Primeiras Vontades - Da liberdade política para tempos árduos
«Vivemos tempos árduos. Desde que a crise se instalou no opulento Ocidente, um esquema societário da subtracção hegemoniza-se sob o fundamento duplo de que, na ordem dos factos, o mundo não basta para todos e de que, na ordem dos valores, não devemos dar por garantido nenhum direito adquirido quanto à existência digna no mundo. O próprio exercício da escolha, que os ciclos democráticos pressuporiam, é posto sob a suspeita da leviandade. A democracia ganha aversão aos democratas. No fundo da questão, o que se instala no regime societário da subtracção é a adversidade à própria vontade de escolher. Os ensaios deste livro procuram defender um caminho diferente, de escolhas humanas que dêem um futuro à História, através do pensamento sobre a liberdade política de Jean-Jacques Rousseau, Isaiah Berlin, Hannah Arendt, Jacques Rancière, Jean-Paul Sartre e Slavoj iek. E também escolhas por uma continuação da ideia de tolerância, pelo prosseguimento de uma narrativa moderna, por apressada que tenha sido, para Portugal, e pela defesa de um conceito de espaço público, todas elas escolhas que são continuidades de uma modernidade a retomar. Em tempos em que se atropelam declarações de últimas vontades, há que escolher como se os tempos fossem imaginativos e nos movessem vontades de tempos novos. Estas são as primeiras vontades para uma vida humana digna.» A.B.
| Editora | Documenta |
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| Editora | Documenta |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | André Barata |
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E se Parássemos de Sobreviver? Pequeno livro para pensar e agir contra a ditadura do tempoO que fazer? O mais revolucionário a fazer é: começar a parar.Grande parte dos textos que aqui se publicam, agora de forma mais sistematizada, resultaram de versões anteriores publicadas em pequenos ensaios de jornal ou revistas culturais (Jornal Económico, revistasElectraeCintilações).«Este pequeno livro questiona o tempo social dos nossos dias, industrializado, sem entropia, medida imposta, que nos torna individual e colectivamente reféns do passado da nossa sociedade, que nos agarra a um presente omnipresente e que rarefaz a realidade do futuro. Este desequilíbrio é resultado de uma concepção do tempo que sem dúvida serve melhor do que outras ao sistema de dominação social, económica e política vigente. Mas é possível começar a pensar e lutar por outras concepções de tempo que, em vez de dominarem, emancipem.[...]O que fazer? O mais revolucionário a fazer é: começar a parar. E a pergunta revolucionária deve ser «porque continuamos a sobreviver?», não no sentido de a sobrevivência ser inverosímil e nos devermos perspectivar em vias de extinção, mas sim no sentido de que a melhor garantia da nossa sobrevivência como espécie é pararmos de nos comportarmos como sobreviventes. Somos induzidos a sobreviver quando deveríamos optar por viver. Importaria que nos pensássemos não como já estando num processo catastrófico, dentro de um cataclismo planetário, mas, tudo ao contrário, como já estando na posse de todos os meios para deixar de ter a sobrevivência como sentido de vida.[...]E se é preciso fazer vingar políticas libertadoras do tempo, para pararmos de sobreviver, a força revolucionária do ir parando está em irmos fazendo greve no sentido mais profundo que encontramos para a palavra, parar não uma actividade produtiva em particular, por exemplo operários, professores ou médicos, nem sequer todas na forma de uma greve geral, mas parar a estrutura que tornou tudo imparável, a ditadura que nos impuseram na forma de tempo. Façamos greve a este tempo, deixemos os relógios em casa, restauremos um tempo sem medida, sem indústria, sem valor de mercado. Um tempo de viver.»André Barata -
O Desligamento do Mundo e a Questão do HumanoEste livro fala sobre o desligamento do mundo, de que somos causa e de que seremos efeito derradeiro se não pararmos para o questionar. O tempo desligou-se dos acontecimentos para os poder medir, impassível. A verdade desligou-se da realidade para poder ser usada sem embaraço. E as emoções migraram para o circo online desligado da vida concreta cada vez mais despovoada de sentir. Desligamo-nos do mundo como se fugíssemos da sua materialidade, e assim é o próprio mundo que se desliga, deslassando a sua substância. Dela extraímos formas que são meros «espectros » ou «recursos». Nós próprios também nos desligamos, tornados espectros ou recursos, correndo para a desmaterialização dos corpos e dos espíritos, sem nos apercebermos de que só somos humanamente, sendo parte do estofo do mundo.O artifício da sobrevivência | O processo de desligamento | O mundo, a Terra e a nossa desmaterialização | As máquinas e o seu futuro connosco | O provável primeiro desligamento: a desanimalização | Os limites do humano significam os limites das Humanidades | A matéria do religar | A vida temporal comum | Tempo, dominação e violência política | O colapso das metáforas ou o fim do humano | Frankensteins do tempo e o ciclo de Prometeu. -
Para Viver em Qualquer Mundo — Nós, os Lugares e as CoisasDepois de um quase manifesto contra a aceleração e fragmentação de um tempo social em que somos cada vez menos sujeitos soberanos do nosso próprio tempo (E se parássemos de sobreviver? Pequeno livro para pensar e agir contra a ditadura do tempo, 2018) e de um diagnóstico preocupado sobre os caminhos de abstracção e fuga do mundo em que a modernidade obstinada nos precipita (O desligamento do mundo e a questão do humano, 2020) —, este terceiro livro arrisca os termos de uma revolução nos caminhos, e de como os interpretamos, para que seja possível o regresso à boa companhia do mundo. Não um mundo deserto de lugares, ou em que todos se equivalham globalmente, não um mundo de matéria inerte e relações imateriais, mas de relações de sentido que fazem lugares ligando espaço e tempo na materialidade concreta que encontramos, neste ou em qualquer outro mundo.
