes (1797-1799), Hipérion ou o Eremita da Grécia é um exemplo maior de um dos mais importantes autores da literatura alemã. -
Ofício da ÁguaEm Ofício da Água, Maria Teresa Dias Furtado prossegue a experiência de diálogo íntimo com o imaginário poético de Daniel Faria, iniciado em 2019 com a publicação de Onde o Poeta mora e Tradução do Silêncio e presentemente aprofundado através da leitura do mais recente volume inédito do poeta, Sétimo Dia (Assírio & Alvim, 2021). A fidelidade a este caminho tem vindo a concretizar-se na recriação poética de situações de comunicação em que o eu enunciativo mediatiza e difere os versos do poeta de Homens que São como Lugares Mal Situados num caleidoscópio de impressões acumuladas a cada leitura. Além das suas palavras, também a figura do poeta se observa constelada entre as múltiplas imagens que, nesse horizonte poético, lhe vêm possibilitar uma direção alternativa de existência.Francisco Saraiva Fino, do posfácio
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Tal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
TisanasReedição das Tisanas de Ana Hatherly, poemas em prosa que ocuparam grande parte da vida da poeta e artista. -
NocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
AlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira