Quase um Carimbo
Autora premiada e multifacetada, Leonor Sampaio da Silva tem habituado o público a textos de gosto híbrido, onde humor, erudição, lirismo e ironia se entrelaçam num timbre seguro e peculiar. Com quase um carimbo poderíamos ser levados a pensar que o pendor lírico fosse favorecido – e não deixa de o ser em alguns momentos -, mas a verdade é que o conduz um fio irónico levando avante um exercício de teatralização do sujeito que o confirma como entidade plural(izável). A realidade serve-lhe sincronicamente de palco, bastidor, público, didascália. Reside nisto uma curiosidade escarnenta da nossa condição: para se conhecer, o sujeito precisa de ser actor de si mesmo, só pode realizar a sua aproximação do mundo por via de ficções e modos de representar a que o universo das artes serve de espaço privilegiado de meta-referência. A sua acção e, nisto, a sua realização, interrompe qualquer contemplação. Por sua vez, a contemplação impede-o de se realizar.
| Editora | Companhia das Ilhas |
|---|---|
| Coleção | transeatlântico |
| Categorias | |
| Editora | Companhia das Ilhas |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Leonor Sampaio da Silva |
Leonor Sampaio da Silva nasceu na ilha de São Miguel, Açores.
Doutorada em Estudos Anglo-americanos, na especialidade de Cultura Inglesa, integra o corpo docente da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade dos Açores.
Estreou-se literariamente com o livro de contos Mau Tempo e Má Sorte – contos pouco exemplares, distinguido com o Prémio de Humanidades Daniel de Sá (2014).
Além de diversos contos publicados em colectâneas, antologias e revistas literárias, é também autora de ABN da Pessoa com Universo ao Fundo, Companhia das Ilhas, 2017, e, com Carlos Carvalho, Pouca Terra – Fotografia e Literatura, Companhia das Ilhas, 2019.
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Muito Mais que Paisagem - 100 Anos de Pedro da SilveiraEste livro integra-se nas comemorações do primeiro centenário do nascimento de Pedro da Silveira, uma data que a Universidade dos Açores, por via de um grupo de docentes do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da FCSH, e dos centros de investigação CHAM-NOVA/UAc, CeHu e CLP, desejou assinalar com a presente publicação. Do legado multifacetado que o intelectual florentino nos deixou, englobando poesia, tradução, crítica literária e investigação em História e Etnografia dos Açores, entendemos dever salientar neste livro a obra poética — uma decisão determinada pelo reconhecimento de duas circunstâncias injustamente contraditórias: a sua importância na literatura que versa sobre os Açores e o desconhecimento que as gerações mais novas têm dela. Com este objetivo em vista, selecionámos versos dispersos e convidámos alguns escritores nascidos ou residentes no arquipélago a elaborar um texto (em prosa ou em verso), a partir do verso que lhe havia sido atribuído, em total liberdade relativamente ao contexto de onde provinha. Quisemos, com isso, demonstrar a força de exemplos singulares como fertilizantes de novos atos de criação e o poder da arte na revigoração do património imaterial de uma comunidade. Para melhor concretizar o propósito de encorajar o contacto dos mais jovens com o legado do poeta, convidámos também a Escola Secundária Antero de Quental, através da professora Alexandra Baptista, a participar no livro com uma seleção de ilustrações feitas em contexto de sala de aula por alunos do 11º e 12º anos de Artes Visuais. Demos, assim, continuidade a um trabalho conjunto iniciado com a criação da Academia Gulbenkian do Conhecimento da UAc, em 2019. A cada estudante foi lançado o mesmo repto dirigido aos escritores.COORDENAÇÃO: Ana Cristina Gil, Leonor Sampaio da Silva, Madalena Teixeira da Silva e Urbano Bettencourt. TEXTOS Alexandre Borges; Ângela de Almeida; Daniel Gonçalves; Eduíno de Jesus; Ivo Machado; João de Melo; João Pedro Porto; Joel Neto; Judite Canha Fernandes; Leonardo; Leonor Sampaio da Silva; Maria João Ruivo Nuno Costa Santos; Paula de Sousa Lima; Pedro Almeida Maia; Pedro Paulo Câmara; Renata Correia Botelho; Urbano Bettencourt. ILUSTRAÇÕES Ana Piques; Anita Peixoto; Inês Carvalho; Isabel Frazão; Leonor Fernandes; Madalena Serpa; Margarida Cruz; Margarida Melo; Maria Oliveira; Natália Tavares; Natasha Brasil Pedro Reis; Sara Kim; Sofia Sousa.
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NovidadeTal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
NovidadeNocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
NovidadeAlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira