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A Crise da Narração«Qualquer ação transformadora do mundo pressupõe uma narrativa. O storytelling, por seu lado, conhece uma única forma de vida, a consumista.» É a partir das narrativas que se estabelecem laços, se formam comunidades e se transformam sociedades. Mas, hoje, o storytelling tende a converter-se numa ferramenta de promoção de valores consumistas, insinuando-se por todo o lado devido à falta de sentido característica da atual sociedade de informação. Com ela, os valores da narração diluem-se numa corrente de informações que poucas vezes formam conhecimento e confirmam a existência de indivíduos isolados que, como Byung-Chul Han já mostrou em A Sociedade do Cansaço, têm como objetivo principal aumentar o seu rendimento e a autoexploração. E, no entanto, certas formas de narração continuam a permitir-nos partilhar experiências significativas, contribuindo para a transformação da sociedade. -
Inglaterra - Uma ElegiaNeste tributo pungente e pessoal, o filósofo Roger Scruton tece uma elegia à sua pátria, a Inglaterra, que é, ao mesmo tempo, uma esclarecedora e exaltante análise das suas instituições e cultura e uma celebração das suas virtudes.Abrangendo todos os aspectos da herança inglesa e informado por uma visão filosófica única, Inglaterra – Uma Elegia mostra como o seu país possui uma personalidade distinta e como dota os seus nacionais de um ideário moral também ele distinto.Inglaterra – Uma Elegia é uma defesa apaixonada, mas é também um lamento profundamente pessoal pelo perda e desvanecimento dessa Inglaterra da sua infância, da sua complexa relação com o seu pai e uma ampla meditação histórica e filosófica sobre o carácter, a comunidade, a religião, a lei, a sociedade, o governo, a cultura e o campo ingleses. -
Textos Políticos - Antologia«É aos escritos mais evidentemente políticos que é dedicada a escolha que se segue. É uma escolha pessoal – não há maneira menos redundante de dizer o óbvio. A minha intenção é pôr em destaque a dedicação de Gramsci a um projecto revolucionário muito claro: a assunção do poder por qualquer meio adequado para chegar a uma “ditadura do proletariado” que – ai de nós!, como diria Gramsci – terá de ser encarnada inicialmente pelo domínio do Partido e dos seus “melhores”, da sua aristocracia. Gramsci não tem medo das palavras – mas conhece o seu poder. Daí a sua popularidade entre uma extrema-esquerda como a do defunto Podemos, por exemplo, cujo ex-chefe carismático disse, numa entrevista aos Financial Times: “A realidade é definida pelas palavras. De modo que quem é dono das palavras tem o poder de moldar a realidade”. Essa ditadura não é o que nós julgamos ver: quer dizer, dizem-nos, liberdade.» da Introdução. -
As Fronteiras do ConhecimentoEm tempos muito recentes, a humanidade aprendeu muito sobre o universo, o passado e sobre si mesma. E, através dos nossos notáveis sucessos na aquisição de conhecimento, aprendemos o quanto ainda temos para aprender: a ciência que temos, por exemplo, abrange apenas 5% do universo; a pré-história ainda está a ser estudada, com muito por revelar, milhares de locais históricos ainda a serem explorados; e as novas neurociências da mente e do cérebro estão ainda a dará os primeiros passos. O que sabemos e como o sabemos? O que sabemos agora que não sabemos? E o que aprendemos sobre os obstáculos para saber mais? Numa época de batalhas cada vez mais profundas sobre o significado do conhecimento e da verdade, estas questões são mais importantes o que nunca. As Fronteiras do Conhecimento dá resposta a estas questões através de três campos cruciais de investigação: ciência, história e psicologia. Uma história notável da ciência, da vida na Terra e da própria mente humana, este é um tour de force convincente e fascinante, escrito com verve, clareza e uma amplitude deslumbrante de conhecimento. -
A Religião WokeUma onda de loucura e intolerância está a varrer o mundo ocidental. Com origem nas universidades americanas, a religião woke está a varrer tudo à sua passagem: universidades, escolas, empresas, meios de comunicação social e cultura.Esta religião, propagandeia, em nome da luta contra a discriminação, dogmas no mínimo inauditos:A «teoria de género» professa que o sexo e o corpo não existem e que a consciência é que importa.A «teoria crítica da raça» afirma que todos os brancos são racistas, mas que nenhuma pessoa «racializada» o é.A «epistemologia do ponto de vista» defende que todo o conhecimento é «situado» e que não existe ciência objectiva, nem mesmo as ciências exactas.O objectivo dos wokes é «desconstruir» todo o património cultural e científico e pôr-se a postos para a instauração de uma ditadura em nome do «bem» e da «justiça social».É tudo isto e muito mais que Braunstein explica e contextualiza neste A Religião Woke, apoiado por textos, teses, conferências e ensaios, que cita e explica longamente, para denunciar esta nova religião que destrói a liberdade.Um ensaio chocante e salutar. -
O que é a Filosofia?A VERSÃO EM LIVRO DO «CONTAGIANTE» PODCAST DE FILOSOFIA, COM PROTAGONISTAS COMO PLATÃO, ARISTÓTELES, AGOSTINHO, KANT, WITTGENSTEIN E HEIDEGGER. A PARTIR DO CICLO GRAVADO PELO CCB. Não há ninguém que não tenha uma «filosofia», achando-a tão pessoal que passa a ser «a minha filosofia». Há também quem despreze a filosofia e diga que é coisa de «líricos» — as pessoas de acção que acham que a filosofia nada tem que ver com a vida. Há ainda a definição mais romântica: a filosofia é a amizade pelo saber. E para todo este conjunto de opiniões há já teses filosóficas, interpretações, atitudes, mentalidades, modos de ser. Mas então afinal: O que é a filosofia? É essa a pergunta que aqui se faz a alguns protagonistas da sua história, sem pretender fazer história. A filosofia é uma actividade que procura descobrir a verdade sobre «as coisas», «o mundo», os «outros», o «eu». Não se tem uma filosofia. Faz-se filosofia. A filosofia é uma possibilidade. E aqui começa já um problema antigo. Não é a possibilidade menos do que a realidade? Não é o possível só uma ilusão? Mas não é o sonho, como dizia Valéry, que nos distingue dos animais? Aqui fica já uma pista: uma boa pergunta põe-nos na direcção de uma boa resposta, e uma não existe sem a outra, como se verá. «Se, por um lado, a erudição do professor António de Castro Caeiro é esmagadora, o entusiasmo dele pela filosofia e por estes temas em geral é bastante contagiante.» Recomendação de Ricardo Araújo Pereira no Governo Sombra -
Caminhar - Uma FilosofiaExperiência física e simultaneamente mental, para Frédéric Gros, caminhar não é um desporto, mas uma fuga, uma deriva ao acaso, um exercício espiritual. Exaltada e praticada por Thoreau, Rimbaud, Nietzsche e Gandhi, revestiu-se, desde a Antiguidade até aos dias de hoje, de muitas formas: errância melancólica ou marcha de protesto, imersão na natureza ou pura evasão. Do Tibete ao México, de Jerusalém às florestas de Walden, CAMINHAR (2008) inspira-nos a sair de casa e mostra como, pelo mundo inteiro, esta arte aparentemente simples de «pôr um pé à frente do outro» tem muito a oferecer e a revelar sobre o ser humano. -
Sobre a Brevidade da Vida - Edição EspecialAgora numa edição especial em capa dura.Um livro sobre o desperdício da própria existência. Escrito há dois mil anos para ser entendido agora.Com data de escrita normalmente situada no ano 49, Sobre a Brevidade da Vida, do filósofo romano Séneca, versa sobre a natureza do tempo, sobre a forma como é desaproveitado com pensamentos e tarefas que se afastam de princípios éticos de verdadeiro significado.Ainda que anotado no dealbar da era cristã, este tratado reinventa a sua própria atualidade e parece aplicável com clareza aos tempos de hoje, vividos numa pressa informativa, no contacto exagerado, tantas vezes a respeito de nada que importe, proporcionado pelas redes sociais.Sobre a Brevidade da Vida está longe de ser um livro dentro dos conceitos atuais de autoajuda. É, talvez bem pelo contrário, um texto duro, arrojado, incomodativo, como que escrito por um amigo que nos diz o que não queremos ouvir, por o saber necessário.Chegar ao fim do nosso tempo e senti-lo desperdiçado, eis a grande tragédia, segundo Séneca.